BelaSagres.blogspot.com

Divulgar Sagres. Bem-vindos ao melhor surf, pesca, mergulho, ciclo-turismo, e às praias vicentinas. Comentar a actualidade. Debater Ambiente, cruzeiros, aviação, excursões, hospitalidade, eno-gastronomia, desportos, cultura, eventos, formação e conhecimento. Aberto a contributos e críticas.

Wednesday, June 29, 2011

 
PROGRAMA DE TURISMO DO XIX GOVERNO CONSTITUCUONAL
Comentado por Humberto Ferreira (2011Jun28)

O estilo deste programa é semelhante aos exercícios de anteriores executivos. Uma série de conceitos vagos, como a repetição de chamadas aos factores de inovação, eficiência, gestão, recursos e regulação. Na prática significam ZERO. Ou pior copiaram os anteriores.
Das sete medidas enunciadas, destaco "o reforço da articulação das políticas de Turismo com o Ordenamento do Território, Ambiente, Transportes, Saúde, Mar e Cultura".
Mas também não se trata de novidade. São, sim, medidas difíceis de concretizar.
Há, todavia, um sinal positivo: o Ministério da Economia agora passa a gerir o Ministério dos Transportes, o que pode facilitar uma certa articulação Turismo-Aviação, Portos, Estradas e Ferrovias.
De facto, enquanto a Espanha já tem uma das maiores redes de alta velocidade, Portugal continua com a sua bitola ibérica.
Por isso, o Turismo deve pressionar o governo para elaborar um plano de substituição gradual das linhas férreas convencionais, pendulares e de alta velocidade, com especial ênfase nas ligações do porto de Sines a Lisboa e a Espanha.
Pois, a partir de 2014 espera-se que o porto de Sines seja a plataforma de entrada na Europa de milhares de contentores, por semana, vindos do Oriente, pelo Canal do Panamá! Talvez uma matéria demasiado complexa para os recém-empossados membros do governo.

TURISMO ATLÂNTICO – Destaco também a excelente proposta de criar uma “plataforma económica e logística para se projectar um mercado alargado que reforce os fluxos de raiz atlântica”.
Ora isto é, nem mais nem menos do que a concretização de uma antiga aliança atlântica entre Portugal, Brasil, Angola e Cabo Verde, gizada entre ilustres estrategas dos quatro países, mas sempre adiada. Com a anunciada privatização da TAP(imposta pela Troika) poderemos vir a dar o primeiro passo para esta aliança inevitável, desde que a TAM,a TAAG e a TACV se unam à TAP. Vamos, pois, espero bem, torcer para que se atribua prioridade à formalização desta proposta, com o indispensável de fortes investidores interessados?

DISFUNÇÃO ORGÂNICA ENTRE ENTIDADES DO SECTOR – Já não deposito tanta confiança no apelo “ao reforço da acção reguladora para uma visão estratégica e articulada entre parceiros públicos e privados”.
Por duas razões: o conhecido historial negativo das agências reguladoras até à data (alegadamente independentes, mas inegavelmente subordinadas ao governo no poder. Por outro lado, há a fragilidade da Confederação do Turismo face às associações temáticas de hotelaria, distribuição, programação e animação, assim como às entidades regionais e até locais, pois qualquer iniciativa do Turismo de Lisboa ou do Algarve consegue maior visibilidade mediática do que a CTP.
Sem esquecer a corrida ao protagonismo do instituto público central, nos primeiros anos da sua polémica existência, invariavelmente afastado do diálogo, como nos casos do PENT e das leis dos empreendimentos e das agências de viagens. Anteriormente, havia interlocutores especializados em cada área. Hoje concentra-se tudo numa pessoa, pelo que o título Instituto Central do Turismo assentaria melhor.

