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Vida quotidiana em Portugal


Revista da imprensa e comentários relativos ao fim de semana de 25 a 27 de Novembro

Edição do Expresso Sábado 25 Nov. 2006 - 1ª página:
Governo dá poder à ERC - Entidade Reguladora da Comunicação Social e Audiovisual - para censurar televisões

Lei proposta permite ao "regulador" interromper programas em directo

Comentário: Portugal e o governo do PS é o primeiro país europeu a adoptar os métodos totalitários das ditaduras que perduram em Cuba, Venezuela e outros países da América Latina, África, Ásia e do Leste da Europa (herança das antigas repúblicas socialistas soviéticas). Estará na mente dos nossos estimados ministros socialistas alguma aproximação a estes métodos? A dúvida é legítima, uma vez que o titular da Comunicação Social disse, durante as últimas eleições para a Presidência da República, que "se Cavaco Silva ganhasse seria um golpe constitucional!"
Não devem ser saudades da ditadura salazarista-marcelista, pois esta nunca interrompeu um programa televisivo. Agora sucedem, por vezes, interrupções por ... avaria técnica! Aliás, desde o 25 de Novembro de 1975.

Edição Diário Notícias (DN) Sábado 25 Nov. 2006- página 9 com chamada de capa:
O desfecho do 25 de Novembro de 1975 (coincidência da data)
foi "resolvido" em directo na televisão
(A RTP - ao tempo a televisão pública detinha o monopólio)

RELATO HISTÓRICO - Ao então major de engenharia José Tavares Coutinho foi ordenada a deslocação ao Centro de Antenas Transmissoras da RTP, em Monsanto, para desligar a emissão dos Estúdios do Lumiar - a cargo do então capitão Duran Clemente, segundo comandante da Escola Prática de Administração Militar, que tinha ocupado a RTP no Lumiar e representava as forças militares com planos revolucionários para instituir uma República Popular de esquerda. O objectivo era transferir a emissão do Lumiar para o carro de exteriores que se encontrava em Belém - às ordens dos oficiais moderados do Exército fiéis ao Presidente da República, general Costa Gomes. Este grupo encontrava-se reunido no Palácio de Belém, sendo chefiado por Vasco Lourenço, arvorado em general comandante da Região Militar de Lisboa, sendo integrado por Garcia dos Santos, Ramalho Eanes (chefe de operações), Tomé Pinto, Loureiro dos Santos e o coronel Jaime Neves - comandante do Regimento de Comandos da Amadora - a unidade de elite fiel à ordem instituída.
Desarmado, o hoje coronel Tavares Coutinho embarcou num "Chaimite", dirigindo-se com um alferes e três operacionais dos Comandos para o posto de Monsanto, onde se desempenhou da missão com relativa facilidade mas só depois do alferes ter encostado a arma ao baixo ventre do responsável técnico da RTP. A palestra "pedagógica" de Duran Clemente, sobre as virtudes do socialismo revolucionário a implantar em Portugal pela facção do Exército que não se revia mais na orientação que o MFA levava, foi assim subitamente substituída pelo filme O Bobo da Corte com Danny Kaye, que estava a ser transmitido pelo canal 2. Entretanto, o Centro da RTP no Monte da Virgem, em Gaia, que ainda controla as emissões e antenas de televisão para a Região Norte, também já tinha feito o mesmo, desligando a emissão do Lumiar. Portugal ficou nesse momento histórico (ao fim da tarde) limitado à comédia de Danny Kaye em termos de televisão. Em 1975 pouco se estranhou esta limitação de opções de entretenimento televisivo. Hoje seria impensável a qualquer governo, por mais legítimo e demais eleito democraticamente, fazer o mesmo!

Comentário: Serviço inestimável prestado pelo DN, esta transcrição do episódio chave na tentativa de golpe de esquerda levada a cabo, entre 24 e 28 de Novembro de 1975, por pseudo democratas que não se contentaram em poder criticar e discordar de pormenores emanados do Presidente da República e dos superiores hierárquicos a quem foi entregue a missão de gerir o MFA para garantir a implantação de um governo livre e democrático eleito pelos cidadãos. Todas as eleições realizadas em Portugal desde o 25 de Abril (já lão vão 32 anos) deram razão a esses valorosos oficiais que lhes resistiram, mas com resultados contrários de dimensão esmagadora e inequívoca! Ainda há quem tenha dúvidas?

