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Saturday, November 20, 2010

 
O país das excepções e dos "excepcionáveis"
Onde se aprecia mais o dinheiro vindo do saco roto e vazio do Estado, do que os macacos se perdem por uma banana

Por humberto ferreira – comentarista freelancer de Benfica para o Mundo Português

São os juízes e magistrados a não aceitar os cortes salariais e “outros” complementos. Agora são os quadros do Banco de Portugal a queixar-se a Frankfurt!
Mas foram os militares e os membros das forças policiais a quererem ser excluídos dos sacrifícios impostos aos restantes portugueses.
Foram os deputados do partido no poder a lastimar-se e pedir para a cantina da Assembleia da República passar a fornecer também jantares ao “preço social”.
Foram os autarcas a protestar pelos cortes nos salários e na distribuição do “bolo” dos impostos às câmaras e juntas de freguesia (com o crescente despovoamento do interior e da província, serão assim precisos o mesmo número de “poleiros” nas câmaras e freguesias?) O poder local é um dos polos onde é preciso reduzir despesas.
Foram os funcionários públicos a protestar, com alguma razão, para os cortes nos vencimentos em 2011 e... para sempre. Mas precisam deixar de praticar tantas pausas para fumar, tomar café, uma bebida ainda mais estimulante, ou, simplesmente para tomar ar ou desanuviar do ambiente pesado das repartições, ao mesmo tempo que exigem aumentos, indiferentes aos empréstimos externos quase diários que o Governo faz para pagar os juros dos empréstimos comprometidos nas últimas três décadas e para conseguir dinheiro, não apenas para pagar as parcerias público-privadas inventadas por esse génio Cravinho, que dotou o país com a rede de auto-estradas menos utilizada na União Europeia, mas também para pagar as constantes viagens e ajudas de custo de ministros, secretários de Estado, assessores, consultores, e secretárias, para Portugal estar sempre representado nas centenas de reuniões, conferências, cimeiras e congressos que se realizam nos destinos turísticos mais apetecíveis do globo, a propósito de tudo e de nada, talvez apenas para comprovar a superioridade dos políticos e tecnocratas em relação ao resto do pessoal contribuinte. Os funcionários públicos devem atender melhor os cidadãos e com mais eficácia e rapidez, se quiserem criar maior simpatia pela sua causa. Pois, na verdade, o cidadão médio sabe que o funcionalismo é mais bem pago que a generalidade dos trabalhadores privados.
E foram os médicos, professores, enfermeiros, formadores, artistas, realizadores de cinema, criadores e membros de todas as “corporações” e “grémios” que souberam resistiram ao 25 de Abril e a que se juntaram os membros de todos os partidos e movimentos políticos, entretanto, constituídos para salvar o país, mas que se mostram sempre bem DESCONTENTES com o resultado das suas lutas, das suas batalhas, das suas exigências não atendidas, ou será apenas pela sua reconhecida falta de eficácia na solidariedade inter-profissional e multi-geracional? Uma vez que nem a educação cívica e a "escassa" informação souberam incutir, nos últimos 36 anos, esses deveres à maioria dos cidadãos activos deste país?
Relembro a MENSAGEM que governantes e governados devem interiorizar, nesta fase da crise (que se adivinhava já em 2007, com os primeiros sinais da falência de bancos estrangeiros - aviso que em Portugal foi subestimado e artificialmente adiado para 2010, com a falência declarada do BPP e o "mistério" que ainda paira sobre o futuro do BPN nacionalizado em 2008?):