A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR – Compete (ou não?) às empresas especializadas dar maior ou menor relevo às modalidades de Turismo Sénior, Étnico, Religioso, de Saúde (incluindo as acessibilidades para turistas deficientes)? Assim como tentar obter maiores receitas de exploração? Pois são, de facto, os mercados que determinam essa flutuação entre a oferta disponível, a concorrência, e a procura. E não, nem nunca foi,qualquer programa governamental ou campanha de sensibilização que vai moldar cada ano ou época turística.
O que as empresas precisam é que o Estado e as autarquias não as atrapalhem nem as penalizem com mais impostos ou taxas. Aliás, no Turismo está instituído o facto consumado de que entramos num período prolongado de cortes aos apoios ad-hoc.

CÓDIGO DO TURISMO – Creio que a melhor ideia deste Programa de Governo é a breve elaboração de um Código do Turismo e das Actividades Turísticas, desde que não seja demasiado intervencionista (como as opções do PS se revelaram sempre).
Já agora que o novo Código possa definir e proteger, também, os municípios classificados como turísticos, facilitando-lhes a aprovação de projectos que impliquem aprovação central.

PROMOÇÃO INTEGRADA – Por fim, quanto à promoção externa e interna do Turismo, sempre recomendei que fosse associada aos principais recursos nacionais, mais apetecidos por estrangeiros, nomeadamente: o Desporto, Cultura (erudita e popular), Ciência, Vinhos e Bebidas, Moda e Pronto-a-Vestir, Calçado, Porcelanas e Cristais, Alimentação, Saúde (termalismo e recuperação), Turismo Residencial (imobiliário), Congressos e Feiras, Logística e Transportes, Móveis e Materiais de Construção e Decoração, Compras e Artesanato, Ensino Erasmus e outros programas de formação complementar, etc. No total são 26 áreas com potencial valor para a expansão do made em Portugal pelo mundoO Turismo é o grande cluster charneira para o melhor "Mix Portugal Holiday Shopping".

CLUSTER DO MAR -
O Turismo, as Compras e o Mar
são, à priori, os três grandes eixos disponíveis para a breve recuperação que todos desejamos.
E nesta fase embrionária do novo ciclo de esperança e confiança, a criação e nomeação da Secretaria do Estado do Mar é talvez aquela que me merece maior confiança, esperança e aplauso. Manuel Pinto de Abreu é um conceituado oceanógrafo, responsável pelo programa de alargamento da plataforma continental subaquática que poderá tornar Portugal num dos países ricos europeus. Bem sei que é um projecto a prazo, mas nem por isso é menos importante!
Mas o programa governamental passa por cima dos problemas dos portos, terminais de cruzeiros e de cargas, assim como da estratégia para acolhermos as novas rotas oceânicas que vão procurar portos portugueses de contentores, de produtos petrolíferos, de cruzeiros e de carga geral.
Nos cruzeiros, que interessam mais directamente ao Turismo, o que mais me satisfaz não é o crescimento positivo das escalas em Lisboa e Funchal (portos tradicionais com movimentos semelhantes aos dos anos 55/75)mas a significativa programação de escalas nos portos de Portimão, Leixões e Ponta Delgada. Oxalá a nova tabela de taxas do SEF não venha estragar a árvore das patacas!
É evidente que as prioridades do governo, associadas ao Turismo, em matéria de política aérea também ficaram aquém da nossa ambição.