Expresso 25 Nov. 2006 (pag. 13 com chamada de capa)
380 milhões para ampliar terminal na Portela, com Ota à vista (depois de 2017)

O Governo aprovou o plano de obras para o Aeroporto da Portela, incluindo a construção do Terminal 2 de Passageiros, a montagem de mais 12 mangas (total de 19) e uma placa para mais 13 aviões estacionados. A Portela, no final de 2007, poderá acolher 64 aviões estacionados, garantir 40 movimentos operacionais (aterragens e descolagens) por hora (agora o máximo são 32 em hora de ponta). Só não foi revelado ou noticiado se o Terminal 2 será o aproveitamento de Figo Maduro (Aeródromo-Base nº 1 gerido pela FAP), como foi o caso durante o Euro2004, ou se vão construir um terminal de raiz?
No primeiro semestre de 2006, o tráfego em Lisboa subiu 9%, prevendo-se que atinja 12,1 milhões de passageiros movimentados até ao fim do ano. Este novo plano baixou o orçamento de 500 milhões de euros para 380 milhões de euros, graças à racionalização das obras previstas, quando a Ota está prevista para abir em 2017. A capacidade total de Portela será de 16 milhões, pelo que, nos 10 próximos anos, o tráfego não poderá subir à taxa de 2006. As previsões do MOP apontam para que o tráfego aéreo médio anual na região de Lisboa atinja 27,1 milhões de passageiros em 2030. Ou seja, com a Ota e Tires operacionais.

Comentário: A teimosia deste Governo continua para agradar ao lóbi do betão. A Ota a 50 km ao Norte de Lisboa é a pior localização para o novo aeroporto de Lisboa. Há condiconalismos de orografia, ventos, condições de visibilidade contrárias e terraplanagens faraónicas. Acaba com a rota Lisboa/Porto/Lisboa - não faz sentido viajar 50 km para o Norte de Lisboa, para um voo de menos de meia-hora, e ficar a 15 km ao Norte do Porto, quando já deve haver o TGV que fará o percurso do centro de Lisboa (?) ao centro do Porto (?) em pouco mais de duas horas (aliás pouco mais do Alfa Pendular). O novo aeroporto da Ota deveria ser aproveitado, sim, numa versão mais modesta (consentânea com a nossa frágil situação financeira) para os voos low-cost. Como se faz em todos os países europeus - este voos, que pagam as taxas aeroportuárias mais baixas do que as transportadoras regulares, beneficiando de incentivos e condições especiais agressivamente negociadas e consentidas (ninguém percebe a razão nem como a Comissão Europeia não intervém, como já sucedeu em Charleroi, na Bélgica - apesar de se tratar de um aeroporto periférico em relação ao de Bruxelas), dizia que os voos de tarifas baixas poderiam ser desviados para a Ota com pouca despesa, libertando-se os Terminais 1 e 2 da Portela para o tráfego com tarifas justas. Ou a Economia é uma fantochada, ou, não tarda muito, estas companhias vão enfrentar tempos difíceis. Com aviões cada ano mais caros, com o petróleo entre os 60 e 80 dólares, com as despesas de segurança, navegação, manutenção e com as taxas aeroportuárias a subir (especialmente nos aeroportos de primeira linha) as tarifas não podem baixar mais, como tem sucedido nos últimos anos!
Terei andado distraído sem saber que Bruxelas, sob a generosidade doPresidente Barroso, e todos os governos europeus alteraram a lei, permitindo a prática ilimitada de dumping na nova aviação? É curioso mas, desde sempre tem havido polémicas, entre governos e gestores, inclusivamente das antigas companhias de bandeira (eufemismo de empresas públicas) depois da respectiva privatização, mas contra as "low-cost" não ouvi ainda, de qualquer político europeu, uma palavra de desabono. Mesmo depois das falências da Sabena, Swissair, Air Liberté, várias inglesas, polacas, sei lá?

POSTED BY HUMBERTO ON MON. 27 NOV. 2006 AT 20H00 (8PM LOCAL TIME)