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Friday, December 28, 2007

 
DESCARAMENTO OU CONTRADIÇÕES?
Balanço de 2007 e Expectativas para 2008
Humberto Ferreira comenta crónica de António Vitorino no DN de 28 de Dez. 2007

António Vitorino e eu lemos os mesmos jornais, ouvimos os mesmos canais televisivos (pelo menos assim penso no que se refere a OCS lusos) e vivemos no mesmo país = Portugal. E temos o direito de ver, analisar e transmitir versões diferentes do que sentimos e do que criticamos.
Até aqui tudo bem. Mas então e o factor inteligência? Com que António Vitorino foi bafejado prodigamente? Aí já não há desculpas para aceitar a sua crónica de hoje (28 Dez. 2007) no Diário de Notícias, intitulada Expectativas. Eu preferiria: Contradições.
O autor faz a sua análise inteligente sobre a maneira como cada um avalia o ano de 2007, em função das provações por que passou e das expectativas que nutre para os tempos mais próximos. Tenho 76 anos e desde que me entendo, os políticos lusos vêm sempre com a mesma treta: temos (ou antes vocês têm - eles não ...) que fazer sacrifícios agora a favor do bem estar das gerações futuras! Chega, estamos fartos!!! E vemos o futuro dos nossos netos ainda pior com estas políticas pseudo socialistas e, afinal, imbuídas do mais assanhado liberalismo selvagem - adoptado por Sócrates e pelo seu séquito, com benção superior de Belém!
AV repete que os portugueses são os europeus mais pessimistas quanto à situação mundial, nacional e pessoal (aliás citando estudos de Bruxelas - não haverá outras matérias mais importantes a estudar do que o tradicional pessimismo lusitano comparado com o optimismo de outros europeus com políticos mais clarividentes e menos gastadores?).
Já se sabe que somos os mais pobres, mais abandonados e mais sacrificados da União Europeia, pelo menos de 18 dos actuais países. Se alguém tem dúvidas deve ser JS ou AV?
Mas AV atenua nesta sua crónica a valorização excessiva desse hábito com o fatalismo da nossa (ancestral, acrescentaria eu) "cultura colectiva". Aproveita para admitir que este "ambiente geral" (inegável, acrescento eu) não se reproduz de igual forma em todos os estratctos sociais. Pudera. Mais uma verdade que toda a gente conhece.
Uns por egoismo, outros por irresponsabilidade (é analisar o crescimento do crédito mal parado - mal concedido, diria eu), e outros por ostentação e excesso de ganhos (muitas vezes à margem da lei) são os eternos responsáveis apontados por AV, pelo "consumismo natalício", "viagens aos paraísos tropicais" irresistíveis (onde também costumam ir os ministros ...) e aos centros comerciais (o bombo da festa dos pobres, depois de "desmantelado" o comércio tradicional pelo apertar do cinto fiscal e concorrencial aos pequenos comerciantes, por quem? - pelos amigos e correligionários do próprio AV. Aparentemente, este só vê a árvore, ignorando a floresta dos cada vez mais fortes grupos económicos instalados e em crescimento (pelo menos comparativamente ao tempo de Salazar)!

DESIGUALDADES SOCIAIS E DE OPORTUNIDADES
É outro tema muito caro aos actuais detentores do poder lusitano. É um assunto sério mas só tem servido como bandeira de propaganda. Tal como no tempo de António Ferro e outros magos da manipulação política, sob os quais vivi 43 anos. Por isso sei bem melhor que AV o que é pura propaganda política.
Durante estas três décadas de liberdade nenhum político foi ainda capaz de eliminar o nosso atraso colectivo em matérias tão cruciais como a falta de qualificações técnicas e profissionais (não obstante o excesso de brilhantes mentes intelectuais que pouco ou nada têm acrescentado ao PIB); falta de competividade industrial, comercial e cultural viz-a-viz os próprios parceiros europeus; as assimetrias no acesso à educação, à informação e às mudanças tecnológicas, assim como ao alargamento da pobreza. Há, de facto, agora uma nova geração de investigadores a trabalhar no estrangeiro e alguns em Portugal, onde vivem com o credo na boca sobre os atrasos nas bolsas de investigação. Mas isso não interessa a AV e aos seus pares.

ALHEAMENTO, DESCONFIANÇA OU SELECTIVIDADE?
Quanto ao alheamento pela informação deve-se ao cansaço dos portugueses sobre notícias cada dia piores, aumentos nos preços, nos impostos, nos transportes e no custo de vida.
Não viram, durante a euforia das recentes cimeiras internacionais realizadas em Portugal, os inquéritos televisivos aos populares junto dos locais onde tantos chefes de Estado e de governos se concentraram? Muitos não sabiam o que se passava. Ou quando há greves de serviços públicos, os utentes batem com o nariza na porta, alegando não terem tido conhecimento. Certamente vêem televisão mas para acompanhar o futebol, uns, os programas de má língua, outros, e os restantes limitam-se a ver algum tema mais ao seu gosto, nunca os tele-jornais e muito menos as entrevistas e debates políticos.
A liberdade sem educação tem este alto preço numa balança mal calibrada: o alheamento e a desconfiança da vida pública e colectiva num prato e a opção focalizada no que dá mais prazer a cada um, no outro.
Mas eu que me prezo de acompanhar toda a informação, também fico sem saber se o governo português indemnizou os restaurantes que mandou encerrar no Parque das Nações e em Belém, por causa de garantir a segurança das ilustres individualidades que vieram até nós? Dizem que já não há censura. Mas certos temas são tabu. E AV desinteressa-se por mais injustos que sejam socialmente.

REDEFINIÇÃO DO PAPEL DO ESTADO
Eis uma questão fulcral. Para que pagamos impostos tão elevados para rendimentos tão curtos, como os pensionistas e a maioria dos empregados por conta do Estado e de privados?
É só para os titulares de cargios públicos viajarem e fazerem vida de ricos a par com os seus homólogos? Sejam da União Europeia, Nações Unidas, CPLP, Nato, FMI, Unesco, etc. Estou para ver o primeiro corte de despesas nestas áreas tão importantes para o futuro dos nossos netos!
Não. Não quero um Estado assistencial. Isso representa o antigo Estado miserável. Mas exijo um Estado, acima de tudo, justo e imparcial.
Penso que quanto menos Estado mais sobra para o cidadão comum. Chegando também para erradicar os riscos da exclusão social. O custo da representação do actual Estado pesado e absorvente daria para investimentos nesta área.
Uma coisa que detesto no papel do Estado idealizado por Sócrates é o abandono geral do interior, encerrando escolas, maternidades, urgências, SAP, postos da GNR e da Guarda Fiscal - por exemplo, o frágil barco de madeira que deu à praia na Ilha da Culatra, no Algarve (fronteira Sudoeste do espaço Schengen), com 23 imigrantes marroquinos ilegais, nem foi avistado por nenhuma autoridade, nem Guarda Fiscal (eliminada), nem Marinha, nem Força Aérea, nem SEF, nem sistema informático de pseudo vigilância da costa, habilitado para detectar lanchas motorizadas rápidas de contrabando. Foi preciso os populares telefonarem à GNR ou Polícia Marítima. Se fosse eu telefonava para o 112 - sempre era de borla! Um país assim tão mal governado (e abandonado pela elite do PS) não merece mais!

ATESTADOS, COBRAnças, FISCALIZAÇÃO S E REGULAÇÃO
Os novos vocábulos do aparelho político luso, resultante das modas da União Europeia - pensadas para países ricos. Mas agora há mais países pobres do que ricos. Então em Portugal, onde já tinhamos tudo em duplicados (direcções gerais e institutos públicos) passamos a ter tudo em triplicado com a figura dos reguladores.
Eu diria que quem quer ter vícios, que os pague. Se a Europa mais rica quer este modelo triplicado que o pague aos mais pobres.
E a piada é que os antigos organismos públicos que subsistem andam de candeias às avessas com os novos reguladores, excepto nos casos que acumulam: pelo menos Banco de Portugal e INAC.
As empresas públicas majestáticas (PT, EDP, REN, CP, etc.) também não se coíbem de criticar os seus reguladores. E, curiosamente, também já há reguladores em duplicado.
É por isso que escrevi, no início, que vivo no mesmo país que AV mas temos andado por sítios diferentes. Não creio que um homem inteligente como AV admitisse este modelo de Estado se o PS não fosse poder?
Eu não perfilho o mini-Estado que JS está, abusivamente, a reduzir Portugal. Na Saúde, Ensino, Justiça, Segurança, Ciência e Investigação não se pode poupar. No resto, talvez!
AV e eu podemos ler até o mesmo jornal, mas os artigos que mais me interessam passam despercebidos a AV. Por exemplo, no DN de hoje, li e não gostei: "33 SAP já foram encerrados", "Recuperação mundial passa ao lado de Portugal", "Ministério Público na função pública pode ir ao Tribunal Constitucional", "Governo fecha três prisões", "Esaquadra de Beja tem falta de polícias", "PCP aponta "JS contesta políticas de apoio à natalidade do PS", "Hotel assaltado à mão armada em Paredes", "Viana inaugura nova biblioteca projectada por Siza" (pode ter falta de centros de saúde, escolas e de policiamento, mas tem uma nova biblioteca). Notícias que contradizem as teses da AV mas que nem por isso deixam de ser bons temas para as suas conversas (ou notal soltas?) semanais com Judite de Sousa na RTP1.