IMPORTA, agora, é unir esforços, mobilizar o maior número possível de pessoas familiares, amigos e colegas, para convergir nas políticas e nos planos sensatos, visando a recuperação e o equilíbrio entre o que se produz e vende e entre o que se consome e se gasta em material absolutamente supérfluo.
E prepararem-se para aguentar estes sacrifícios, pelo menos, mais cinco anos, até finais de 2015 para então se ver o resultado e respirar de alívio. Ora a VERDADE É ESSENCIAL NUMA JORNADA DIFÍCIL COMO ESTA.
Devemos, sim, desmascarar a mentira e os mentirosos que nos têm desviado do cumprimento dos "nossos" compromissos comunitários e monetários, como membros do EURO – moeda única de um núcleo de países europeus, cujo sistema monetário central impõe certas normas, como não pode deixar de ser indispensável. Mas há pensadores e ideólogos que ainda pensam e transmitem que para transaccionarem em euros, basta que os ALEMÃES pagam a crise?
O vício de Portugal gastar sempre à grande já vem de trás - da monarquia, da 1ª República e do laxismo orçamental do Conselho da Revolução e da esquerda ortodoxa! Os políticos contemporâneos com expressão eleitoral maioritária, foram formados na premissa de que não se pode cortar nos gastos supérfluos de uma Administração Pública bastante burocratizada mas demasiado aberta a desperdícios, erros e injustiças. Com um funcionalismo, por vezes, arrogante, ineficiente e intolerante a atender e servir o público. No Reino Unido, por exemplo, continua-se a adoptar a classificação de PUBLIC SERVANT. Por isso, dá vontade de perguntar cá: mas que mal fizemos nós para sustentar uma administração pública que só nos causa problemas? Quando para os resolver (e mal, na maior parte dos casos) temos que recorrer aos tribunais mais lentos do mundo!
Há que vir alguém com coragem e MUDAR ISTO TUDO!
DESVIO OBRIGATÓRIO - A Cimeira do Conselho do Atlântico, que hoje fecha em Lisboa, sendo um compromisso de defesa a que Portugal aderiu em 1949, não passa de mais uma tentativa para os actuais governantes desviarem a nossa e a atenção dos seus parceiros internacionais, da DIFÍCIL situação em que os portugueses se encontram, até pagar a um nível aceitável, uma divida monstruosa de mais de uma centena de biliões de euros a bancos e investidores estrangeiros. É trista mas lembra as festas das famílias ricas que ficam a dever aos fornecedores e a quem trabalha para elas!
Ou, COMO ALTERNATIVA, … aos portugueses incapazes de compreender a situação triste do Pais, mas que não aceitem viver sem ser à custa de empréstimos cada vez mais caros e escassos, devem tratar, quanto antes, de EMIGRAR para outras paragens, como fizeram os nossos antepassados e milhares de contemporâneos têm voltado a fazer, enquanto lhes assiste o direito de livre circulação no espaço da União Europeia ... ou seja enquanto a ALEMANHA nos deixar transaccionar no sistema da Eurolândia. Quem será o primeiro país a ser "despedido" deste sistema por gastar mais daquilo que produz: a Grécia, Irlanda ou Portugla? Afinal, estamos no pódio da vergonha! E A CULPA NÃO FOI MINHA!
Sem se trabalhar mais, sem se contribuir para as soluções e não para os problemas, e sem se demonstrar mais solidariedade e um espírito construtivo, a independência de Portugal não dura muito mais tempo.
Especialmente, se este Governo continuar a gastar como tem gasto desde 2005 e continua a DESPERDIÇAR. Basta ler os jornais e ver a TV todos os dias a relatar factos inacreditáveis de fuga às disposições das Finanças!