MARCAS FORTES – Lembro que em cada ramo é preciso criar marcas fortes e distintas, integradas em campanhas institucionais e de venda agressiva, de modo a que todos os públicos-alvo identifiquem essas marcas como fizeram (e fazem) ao Mateus Rosé, o vinho português mais conhecido no exterior e menos bebido em Portugal.
Não conheço qualquer marca institucional - United States, Britain, ou España - que se tenha sobreposto a qualquer marca forte privada oriunda dos EUA, Reino Unido ou Espanha entre as que conquistaram projecção global!
O que cada país usa, habitualmente, e um slogan forte para atrair turistas e compradores. Três dos mais bem sucedidos foram: "Sorria, está em España!", "Swiss Made" ou "Incredible India"!
Não sou, pois, adepto do reforço da marca Portugal para promover simultaneamente Turismo (programas e destinos com 300 possíveis municípios concorrentes entre si) e produtos e serviços de mais de 25 origens diferentes mas bastante associadas ao Turismo.
Só que não podemos também cair mais no exagero de tentar vender 15 mil marcas de vinhos lançadas nos mercados. Há que também seleccionar as sete melhores, como as Sete Maravilhas da Natureza e da Gastronomia.
O que têm andado os gestores e promotores do ICEP e da AICEP a fazer estes anos? E o que tem sido feito para aproximar, em parceria, os organismos de coordenação e promoção dos nossos 25 recursos principais de exportação, acima indicados? A tónica tem sido: salve-se quem puder! E, pelos vistos, vai continuar a ser! Quando o novo governo se desinteressa desta aconselhável aproximação de sinergias.
E para a obtenção de melhor retorno aos investimentos promocionais públicos e privados, deve-se distribuir as acções e peças das diversas campanhas sazonais, pelos mais acessíveis, ou seja: Internet, TV, Outdoors e Imprensa Especializada – esta para atrair os grupos profissionais e temáticos específicos de cada ramo.

PERGUNTA FINAL – Quando se viaja para o exterior, habitualmente, o que fazemos para brindar amigos e familiares?
Compramos lembranças úteis, identificativas do destino, ou curiosidades.
Como é então possível elaborar um programa de desenvolvimento turístico sem associar o Turismo ao comércio local?
Começa mal este novo ciclo de esperança. confiança e recuperação das marcas e produtos portugueses mais apetecidos no exterior! Incluindo o Turismo!

Labels:


Sunday, June 26, 2011

 
Veneza recua na taxa sobre dormidas

Humberto Ferreira (Notícia de 2011Jun23)

A anunciada aplicação de uma taxa de um euro por estrela, por pessoa, por noite, na zona turística de Veneza, a partir de Julho, foi adiada face aos crescentes protestos populares e associativos por parte dos ramos ligados ao turismo e comércio da região autónoma do Veneto e por parte dos operadores internacionais, em especial do ETOA - Associação Europeia de Operadores Turísticos (agências organizadoras em Portugal pós-Sócrates!).
O autarca Orsini, dinamizador desta medida para obter fundos destinados a obras de manutenção e para modernizar e proteger a cidade contra as habituais inundações e outros factores negativos, provocados pelo difícil equilíbrio e mobilidade numa extensa zona do delta do rio Pó, recheado de ilhas e de canais urbanos que atravessam Veneza e se estendam a Mestre, Lido, Jesolo, Marghera e outras localidades, constatou como tinha desagradado à maioria da população que vive do turismo, comércio, eventos e cultura.
A proposta de Orsini, à primeira vista, parece simples e até nem demasiado dispendiosa. E Veneza não tem rival em termos do seu património artístico e da sua morfologia física e ambiental, mas as forças vivas da região não ficaram satisfeitas nem inteiramente esclarecidas. Por exemplo, sobre qual seria o valor mais baixo da taxa a aplicar nas cidades adjacentes de Mestre, Lido, Jesolo, e nas dezenas de ilhas, além das mais conhecidas de Murano e Burano. Ou qual seria a taxa mais baixa a aplicar na época baixa.
Tudo porque Veneza vive essencialmente do movimento gerado pelo turismo e todas as medidas políticas que possam afastar turistas dos seus mais de 300 hotéis, milhares de restaurantes, lojas, ateliers e empresas de serviços complementares, não é bem recebido. Nem se sabe se a taxa é para aplicar todo o ano, ou se destina mais a afastar os turistas com menos posses da afluência de Julho e Agosto.
Mas o presidente do município continua determinado a convencer os opositores e adiou a entrada em vigor da polémica taxa sobre dormidas de turistas para 23 de Agosto. Entretanto, continua a convocar reuniões com as partes, na expectativa de as convencer durante Julho. Mas teimar em aplicar uma nova taxa a partir de 23 de Agosto, em plena época alta, revela que a política e a actividade empresarial andam de costas voltadas na Região Veneto. Oxalá, o mundo não fique entretanto privado dos eventos que marcam, em Veneza, a vida cultura europeia todos os anos, tais como o Carnaval, os Festivais de Cinema e Jazz, a Bienal de Veneza, as exposições temáticas dos mestres da pintura italiana, os concertos e os congressos de cultura que a cidade acolhe. Aliás, a programação cultural de Veneza é um dos grandes trunfos do Turismo Italiano, objectivo que não pode ser desviado por causa de uma taxa de um euro por dormida, por pessoa. E se for num dos grandes hotéis de cinco estrelas, um casal pagará mais 10 euros por noite.