DESMANTELAR OU REORGANIZAR O ESTADO
Se o PSD estivesse no comando, AV seria o primeiro a desejar desmantelar esse Estado tão assimétrico mas como a responsabilidade cabe, desde 2005, ao seu correligionário, fica todo abespinhado com Luís Filipe Menezes por ter prometido aos seus apoiantes que desmentelará este Estado se ganhar as eleições em 2009.
AV descrê ainda do mercado a funcionar em plena liberdade, apesar de ter vivido na Bélgica e de conhecer toda a Europa, senão todo o mundo. Está no seu direito. Mas então como é que apoia um governo que condena os pequenos comerciantes das lojas tradicionais à miséria e autoriza dezenas de novas grandes superfícies, sejam centros comerciais ou hipermercados de tudo e mais alguma coisa, desde produtos alimentares a bricolage. Isto é liberdade por um lado e abuso de concorrência desleal pela via governamental. Ou então o programa do PS e a sua política para o comércio estão errados e devem ser rapidamente corrigidos.
A bravata desmanteladora de LFM também não me cativa, mas sempre é uma esperança perante a arrogância, mau feitio e excesso de propaganda de JS. Veja o dr. AV o que tem sucedido aos ingénuos compradores de computadores portáteis de refugo a 150 euros coma a obrigação de 15 euros mensais de assinatura à TMN - subsidiária da PT - e do calvário das centenas de aderentes com os aparelhos de alta tecnologia e banda larga avariados na província. Têm de se deslocar a Lisboa ou ao Porto e ficam sem acesso à internet durante largas semanas, continuando a pagar os 15 euros/mês à empresa pública a que JS e a sua dinâmica equipa recorreram para essas acções de pura propaganda política.
Quando à resposta do PS às desigualdades sociais, convido o dr. AV a visitar a Cova da Moura, Brandoa e outros "bairros" sociais da periferia da capital. Cuidado dr. AV, não entre por aí. Faz-me lembrar o discurso de Carlos do Carmo, ontem na grande entrevista à Judite de Sousa, em que aproveitou para falar da fome que se alastra, enquanto ele e outros frequentam os melhores restaurantes de Lisboa e Nova Iorque.
Políticos, artistas e jornalistas têm sempre que admitir que não sabem mais que um pobre operário quase analfabeto mas experiente na miséria que tem passado. Palavras são fáceis de dizer, cantar e escrever. O pior são as acções e os resultados práticos que sofremos no colectivo.

Sunday, December 23, 2007

 
DILEMAS DA NOVA AVIAÇÃO
E DO NOVO TURISMO
Incompatibilidade concorrência-interline?

Por Humberto Ferreira (publicado no Pulituris em 9 de Novembro de 2007)

A expansão do turismo deve-se a seis grandes factores:
(1) Apoio dos governos às iniciativas turísticas que atraiam divisas, através do reforço e controlo da promoção externa;
(2) Massificação do transporte aéreo e dos fluxos turísticos domésticos e internacionais, de curto, médio e longo curso;
(3) Agrupamento de hotéis e adaptação à procura, em termos de cobertura global e local, assim como de categorias e preços, padrões de serviço de alojamento, refeições, apoio de informações e comunicações e animação;
(4) Distribuição global e local, reforçada pelas novas tecnologias e acessível em formato self-service - adeus aos CRS e aos consolidators, bem vindos às empresas outsiders;
(5) Programação diversificada, desde forfaits individuais a package tours para todos os bolsos, gostos e destinos, aliada à oferta reorganizada de transportes, animação e assistência local, onde o improviso vai ganhando espaço e preferência à prolongada formação e experiência tradicional - a construção de programas e itinerários de viagens, férias e grupos era um serviço profissional e hoje é uma actividade ou hobby de amadores; e
(6) Abandono das parcerias (ou pools) entre transportadores, entre hoteleiros, entre grossistas e retalhistas, entre transportadores e agentes de viagens e entre hoteleiros e agentes. Enfim, adeus ao conceito da cooperação e viva a concorrência agressiva entre empresas, conceitos de voos (low-cost/ponto-a-ponto, rede, sazonal/charters, regional/ERA, curto, médio e longo curso/Iata.
O futuro é um mistério se subsistir a queda tendencial para a auto-destruição dos princípios básicos do turismo, formulados entre 1946 e 1980.

ONTEM E HOJE
Ontem os bilhetes aéreos eram aceites por todas as companhias Iata, facilitando o consumidor. As contas ainda continuam a ser feitas e liquidadas através da Clearance House da Iata em Montreal, mas o movimento é praticamente reduzido à recolha das cobranças da rede de BSP e à redistribuição pelas companhias associadas.
Para o consumidor, hoje é melhor comprar bilhetes separados sector-a-sector. Aliás os bilhetes são electrónicos, virtuais. Já vivi momentos de aflição quando num aeroporto sul-americano me disseram que não encontravam o meu código. Mas os passageiros aceitam este suspense ...
Ontem, o pessoal da aviação (na maioria efectivo) viajava com tarifas interline. Hoje nem o revenue-mix nem a proliferação de tarifas online, ou a situação precária do pessoal, o facilitam. Ontem os hoteleiros negociavam a sua capacidade com os operadores e organizadores de congressos. Hoje também o seu controlo das receitas é feito online face à venda às agências virtuais e directamente com brokers e internautas.
Restou aos operadores investir em hotéis (como tinham feito já na aviação charter nos anos 80/90, assim como a aviação de bandeira tinha feito investindo na hotelaria, na década de 60/70). Dada a forte ligação dos produtos passagem aérea/alojamento hoteleiro.
Hoje a aviação charter opera como low-cost - seja com aviões próprios seja com contratos de preferências com transportadoras low-cost. Os charters regulares estão em declínio. Restam, praticamente, os de longo-curso. E os antigos hotéis dos grupos aéreos (Penta, InterContinental, Meridien, etc.) foram vendidos. Por enquanto os hotéis dos operadores turísticos vão ganhando mercado. Com os passageiros de pacotes de férias e com os de voos low-cost para short-breaks e eventos. É a classe média europeia que ainda pode viajar e fazer férias repartidas.
Ontem os direitos de tráfego aéreo eram atribuídos bilateralmente. Hoje são liberalizados multilateralmente num quadro de rotas saturadas, mas vendem-se slots livres nos aeroportos a preços exorbitantes. Por companhias com dificuldades financeiras ou falidas. Quem lucra? Ontem as operadoras tinham de satisfazer rigorosas inspecções de manutenção, catering, handling, formação de pessoal e actualização de normas de segurança. Hoje recorrem ao outsourcing, havendo empresas apenas com dois/três aviões que, em caso de avaria, fazem fretamentos surpresa a outras ainda mais frágeis.
Ontem, os passageiros (turistas) podiam, em caso de greves, atrasos, voos anulados, erros de reservas ou emissão, recorrer a várias "airline shops", normalmente localizadas nos centros das cidades para prestação de assistência de rerouting, reservas alternativas, etc. Mordomias que foram das primeiras a ser cortadas.
Hoje há companhias ditas de aviação sem escritório e sem GSA no país para onde voam. Têm só contrato com uma empresa de "airport handling". O que não chega mas nem os governos nem a Comissão Europeia interferem a favor dos consumidores. Governos e Comissão Europeia que nos retiraram a bola-de-berlim nas praias, as castanhas assadas em assador de barro no Outono, a colher de pau, o azeite caseiro e os pastéis de massa tenra nos restaurantes, o fumeiro, o galo do campo e a ginginha do Rossio, mas vai permitindo o pão sem ser embrulhado, as azeitonas tratadas e o pessoal a manusear dinheiro! Há sempre um ponto fraco na arrogante postura do Sr. Asae!
Ora voltando aos aviões e aeroportos, quem responde responde aos passageiros prejudicados é o pessoal anónimo do handling em outsourcing, num aeroporto superlotado e distante da cidade.
Ora se o actual sistema vigente na Europa dos 27 visa para proteger o consumidor, pelos vistos o atendimento pessoal foi ignorado? Os srs. de Bruxelas também têm sempre pontos fracos. E não é só a aviação e a hotelaria que usam o atendimento telefónico frio ou electrónico à distância. Por vezes por pessoal da Índia, Indonésia ou Irlanda!
O "air interline" era fonte de crescentes fluxos de turistas através da rede de clubes interline. Hoje, as low-cost degladiam-se entre si, eliminando o interline, quer na aceitação de bilhetes de "stranded pax" quer no intercâmbio entre pessoal da aviação. Eles lá sabem porquê!
Serão as normas da concorrência liberal contrárias ao interline e à assistência devida aos consumidores de serviços de transporte, hotelaria e turismo? E quanto custa a burocracia adicional?

BREVES - CÁ SE FAZEM. CÁ SE COMPRAM ... E VENDEM
1 - Mariza encantou os americanos, em New York, Los Angeles e Late Show da CBS.
2 - O câmbio do dólar americano desce ao ritmo que o barril de petróleo sobe. Más notícias para a economia e turismo. O mercado norte-americano é ainda a maior fonte de turistas na Europa, representando 40 mil milhões de dólares de divisas anuais. A continuar assim, a ETC, ETOA, Visit Britain, Maison de France e as empresas turísticas dos países que recebem mais turistas americanos, têm de diversificar já, enquanto os EUA passam a receber mais turistas europeus, pelo menos aqueles que conseguirem passar a rigorosa selecção de segurança. Questão debatida hoje, na véspera do WTM em Londres, que resultou num impasse. Os americanos não abdicam das suas exigências e os europeus também não, em nome, calculem, da privacidade!
3 - Depois das Sete Maravilhas do Mundo, das Mais Belas Baías do Mundo (entre elas a Baía de Setúbal), surgem as Melhores Ilhas do National Geographic ranking. A melhor é a Mackinack Island nos Grandes Lagos de Michigan. Os Açores também constam. Há que aproveitar a onda. Ou valem só os produtos estratégicos?
4 - O WTTC nomeou 16 sábios para seleccionar e avaliar os candidatos de 2008 aos Tourism of Tomorrow Awards. São quatro americanos, três ingleses, um australiano, um equatoriano, um canadiano, um dinamarquês, um indiano, um malaio, um mexicano, um queniano e um sul-africano. Não houve espaço para um europeu continental nem para um chinês. Cá se fazem, mas não se pagam ...
5 - A revista Condé Nast atribuiu os World Savers Awards 2007, para distinguir figuras e empresas que fazem a diferença na conservação do planeta. Prémios ganhos pelo grupo Marriott, Jungle Bay Resort e Spa, Tswalu Kalabat - destino sul africano, operador asiático Buffalo Tours, e fundador do IIPT Louis D'Amore.
Entretanto, Bernardo Trindade disse no VI Fórum Europeu do Turismo, realizado em Portimão, que "Portugal quer ser uma referência na Europa do Turismo Sustentável". Para isso é preciso estar dentro destas e outras iniciativas.
6 - Parabéns à ATL pelos 10 anos a promover o turismo da capital e pelos resultados alcançados. A Capital Europeia da Cultura foi em 1994 e Lisboa continua sem uma oferta de entretenimento a tempo inteiro. Há os casinos (Lisboa e Estoril), o fado, as discotecas (para a juventude e "jet-set" doméstico), os restaurantes e algum concerto ocasional (também para o mercado interno). Faltam espectáculos históricos e folclóricos sobre Lisboa e o Tejo (tipo London Experience, Buenos Aires, etc. Sei que há o Lisbon Experience no Padrão dos Descobrimentos em Belém, mas quem se desloca lá ao serão? Só funciona no horário nocturno em ocasiões especiais e, além disso não se vai ali beber um copo e ver uma apresentação electrónica).
Já houve, em 60/70, o show do restaurante Folclore (retomado no restaurante Luso), e, mais recentes, os shows Amália no Politeama (que deixou de servir jantares) e outros fabulosos no Casino Estoril. Hoje há o Campo Pequeno bem equipado para um conjunto de iniciativas deste tipo. Faltam empreendedores? Iniciativas? Ou quem dinamize a oferta de espectáculos de categoria internacional em Lisboa? Artistas à procura de trabalho não faltam?
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Reorganização turística: uma oportunidade excepcional - I