E, neste aspecto, convém lembrar que a nossa CONSTITUIÇÃO mal feita, não permite agora, até Maio de 2011, voltar a pensar em novas eleições … para se tentar remediar o ERRO cometido pelos eleitores em 29 de Setembro de 2009.
Olhe que não foi assim há tanto tempo, que esses mesmos Juízes, Magistrados, Militares, Polícias, Guardas, candidatos a Deputados, Autarcas, Funcionários Públicos, Médicos, Enfermeiros, Professores, Formadores, Assessores, Consultores, Artistas, Realizadores de cinema, Criadores e membros de todas as “corporações” e “grémios” que têm conseguido resistir ao 25 de Abril de 1974, se ENGANARAM redondamente a votar! Só espero que não se enganem tão cedo. Por favor, experimentem outra solução mais sensata!
NOTÍCIA DO DIA 20 NOV. 2010
Governo garante que Banco de Portugal não escapa aos cortes salariais
Do Público 20Nov2010
Apelo do presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, não surtiu efeito no Ministério das Finanças
O Governo não parece estar disposto a aceitar o apelo do Banco Central Europeu para que o Banco de Portugal seja excluído dos cortes salariais previstos no Orçamento do Estado para todos os ministérios e administrações públicas, incluindo os reguladores.
Questionado pelo PÚBLICO sobre a possibilidade de se vir a introduzir uma alteração na disposição da proposta orçamental que prevê a extensão dos cortes salariais a entidades como o Banco de Portugal, fonte oficial do Ministério das Finanças garantiu que não serão previstas excepções. "Reafirmamos que as medidas aplicadas às empresas e institutos públicos propostas pelo Governo não contemplam quaisquer excepções, sendo assim de aplicação genérica", dizem as Finanças.
A confirmar-se este cenário pode vir a abrir-se aqui uma guerra entre o governo e as autoridades monetárias europeia e nacional. O Banco Central Europeu, numa opinião assinada por Jean-Claude Trichet e entregue ao Parlamento português, diz que uma imposição deste tipo ao Banco de Portugal constitui uma violação ao princípio da independência dos bancos centrais, prevista nos tratados europeus.
Trichet sugere que, na Assembleia da República, se discuta ainda esta matéria e se deixe para a instituição liderada por Carlos Costa a liberdade total para decidir qual o rumo que dá à sua política salarial e à gestão dos recursos humanos.
No mesmo dia, o Banco de Portugal mostrou confiança total num recuo do Governo nesta matéria, cumprindo a decisão do BCE, dispondo-se, em contrapartida, por sua livre iniciativa, a aplicar uma política salarial de grande contenção. O PÚBLICO sabe que, dentro do Banco de Portugal, está mesmo a ser preparado um plano específico de cortes salariais que se adapte à instituição
No entanto, nas propostas entregues pelos partidos de alteração à proposta de Orçamento do Estado para 2011, não consta qualquer mudança ao artigo que alarga o corte salarial na função pública às entidades reguladoras nacionais. Os deputados do Partido Socialista revelaram desconhecer a possibilidade de lançamento de qualquer iniciativa nesse sentido. E agora, com esta posição, o Ministério das Finanças mostra não ter como intenção proceder a mudanças. Do lado do Banco de Portugal não houve, ontem, novas reacções oficiais.
COMENTÁRIO FINAL HF: Cá está o presidente do BCE (responsável pelo sistema monetário comum) a dizer que compete ao Parlamento de Lisboa decidir sobre os vencimentos dos quadros do BdP, uma vez que o sistema do Euro não é comandado pelo engenheiro Sócrates, mas sim por Frankfurt! Amigos: não há almoços grátis. Bom aviso do prof. João César das Neves!