Labels:


Tuesday, June 14, 2011

 
Turiscópio 10 Junho 2011

Esperança no novo ciclo e nas constelações

AUTOR+FONTE: Humberto Ferreira - publicado no semanário PUBLITURIS em 09 Junho 2011

QUADRO DE HONRA – Apontei a distinção mensal aos dois grandes eventos náuticos realizados em Cascais e no Arade. Mas Portugal continua a não projectar os eventos que valorizam o turismo receptivo. A comunicação social ignorou a 1ª etapa de 2011 das regatas da AudiMedCup em Cascais. Mais badalada foi a F1 em Motonáutica em Portimão mas sem desmobilizar os adeptos da bola, política e concertos rock.
Agora, de 6 a 14 de Agosto próximo, Cascais acolhe o “circo” da Taça América para a 1ª etapa das eliminatórias dos dois finalistas em 2013, na Baía de San Francisco. Esta nova série faz parte da mais prestigiada prova mundial de vela desde 1851. Espero bem que se conjugam os indispensáveis esforços para projectar, desde já, este evento entre o público português, e que este novo ciclo governamental facilite, promova, sensibilize e divulgue online os calendários programados em cada época em Portugal.
Poderia ainda recorrer à falhada hipótese da Ryder Cup 2018, que acabou de ir para França. De tantos países, nunca me passaria pela cabeça a França, mas também que país pensaria em apresentar uma importante candidatura internacional na Comporta, um destino de golfe no papel? Este foi o atestado de distracção que faltava a quem tem gerido o nosso Turismo Oficial há 6 anos. Neste período, não faltou a duplicação de organismos, nomes, decretos e teimosias. A mais recente farpa: os operadores turísticos passam a “agências organizadoras”. É bom Portugal ser diferente, mas daí a mudar os nomes mundiais correntes? É desfaçatez ou teimosia impulsiva?
Assim, para o Quadro de Honra de Maio avanço com o colóquio ”Turismo e Mar – 2000 km de Oportunidades”, organizado pelos mestrandos da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, a 31 de Maio. Cerca de 20 talentosos oradores cumpriram o vasto programa de produtos, normas, oportunidades e tendências do Turismo no Mar. E os jovens licenciados com poucos meios tiveram um desempenho a 100%. Proponho ainda duas menções honrosas para as campanhas do Turismo da Madeira (Festa da Flor) e dos Açores.
OPORTUNIDADE PARA AS CONSTELAÇÕES – A ideia foi do saudoso prof. Ernâni Lopes: criar as Constelações do Turismo e do Mar. Há hoje bastantes seguidores, entre os quais me incluo.
Ora com tanto fórum, confederação, missão, e tantas ideias úteis, há que enquadrá-las em “constelações” de saber e liderança. É um termo português que exprime o popular “cluster” do prof. Michael Porter. É a forma fácil de dinamizar a economia numa fase de esperança. O Turismo e o Mar são os sectores mais adiantados nesta onda, cabendo à sociedade civil formalizar estas constelações de base associativa, para mudar Portugal.
MELHORAR- Quando se muda o governo, ou a direcção de uma empresa, a tendência aponta para se ignorar todo o anterior trabalho feito. Encomendam-se mais estudos, contratam-se novas caras e demora-se a inventar alternativas para se melhorar, por magia, o país ou o ramo. A herança é má mas se empresários e técnicos se unirem até se esquecem da burocracia. Tal como os bons árbitros pouco aparecem nos bons encontros de futebol.