Por Humberto Ferreira (publicado no Publituris em 2 de Novembro de 2007)

A actual regionalização turística peca por excesso e omissão. Há 19 Regiões de Turismo (RT) - cada em regime de auto-associação emanada dos respectivos municípios e não das estruturas específicas do sector. Há mais RT que distritos. Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto - fora deste esquema turístico. Duas Regiões Autónomas - com o turismo autonomizado. Sete agências regionais de promoção: Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve, Açores e Madeira. Mais 308 vereadores e/ou comissões municipais de Turismo e ainda algumas outras iniciativas, que se esforçam pela projecção do turismo temático e local. Só estruturas fixas são 33, algumas sobrepostas.
Em quase 30 anos, que dura este dispendioso modelo, tem-se tentado projectar no exterior a notoriedade de dez destinos/marcas: Algarve, Lisboa, Fátima, Madeira, Porto, Estoril, Sintra, Porto e Douro, Alentejo/Évora e pouco mais.
A louvar o recente dinamismo empresarial e municipal resultante de projectos no litoral Oeste e Alentejano, Guadiana/Alqueva, Douro, Fundão, etc.
Em contrapartida, perdeu-se o impulso internacional do Buçaco, Templários, Sagres e Costa Vicentina, Figueira da Foz, Ria de Aveiro, Minho, Arrábida, Tróia (algo parada pelas obras) assim como dos circuitos temáticos que já foram bem vendidos a operadores estrangeiros, os quais se desinteressaram por falta de renovação, face à crescente concorrência de outros destinos estrangeiros mais dinâmicos.
Registe-se ainda com agrado as praias destacadas pelas revistas de surf, os campos de golfe premiados internacionalmente, alguns renovados e novos hotéis, termas, spas, restaurantes e eventos, assim como iniciativas municipais em Albufeira, Portimão, Óbidos, etc. Das campanhas regionais destaque para a Madeira e Açores. Balanço fraco.

SOBRE MARCAS TURÍSTICAS
Qualquer cidade, região ou país turístico usa um qualificativo directo para o caracterizar junto dos consumidores: Love NY; Surprising Amsterdam; Wonderful Greece; More Italy than ever; Croatia - the Med as it used to be; Cyprus - a world in a single island; Montenegro Wild Beauty; Bulgaria easy to find; Malaysia is truly Asia; Egypt - everyone wears a smile; etc.
Enquanto os nossos recentes slogans foram maus: Portugal live deeper e Portugal think west. Datam do consulado de Madalena Torres. Assim não chegamos à meta, nem com 19 ou cinco RT. Que tal Portugal Amigo?
Lisboa, Porto ou Algarve em si não são marcas. São destinos. Nas rotas de vinhos, os empresários podem destacar na promoção os slogans e logos oficiais da respectiva região demarcada. O Turismo poderia aplicar, ao nível regional, idêntico sistema na promoção dos hotéis, spas, restaurantes, parques temáticos, excursões, pacotes, etc. Afinal, uma vinheta de qualidade promovida por uma entidade reconhecida.

EXCESSO PREJUDICIAL DE TÍTULOS E ORGANISMOS
A organização regional e local do Turismo é complexa mas pouco tem a ver com a expansão mundial das marcas lusas mais consagradas.
Quais os estrangeiros que se lembram de comprar férias na RT do Nordeste Transmontano, Alto Tâmega e Barroso, Serra do Marão ou Douro Sul? Nesta transparece a mania de se dividir o Douro em Alto, Médio e Sul. A chave do apelo aos turistas neste caso é o DOURO. Ou para as RT do Alto e Verde Minho? Divisão forçada.
Ou para as RT da Rota da Luz, Dão-Lafões, Serra da Estrela e "Centro"? Esta última denota falta de originalidade, pois cada localidade por esse mundo assinala à chegada o caminho mais curto para o "centro". O centro geodésico de Portugal é Vila do Rei. E a região centro é dividida para efeitos de previsões meteorológicas em Centro Norte e Centro Sul. Admirem-se que autarcas venham exigir o desdobramento da proposta RT do Centro em duas, na sequência das discordâncias que tem havido na gestão das verbas da agência promocional de Turismo de Coimbra, Aveiro, Covilhã e Viseu? Viagens ao centro de quê? Viagens, sim, às BEIRAS.
Ou para as RT de Leiria/Fátima, Ribatejo e Oeste? Ou para as RT de S. Mamede-Alto Alentejo, Évora, Planície Dourada e Costa Azul? Destas, o turista poderá perceber que Leiria é uma cidade importante próximo de Fátima ou que S. Mamede é no Alto Alentejo. Mas não entenderá se Évora é a capital do Alentejo? Nem se a Costa Azul é na região da Arrábida, junto a Setúbal, Sesimbra, Tróia, Palmela, Caparica até à frente ribeirinha do estuário do Tejo?
Afinal são 19 simples designações orgânicas e ad-hoc. Não marcas procuradas nos mercados externos. Muitas nem internamente são conhecidas. Portanto pouco se perde além de interesses pessoais.

TURISMO ACTIVO VENDE MAIS
Os organismos centrais de turismo devem adoptar também nomes com maior peso, como: TurEspaña, Maison de France, VisitBritain, etc. Contentam-se com o TP ip? Eu não.
Os países costumam concentrar a promoção turística sob um cartaz forte. Quem se lembra das regiões de turismo de França ou Inglaterra? Mas talvez se lembrem mais das de Espanha e Itália porque condizem com as autonomias.
Os nossos concorrentes usam nas imagens o ponto mais forte de qualquer produto turístico: o elemento humano. As pessoas procuram eventos com multidões. Logo, não convém produzir vídeos e cartazes em desertos. Aproveitar, sim, lindas paisagens mas com o elemento humano. Um grupo de desportistas, pares românticos, famílias alegres e jovens a curtir. O motor da vida contemporânea é turismo activo. Não o contemplativo.
Também importa perguntar aos defensores das 19 RT quem aprendeu (ou decorou) os nomes das 19 RT? Só eu, por força do ofício de jornalista e professor.
Nem um cidadão comum, quanto mais um estrangeiro à procura de um destino com as suas características preferidas, para passar férias? Até a página na internet sobre as 19 RT é muito confusa.
Andamos sempre atrasados, mas Portugal será regionalizado. Primeiro com regiões administrativas e até mais autónomas! Essa é uma tendência irreversível.

SEDES OPERACIONAIS
Polémica é também a nova localização prevista pelo Governo para as sedes das futuras RT. As quais devem condizer, por operacionalidade, com as sedes das actuais CCRD - embriões das futuras regiões administrativas e de ordenamento (baseadas nas NUT II). Promessa de um país organizado.
A proposta original da SET lembra-me Pedro Santana Lopes, que distribuiu secretarias de Estado por certas cidades provinciais. O Turismo foi para Faro e o SET da época passou metade do tempo a viajar para Lisboa e outra metade a visitar Trás-os-Montes, Serra da Estrela e as feiras internacionais de turismo. Desperdício de tempo e custos.
Que sentido faz agora o Turismo nortenho mudar-se do Porto para Viana do Castelo? O Turismo do Centro de Coimbra para a Guarda? Para privilegiar o Turismo de Interior na Guarda? Ou de Lisboa para Santarém? E o Turismo alentejano de Évora para Beja? Por causa do novo aeroporto? Só o Algarve é intocável no território regional e na sede em Faro. O que se fará às pessoas que trabalham e constituíram família nas outras cidades? Mandam-nas para o quadro da mobilidade ou para a prateleira?
Perante as críticas, o SET recuou na questão das sedes, desagradando à população e a um secretário de Estado de Santarém. E fez bem porque o governo não se pode meter nisto. Caso contrário vai pagar a factura. Bernardo Trindade optou, na segunda versão, por responsabilizar os "associados" pela escolha das cidades-sedes através dos estatutos. Mais polémica. Não se pode descarregar o ónus da orgânica no senso dos autarcas, por norma egoístas q.b. E depois, nem se trata de medida vitalícia. Fica sempre sujeita a que outro governo mude tudo. À data deste texto, apurei: a favor das 5 RT a CTP, AHP e Associação Nacional de Municípios. Contra: a maioria das RT da ANRET.

Reorganização turística: oportunidade excepcional - II

Por Humberto Ferreira (publicado no Publituris em 9 de Novembro de 2007)

Foi referido no artigo anterior, quanto à organização das futuras Regiões de Turismo (RT), que competirá aos associados escolher as sedes, através dos estatutos. Associados de quê?
Pensei (pelos vistos erradamente) que as novas RT seriam PPP (parcerias públicas privadas), onde não há lugar para um mandador com mordomias e vários pagantes e executantes. Outra das polémicas foi especular sobre o peso dos votos de cada município. A AML ou a região de Lisboa e Vale do Tejo abrangem dezenas de municípios - uns turísticos outros não - mas na RT passariam a ter todos direito a um mesmo voto. Nem se sabe se esta foi a ideia do legislador.
O que importa definir (de há muito) é município turístico! E quanto a votos, temos a bitola das camas e das receitas turísticas em sede de IRC. Num período de ameaças de aquecimento global, crise cambial do dólar e do custo do petróleo, o investimento em municípios fora do mapa turístico pode ficar adiado, pois há outras prioridades.
As actuais 19 RT pecam por demasiado politizadas. Se vão continuar na mesma, é esquecer esta oportunidade excepcional. Fico na expectativa.
Assim como na próxima Comissão Europeia nem todos os países terão um comissário, também nas novas RT (num esquema de cobertura total do país) só os municípios com classificação turística é que poderiam integrá-las e nomear um representante para a assembleia geral (a quem compete a fiscalização activa do conselho executivo).
Proponho também acabar com a guerra dos vogais e "consoantes", chamando aos membros das entidades participantes: conselheiros, comissários, delegados ou administradores, conforme as funções. Neste caso para a assembleia geral da RT.