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Thursday, November 11, 2010

 
Turismo Regional Intensifica Ataque
a Agências de Viagens
Introduzindo Novos Concorrentes ... as ARPT


Humberto Ferreira


E todos parecem aceitar estas curiosas propostas do organismo central de promoção e licenciamento turístico... Ou andarão entretidos com outras guerras?
A comercialização directa das agências regionais de promoção, junto dos consumidores, só deve ser permitida se for feita através de incentivos às próprias campanhas dos operadores e agências turísticas. Há duas formas de promoção: a institucional e a directa. A promoção institucional deve ser orientada pelos organismos que superintendem cada sector. E a directa deve ser exclusiva das empresas e parcerias que o façam por sua conta e risco, ou pelas que se candidatem, nos termos de leis justas e equitativas, a verbas de apoio e incentivo às actividades económicas dedicadas à exportação - que será na próxima década (pelo menos) a prioridade no plano de recuperação da vida financeira portuguesa.
NÃO CONFUNDIR EMPRESAS COM ORGANISMOS
Ou será que se pensa que as "agências regionais de promoção turística" também têm alvará de agência de viagens? Com direito de vender ao público? E competir com as empresas estabelecidas?
Que grande negócio! Não pagam impostos. Não pagam rendas, salários nem despesas de manutenção e representação. O Orçamento do Estado até costumava dar para cobrir tudo. De futuro, não!
Mas mesmo assim, estas propostas de lei constituem sempre mais uma alegria para os boys!
E AS ENTIDADES REGIONAIS DE TURISMO ...?
Afinal para que servem? Para fazer o lugar mau da fita? As fiscalizações? A burocracia dos licenciamentos? As reuniões chatas?
Vamos ver se nos entendemos: uma coisa é o apoio devido pelo Estado às empresas que se constituem legalmente, neste país, para promover as actividades económicas permitidas!
Ora esse apoio pode ser prestado a nível público e privado. O público é por organismos de cooperação, como as agência regionais de promoção turística, que como o seu nome indica devem colaborar na organização dos melhores e mais eficazes meios para se promover os respectivos destinos, produtos e serviços turísticos, postos à disposição dos mercados externos e interno, pelas empresas que exercem a sua actividade em cada região ou até no estrangeiro. A nível privado por intermédio das associações empresariais, profissionais, culturais, desportivas, nacionaism regionais ou locais, assim como pela constituição de parcerias e consórcios especializados no sector, tema ou destino em causa.
Agora oficializar, por meio de um diploma a publicar no Diário da República, que compete exclusivamente às ditas agências regionais de promoção turística, o controlo de todas as campanhas de promoção nessa região, é um exagero de quem gosta de mandar e subjugar as empresas privadas ao seu poder de quero, posso e mando, a troco do uso canalizado das verbas provenientes dos impostos pagos pelo conjunto dos contribuintes portugueses, e destinados ao apoio do Estado à promoção turística das várias regiões de Portugal. Já se admite que a Administração Pública tem que ser "encurtada" e racionalizada, por isso, não faz sentido tantos organismos, nem tantas hierarquias e patamares. Somos um país pequeno e vivemos na era das comunicações electrónicas instantes.
ASSOCIAÇÕES REGIONAIS NA COMERCIALIZAÇÃO DIRECTA?
Segundo li, prepara-se a breve apresentação pública do novo modelo de contratualização, entre o Turismo de Portugal e as agências regionais de promoção turística. Assim, o TP já terá apresentado o projecto do seu novo modelo de contratualização a certas Associações Regionais de Promoção Turística.
Após a recolha dos pareceres das entidades contactadas, ficará concluído o processo, que subirá então a conselho dos secretários de Estado para aprovação, depois de introduzidas as mais válidas sugestões aceites. Por fim, será submetido a Conselho de Ministros e publicado no DR.
Consta que, nesta nova proposta de contratualização, será atribuída prioridade para que a essas agências regionais seja permitida a comercialização directa, traduzida na obrigação de que um terço das verbas disponibilizadas no orçamento anual das mesmas, deverá ser atribuído ao apoio e incentivo à comercialização.
Esta novidade, como não podia deixar de ser, foi bem recebida pelos responsáveis regionais, que poderão assim intervir directamente na comercialização de produtos e programas turísticos, em paralelo com as empresas estabelecidas no ramo e que vivem, de uma maneira geral, sob grandes dificuldades.
FINANCIAMENTO
A proposta prevê que o financiamento a projectos apresentados pelas empresas privadas, contemple o seguinte princípio: por cada euro investido pela empresa, corresponde a um euro pela ARPT, face a quatro euros da dotação do TP.
Quanto ao processamento recomendado, começará pela análise das propostas de candidatura das campanhas idealizadas pelas empresas. Em seguida passa-se à fase da selecção das melhores, observando-se e seguindo-se, meticulosamente, o critério das prioridades estratégicas regionais, evitando-se toda e qualquer afinidade pessoal ou partidária. Credo!
Finalmente, a quem conseguir passar por este crivo, será então concedido o apoio pretendido, mas ficando as ARPT responsáveis pela boa execução das campanhas.
MARKETING REGIONAL
Na elaboração, aprovação e execução dos planos regionais de marketing turístico está, aparentemente, redigido que as únicas entidades com intervenção na promoção externa são as ARPT e não as Entidades Regionais de Turismo.
Daí a minha pergunta, acima: para que servem, afinal, as ditas Entidades Regionais de Turismo? Para reunir? Para marcara presença nas inaugurações e outros actos sociais da actividade regional turística?
Por fim, confirma-se que o novo modelo de contratualização adapta à legislação continental, a recente iniciativa polémica do Turismo dos Açores e da Sata, sobre o genial título “Visite os Açores com voo incluído” (na versão em português). As favoritas ARPT passam, pelos vistos, a mandar em tudo, de mãos dadas com o TP, ficando de fora as ERT e as empresas que queiram ser diferentes.
Foi para isto que os militares fizeram o 25 de Abril?

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Saturday, November 06, 2010

 
RADIOSCOPIA DA REPÚBLICA CENTENÁRIA - I
* Ciente das dificuldades de financiamento externo para pagar a despesa corrente do Estado Português em 2010 e anos seguintes, prescindi da radiografia, bastando-me as radioscopias mais baratas!

