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Monday, October 20, 2008

 
CRISE II - ACTUALIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES NO VERMELHO!
E PARA ONDE VÃO OS BILIÕES INJECTADOS NA BANCA?

Por Humberto Ferreira (Sagresschool-blogspot) - 20 Outubro 2008

Não param as notícias de bancos à beira de "fortes ataques de ... falta de liquidez!"
A comunicação social vai dando frequentes notícias avulsas sobre novas falências ou bancos em risco. Hoje (20 Outubro) os rumores apontaram a bancos em França (Caisse d'Epargne - com um prejuízo de 600 milhões de euros, atribuído a produtos tóxicos, o que provocou a demissão do seu presidente), Estados Unidos (sobre a eventual necessidade de ajuda oficial ao Bank of America), Alemanha (idem ao Deutsch Bank), Holanda (o banco ING a pedir urgente injecção de liquidez), Reino Unido (Barclays), Itália (a entrada de investidores líbios no Unicredit), Suíça, etc. O que nos espera amanhã?

DINHEIRO, APOIOS, OU PROMESSAS ARTIFICIAIS?
- Ora, salvo eventuais alterações, lembro-me que o Congresso dos EUA aprovou há mais de uma semana uma injecção de 700 mil milhões de dólares na banca, para esta poder apoiar a economia (leia-se empresas e individuais).
- Que o FMI propôs mais 500 mil milhões de dólares para reforçar esta ajuda do Tesouro americano à banca para esta, por sua vez, poder apoiar e incentivar a economia. Creio que o FMI apenas tenha que responder à assembleia geral para levar a cabo tal operação extraordinária.
- Que, na Europa, a Comissão Europeia organizou outra ajuda de 300 mil milhões de euros para apoiar a banca e a economia europeias. Além dos milhares de milhões de euros que têm vindo a ser injectados, nas duas margens do Atlântico, para evitar a sucessiva falência de bancos, seguradoras e empresas de crédito hipotecário. Até a chanceler Angela Merkle da Alemanha, inicialmente relutante contra este figurino do Estado acorrer em ajuda da banca e da economia privada, acabou por ceder quando coube a vez ao Hypo Bank e, agora, ao Deutsch Bank.
- Que a crise se alastra de Nova Iorque a Sydney e de Tóquio à Reiquejavique, sempre com notícias sobre injecções de cash-flow e de apoios estatais à banca e outras empresas de crédito. Não estamos, assim, a garantir a solidez da banca!
Que as bolsas, depois da terça-feira negra em 7 de Outubro, têm oscilado entre subidas e descidas. Mais frequentes as quebras que os ganhos. Não estamos, portanto, a atravessar um período de intensa especulação bolsista.
- E que a economia está praticamente parada, em todas as latitudes, excepto nas obras em Benfica/Buraca para conclusão do troço Norte-Sul da nova circular de Lisboa (onde sempre houve a segunda circular mas nunca a primeira ...). Não estamos, por isso, a atravessar um período de avultados investimentos público-privados!
- ENTÃO onde param os milhões de milhões de dólares e euros injectados para apoiar o actual sistema bancário?
- Sabe-se que os executivos do Banco Lehaman Bros. mais os gestores e correctores de Wall Street foram "apanhados" em grandes festas (com todas as mordomias de novo-ricaços) já depois das crises nas respectivas instituições. Disseram que acreditam na recuperação do sistema e, portanto, continuaram a gastar á conta dos ... investidores.
- Diz-se que foi o Presidente Clinton, sob proposta do anterior presidente da US Federal Reserve, que acedeu a alterar (em direcção a um maior facilitismo) todas as normas sobre a dispersão de bancos de investimento e casas de crédito hipotecário, isentos das regras de solvabilidade aplicadas à banca comercial, que lhes permitiu criar os tais produtos tóxicos de investimentos de alto risco, que aceleraram a bolha imobiliária nos EUA e Europa (a começar pela Espanha ... aqui tão perto). Rebentada esta no Verão de 2007, diz-se que a crise veio para ficar!
- Mas não ouvi ainda QUALQUER POLÍTICO, português ou americano, islandês ou inglês, condenar este comportamento pouco ético dos executivos da banca internacional, das empresas de rating, e dos gestores de acções e ... produtos tóxicos.
Especialmente quando foram eles TODOS os grandes causadores dos artifícios que provocaram esta avalancha de falências e de prejuízos!
- Excepção feita à recente referência do nosso PR aos salários exageradamente elevados dos executivos de grandes grupos privados nacionais.
Mas aproveito para relembrar que a crise arrancou em Setembro de 2007. Não foi neste Verão, como alguns políticos do nosso sítio querem fazer crer aos menos atentos!