REPRESENTAÇÃO E ORGANIZAÇÃO
Entretanto, avanço algumas sugestões práticas e de ruptura. Para o conselho executivo da RT, o conjunto dos municípios turísticos só deve eleger um membro rotativo e nos estatutos deve constar que o delegado eleito seja o vice-presidente executivo da RT.
O presidente do conselho executivo da RT deverá ser eleito entre os empresários experientes em relações internacionais no turismo, que integrem a PPP. Assim, enquanto o presidente provém do cluster turístico, o vice-presidente seria o representante político da maioria regional. Este quadro deve funcionar melhor junto dos operadores estrangeiros. Os restantes administradores seriam: três representantes locais eleitos entre as associações empresariais ou delegações regionais (de hotelaria, restauração, operadores de transportes domésticos e internacionais, excursões, viagens, animação, comunicação, etc.); um delegado que represente o aeroporto, porto de recreio ou comercial (não o capitão do porto), ou outro interface de relevo regional; e mais um delegado das estruturas desportivas, culturais e comerciais.
Quanto mais coesa a equipa melhor. No total seriam sete membros a trabalhar em sintonia, desde que todos visem o desenvolvimento turístico. Um simples ponto de partida, pouco complicadex.

PEACE NOT WAR
O Turismo é a indústria da Paz, mas por vezes está em guerra. Penso mesmo que os políticos gostam mais de guerras do que de paz.
Neste caso, não demoraram a formular os ecos do seu (aliás legítimo) descontentamento contra a proposta da SET, inclusive por parte de alguns membros do PS, prejudicados pelo corte de 14 RT. O argumento comum tem sido a desvantagem de desperdiçar o trabalho e investimento promocional feito no exterior, nas três últimas décadas, com as "marcas" Fátima, Douro, Serra da Estrela e Costa Azul. Alegam (mal) que vai deixar-se de promover estes destinos. Seria mais apropriada a frase: a projecção a obter com a maior dimensão de cada RT pode vir a ser diluída entre novos objectivos estratégicos. Aliás, como tem sucedido nas recentes campanhas nacionais do Icep e do PTip.
Tenho sido um frequente crítico e comentador das medidas negativas deste governo e da SET, nos últimos 30 meses. Mas dizer que estas "marcas" vão deixar de ser promovidas por se reduzir as RT de 19 para cinco, não entendo. Cada território vai continuar a promover os seus recursos.
Entre as maiores críticas à proposta da nova regionalização, li e ouvi declarações de Miguel Sousinha, presidente da RT Leíria/Fátima e da ANRET; e António Carneiro, presidente da RT do Oeste.
Miguel Sousinha queixa-se que cinco municípios de Leiria/Fátima vão passar para a nova (e alargada) RT do Centro e outros três para a RT de Lisboa e Vale do Tejo.
Não entendo. Hoje não há fronteiras internas na zona Schengen e o grosso de turistas para Fátima vem de Lisboa (pelo menos enquanto Fátima não tiver ... aeroporto). O que não se enquadra em qualquer mapa coerente é a regionalização turística. As NUT II não são apenas para efeitos estatísticos. São para investimentos e projectos abrangentes.
Aliás, em tempos Leiria/Fátima associou-se à promoção da ATL, queixando-se depois que Lisboa não promovia Fátima. Agora ignora-se que os 10 produtos apoiados no PENT excluíram o Turismo Religioso. Afinal, é este Governo que ignora Fátima?
Promover as vantagens das zonas de cada RT competirá às juntas de turismo (JT), que precisam ser revitalizadas.
Num primeira alerta à escala nacional, os destinos são promovidos em conjunto no exterior, pelo órgão central. A segunda ronda promocional ao nível regional é das RT. E, num terceiro patamar, as JT divulgam a zona e modalidades turísticas. Poupando-se, assim, sinergias e atingindo-se os grupos-alvo emissores. Pela prática da segmentação.

MAPA DA REGIONALIZAÇÃO TURÍSTICA
Como escrevi no início, um dos males do actual modelo (concebido pelo meu amigo Carlos Matias, à época deputado do PRD, experiente quadro da DGT, chefe do gabinete de quatro secretários de Estado e director do jornal de S. Pedro do Sul) foi entregar a adesão a cada RT ao voluntarismo dos autarcas. Assim, o mapa do turismo regional é uma manta de retalhos ao gosto partidário e os autarcas "adjacentes" (vizinhos), volta não volta, provocam dissidências ditadas pela rivalidade partidária. Se quiserem continuar assim, perde-se uma oportunidade excepcional.
O actual mapa não foi desenhado a esquadro e régua, mas foi pior, permitindo enclaves sem turismo regional. Os mais duradouros foram os da Nazaré (negando a adesão à RT de Leiria/Fátima) e de Guimarães (Verde Minho), além dos municípios de Lisboa e Porto - que não querem repartir as suas verbas (pudera) - até que um governo inventou a sobreposição orgânica das agências regionais de promoção (ARPT) com as manchas das RT, as quais foram, assim, forçadas, a cooperar, pelo menos até às reservas surgidas, nas RT da Costa Azul e do Centro.

PRIVILÉGIOS E OPÇÕES
António Carneiro da RT do Oeste queixa-se que o mapa da promoção turística não deve ser determinado por ditames burocráticos e administrativos.
Mas então, os mapas administrativo, jurídico, de planeamento e ordenamento territorial, etc. não devem articular-se com o mapa da organização operacional do turismo? E vice-versa?
Então o Turismo é um super-star que vive isolado do resto dos problemas do país?
Quando um governo tem uma política a cumprir e demora 12 meses a discutir a proposta sem conseguir reunir consenso, tem duas saídas: recua e fica tudo na mesma, ou avança e fica sujeito às críticas dos seus próprios apoiantes. É a democracia.
Ora assim como nem todos os município reúnem condições para se auto classificarem de turísticos, há outros que à partida não podem negar esta vocação nem a solidariedade que devem aos municípios vizinhos, atravessados pelos turistas e que complementam as motivações locais. Curiosamente, até a sinalética de trânsito para se chegar a um município é boa mas, depois, para se sair para outro vizinho é omitida.
Um (ou mais) presidentes concordam com a proposta das 5 RT, desde que Lisboa e Porto fiquem fora do esquema. Parece ser esta, afinal, a base da contra-proposta da ANRET. Não cinco mas sete regiões no Continente e mais duas nas ilhas = total nove.
Se pensarmos no que NÃO foi conseguido até aqui (durante quase 30 anos), talvez se dê uma oportunidade ao novo modelo. Portugal é um país pequeno com vontade de ser grande no Turismo. Ainda bem. Mude-se o rumo da proliferação de RT (o modelo da micro e sub-regionalização) e ensaiem-se outras soluções técnicas, empresariais, regionais e políticas. A proposta da SET vem inicialmente imbuída da racionalização orgânica capaz de gerar uma oportunidade excepcional. Basta modernizar a arquitectura orgânica sub-regional: ou seja, dinamizar as juntas de turismo, mas emanadas das empresas privadas como no período das comissões de iniciativa local e regional.«»

 
Multi-regionalex ou subregionalex de proximidade?
HORA PARA APOSTAR NAS JUNTAS DE TURISMO

Por Humberto Ferreira (publicado no PUBLITURIS em 2 de Novembro de 2007)

Ainda há juntas de turismo (JT): Estoril, Ericeira, Curia, Luso! Ainda bem que resistem. Com a adaptação das regiões de turismo (RT) ao modelo NUT II, importa dinamizar as JT, aliás pioneiras do turismo. A origem remonta aos sindicatos de iniciativa franceses. O turismo nos Açores e Madeira está autonomizado há anos, por isso não se queixa.
A ANRET não aceita a proposta da SET mas a ANMP sim. Faz sentido uma divisão turística diversa do ordenamento administrativo e territorial? Não faltam palpites divergentes. Desde cinco RT (a própria ANRET aceita as cinco separadas das cidades de Lisboa e Porto, ou seja, insiste em sete), nove, dez, até quem prefira manter as 19. Não admitem que o futuro do Turismo e Economia passa pela simplificação e corte de encargos? O PCP propõe federar as RT com atribuições de promoção e valorização das zonas, tendo justificado com experiências bem sucedidas ... mas pouco divulgadas (?). Será um eufemismo para as associações de RT vizinhas mas autónomas?

NOVO CICLO E NOVAS FUNÇÕES - As JT reforçam a capacidade da iniciativa privada local e voltam, agora, a ter novas oportunidades para exercer úteis funções. Servem de pontes, âncoras e eixos integrados da promoção e renovação turísticas nos pólos que comprovem satisfazer as condições essenciais de acolhimento e animação turística. As JT podem ser os elos mais dinâmicos entre a procura e a oferta. Se forem bem estruturadas, em breve, não há política que prescinda do know-how das JT.
Devem cooperar com as RT, municípios e outras autoridades, candidatando-se aos programas europeus para requalificar equipamentos públicos e proporcionar melhor padrão de vida aos residentes fixos e flutuantes. Devem cooperar com as sociedades e clubes recreativos, desportivos, culturais e cívicos da zona, congregando meios para diferenciar e valorizar a oferta integrada, face à concorrência. Devem cooperar com as empresas turísticas, com o comércio, pesca, lavoura, indústria, serviços e organizações empresariais locais, de cujos quadros mais experientes em contactos internacionais devem, aliás, emergir dirigentes e quadros, entre as mais qualificadas, dedicadas e influentes figuras locais.
Devem garantir a informação turística actualizada; prestar assistência aos viajantes e aos empresários abertos a investir na zona; coordenar e divulgar o calendário de eventos culturais, desportivos e recreativos; organizar e patrocinar festivais, concertos, torneios, concursos, feiras, exposições, workshops, visitas (jornalistas e empresários), mostras, cursos, portal electrónico, etc.; manter um canal informativo sobre a zona junto dos OCS; e organizar acções externas (feiras e congressos) para promoção das iniciativas e marcas de produtos e bens locais.
Em Itália há um modelo interessante a estudar. Nas estâncias balneares, termais e de neve há consórcios promocionais que compõem a entidade do turismo local. São núcleos de hoteleiros, restauração, operadores, animação, agricultores e produtores de bens alimentares, artesanato e comércio. Todos colaboram na promoção e assistência ao turismo de lazer e de negócios.