Na situação de devedores comprometidos com a Troika, não há espaço nem verbas para se mudar tudo, pois começa-se logo a trabalhar na época alta do Turismo. Confio que o novo SET, vindo da área do PSD, seja conhecido, experiente e com provas dadas. Um dos males é a inconsistência dos programas eleitorais e de governo, dispensando governos ”sombra” e responsáveis por cada área, que estudem as mudanças a introduzir na legislatura seguinte. Creio que o novo ciclo dignificará mais os secretários de Estado.
FIXAR METAS – Não mudar por mudar nem sequer o esquema esquizofrénico da regionalização polarizada. Estancar sim a histeria da liberalização europeia, visando a instalação de empresas e serviços adhoc, sem gestores e profissionais habilitados em cada ramo, que possam garantir a prestação de serviços ao nível das normas europeias de qualidade. Um antigo objectivo europeu ignorado pela Comissão e Parlamento Europeu. Oxalá me engane, mas a directiva Bolkenstein vai, por si, fomentar fraudes e abusos, nos múltiplos serviços desregulados e prestados no espaço da UE a milhões de consumidores de todo o mundo. A competitividade não pode ser uma desculpa para a expansão do intrusismo!
DEFENDER O PORTUGUÊS – E estancar outra histeria lusa: o abuso de nomes ingleses para atrair mais clientes estrangeiros aos hotéis e outras unidades. O governo que implementou a escrita à moda dos Palops foi o mesmo que transformou os nomes de hotéis portugueses em ”sucursais” dos quartos com pequeno- almoço em Blackpool. Tarefa imediata: expedir banners nos portais do TP, entidades e pólos de turismo, apelando à descontinuidade desta moda. Pedindo mesmo apoio aos principais grupos hoteleiros, restauração, animação e indústria alimentar. A oferta não pode abdicar da nossa língua nem da nossa identidade e cultura mas deve evitar nomes nasalados, ou com demasiados R, X ou Z, para facilitar o uso do português aos estrangeiros, pois até há nomes portugueses lindos, como AMIGO.
SEGMENTAR TAREFAS – O novo governo deve dar mais protagonismo aos empresários e gestores mais dinâmicos e com capacidade de reunir consenso e parcerias inovadoras. Empresários e gestores ficam gerações, políticos e “boys” mudam com frequência, e os substitutos demoram anos a aprender, excepto quando vêm do privado.
Importa definir melhor a segmentação, promovendo mais os destinos “premium” e menos os populares (low-cost), pois convém-nos, a nível externo, cativar e vender os produtos mais caros. Portugal tem uma óptima oferta, cobrindo vastos segmentos da procura. Mas há países a adoptar, durante décadas, factores que valorizam a sua imagem externa e se identificam com a sua cultura, através de um bom slogan. O que o que mais nos identifica, hoje, é o Desporto e as provas internacionais. E o desporto está ligado ao clima, gastronomia, eventos, animação e sobretudo à hospitalidade. Logo, a 1ª ferramenta a melhorar é o calendário online de eventos patrocinados pelo Turismo de Portugal, destacando com um selo de garantia os eventos de maior projecção internacional, como a cultura europeia em Guimarães ou a regata dos grandes veleiros no Tejo em 2012. Mas há mais!

Labels:


Monday, June 13, 2011

 
NOTÍCIA DO DIA DE SANTO ANTÓNIO DE LISBOA 13Jun2011 – REVISTA DE IMPRENSA DE HF:

América pode entrar um default em agosto

Os chineses e as agências de notação Fitch e Moody's "zangaram-se" com o Congresso americano. Se o limite de endividamento dos EUA não for aumentado, 30 mil milhões de dólares de títulos do Tesouro que vencem a 4 de agosto, cuja liquidação pode ficar em maus lençóis.