PARA QUE TODOS SE LEMBREM ...
Repito, como serviço público voluntário, o resumo dos factos das 18 primeiras instituições a cair nas armadilhas dos investimentos altamente tóxicos:

1 - NORTHERN ROCK BANK - falido em Setembro de 2007 no Reino Unido.
2 - COUNTRYSIDE HOME LOANS - falido em Setembro de 2007 nos EUA.
3 - BEAR STEARNS INVESTMENT BANK - salvo pela FED (US Federal Reserve) e pelo banco de investimento JP Morgan.
4/5 - FANNY MAE e FREDIE MAC - instituições de crédito imobiliário falidas nos EUA em Julho 2008.
6 - CITIGROUP (EUA) - salvo por um fundo do Abu Dhabi em Setembro de 2008
7 - HSBO (UK) - salvo pelo Bank of England em Setembro de 2008.
8 - LEHAMAN BROS - 2º maior banco de investimento dos EUA - salva as redes nos EUA e Europa, respectivamente pelo Barclays (UK) e Nomura (Japão), perante a indiferença da FED e do governo americano (?)
9 - AIG - o maior grupo segurador dos EUA, nacionalizado em Setembro 2008.
10 - MERRYL LYNCH - banco de investimento dos EUA transformado em banco comercial em Setembro de 2008.
11 - WACHOVIA BANK - Salvo pelo Wells Fargo em Outubro 2008.
12 - FORTIS - grupo de crédito da Flandres e imagem da cooperação Benelux, salvo por uma injecção transnacional de cash-flow.
13 - BRADFORD & BINGLEY - salvo por injecção de cash-flow.
14 - DEXIA - banco franco-belga salvo por injecção transnacional.
15 - HYPO BANK - o maior banco de crédito hipotecário alemão salvo com o aval do governo federal via um empréstimo bancário, em Outubro 2008.
16 - BONUSBANKEN - banco dinamarquês salvo pelo consórcio Vestjysk e Ringkebling em Outubro 2008.
17 - ROSKILDE - banco dinamarquês salvo por outro consórcio bancário.
18 - GLITNIR - banco islandês foi nacionalizado.

INSTITUIÇÕES NO FIO DA NAVALHA

Além destas 18 marcas, há outras (12) a atravessar crises profundas, havendo notícias internacionais que, nestes tempos agitados, têm tentado negociar meios de salvamento, com o apoio dos respectivos governos:

1 - UBS - um dos grandes bancos da Suíça e do mundo.
2 - Goldman Sachs (USA) deverá também transformar-se numa rede comercial.
3 - Credit Suisse - outro gigante da banca suíça e mundial.
4 - Barclays Bank (UK)
5 - RBS - Royal Bank of Scotland (UK)
6 - Halifax Bank (UK)
7 - Lloyds TBS (UK)
8 - Caisse d'Épargne (França) depois de um prejuízo de 600 milhões de euros, motivado pelo risco tóxico, o presidente apresentou a demissão, incapaz de negociar investimentos alternativos para reaver os prejuízos dos investidores! FICA ASSIM?
9 - Bank of America (USA)
10 - Deutsch Bank (Alemanha)
11 - ING (Holanda) à beira de negociar injecção extra de capital de apoio.
12 - UNICREDIT (Itália) aceitou uma participação de 4,23 por cento de um grupo de investidores líbios.

Não é curioso que se saiba mais da banca estrangeira do que sobre a portuguesa?
É segredo de justiça (pois o segredo é a alma do negócio?) ou é feitio dos portugueses?
É para isso que a culpa morre (quase) sempre solteira em Portugal!
E aos costumes disse nada ...

Monday, October 13, 2008

 
MENDES BOTA APRESENTA PROJECTO DE LEI PARA CONSELHO NACIONAL DE TURISMO
HUMBERTO FERREIRA APROVA, COMENTA E ACRESCENTA ...