AGARRAR OPORTUNIDADES - Mas turismo não é só promoção. Com a nova estrutura central e regional (agrupada no Turismo de Portugal Instituto Público - que merece o prémio do pior título mundial entre os organismos oficiais do turismo) convém perguntar até que ponto os municípios continuam a ficar responsáveis pela aprovação técnica de projectos, licenças, alvarás, vistorias e inspecções de higiene das instalações e serviços de empresas e unidades de restauração, alojamento turístico e complementar, animação, distribuição de viagens e operadores? Além da assistência técnica e operacional a novos investidores? Será que fica tudo a cargo da ASAE armada?
Descentralizam por um lado, concentram por outro, multam e prejudicam por outro. Sabe-se, por exemplo, que muitas casas de comida e bebida chamadas "restaurantes" (há cerca de 90 mil e só cerca de 30 mil associados da Aresp) não dispõem de instalações nem dimensão adequadas ao cumprimento das normas. Produto do facilitismo das autarquias.
Nada transpareceu sobre o papel reservado às JT, provando que a reforma do turismo regional, durou cerca de um ano mas foi feita em cima do joelho esquerdo.
Chegou a hora de despolitizar o sector e profissionalizá-lo. A dinamização das RT e JT é um bom meio, se forem dirigidas por quadros experientes do cluster do Turismo, ou por empresários com experiência política.
As JT vão ter um papel essencial ao fazer a ponte entre a política e o turismo, funcionando como âncoras do sector e servindo de eixo para soluções que visam criar os clusters locais. Mãos à obra.

PORTELA-65
Inaugurada a 15 de Outubro de 1942, a Portela festeja 65 anos sob a ameaça de fecho em 2017. Em 1943 movimentou 10 mil passageiros e 12 milhões em 2006. Em curso tem obras de 380 milhões de euros. Em 2010 terá 21 portas e 13 mangas (sete actuais) no Terminal 1. Numa sondagem do ACI apurou-se que a Portela tem o pior serviço luso e um dos piores europeus na gama até 15 milhões pax/ano.

MASTERS NA TV
O Portugal Masters em golfe foi um êxito ignorado pela nossa press. Se fosse um jogo entre Massamá e SLB não faltariam horas de TV e páginas impressas. Cá nem vi o verde do Victoria Golf mas 40 canais transmitiram centenas de horas para 700 milhões. Parabéns André Jordan, promotor do evento, quando era ainda empresário dos golfes de Vilamoura.

CIMEIRA FECHOU RESTAURANTES
A cimeira que aprovou o Tratado de Lisboa atraiu a atenção global da TV e correu bem, não fora ter entupido a Portela, com restrições de ATC.
O PM espanhol, dizem, esperou horas por um slot. As pistas do Montijo, Alverca, Sintra e Tires, não foram opções para concentrar a segurança toda na Portela.
Para quem nada sobrou desta cimeira europeia foi para os donos dos restaurantes do Parque das Nações, forçados a encerrar dois dias por estarem no perímetro de segurança. Não há bela sem senão. E, proibir, assim, a abertura de estabecimentos comerciais sem pagar indemnizações também é típico das ditaduras.

 
Ronda de amigos 1986/2007
Do telex à internet e da directiva de Bruxelas
aos consultores de viagens

Por Humberto Ferreira
(Publicado no Publituris em 30 Nov. 2007)

A equipa PUBLITURIS reuniu, no Hotel Dom Pedro Palace, um grupo de amigos que já não se encontravam há tempo. Destacados homens do Turismo, todos com um cargo comum: presidentes da Apavt. O encontro durou uma tarde de boa disposição e amizade.
As conversas fluíram facilmente, como se reatassem temas da véspera. Cada um fez questão de confirmar os seus pontos de vista, em defesa das decisões tomadas e do conceito sobre a melhor forma de proteger os interesses dos agentes de viagens e do Turismo em Portugal. Mas no fim, há mais sinais de convergência do que diferenças.
Cabe-me o privilégio de comentar esta ronda dos últimos presidentes associativos. Três desligados das viagens e apenas dois em exercício. O sexto homem preferiu manter-se afastado. Está no seu direito, dedicado a nova actividade (ainda ligada ao Turismo), mas já há quem sinta falta das suas frequentes e oportunas presenças na TV.

ASSOCIATIVISMO COMUM
O que marcou o seu mandato, foi a primeira questão comum colocada aos convidados do Publituris.

CARLOS GONÇALVES LUÍS foi delegado no Algarve desde 1978, director desde 1980 e presidente 1986/1991. Enfrentou dois problemas gravosos: atenuou a caça da BT às multas aos expressos (injusta relativamente às antigas operadoras de camionagem sem qualidade. Imparcialidade que persiste hoje) e a introdução da telemática na distribuição (que mudou radicalmente os procedimentos e competências do pessoal). Presidiu ao maior congresso (Marraqueche 1987 e ao segundo em Macau 1990). Foi administrador da FUAAV, organizador do congresso dos 25 anos desta Federação Universal no Estoril, e presidente do congresso FUAAV no Cairo em 1991. Presidiu à direcção que adquiriu o andar na Rua Rodrigues Sampaio - o único património imobiliário associativo, onde está, mais uma vez instalado o Centro de Formação (a sede é alugada). Este presidente preocupou-se em melhorar a organização (também alterou o mandato de dois para três anos e esquematizou um Gabinete de Estudos) e promoveu a formação inicial para a era electrónica - até então as reservas eram feitas por telefone ou telex.
DUARTE MACHADO (1992/1994) sustentou a grande crise económica internacional e o impacte da rigorosa directiva comunitária sobre viagens organizadas. Bruxelas produziu um documento contra as agências de viagens, que o governo português - como bom aluno europeu - quis adoptar e implementar. Duarte Machado acreditou nesta bondade oficial. Com novas tecnologias, CRS/GDS, fornecedores com centrais de reservas electrónicas e vendas virtuais de viagens e passagens, Bruxelas quis voltar ao passado, impondo legislação irreal, que nunca chegou a vingar nos Estados Membros, por pressão contrária dos agentes e associações. Duarte Machado apostou nas novas tecnologias desenvolvendo uma plataforma de comunicação entre associadas. Foi vice-presidente de Carlos Gonçalves Luís. Depois da directiva de Bruxelas hesitou em recandidatar-se, acabando perdendo a eleição para o segundo mandato, a favor de Atilio Forte, que reinstituiria os mandatos de dois anos.
VÍTOR FILIPE (2004/2006) esteve oito anos na Apavt (quatro como director, quatro a presidir) e atravessou outro período crítico: a redução das comissões da aviação e a transformação das empresas de intermediárias em consultoras de viagens e turismo. Do seu programa fazia parte o conceito que só a união faz a força, daí aplicá-lo na prática. Foi um dos fundadores da Elovia - agrupamento de agências de viagens que negoceia com transportadoras e outros fornecedores, com o peso do volume das vendas agrupadas das associadas. Hoje é a Eloair. O marco inovador da presidência de Vítor Filipe foi mais longe: aproximar as agências e transformá-las em consultoras - que continuam a programar, operar e vender. Apostando para isso na formação e marketing, através de empresas subsidiárias. Foi também o presidente da comunicação externa.
JOÃO PASSOS (primeiro mandato 2006/2007 em vésperas do segundo) é delegado no Porto desde 1986. Enfrentou a presente mudança dinâmica do Turismo, a aviação low-cost, o crescimento dos operadores nacionais e estrangeiros e o surto de viagens de longo curso, a par do crescimento do turismo interno. Tem desenvolvido o seu trabalho à medida que muda o enquadramento entre fornecedores, destinos e consumidores, com respostas adequadas. Propõe-se reinstituir os mandatos de três anos, pois chega à conclusão que dois anos é um prazo curto para atingir os objectivos de qualquer programa directivo. Tem pela frente a nova Lei das Agência de Viagens e a proposta reestruturação regional do Turismo (RT).
Todos foram unânimes em afirmar que entre o número de encerramentos e aberturas de agências o saldo é positivo. A maioria das agências é filiada na Apavt. Admitem ser diferente a orientação e os investimentos em lojas (encerraram em ruas onde é difícil estacionar carros, preferindo centros comerciais e salas em complexos de serviços, onde passa muita gente). E quanto à aviação low-cost (que antes ignorava as agências), aposta agora nas novas consultoras de viagens, tentando captar o segmento de Business Travel.
O SEXTO HOMEM PRESIDIU À APAVT E À CTP
Atilio Forte (1995/2000) pretende, nesta nova fase da vida - hoje integra os quadros da Estoril Sol, dedicando-se a um dos produtos turísticos com maior expressão internacional: casinos e animação cultural - manter-se afastado da fase associativa, como presidente da Apavt e da Confederação do Turismo Português.
Por isso recorremos à memória e à colecção do Publituris para completar esta lacuna.
Atilio Forte foi o responsável pela profissionalização da Apavt. Desde a negociação, planeamento, organização e protocolo dos congressos anuais até à organização interna, formação, automatização e mudança no apoio aos associados, imposto pela nova legislação. E preparou a classe para os primeiros embates das companhias aéreas sobre a redução das comissões. Foi um tempo repleto de negociações internas e externas, também marcado pela extinção do Ministério do Comércio e Turismo e pela tutela do Turismo subordinado ao Ministério da Economia. Atilio Forte deu um forte impulso à comunicação social, aproximando a Apavt não só da imprensa especializada mas também dos grandes títulos da imprensa generalista e económica. A sua postura foi sempre de liderança entre os seus homólogos das associações empresariais. Por isso foi eleito para presidir à CTP durante mandatos seguidos, conquistando o primeiro assento em representação do Turismo no Conselho de Concertação Social.

All is well when ends well.