FONTE: Expresso.pt Domingo, 12Jun2011

A palavra default subiu pela primeira vez explicitamente ao mais alto palco político nos Estados Unidos. A crise da dívida soberana ameaça passar a entrar na vida americana e a ser tema de conversa no mundo inteiro. A luta política no Congresso em torno do aumento do limite de endividamento do governo federal está a provocar uma onda de nervosismo entre os investidores estrangeiros na dívida emitida pelo Tesouro dos EUA.
Dois responsáveis chineses advertiram na semana que terminou que os parlamentares americanos que se opõem ao aumento desse teto estão "a brincar com o fogo". Li Daokui, do Banco Central da China, afirmou que havia o risco real de um default da dívida americana, no que foi acompanhado por Yuan Gangming, da Academia de Ciências Sociais da China. Gangming referiu inclusive que a guerrilha política interna nos Estados Unidos, à medida que se aproxima a eleição presidencial de 2012, poderá colocar em risco a situação do Tesouro americano. Segundo a Reuters, alguns congressistas republicanos "pensam que um default técnico [no princípio de agosto] poderá ser o preço a pagar para que a Casa Branca aceite cortar na despesa" e imaginam que os credores aceitariam "um pequeno atraso, talvez uns dias" até que consigam dobrar Obama. O novo ano fiscal dos EUA inicia-se a 1 de outubro, pelo que esta guerrilha não vai parar durante o verão.
Para além da China, logo o Banco Central da Índia e o Banco Central do Omã (refletindo a voz do Golfo da Arábia) vieram manifestar publicamente a sua apreensão pelo desfecho desta luta política entre republicanos conservadores e democratas.
Rating dos EUA ameaçado
Para completar o ramalhete, a agência Fitch, veio ameaçar na quarta-feira (8 junho) que poderia baixar no princípio de agosto o rating dos Estados Unidos do nível atual de triplo A para B+ caso antecipe verificar-se qualquer default técnico, ou moratória, na altura do vencimento de letras do Tesouro americano no valor de 30 mil milhões de dólares a 4 de agosto, e se o assunto não for resolvido até 11 de agosto, quando há novo vencimento de dívida.
Na semana anterior tinha sido a vez da Moody's Investors Service a ameaçar que procederia a uma revisão da notação dos Estados Unidos em julho se o assunto continuar neste plano da desconfiança e chantagem política entre republicanos e democratas.
Este problema deriva do facto do nível máximo de endividamento federal já ter sido atingido a 16 de maio passado. Um conjunto de medidas extraordinárias tomadas pelo secretário do Tesouro, Tim Geithner, permitiu adiar a situação de rutura até 2 de agosto.
A dívida pública americana atingiu os 14,3 biliões de dólares. Cada cidadão americano nasce com 143 mil dólares de dívida ao pescoço desde que o cordão umbilical é cortado. O PIB americano foi de 14,7 biliões no ano passado, pelo que a dívida pública é praticamente 100% do PIB.
Mal estar económico pela retoma que não retoma
Os números da economia americana continuam a desagradar. E muitos analistas e economistas falam do risco de uma recaída na recessão - double-dip na designação inglesa. O desemprego, segundo o relatório do US Bureau of Labor Statistics de 3 de junho, atingiu os 13,9 milhões de pessoas, uma taxa de desemprego de 9,1% em final de maio, em que o desemprego estrutural é de 45,1% e o desemprego entre os jovens é de 24,2%. É o mais alto desemprego estrutural desde 1969 . O número mais elevado neste período foi em janeiro de 1983 com cerca de 3 milhões - hoje são 7 milhões de desempregados.
Há já mais de 800 mil "trabalhadores desencorajados" que já não procuram emprego. Espera-se que o nível de desemprego suba para 9,2% em final de junho.
A economia americana vive em 70% do consumo interno e este está afetado por duas doenças: o desemprego (já referido) e a quebra brutal no valor do imobiliário detido pelas famílias americanas. A baixa do preço do imobiliário (e o consequente valor em ativos detidos pelas famílias) desde o rebentar da bolha em 2007 já fez desaparecer 7 biliões de dólares (cerca de €5 biliões) e espera-se que caia mais 1 bilião no próximo ano. O professor Robert Shiller, da Universidade de Yale, e co-autor de um indicador sobre o imobiliário americano (conhecido como S&P/Case-Shiller home price índex), disse esta semana que não ficaria surpreendido se os preços do imobiliário caíssem ainda mais 10 a 25%, segundo a Reuters.
Ben Bernanke, o presidente da Reserva Federal (FED, o banco central), no seu discurso da semana passada na Conferência Monetária Internacional, em Atlanta, apesar de admitir uma retoma económica "espasmódica e frustrante" que continuará a exigir "uma política monetária acomodatícia" (na fixação dos juros), insistiu que o consenso dentro da equipa da FED é que se assistirá a uma inversão no segundo semestre e que o surto inflacionário será temporário. No entanto, o presidente da FED advertiu os políticos republicanos que "uma consolidação orçamental abrupta no curto prazo" poderá enfraquecer ainda mais a "retoma ainda frágil".
Este desapontamento ocorre em simultâneo com uma economia totalmente inundada por dinheiro quente. A base monetária dos EUA atingiu agora um recorde de 2,5 biliões de dólares (equivalente a €1,75 biliões,ou €1750 mil milhões). Há menos de 3 anos, durante a bolha, essa base monetária era de 820 mil milhões de dólares, ou seja a intervenção monetária na economia desde a crise gerou um aumento de 300% - o que compara com os magros 44% entre 2000 e 2007.