1ª parte por Sónia Gomes Costa
13 de Outubro de 2008/PUBLITURIS ONLINE



NOTÍCIA - O deputado do PSD Mendes Bota apresentou um projecto de Lei para a criação do Conselho Nacional do Turismo, na quinta-feira passada na AR. Esta proposta visa a existência de um órgão meramente consultivo que pretende envolver os vários agentes económicos do sector e associações, a funcionar na dependência do órgão do Governo que tutela o Turismo (A SET = SECRETARIA DE ESTADO DO TURISMO E O MINISTÉRIO DA ECONOMIA E INOVAÇÃO).

Além de incluir empresas, universidades, escolas, associações empresariais e sindicatos, este Conselho Nacional do Turismo quer dar lugar também aos antigos secretários de Estado do Turismo. Mendes Bota justifica este propósito considerando que “não é hoje possível criarem-se políticas do turismo verdadeiramente eficazes e que produzam transformações na sociedade que não sejam precedidas da auscultação e do envolvimento dos seus destinatários”.

O deputado defende ainda que se pretende que o Conselho Nacional do Turismo “funcione como um verdadeiro fórum de reflexão e debate, no qual sejam analisadas e discutidas em profundidade, ainda antes de serem publicadas, as propostas de medidas governamentais com impacto no sector”.

2ª parte: COMENTÁRIO DE HUMBERTO FERREIRA (BLOGGER SAGRESSCHOOL):

QUADRO DE HONRA PARA A RECONSTITUIÇÃO DO CNT! PARABÉNS AO DEPUTADO MENDES BOTA!
UM DOS INSTRUMENTOS CAPAZES DE MELHORAR AS MEDIDAS ATÉ AGORA IMPOSTAS PELA ACTUAL SET, EM CONTRA-CICLO COM O SECTOR, PASSANDO PELA ELIMINAÇÃO DAS REGIÕES E JUNTAS DE TURISMO, DAS PENSÕES, ALBERGARIAS E RESIDENCIAIS, DOS INSPECTORES DE TURISMO, E DA AUTONOMIA DOS PRIVADOS NA PROMOÇÃO E NO DESENVOLVIMENTO DO TURISMO RECEPTIVO E DOMÉSTICO. HOJE TUDO É CENTRALIZADO, POIS SÓ OS PLANOS GOVERNAMENTAIS SÃO APROVADOS, E APOIADOS. ATENTE-SE NOS CASOS DO ALLGARVE E DA REPETIÇÃO DA CAMPANHA W.C. EUROPE!
APROVO, COM DISTINÇÃO, A CRIAÇÃO DE UM NOVO CONSELHO NACIONAL DE TURISMO, ASSIM COMO A PROPOSTA INCLUSÃO DOS ANTIGOS SECRETÁRIOS DE ESTADO DO TURISMO NO NOVO QUADRO DE CONSELHEIROS...

Só tenho pena que o ilustre deputado do PSD, MENDES BOTA, que, além de presidir à "secção parlamentar" de Turismo na Assembleia da República, lidera a JUSTA causa da regionalização e da ampla vontade regional para o Algarve protagonizar a experiência da região-piloto, se esquecesse de outros dois importantes detalhes sobre o novo Conselho Nacional de Turismo:

A - o contributo que os jornalistas também podem INTRODUZIR na apresentação de propostas inovadoras e no debate das propostas políticas formuladas pelos órgãos com representação institucional na sua válida proposta para um novo Conselho Nacional de Turismo.

B - o esquema de representação proposto para os membros do CNT pela leitura desta notícia) é cópia dos antigos regulamentos corporativos do Estado Novo, os quais continuam a afectar negativamente e a travar o desenvolvimento harmónico da sociedade civil lusa versus os arreigados órgãos políticos e organismos oficiais ainda imbuídos do corporativismo contagiado pelas gerações da primeira metade do século XX.
Quando é que a classe política se aproxima da sociedade civil? Trabalhando as propostas que esta apresenta? A sociedade civil está apta a fazer algumas rupturas indispensáveis. Mas a classe política, pelos vistos, ainda não?
Pois não me lembro de qualquer exemplo de uma proposta avançada, em qualquer área, por um cidadão que não ganhe a vida na política, merecer qualquer interesse por parte dos ministros, deputados, ou altos funcionários públicos!
Temos dois países: o país dos políticos para garantir os interesses de cada partido. E o país dos cidadãos, interessados em contribuir para melhor Portugal, abolindo práticas burocráticas desnecessárias. Até quando?