 
Cim2007 - Congresso de Turismo da Montanha

Humberto Ferreira //// hsalvadorferreira@clix.pt (2007/12/25 - Artigo publicado na edição de 07 Dezembro 2007 do semanário Publituris)

A ESHTE e a Associação de Desportos de Aventura Desnível promoveram, de 23 a 25 de Novembro o III Congresso Internacional da Montanha, Desporto e Turismo de Aventura, no auditório da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril. Nota positiva para a excelente organização, que atraiu 200 inscrições e se desdobrou durante três dias em gerir 40 sessões, incluindo a inaugural e de encerramento, e proporcionar 38 temas, divididos em sete painéis: A - Empreendorismo e Turismo Activo; B - Saúde, Fisiologia e Desporto Aventura; C - Inovação e Tecnologias em Turismo Activo; D - Formação em Turismo e Desporto na Natureza; E - Sustentabilidade do Turismo e Desporto na Natureza; F - Segurança e Risco nos Desportos de Aventura; e G - Organização e Planeamento de Expedições.

INTERVENÇÕES E VÍDEOS DE QUALIDADE
Destacamos entre os oradores: Teresa Ferreira do TP ip (O Papel do Turismo de Natureza na Estratégia Nacional de Turismo); Luís Reis e Ana Barbosa da Apecate; Ronaldo Gabriel e Eduardo Fernandes da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; Rita Tomás e Fernando Duarte Pereira da Faculdade de Motricidade Humana; José Sánchez Martin da Universidade de Extremadura; alpinista João Garcia e Rui Santos da ESRI; Paulino Costa, Sérgio Caetano e Carlos Bulhão Pato, representando os Açores; António Quina de A Vida é Bela; Rui Romão e Mário Silva da Assoc. Desnível; Ramon Larramendi da Tierras Polares; David Silva e Sousa da Cascais Natura; José Manuel Laranjo, co-autor da Carta Desporto Natureza e ex-quadro do PNSC; Aurelia Kogler do Institute for Tourism and Leisure Research, Suíça; e José Manuel Simões do Departamento de Geografia da Universidade de Lisboa.
Todas as intervenções foram apresentadas em power-point, com sugestivas imagens (nem se entende como ainda há seminários e congressos em que os oradores continuam a ler o seu papel, tal como há 50 anos). Nas áreas públicas da ESHTE estiveram patentes duas boas exposições de fotógrafos lusos sobre a temática do congresso.
Negativa a ausência de um delegado permanente do TP ip, de preferência o responsável do pelouro do Turismo Interior e de Montanha, para anotar as reclamações dos congressistas e dar resposta a algumas dúvidas sobre a estratégia oficial para as modalidades de Turismo do Interior, da Natureza e da Montanha - agora que a Serra da Estrela tem assumido maior destaque no PENT.
Não houve visitas turísticas e até os serões foram aproveitados para a apresentação de diversas expedições: A Conquista dos Picos do Mundo, Ascensão ao K2 e ao Kanchenjunga por João Garcia; e Andes - Território de Aventura e Cultura por Yannick Tonner, presidente do CAF.

PAINEL: MARAVILHAS DOS AÇORES
A defesa do Turismo Sustentável esteve a cargo de açorianos: Paulino Costa da Direcção Regional de Turismo dos Açores, falou sobre Vulcanologia e Geoturismo; Sérgio Caetano, da Associação Amigos dos Açores, versou Os Percursos Pedestres nos Açores e a sua Importância para a Monitorização e Valorização das Áreas Ambientais; e Carlos Bulhão Pato do GATNER da DRA, revelou-nos Os Percursos Pedestres Mais Recomendados.
Paulino Costa referiu os 14 grandes edifícios vulcânicos, nove dos quais activos, os cerca de 1400 vulcões monogenéticos e as 250 cavidades vulcânicas (grutas e algares), que tornam a região muito apreciada por estudiosos destes fenómenos. Algumas destas áreas estão classificadas na Rede Natura 2000 e como Áreas Protegidas (segundo a denominação lusa - que bastaria enfatizá-las como Áreas de Conservação Ambiental). O governo regional está a rever a Rede Regional de Áreas Protegidas (ReRAPA), reclassificando as existentes pelas normas da União Internacional para a Conservação da Natureza e simplificando a rede regional em nove parques naturais, um parque marinho e 15 centros de interpretação. O mais antigo é o do Vulcão dos Capelinhos no Faial, a comemorar 50 anos e com um site muito visitado.
Sérgio Caetano guiou a assistência numa visita de imagens por alguns dos 50 trilhos pedestres classificados e sinalizados, alguns desde a década de 80. E falou dos cuidados na sua manutenção e da experiência dos Amigos dos Açores.
E Carlos Bulhão Pato falou da decisão do governo regional em suspender a actividade quando se deu um acidente mortal com um turistas alemão, até que fosse instituída a figura legal dos percursos pedestres recomendados (a nomenclatura internacional diz que são PR = Pedestrian Routes ou Walking Trails), revelando o trabalho da sua instalação, sinalização e inspecção. A manutenção está agora a cargo de empreiteiros locais contratados de três em três anos. Também garantiu que qualquer associação ou órgão local poderá propor a certificação e manutenção de novos trilhos, pois só com a descentralização de poderá valorizar esta oferta especializada e ampliar a sua procura. Este orador apresentou belas imagens e excelentes folhetos dos PR, entre os quais destaco o da Praia-Lagoa do Fogo, Vista do Rei-Sete Cidades e Mata do Canário-Sete Cidades (na ilha de S. Miguel); Mistérios Negros na Terceira; Caldeirão no Corvo; e Volta à Caldeira-Furna do Enxofre na Graciosa. Um bom exemplo para os órgãos locais e regionais de Turismo no Continente.

SUSTENTABILIDADE BUROCRÁTICA
O mesmo tema, tratado por especialistas do Continente, ficou aquém da prestação dos Açores, em termos de divulgação e identificação como produto turístico.
David Silva e Sousa da Cascais Natura, apresentou o programa Pedra Amarela - acampamento de gestão sustentável no PNSC - Parque Natural Sintra-Cascais, iniciativa da Câmara Municipal de Cascais. A ideia foi concentrar num só espaço os utentes (escoteiros, escutas, guias, escolas e associações) que queiram acampar na área do PNSC, até ao limite actual de 300.
Apresentou o projecto da "eco-cabana", suspensa do solo e em materiais sustentáveis. Soube a pouco para se usufruir em pleno do parque natural mais próximo da capital.
José Manuel Laranjo, geógrafo e professor universitário, escolheu como território a Rede Nacional de Áreas Protegidas e o PNSC - local procurado para actividades de lazer em terra, mar e ar - para divulgar o enquadramento que regulamenta o acesso às APA (áreas sob protecção ambiental) - livre e condicionado de visitantes, individuais e em grupo -, assim como o licenciamento das actividades de animação ambiental (AAA) - essencial para os praticantes de desportos de Natureza. Falou também do Programa Nacional de Turismo da Natureza e da CDN - Carta Desporto de Natureza - em cujo articulado colaborou.
Por fim, falou de planeamento estratégico e dos utilizadores do território, que enfrentam condicionamentos na prática de Turismo de Natureza devido à taxa de licenciamento e correspondente burocracia. Alertando que as AP (Áreas Protegidas) estão a ser ultrapassadas pelo dinamismo dos actores locais - autarquias e privados. Deixando as seguintes reflexões aos congressistas: quais os melhores meios para uma gestão eficaz das AP? Associar aos instrumentos de planeamento existentes, programas operacionais de gestão local? Ou abandonar as práticas de "planear para" passando a "planear com"?

SERRA DA ESTRELA = TURISMO DE MONTANHA
José Manuel Simões, geógrafo, catedrático da Universidade de Lisboa, especializado em planeamento regional e turístico, falou sobre desafios e inovação no Turismo de Montanha na Região das Beiras.
Começou pela enumeração das grandes estâncias mundiais de desportos de neve e pelas recentes transformações no ordenamento regional e turístico (que deverá passar pelo regresso à designação Região Centro e abandono da marca Beiras). Avisou que o Turismo é o motor de desenvolvimento económico e regional que se entrelaça com todas as actividades humanas e territoriais, sob qualquer perspectiva que se pretenda analisar, incluindo a científica e sociológica.
Numa abordagem estratégica e integrada, a nível nacional, a Serra da Estrela apresenta-se como um peça singular no Turismo de Montanha.
No PENT, a Serra da Estrela também é um dos pólos de desenvolvimento turístico. Lembrou que o turismo é apontado, como um instrumento de desenvolvimento para aquela região, desde o Plano Estratégico de Desenvolvimento Turístico da Beira de 2002; desde o PETUR da Universidade de Beira Interior de 2006; e do PITER - com a apresentação do programa Serra da Estrela Dinâmica - 10 Projectos Estruturantes.
O orador referiu a Carta do Turismo Sustentável de 1995 e os pontos fortes da Serra da Estrela, destacando a sua sustentabilidade impar em termos turísticos ordenados (apesar de numerosas manchas a eliminar); a qualificação gradual dos seus atractivos; a requalificação de unidades hoteleiras e os projectos do aproveitamento do antigo Sanatório das Penhas da Saúde; o alargamento do leque de actividades ao longo do ano, para atenuar a sazonalidade, com organização de corridas de orientação, baloonismo, trekking, rafting, actividades culturais e desportivas, a captação de eventos e congressos ou reuniões; e a inovação da oferta, no sentido de diversificar a monocultura da neve, do esqui e snowboard; os serviços de apoio que surgem (comércio, restauração, museus, artesanato, etc.); a aposta em projectos de diferenciação de outros destinos; a articulação entre os objectivos dos municípios e das empresas locais; a dinamização das aldeias históricas com o apelo ao regresso das populações à floresta e à montanha; por fim, a promoção e marketing integrados.
Desafios não faltam. Faltam é programas de desenvolvimento regional para os validar e optimizar.

DESPORTOS RADICAIS
O último dia foi preenchido com intervenções a exigir mais segurança face ao risco dos desportos radicais: voo livre (por Jorge Oliveira), águas bravas e rafting no Nepal e Equador (por Rui Calado), gestão do risco (por Koen Viaene e Fernando Duarte Pereira); turismo activa pela Tierras Polares; o projecto DiverLanhoso (por Pedro Pacheco); Canoagem no Douro Internacional (por Raul Garcia); Canyoning a São Jorge, Açores (por Rui Romão da Desnível); e Expedição Transatlântica Espanhola à Antártida (por Ramón Larramendi da Tierras Polares).
Resumo: umas belas jornadas quatro em um: Turismo de Montanha, de Natureza, de Interior e Activo.
Desafios para acompanhar pela redacção e pelos leitores do PUBLITURIS. A referir que, entre os congressistas, alguns agentes de viagens especializados nestas quatro modalidades mais Turismo de Aventura.