Quem beneficiou da injeção monetária?
Para onde foi essa inundação de dinheiro? Não para a economia real. Os bancos aumentaram as suas reservas na Reserva Federal (FED) e embrenharam-se na especulação financeira uma vez mais.
Peter Cohan, em declarações ao Expresso, é muito claro sobre esta política de Bem Bernanke: "Já vimos que o efeito desta injeção de dinheiro não levou ao crescimento do emprego - as empresas estão a 'armazenar' o dinheiro nos seus balanços, os bancos usam-no para comprar títulos do Tesouro em vez de emprestar às empresas e os traders utilizam-no para especular nas commodities".
Paul Krugmam colocou os nomes nos bois na sexta-feira passada na sua coluna no The New York Times com um artigo sugestivamente intitulado: "Governados por rentiers". Rentiers é a palavra francesa, usada em economia, para os que vivem de rendas financeiras. Diz o Nobel: "Estou cada vez mais convencido de que [a paralisia das políticas transatlânticas] é uma resposta à pressão de grupos de interesse. Conscientemente ou não, os decisores estão a servir quase exclusivamente os interesses dos rentiers".
Preocupante também o facto da FED ter ultrapassado a China como principal credor do Tesouro norte-americano. Harm Bandholz, economista-chefe do UniCredit nos EUA, deu os detalhes: em virtude do QE2 (2º programa de alívio quantitativo, quantitative easing em inglês, que injetou 600 mil milhões de dólares), a FED passará a deter 16% da dívida federal no final de junho, bem à frente da China que deteria menos de 12% em finais de março. Os restantes titulares desta dívida são as famílias americanas (como aplicação de poupanças), o Japão, os governos estaduais e locais da federação americana e os fundos de pensões privados.
Se Ben Bernanke decidir não renovar nenhum programa de alívio quantitativo quando o QE2 terminar no final deste mês, alguém terá de preencher o lugar principal na aquisição de títulos do Tesouro e para tal os juros dos títulos do Tesouro terão de subir significativamente para ser atrativos. Atualmente, os juros dos títulos do Tesouro americano são mais baixos do que os juros dos Bunds (títulos alemães) nas maturidades a 5 anos (1,56% contra 2.17%), mas superiores nas maturidades a 10 anos (2,97% contra 2,96%) e 30 anos (4,18% contra 3,52%).
As bolsas refletiram este mal-estar. O índice bolsista S&P quebrou 1,4% na sexta-feira, findando uma semana em que caiu 2,24%. Desde o pico em 29 de abril, o S&P já desceu quase 7%. Foi a sexta semana consecutiva em baixa. E entretanto o índice bolsista Dow Jones desceu abaixo dos 12.000 pontos.
COMENTÁRIO HF
Afinal, a economia mundial tende a servir, preferencialmente, os rentiers (palavra francesa para definir os investidores que vivem exclusivamente das suas aplicações financeiras à escala global). Mas o certo e bastante negativo é que as “famílias” políticas, que corporizam as cinco facções do actual espectro político global (conservadores, liberais, socialistas, comunistas-verdes e radicais), não se entendem, preferindo continuar a radicalizar posições e destruir todas as vias de diálogo, na Europa e na América, perante a apatia dos eleitores e contribuintes.