PRECEDENTES HISTÓRICO-SECTORIAIS
Do antigo CNT (criado na segunda parte da década de 70 e suspenso, creio, pelo SET Alexandre Relvas, num dos governos de Cavaco Silva (1985/1995 - por ter perdido o respectivo "controlo"), faziam parte os seguintes conselheiros em representação de:
(1) - todos os organismos oficiais do sector, a nível central e regional, e os presidentes das empresas públicas (Enatur, Tap, Sata, RNTours, CP (esta delegou sempre num director comercial), etc.), assim como representantes (nomeados) dos portos, serviços de fronteira, alfândegas, forças de segurança pública e trânsito, etc.
EM SUMA, O LOBI A FAVOR DA CRESCENTE BUROCRACIA IMPOSTA PELO GOVERNO NO PODER EM CADA ÉPOCA. LOBI QUE PRATICAMENTE MONOPOLIZAVA OS DEBATES NO CNT, SENDO ESPECIALMENTE CONHECIDOS PELA ATITUDE NEGATIVA OS CAPITÃES DOS PORTOS (ora pela ameaça do contrabando a bordo dos iates, ora pelas restrições à navegação e aos ancoradouros, ora pela necessidade utilização permanente de zonas maiores para a prática de turismo náutico, ora pelas antiquadas normas dos Socorros a Náufragos - os nadadores salvadores devim ter atilhos nas calças, possivelmente à moda dos antigos pescadores?), assim como dos directores das alfândegas, fronteiras e chefes das forças policiais. Convém esclarecer que a primeira Marina (de Vilamoura) abriu em 1974!
Era o LOBI ANTI-TURISMO dessa época que tinha assento no Conselho Nacional, destinado por lei a "fomentar a actividade turística".
EM SUMA, AS HABITUAIS CONTRADIÇÕES DA LEGISLAÇÃO E DA PRÁTICA POLÍTICA LUSA!

(2) - Num segundo plano, tinham assento no CNT os presidentes das associações empresariais - de hotelaria, restauração, agências de viagens e turismo, aluguer de automóveis, e pouco mais. À época, alguns dirigentes tinham por hábito prolongar os mandatos durante décadas, por comodismo dos concorrentes e com a desvantagem dos hoteleiros já terem várias associações que disputavam a representatividade do sector, assim como do desinteresse associativo da TAP, que na época nem fazia parte da RENA).

(3) - os presidentes das principais empresas de turismo (pelo menos as com maior expressão ou participação do Estado), desde grupos de hotéis e restaurantes (Estoril-Sol, Alexandre de Almeida, etc), a transportadoras, operadores receptivos e agências de viagens, etc. No início até faltavam os representantes dos aeroportos e os gestores dos terminais rodoviários, marítimos e fluviais.

(4) - os representantes dos sindicatos (mas não das associações profissionais, não se sabe ainda porquê?).

(5) - os representantes das Escolas privadas de Turismo então existentes (apenas praticamente o Instituto das Novas Profissões e o ISLA), enquanto as escolas públicas sentavam-se do lado oficial ... e

(6) - o secretário-geral do CNT (habitualmente um antigo quadro da DGT - o saudoso dr. Figueiredo de Sousa) e os assessores do Secretário de Estado para o Conselho Nacional de Turismo. Que saiba, apenas o SET Luís Nandim de Carvalho nomeou quatro "voluntários" para esta missão - com a função de lhe fornecerem pareceres técnicos sobre as propostas previamente apresentadas para debate, sempre mais por parte das Regiões de Turismo e dos sindicatos do que pelas empresas e associações. Os quatro pioneiros foram: Joaquim Cabrita Neto, Armando Rocha, Artur Sepúlveda e Humberto Ferreira.
Eram mais de uma centena de pessoas, à volta do Salão dos Espelhos, no Palácio Foz (em Lisboa, a sede do Turismo de Portugal por excelência, e a sala de visitas dos "embaixadores" do Turismo extrangeiros recebidos em Portugal, que nos foi sonegada por interesses alheios - neste caso da Comunicação Social - restando apenas a loja da Praça dos Restauradores - num modelo de Posto de Turismo também já obsoleto! Veio depois a época da descentralização dos Conselhos de Turismo, para o Luso, Porto, e se bem creio Algarve! TUDO SEMPRE NA MESMA, QUARTEL GENERAL EM ABRANTES!