 
Turiscópio/PUBLITURIS (AlcocheteOta14Dez.doc)

O NAL adiado - coordenação e acessos em debate
1 - Há estudos do NAL (Novo Aeroporto de Lisboa) na Ota, Alcochete e Portela ao gosto do MOPTC, CIP e ACP. Há o livro O Erro da Ota. E há mil debates, notícias e influências que duram desde 1969, a confirmar a teoria do Bocage, sempre à espera da última moda.
Entretanto muita coisa mudou mas o somatório das vantagens/desvantagens e custos/benefícios é ignorado à vontade das partes. Adiado o parecer do LNEC de 12/12 para meados de Janeiro. O que é isso entre tantos atrasos?

ARGUMENTOS PRÓ-OTA
FASES - Ministros e ex-ministros também destabilizam. João Cravinho diz agora "aeroporto deve ser eficaz, não baratinho". E quem diz que este processo passa por três fases? A - selecção de consultores com know-how e gestores de projectos; recolha de pareceres de organismos, especialistas e empresários relevantes e independentes - pilotos, meteorologistas, transportadoras, associações e maiores empresas turísticas, industriais, comerciais e de serviços, municípios - qual o seu rapport? - e, até, uma sondagem aos operadores estrangeiros que programam fluxos aéreos para a Área Metropolitana de Lisboa (AML); avaliação dos custos-benefícios entre a Ota, Alcochete e Portela + 1; elaboração de blueprint operacional e encargos preliminares; e proposta técnica com resultados comparativos. B - Avaliação ministerial dos MOPTC, MAI, MEI, MS, MD e MAOTDR. C - Decisão do Conselho de Ministros.

APROVEITAMENTO INICIAL da Base Aérea da FAP? Negativo. Toda a zona vai ser terraplanada para uma cota mais alta, transformando tudo, com reflexos ambientais e físicos. A BA foi desactivada há anos, devido a condições adversas de manobras aéreas (serra de Montejunto), pelo que poderá servir para tráfego médio, limitado a uma rota de aterragem e descolagem.

IDEM: ACESSOS RODO. A A1 está saturada e a A8 fica longe. Aliás, o NAL na Ota, ou em qualquer zona, exige ramais novos, de preferência desde os eixos potenciais emissores de mais tráfego aéreo, nomeadamente da capital, linhas de Cascais, Sintra, Oeste, Médio Tejo e ... Península do Sado. O LNEC e a C E separam os custos do NAL e TGV dos acessos (incluindo a nova ponte sobre o Tejo), pois a AML tem cinco das maiores cidades: Lisboa (1ª com 565 mil habitantes), Amadora (4ª = 176 mil), Almada (6ª = 101 mil), Setúbal (9ª = 89 mil + 13 concelhos do "deserto da Costa Azul" no distrito da margem sul, que totalizam 846 mil), e Agualva-Cacém (10ª = com 82 mil). Além disso, Sintra (140 mil), Cascais (50 mil) e Oeiras (168 mil) são concelhos populosos. Enquanto os distritos de Santarém tem 466 mil e Leiria 478 mil. Afinal, o núcleo populacional da AML (2,6 milhões) não fica tão a Norte. E o alvo do NAL é servir o Ribatejo e o Oeste? Ou a capital e concelhos limítrofes?

VIA FÉRREA - O TGV pode servir a Ota? Mas estava prevista a saída do TGV para Sul pela terceira ponte, a fim de seguir uma rota férrea comum, mais plana pela margem esquerda do Tejo. O TGV também pode passar por Alcochete para Badajoz e Madrid e para o Porto. Aliás, a Rave não explicou ainda se Lisboa vai ter dois terminais de TGV (para o Porto e para Madrid) - o que seria um desperdício.

ARGUMENTOS CONTRÁRIOS
DISTÂNCIAS DOS POLOS URBANOS - De 60 a 100 km dos eixos Cascais/Restelo e Almada/Setúbal. Apenas os eixos Loures/Sintra/Oeste/Santarém - dependendo de novos ramais rápidos sem portagem - seriam beneficiados pela Ota.

ROTA PORTO-LISBOA - O estudo da Associação Comercial do Porto insiste na opção Portela + 1. Por quê? Alguém vai 60/90 minutos antes, do Porto para Pedras Rubras-Perafita apanhar o voo para Lisboa e ficar a 60 km do destino? A nossa rota doméstica nº 1 desapareceria, excepto para o feeding de pax intercontinentais pelas menos influentes companhias Full Service (FSC) - pudera com as protegidas LCC.

ROTA FARO-LISBOA - Idem, com a diferença de se ficar 60 km a Norte do destino. Já de Alcochete vê-se Lisboa e há duas (agora) e depois três pontes sobre o Tejo.

REDE AEROPORTUÁRIA - Descompensada: P. Rubras, Ota, Beja e Faro. A única rota doméstica viável seria Porto/Faro. Se o País foi dividido em sete regiões-plano (das quais duas são autónomas), em termos de desenvolvimento, cada uma merece um ou mais aeroportos. Será que a região Centro aceita a Ota? À resposta positiva recomenda-se a Ota para servir a Região do Centro e a AML (Área Metropolitana de Lisboa) - nesta para concentrar o acréscimo do tráfego Low-Cost (LCC), responsável pela saturação da Portela. E, adoptando-se a opção Portela + 1, a Ota não seria o NAL mas "o + 1 = base para as LCC", que voam ponto-a-ponto para Lisboa de toda a Europa (ainda não há LCC lusas). Empresas e pax que usam pistas periféricas, para beneficiar de taxas e tarifas mais baixas. E para voos charters e regionais, servindo o Oeste, Fátima e Beiras. Sem grandes obras na Ota - apenas alguns ramais de ligação às AE, IP e IC. A médio prazo, crê-se que "Alcochete por fases" seja a opção para o NAL. A dúvida é: então Lisboa fica sem aeroporto? Poderá ser Tires para voos executivos? Também não colhe a teimosia de que dois aeroportos são inviáveis. Lisboa seria caso único na Europa.

COORDENAÇÃO - Se o NAL serve a AML, o processo deve ser coordenado pela CCRD e desenvolvido numa lógica de planeamento integrado e transportes intermodais, aeroporto, porto, linhas férreas e rodo. Já se estudou isto?

Saturday, December 22, 2007

 
Portugal seeking to present new image to the world
By Mark Harding Dec 18, 2007
LISBON, Portugal (eTN) - The Portuguese government last week presented a new image for the external promotion of Portugal. This new image aims to maneuver the country into a more attractive and competitive position.
The new approach is based on the pictures of British photographer Nick Knight as a way of reflecting Portugal’s modernity in matters like renewable energy. In order to achieve this, the campaign will be illustrating Portugal as a country with one of the fastest-growing rates of wind energy and the third most ambitious place in terms of wind, sun and water energies, using the names of several high profile figures such as José Mourinho, Marisa and Cristiano Ronaldo who are only some of the faces that will feature in this new three million euro campaign.
The Portuguese government’s intent is presenting a new image for the country became more evident Last Thursday, December 13, the day that EU government leaders signed the European Treaty, when a new international campaign was unveiled presenting Portugal’s new image geared towards countries as far and wide as India, China, Brazil and Russia.
Entitled “Europe’s West Coast,” the campaign aims to reduce a general lack of perception and misleading information about Portugal overseas, counteracting the claim that it is a country more commonly associated with the Age of the Discoveries than 21st Century innovation, Portuguese Economy Minister Manuel Pinho said during the official presentation.


Published by eTurboNews.com on Dec. 18, 2007
about the new official turism image of Portugal
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Comments
humberto salvador ferreira (not verified) on December 18, 2007 - 5:34pm
Come on a Winter holiday to Europe's West Coast. To a country almost 900 years old. Which has now the fastest growing rate of renewable wind and sun energies. What a strong tourist attraction!
A country which is so proud of its mildest and beautiful beaches for all water sports, that has commissioned Nick Knight to produce artistic photos of eight of its talented citizens to attract more tourists from all over the world to benefit about twenty low cost air carriers which have, at last, turned three agreeable airports (Oporto, Faro and Lisbon) into three busy and crowded European terminals, like the rest. I
I also believe the sponsors of this campaign should offer a prize to potential tourists from abroad, knowing the names and occupations of six of the people photographed by Nick Knight.
I admit that most have heard of Cristiano Ronaldo and Jose Mourinho, because of the football appeal.
The others are Portugal's best kept secrets, like its traditions, history, culture, scenery, climate, beaches, parties, food, wines and beers.
By the way, for Americans and Canadians going to Europe, do they travel Eastwards or Westwards? In Glasgow University I learnt that the crossings from New York to Liverpool were Eastwards. Did Geography and Navigation change that much since then?

Monday, December 10, 2007

 
Portugal ensaia imagem global
Por Humberto Ferreira
O ministro da Economia apresentou em 10 Dez. a nova campanha de imagem transversal da "marca Portugal", a lançar a 13 de Dezembro para coincidir com a assinatura do Tratado de Lisboa - a carta reformadora da União Europeia, aprovada em Lisboa.
Há mais de 30 anos que não se ousava fazer uma campanha transversal, abrangendo o Turismo, o Investimento Estrangeiro, as Exportações e o Talento Luso. É, portanto, uma iniciativa positiva.

OPÇÕES E ALVOS
Sabe-se que o investimento previsto nesta acção é de três milhões de euros. Pouco, quando só a CML vai gastar 10 milhões de euros num concurso de ideias para reabilitar o Parque Mayer. Ora sem ovos não se fazem omeletas.
Os meios iniciais previstos são, principalmente, outdoors e publicações prestigiadas nos seguintes mercados: na Europa, Espanha (talvez o menos importante neste caso), França, Reino Unido e Alemanha; e nos BRIC - Brasil, Rússia, Índia e China. Neste lote, tal como em Espanha, também no Brasil não é novidade esta imagem do Portugal renovado com tendência modernista. Enquanto no resto do mundo continuamos a ser vistos como um país pobre, atrasado, conservador e desinteressante, com cidades sujas, edifícios, fábricas e campos abandonados e alguns resquícios terceiro mundistas. Já em 2004 a imagem de um país relvado foi considerada publicidade enganosa.
Creio que seria mais vantajoso tentar, no rescaldo positivo da presidência portuguesa da União Europeia, tentar penetrar na América Latina - onde a Espanha tem tido superioridade - assim como privilegiar o resto da Europa, Médio Oriente e outros países da Ásia/Pacífico - onde há boas oportunidades de captação de negócios e investimentos.
Sugiro, ainda, além dos outdoors e publicações, a aposta na Net e canais da TV global, através de parcerias sobre eventos e outras iniciativas com mais-valia comum e interesse internacional.