LUSITANAS VAIDADES
Humberto Ferreira
Portugal-2010 é uma enorme feira de vaidades. Um terço da população finge que trabalha, outro terço finge que é rico, e outro terço finge que está satisfeita com a vaga cor-de-rosa-choque, pois já não trabalha, vive mal com pensões de miséria, mas consegue fazer fingir que “adora” Sócrates e o seu fingido “Estado Social” cada vez mais fragilizado.
Apenas duas elites se livram deste estatuto: a financeira e a política, constituídas por banqueiros e executivos dos maiores grupos empresariais, mais centenas de autarcas e deputados, membros do governo, assessores, titulares de cargos públicos e os mal-amados gestores do sector empresarial do Estado e do crescente núcleo empresarial municipal. Um painel tríptico, que resta saber até quando dura?
POLÍTICAS DESNORTEADAS - Foi criado e desenvolvido, nestes 15 últimos anos, o “Portugal faz de conta”, com um numeroso contingente de pobres de espírito, beneficiários do regime, a fazer de conta que trabalham e são importantes (imprescindíveis) para as respectivas comunidades.
Uns são diplomados com os cursos mais teóricos da história da civilização ocidental (quando não em universidades duvidosas). Outros são indivíduos a quem falta o culto da pontualidade no trabalho e nos prazos, onde sobra a rivalidade, a crispação e a defesa prioritária dos seus direitos, esta sempre à frente do cumprimento dos seus deveres cívicos e pessoais. Outros ainda, a quem falta a cultura da cooperação, do trabalho em grupo e do profissionalismo bem organizado, mas onde avultam em excesso o egoísmo e o individualismo. Perguntam-me: mas o que tem a ver os Estado com essa falta endémica de civismo? Respondo: tudo!
PAPEL DO ESTADO - Cabe ao Estado criar as condições para desviar a sociedade de eventuais vícios de ostensivo mau comportamento colectivo, seja através do bom exemplo dos seus altos representantes seja pelo ensino público adaptado às exigências do século XXI, seja ainda quando facilita, pela via legal, a cooperação e o trabalho colectivo, em vez do pendor para o facilitismo, a cunha, a artimanha, o egoísmo e o individualismo.
Uma coisa é querermos todos ser empreendedores e “empresários” quando se sabe e se pode. Outra é iludir as pessoas com falta de preparação para tomar conta da responsabilidade do binómio social e económico de uma loja, oficina, atelier, empresa ou fábrica! O regime fiscal acabou com comerciantes, comissionistas ou artífices, para promover todos a empresários. Creio que a reforma foi do PSD, na década de 1985/95 mas o resultado está à vista.
A iniciativa privada não é apenas exclusivo dos audazes e “espertos” mas, sim, dos que trabalharam, estudaram e aperfeiçoaram a liderança através de formação adequada para tais responsabilidades. O documento a exigir a quem queira abrir uma “empresa na hora” deve ser um atestado público nem que seja das Novas Oportunidades, em como está habilitado para o efeito. O resto enquadra-se no leque viciado das lusitanas vaidades.