MUDANÇA IMPÕE MUDANÇA
Ora o Turismo desde as décadas de 75/85 evoluiu e profissionalizou-se bastante. Hoje, para mim, o Conselho Nacional de Turismo deve ser constituído por diversas secções da actividade turística, que até podem reunir separadamente para estudar e debater temas próprios, a apresentar depois em plenário, depois do "trabalho de casa" feito!
As sessões plenárias serão reservadas para os pareceres sobre o Plano Anual de Actividades e Iniciativas Apoiadas, ditado pelo Orçamento de Estado, ou por um Programa Especial (ou Estratégico) de Turismo apresentado a um qualquer Governo pela sociedade civil, já que se trata de um núcleo de conselheiros plurais (não assessores) do Governo. O CNT deve também dar parecer obrigatório ao Governo sobre o Calendário Anual (ou Sazonal) de Eventos apoiados, e sobre o Balanço de cada Ano Turístico, etc.
Poderão haver sessões plenárias extraordinárias sempre que se justifique, como nos casos das reformas mais profundas da organização central, regional, local e sectorial. Assim como sessões temáticas para debate de assuntos prioritários próprios de um Fórum Nacional do Turismo atento e interessado. Há que propor, por exemplo, como "Melhorar e articular os portos e turismo, nas vertentes de cruzeiros e de turismo náutico", "idem Aeroportos e operações turísticas", "idem Caminho de ferro e turismo", etc.

COMPOSIÇÃO
Penso que do novo CNT devem fazer parte, em paridade, quatro grupos principais:
(1) os representantes dos serviços oficiais, aos níveis central, externo, regional e local;
(2) representantes conceituados das associações empresariais, nos ramos da Hospitalidade e Restauração; Transportes Turísticos e Complementares; Aeroportos, Portos e Terminais Ferroviários e Rodoviários; Distribuição e Programação de Viagens; Promoção e Gestão de Destinos Turísticos; Organização de Congressos e Feiras, Animação nas 4 Estações, Intercâmbio com a Cultura, Desporto, Ambiente, Comércio, Agricultura, Segurança, Imprensa de Turismo, etc.;
(3) os anteriores secretários de Estado e os representantes das profissões turísticas organizadas em associações de gestores, docentes de turismo, representantes de guias e correios de turismo, e técnicos de operações turísticas; e
(4) um NOVO núcleo de reconhecidos ESPECIALISTAS ELEITOS para coordenar a distribuição e emissão de pareceres técnicos nas 15 ÁREAS ESTRATÉGICAS PRIORITÁRIAS.
Com a condição fundamental: TODOS acreditarem no conceito e na mais-valia da articulação de iniciativas entre os CLUSTERS ASSOCIADOS AO TURISMO, ou seja, sem "compartimentos estanques" entre Turismo e Cultura, Transportes, Hospitalidade, Animação, Indústria, Comércio, Agricultura, Serviços, Religião, nem entre o sector público e o sector privado. Estes especialistas devem também conhecer bem as diferenças entre Turismo Jovem, Adulto, Sénior, Familiar, Social e de Negócios, além de estarem abertos ao intercâmbio positivo entre as próprias 15 áreas seleccionadas.
Criar um CNT corporativo, à antiga, não vale a pena!
Ainda na semana de 20/25 de Outubro, a Aicep e as organizações vinícolas levaram a cabo um blow-out isolado no mercado japonês. Portugal ganharia mais notoriedade nos OCS se em vez de acções isoladas se apresentasse em força: com os clusters de vinhos, gastronomia, turismo, moda, calçado, desporto, cultura, shopping, etc.
EM SUMA, TANTA VEZ HEI-DE ESCREVER SOBRE ESTA MAIS-VALIA, QUE ALGUÉM VAI APROVEITAR A IDEIA!
E eu ficarei satisfeito!