Entretanto, a Reserva Federal dos EUA passou a ser o maior credor do Tesouro Americano e os "mercados" globais, apesar de ameaçarem e protestarem, continuam a investir forte, contentando-se com margens impensáveis na Europa (entre 1,56% e 4,18% a 30 anos).Por outro lado, os líderes políticos contemporâneos continuam a não conceber formas de custear os seus projectos orçamentais, endividando as gerações seguintes até 30 anos!
Pior ainda, os fundos provenientes dos vultuosos empréstimos feitos com uma frequência inaudita, à conta da dívida soberana de cada Estado, não são injectados na economia real (a que as empresas, as famílias e os consumidores costumavam recorrer no quotidiano) mas sim absorvidas pelos mercados secundários, alimentados pelos banqueiros e investidores (rentiers) e absorvidos pelos governos mais gastadores, em ternos de obras públicas e políticas sociais sem retorno (como o pagamento de crescentes subsídios de desemprego a contingentes de trabalhadores, que bem poderiam estar a trabalhar e produzir proveitos na economia real, se os fundos fossem antes distribuídos às empresas).
Todos sabemos como tudo isto se deve resolver com urgência: mudando as normas que continuam a proteger hoje o capitalismo selvagem, que tanto agrada aos rentiers e dos banqueiros, mas está por nascer o primeiro líder político com coragem para travar a corrida para o abismo.
O aviso chegou-nos no início de 2007 (disse Sócrates que só chegou a Portugal em finais de 2008, possivelmente mais uma mentira sua, desta vez por deficiente ligação à internet?), mas até agora tanto a América como a fragilizada União Europeia pouco, ou nada, têm feito para reforçar a propalada regulação dos bancos, das bolsas e das offshores. Até lá, bem podem TODOS queixar-se (e até chorar), para fingir que se preocupam com as famílias, o desemprego, as empresas e a economia real, mas não contem comigo!
Só quando fizerem o trabalho de casa, a que são obrigados por inerência ao cargos que exercem, e por uma questão de verticalidade. Infelizmente tão rara!

Labels:


Archives

October 2006   November 2006   December 2006   January 2007   February 2007   March 2007   April 2007   May 2007   June 2007   July 2007   October 2007   November 2007   December 2007   February 2008   March 2008   June 2008   July 2008   August 2008   September 2008   October 2008   November 2008   December 2008   January 2009   March 2009   April 2009   May 2009   June 2009   July 2009   August 2009   September 2009   October 2009   December 2009   January 2010   February 2010   March 2010   April 2010   May 2010   June 2010   July 2010   August 2010   September 2010   October 2010   November 2010   December 2010   January 2011   February 2011   March 2011   April 2011   May 2011   June 2011   July 2011   December 2011   February 2012   May 2012   June 2012   July 2012   September 2012  

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Subscribe to Posts [Atom]