RADIOSCOPIA DA REPÚBLICA CENTENÁRIA - II

LUSITANOS VÍCIOS
Humberto Ferreira
A III República praticamente destruiu, desde 1974, o aparelho produtivo na agricultura, pescas, indústria, serviços e comércio. Este governo tentou apoiar as Novas Tecnologias, como se fosse a panaceia para a nossa falta de produtividade e competitividade. Mas o maior erro foi à custa do criminoso abandono da agricultura, construção naval, indústria pesada, ligeira, química e outras. Aqui só valeram obras, alta-costura e alta tecnologia. O pior é que quando os empresários aceitam reformular fábricas ou escritórios, equipando as instalações e procedimentos com novas tecnologias, a primeira coisa que procuram é: quantos empregados posso dispensar?
Mas nem a falência da exemplar Quimonda (caso que Sócrates se apressou, como sempre, a imputar a causas externas, ou seja ao fracasso da casa matriz alemã) serviu de emenda. O governo e grupos económicos lusos têm ignorado que nenhum País deve assentar a esperança das gerações futuras numa grande fábrica (nem que tenha a maior quota de exportações anuais e 1800 trabalhadores) num único sector. Muito menos num produto com uma venda muito limitada, para um tipo específico de fabricantes.
Aos primeiros sinais da crise global de 2008, não obstante a sua avançada tecnologia, a Quimonda Portugal cessou a actividade e despediu o pessoal, não obstante as imediatas medidas de apoio portuguesas e europeias (aliás, a ajuda comunitária aos pessoal, só foi desbloqueada em Outubro de 2010). Resta desejar o êxito da sua reconversão parcial. Basta de Aerosoles, Rhodes, Bombardier e tantas outros casos lamentáveis. Não a mais governos e empresários que vendem tão mal o talento e a qualidade nacional a terceiros.
PREFERÊNCIA POR MARCAS ESTRANGEIRAS - Qualquer análise destes 15 últimos anos passa pela descaracterização do alto valor do made-in-Portugal. Sei que no tempo em que a Covilhã foi a capital das fazendas para as alfaiatarias de Saville Road, em Londres, também se fabricavam cortes e padrões que faziam a delícia dos gentlemen ingleses com a marca made-in-Great Britain na ourela.
Mas com mais de sete anos de crise, nas lojas nacionais, sobram as grandes marcas mundiais ao lado do “pechebeque” chinês, numa corrida desenfreada a tudo o que é marca “made” no exterior …mesmo por vezes contrafeita, não obstante as “visitas” da Asae!
E sobre marcas mundiais, Portugal está ausente dos mercados externos. Hoje, apesar do inegável aumento das exportações, não há vinho, outra bebida ou outro produto alimentar de marca portuguesa à venda nas melhores cadeias internacionais de hotéis, restaurantes, bares, cruzeiros, nem nas lojas francas, cadeias de armazéns e supermercados de marca. Lembro-me quando encontrei nas Ilhas Fiji, vinho Mateus Rosé, vinho do Porto, e entre outras marcas, atum Tenório, sardinhas La Rose, porcelanas Vista Alegre, ou na Europa fazendas da Covilhã, fósforos, máquinas Oliva, veículos todo-o-terreno UMM, navios construídos na CUF e Gafanha, etc. Agora, além dos computadores infantis Magalhães, canoas Nelo, e alguns catálogos de turismo, Portugal desapareceu dos centros comerciais. Até cá, no nosso comércio de luxo e no gourmet, o made-in-Portugal está em franca desvantagem!

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Unir esforços e reorganizar para Portugal e Turismo avançarem – I

Humberto Ferreira

Crónica publicada no semanário PUBLITURIS em 5 de Novembro de 2010

Sem consenso, seremos um povo marginal” - Artur Santos Silva no Centenário da República. É verdade, mas com o OE2011, o Governo vai amputar do Turismo a Inspecção Geral dos Jogos. Ouviu-se algum protesto?
O organismo data de 1927 mas o governo decretou a extinção em 2007 com o Prace, que extinguiu a DGT, Icep-Turismo e Inftur, mas encalhada numa irregularidade, a IGJ foi mantida. Insiste agora este governo que a Asae é adequada para inspeccionar casinos e recolher as verbas legais destinadas a obras do foro turístico. Aguardo o desfecho sob protesto, pois com casos destes torna-se difícil unir esforços e reorganizar Portugal e o Turismo, para enfrentar duros desafios.

TANDÉM TURISMO-TRANSPORTES – A minha tese é reforçar a parceria Turismo-Transportes e não reduzir a competência nos casinos. Os Transportes reforçariam o cluster. Aliás não há Turismo sem Transportes e vice-versa! Transportes internacionais e Turismo ambos captam divisas e o MOPTC já é um ministério tão complexo, com tantas obras e equipamentos públicos e comunicações a dirigir, que dificilmente chega para planear e dinamizar os intensos elos externos inerentes às rotas aéreas, marítimas, ferroviárias e rodoviárias.

Por sua vez, o Turismo oficial deve assumir que às regiões e áreas metropolitanas importa mais apoiar o turismo receptivo (externo e doméstico) em articulação com os indispensáveis transportes, do que subsidiar festas e iniciativas locais à conta do duvidoso retorno turístico avulso.

Temos pois um País a reorganizar e melhorar, numa convergência de excelência colectiva super partidária, sabendo-se que os organismos e empresas devem ser periodicamente adaptados à inovação e tendências de cada década, sem cortar a linha da tradição, tão cara aos turistas. Estes procuram emoções, contrastes, aventura mas também tradição e cultura!

PRÓS E CONTRAS NO TURISMO – Não sendo o único a criticar o status-quo, lembro o que Vitor Neto (ex-secretário de Estado do Turismo do governo de Guterres) revelou nesta página a 22 Outubro: O Turismo já trazia antes de 2009 problemas a que se tem furtado, como a estagnação que não foi invalidada pelos bons indicadores de 2007, nem muito menos pelos dados de anos anteriores ou seguintes. A euforia apressada, gerada a seguir aos dados deste verão, permitiu chutar para a frente, decretando-se a recuperação. O que hoje não tem sentido, muito menos quando se anuncia mais do mesmo. Ignorando saber-se porque o Algarve perdeu 3,2 milhões de dormidas entre 2001 e 2009.