QUINZE ÁREAS PARA UMAS FÉRIAS ACIMA DA MÉDIA
Quanto ao núcleo de 15 especialistas, encarregados de orientar os debates e coordenar os pareceres das 15 vertentes seleccionadas e representativas da oferta turística em Portugal, proponho que sejam também versáteis (com provas dadas) em promoção, gestão e planeamento integrado. O objectivo chave do novo CNT seria aumentar a internacionalização das actividades com maior potencial nas seguintes ÁREAS ESTRATÉGICAS PRIORITÁRIAS (com textos justificativos):

1 - GOLFE - sem dúvida o mais importante desporto para atrair praticantes, amadores e profissionais estrangeiros, ao longo de cada ano, além de que Portugal já conta com mais de 60 campos de qualidade internacional; portanto merece um conselheiro de Turismo altamente competente nesta área e capaz de dinamizar esta secção.

2 - DESPORTOS NÁUTICOS - além da nossa inegável e reconhecida tradição histórica, Portugal dispõe de excelentes marinas e clubes náuticos, ao longo de toda a costa, onde são realizadas, com frequência, campeonatos, regatas e outras provas ao mais elevado nível competitivo internacional; em vela, motonáutica, surf, windsurf, kite-surf, pesca, remo, canoagem, natação em águas abertas, fluviais e piscinas; mas torna-se indispensável promover melhor esta vantagem. Caberia ao CNT sugerir meios para melhorar a coordenação das provas oficiais (federadas) com outras, e criar condições para a sua promoção, divulgação e reconhecimento internacional, propondo prémios tipicos portugueses para os vencedores. Outra secção indispensável.

3 - DESPORTOS DE AVENTURA (ou RADICAIS) - a crescente vaga de praticantes destes desportos em terra, na água e no ar, exige que o TURISMO também disponha de um conselheiro especializado na organização de provas e no acolhimento de praticantes estrangeiros, desejosos de ocasiões de intercâmbio com os desportistas radicais lusos, ou, simplesmente, para participar em grandes eventos das habituais marcas patrocinadoras. Outra secção primordial. Ao CNT caberia facilitar as sinergias entre o desporto e o turismo, além de propor a criação de provas e prémios portugueses com maior aceitação dos meios turísticos internacionais.

4 - DESPORTOS COM ELEVADO POTENCIAL TURÍSTICO - na impossibilidade de, à partida, se proporcionar no CNT uma secção e um ESPECIALISTA ELEITO para cada modalidade desportiva com aptidão turística, pode-se recorrer a uma personalidade desportiva de reconhecido mérito para integrar o CNT e para defender e apresentar sugestões no sentido de Portugal ser reconhecido como "O DESTINO MAIS AMIGÁVEL" para praticantes e adeptos de Automobilismo, Motociclismo, Hipismo, Ténis, Futebol, Atletismo, Ciclismo, Ginástica, Caça, etc. O eleito deve trabalhar sempre em articulação com as diversas federações e o Ministério da tutela desportiva, visando aproveitar sinergias, e criar provas e prémios desportivos reconhecidos pelos meios do turismo internacional.

5 - EVENTOS (MI) - esta é outra área em crescente expansão, abrangendo congressos, incentivos, feiras de amostras e tradicionais, exposições e cortejos temáticos, etc., sem esquecer a gestão do calendário Online (é favor ler o Turiscópio: "Eventos Europa Online", na edição de 3 de Outubro de 2008, do semanário PUBLITURIS). Este conselheiro especializado do CNT deverá trabalhar em articulação com os gestores dos recintos mais adequados para se poder tirar o melhor partido desta importante vertente do turismo contemporâneo. Atribuir aos Congressos e Incentivos em Portugal uma marca, um símbolo, um padrão e uma qualidade exclusiva.

6 - TURISMO CULTURAL - representando o movimento de preservação, gestão e projecção do património monumental, portanto, em estreita articulação com o Ministério e agentes da Cultura, este conselheiro do CNT deverá ser capaz de fomentar o associativismo e dinamizar as melhores práticas culturais afectas ao Turismo, nomeadamente no apoio a concursos e festivais da GASTRONOMIA, FOLCLORE (praticamente morto desde que deixou de haver concursos), ARTESANATO, RECRIAÇÕES HISTÓRICAS, ATELIERS, WORKSHOPS, iniciativas dos museus como exposições temáticas, jornadas ou semanas da música, escultura, estilos de arte, etc. É também conveniente dinamizar os roteiros dos estilos artísticos e organizar uma grande exposição temática por ano, no DESTINO MAIS DINÂMICO no ano anterior.