TÓNICA EM CELEBRIDADES
O recurso a celebridades (detentoras da imagem positiva do jovem talento luso) é antiga mas continua a dar bons resultados, pelo menos nas campanhas de bens de consumo intensivo, especialmente Turismo, banca e artigos de luxo e entretenimento.
Mas tudo depende do risco. Por exemplo, se Cristiano Ronaldo acumular eventuais castigos, jogadas agressivas, acidentes e escândalos, deixa de ser um activo para este investimento. O BES assume esse risco com Cristiano. O BCP já assumiu idêntica postura com Carlos Cruz mas acabou por perder o esforço despendido. E há outros casos a nível internacional. Mas numa campanha global do País o risco é ainda maior.

IMAGEM ARTICULADA
Uma alternativa seria usar um leque mais alargado de talentos lusos. Por exemplo, a interpretar uma canção que tenha alcançado êxito internacional.
Mas 60 anos depois do "Abril em Portugal"(versão para "exportação" do fado "Coimbra é uma lição"), o busílis é qua o êxito internacional da música portuguesal?
Ora aqui fica um desafio aos responsáveis da TV, aos criadores musicais e concorrentes a concursos europeus, onde Portugal aposta sempre nos trunfos furados. Viu-se no Festival da Eurovisão e no recente Junior European Song Contest realizado em Roterdão, e onde o nosso intérprete ficou em penúltimo lugar. Má escolha da canção, da música, guarda-roupa, coreografia e estilo. Tanto os gestores da televisão pública como os génios da canção ligeira nacional têm que ser substituídos - como nos jogos de futebol, quando os atletas ou os dirigentes não rendem ... Uma coisa é certa: à juventude de 16 estados do Leste e do Norte da Europa esta imagem de Portugal não agradou. Isto passou-se na semana passada em Roterdão e foi transmitido para a rede televisiva europeia.
Que sirva a lição a aprender: a gestão da imagem de Portugal tem que ser integrada e articulada. E a representação de Portugal tem que ter um mínimo de qualidade. Não podemos arriscar mais compadrios ou veleidades artísticas não comprovadas na prática. Curiosamente, há amadores e profissionais com muita categoria a disputar os concursos de talentos nos três canais televisivos, que nunca são apurados para representar o país a nível externo. A excepção foi Sónia Araújo na edição britânica do Dança Comigo 2007, que convenceu muitos países mesmo sem vencer. Todos estes eventos susceptíveis de afectar a imagem de Portugal devem ser articulados com as acções estratégicas do TP ip e Aicep.

OBJECTIVOS AMBICIOSOS
Voltando à campanha Portugal transversal ontem revelada, os objectivos oficiais são projectar modernidade e capacidade para atrair investimentos industriais e tecnológicos. Parece que Turismo e Transportes não precisam? E então a TAP já não quer um parceiro investidor de referência?
Mas o caderno de encargos da BBDO realça, em especial, a área das energias eólicas e outras renováveis - certamente por encomenda.
Meta ambiciosa, quando há tanta boa matéria portuguesa que temos para exportar e para agradar a milhões de estrangeiros, desde o vinho do Porto (praticamente desaparecido dos bares e dos restaurantes, tendo passado a ser uma bebida doméstica para uma geração em vias de extinção), e sem dúvida uma dúzia de marcas de vinhos de mesa premiados e com capacidade de produção para constarem das listas dos grandes hotéis mundiais. Promover não é apenas realizar relações públicas. Também é preciso produzir resultados.
Ora Portugal tem muitos produtos de excelência com aceitação e qualidade para ganhar estatuto no exterior. Desde as porcelanas aos cristais e filigrana, do mobiliário aos têxteis-lar, da alta costura ao pronto a vestir, do calçado aos acessórios e artesanato, da gastronomia aos enlatados. Sem esquecer o software, moldes, obras e invenções. Todos a merecer maior exposição global num pacote promocional criativo.

TENDÊNCIAS PUBLICITÁRIAS
Por outro lado, hoje as campanhas institucionais de exportações e investimentos são feitas à base de imagens com pessoas alegres, a curtir as vantagens oferecidas. As gerações actuais são mais activas, mais abertas e mais sociáveis. Mas os experts lusos teimam em imagens de paisagens naturais mas que acabam por parecer virtuais, ou personalizadas por celebridades que meio mundo conhece (eu confesso: não sei quem é Joana Vasconcelos), em deambulações pseudo românticas, culturais ou contemplativas. Não há dúvida, o estudo do Icep em 2000 continua certo: os portugueses são inseguros, passivos, com falta de iniciativa e sem saber o que querem nem como lá chegar. O nosso mal: não é com as últimas campanhas do Turismo que se muda esta tendência. E a culpa não é, seguramente, minha! Escrevo sistematicamente sugestões construtivas há 55 anos para múltiplos órgãos de comunicação social e tenho vasta prática dos três lados do Turismo, como profissional, consumidor e estudioso. Mas só tenho visto praticamente erros e repetições. Declaro, aqui, que falhei como uma criança de ... 10 anos!

IMAGENS MAIS DINÂMICAS
Como se projecta o dinamismo de um País em mudança? Recorrendo a imagens de fábricas e laboratórios inovadores, novas cidades, portos, aeroportos, pontes, auto-estradas, marinas, estádios e centros desportivos; projectos ambiciosos (não faltam no Turismo, assim os fundamentalistas verdes permitam concretizar); universidades prestigiadas; transportes e tecnologias avançadas; galas, torneios e eventos com projecção global (Lisboa-Dacar, Sete Maravilhas, regatas pré-olímpicas e gala da Isaf, que passaram praticamente despercebidas, etc.); as mais movimentadas feiras temáticas, industriais, agrícolas e de serviços; e, sempre desportos, desportistas e os portugueses mais talentosos ao natural - não em pose.
O SET admitiu ao DN que não conhece qualquer estudo que tenha avaliado o valor da marca Portugal. Aliás, preocupação do Icep/Aicep na vertente Made in Portugal. É verdade. A Espanha em si não se arroga o estatuto de marca mas as suas campanhas do Turismo e do Made in Spain são positivamente reconhecidas e globalmente apreciadas.
Já acho péssima estratégia, tentar encomendar a experts espanhóis uma contra-campanha. Assim como não aceito a encomenda desta a um fotógrafo estrangeiro. Parece que os próprios membros do governo nem acreditam nos nossos fotógrafos, quanto mais na capacidade lusa para inovar e criar soluções tecnológicas, financeiras e de marketing. O próprio tecido empresarial precisa de levar um abanão forte e despertar para o que se passa no mundo que nos rodeia.
Enfim, desejo a melhor sorte a mais esta campanha cujo vértice é o Turismo. Mas, mais uma vez, lamento não me rever na concepção apresentada.
Humberto Ferreira

Friday, December 07, 2007

 
PROPAGANDA BY PORTUGUESE PRIME MINISTER SOCRATES
Lisbon, 2007, Dec. 07
EXPLOITATION OF LABOUR
We are not in a political election period, in Portugal, but today I saw some outdoors in Lisbon which are propaganda for the Ministry of Education. The headline reads: 99 percent of the primary schools have English classes.
The common citizen has two options: he/she accepts the propaganda and shrugs his/her shoulders; or he/she reflects and thinks - so we have returned to the time of the National Secretariat of Information and Propaganda (recalling the figures of António Ferro and Moreira Baptista - two of Salazar's experts in this field). But then we lived under a dictatorship. Now, thank God, there is a democracy but the methods are similar in what concerns official propaganda. About other matters no. It is much worst now. For instance, read the hidden connection of this case:
The government, representing the State, the central, regional and local administrations, as well as companies and public enterprises and institutes, is the largest employer in Portugal. And at the same time it is the greatest exploiter of cheap labour. I dare say that 99 per cent of those English teachers are under temporary contracts, and many have not been timely paid for the last months. Futhermore, the officials cannot say that it is my fault (as they come on TV saying that the situation is due to the tax evasion custom of the Portuguese people and companies), because I have always paid my taxes in due time, not withsatnding the higher increases recently decreed, with the excuse that the State Treasury needs to balanced its accounts, after thirty years of waste spending. And when I ask what is the amount the government owes to local councils and suppliers, they just say: it is a State secret. In a Democracy?
I have come to the conclusion that we live a Republic exploiting its citizens and withdrawing the sttlement of its official debts. It also keeps copying the worst means of propaganda make believe used by the dictators we had before 1974.
By humberto ferreira

ORIGINAL TEXT sent today to the editor of Diário de Notícias, in Lisbon:
"Não estamos em campanha eleitoral mas vi hoje cartazes em Lisboa a propagandear o dinamismo do Min. Educação. Dizem: 99% das escolas do ensino básico com aulas de inglês.
O cidadão lê e das duas uma: aceita a propaganda e encolhe os ombros, ou reflecte e pensa - então voltamos à era do Secretariado Nacional da Informação e Propaganda (fazendo lembrar António Ferro e Moreira Baptista). Nesse tempo havia uma ditadura. Hoje, ainda bem, há uma democracia mas os métodos são semelhantes, em matéria de propaganda oficial. Noutras matérias não. São piores!
O governo, representando o Estado, a administração central, regional e local, assim como as empresas e institutos públicos, é o maior empregador de Portugal no séc. XXI. Mas simultaneamente é o mais explorador. Atrevo-me a dizer que 99% dos professores de inglês são precários, contratados a recibo verde e muitos têm salários em atraso. Mas não me podem dizer que a culpa é minha, porque tenho pago civica e atempadamente todos os altos e agravados impostos, para sanear o regabofe das finanças públicas nos últimos anos. E qual é a dívida do Governo às autarquias e aos fornecedores? Segredo de Estado mau pagador. Vivemos numa República que explora os cidadãos, faz calotes às empresas e autarquias, e copia a pior propaganda que o Estado Novo usava.
Resta saber se a Nova Censura instalada, por este Governo e esta AR, vai permitir a publicação deste desabafo."
Signed by Humberto Ferreira

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