E agora a Tui e a Thomas Cook anunciam a suspensão de operações para o Algarve até Abril 2011, depois de mais de quatro décadas de presença nas férias do mais ameno inverno europeu. A Aheta bem avisa que a actual fragilidade do Turismo algarvio pode voltar a encerrar unidades.

Fui o único a propor a isenção de portagem nas scuts aos autos ligeiros estrangeiros, para Portugal se afirmar como Destino de Turismo, mas prevaleceu a tónica “Os turistas que paguem a crise!”, aliás tal como o “alcaide” de Lisboa ao querer taxar as entradas aéreas, marítimas e ferroviárias, mais as dormidas na capital. Quem cá vier paga desde 20 cêntimos nas extintas pensões a 1,90 euros por cabeça nos hotéis de luxo, estimando um encaixe de 13 milhões de euros/ano para compensar o corte do OE2011. Proposta recusada pelos hoteleiros, deve ser abortada para os restantes 337 “alcaides” desistirem da corrida aos bolsos dos turistas. E de candidato ao Top10 mundial, Portugal passa a destino maldito do lóbi dos turistas motorizados e das empresas internacionais de rent-a-car.

E DEPOIS DE SETEMBRO ... – No Turiscópio de 8 Outubro apelei à esperança em Portugal, no Turismo e no Mar, avisando para os efeitos do “fraco Agosto turístico no Algarve”.

Agora o INE, sempre a subir, revela que as dormidas na hotelaria portuguesa, em Agosto, atingiram 5,7 milhões e as receitas 291,8 milhões de euros, com uma receita média por quarto disponível (revPAR) de 54,7 euros, ultrapassando o recorde histórico de 2007. As dormidas registaram um crescimento mensal homólogo de 5,9%, graças aos não-residentes (+8%) e residentes (+3,1%). Em Agosto de 2009, ano da maior quebra geral na economia, as dormidas registaram 5,4 milhões e os proveitos 259,4 milhões de euros, depois de em 2008 terem também caído 1,1% as dormidas e 1,3% as receitas, relativamente a 2007.

Agosto de 2010 registou ainda a subida homóloga dos principais emissores: França com + 14,7% e Alemanha + 14,6%. As quebras vieram da Holanda com menos 0,5% e Irlanda com menos 4,2%. E o total de hóspedes subiu 4,9%, um recorde de 1,767 milhões.

Entretanto, o Observatório do Turismo de Lisboa (não bastaria uma entidade nacional de estatística turística?) assinala para Setembro 2010, uma baixa geral na hotelaria de Lisboa, onde um quarto de 5-estrelas custou menos 30,6% do que em Setembro 2008; um de 4-estrelas menos 16%, e um de 3-estrelas menos 3,4%. Mas o mesmo OTL prevê a recuperação para breve, pois entre Janeiro-Setembro 2010/2009, o RevPAR em Lisboa, subiu nos 5-estrelas 11,1%, nos 4-estrelas 5,8% e nos 3-estrelas 2,3%. Então em que ficamos? É sempre uma no cravo e outra na ferradura! Resta saber como foi o Outubro turístico?

PART-TIME NO ALGARVE – Passo boa parte do verão, há mais de 50 anos, no Algarve e lembro que este foi o Agosto mais fraco deste século, com menos ingleses e alemães. Vi espanhóis, italianos, turistas do leste europeu, e portugueses “tesos”. Onde? Nas praias, restaurantes, bares, esplanadas, supermercados, centros comerciais e hotéis, onde se pratica a economia real e não a ”macro”!
Foram os nossos compatriotas que “livraram” certas empresas do colapso no Algarve, mas de outros destinos também me chegaram “novas” de menos turistas, hóspedes, comensais e automobilistas, enquanto os dados do INE reflectem um cenário diverso de afastamento da crise. É certo que as praias, do Algarve à Grande Lisboa, encheram-se de Junho a Setembro, graças ao bom tempo e aos desempregados – numa ida à praia pouco se gasta. E creio que o resto do País não escapou a este “aperto”. Desejo que se unam esforços, reorganize-se o Pais e se avance! Para rasgar o rótulo de País periférico pouco competitivo!
Tema a continuar no próximo Turiscópio

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