7 - TURISMO DE INTERIOR E EXCURSIONISMO - é urgente a dinamização do EXCURSIONISMO PELO INTERIOR e de iniciativas viáveis para atrair turistas nacionais e estrangeiros ao interior do País, incluindo sete vertentes:
(A) Turismo RURAL - opções de AgroTurismo, ROTAS DE VINHOS, ENOTURISMO e as CONFRARIAS; ROTAS DA FRUTA (amendoeiras de Trás-os-Montes e Algarve, cerejas do Fundão, etc); FESTAS DAS VINDIMAS e de SÃO MARTINHO; apanha da AZEITONA, CASTANHA, COGUMELOS; FEIRAS DO FUMEIRO, CERÂMICA, MEL, etc; das ALDEIAS HISTÓRICAS, MONTES ALENTEJANOS, QUINTAS, POMARES, ALBUFEIRAS E RIOS, criadores de CAVALOS e TOUROS, etc. e dinamização das TRADIÇÕES DO CARNAVAL PORTUGUÊS e outras no meio rural, como o OVIBEJA, etc.
(B) Turismo TERMAL - agora modernizado e promovido a Turismo de BEM-ESTAR, com algumas dezenas de excelentes SPAS em operação.
(C) Turismo de SAÚDE - ainda não temos uma oferta razoável de estabelecimentos para REFORMADOS, IDOSOS, CRIANÇAS e ADULTOS EM CONVALESCENÇA, nem para DEFICIENTES, mas a rede já vem sendo desenhada e construída em força por todo o País, nomeadamente já há clínicas privadas especializadas em certas cirurgias (à moda da Suíça).
(D) Turismo de NEVE - apenas praticado na Serra da Estrela e, ainda, sem grande expressão internacional, mas a merecer já um palco de debate e apoio nas duas vertentes Desportos de Inverno e Turismo de MONTANHA.
(E) Turismo de NATUREZA na vertente Rural, destacando-se algumas iniciativas de aproximação das áreas de protecção natural ao meio rural envolvente e ao turismo(é favor ler a Secção dedicada a esta actividade turística).
(F) EXCURSIONISMO - Há, além do INATEL, igrejas, escolas, clubes de excursionismo e empresas de circuitos turísticos com vastas redes e opções de excursões pelo País. Há, pois, neste caso, que desenvolver ROTEIROS HISTÓRICOS (monumentos pré-históricos, românicos, góticos, manuelinos, barrocos, maneiristas, arte nova, etc.) e TEMÁTICOS (castelos, solares, palácios e jardins reais e conventos e igrejas), para se promover TURISMO com objectivos mais virados para a descoberta dos TESOUROS do MEIO RURAL. Mas dada a generalizada dificuldade de acesso ao meio rural, a maior aposta do Turismo do INTERIOR terá de ser para apoiar, melhorar e divulgar os programas de EXCURSIONISMO que proporcionem e facilitem esse acesso a maior número de turistas estrangeiros.

8 - TURISMO RELIGIOSO - é preciso um porta-voz dos Roteiros Lusos da Fé. Não faltam ROMARIAS, grandes SANTUÁRIOS MARIANOS (Fátima, Vila Viçosa, Braga, Viana do Castelo, etc.), outros SANTUÁRIOS, TEMPLOS e DIOCESES ávidas de dar a conhecer aos crentes estrangeiros, os seus tesouros artísticos e as suas iniciativas tradicionais. Temos de divulgar mais as manifestações de Fé da Igreja Católica e não só - os Roteiros das origens do Judaísmo, Islamismo e outras igrejas em Portugal. Temos de dar maior brilho e projecção às SOLENIDADES PASCAIS e dos REIS, entre outras. Temos que programar melhor as festas profanas associadas à Igreja, como os SANTOS POPULARES em Junho, as ROMARIAS no Verão, etc. E poderemos, por exemplo, "seleccionar" anualmente a efeméride de um Santo, de um Milagre, de uma Lenda, ou organizar Jornadas Internacionais da Juventude, de Idosos, de Doentes, ou das diversas ordens religiosas, para atrair às igrejas e templos de Portugal mais peregrinos. Há muito trabalho a fazer nesta secção do CNT.

9 - TURISMO DE LITORAL - coordenar as actividades balneares nas praias, hotéis e resorts; coordenar os eventos de cada época, organizar programas de animação espalhados ao longo de todo o ano (além do ANO NOVO e CARNAVAL), aproveitando as ofertas promocionais lançadas na baixa estação, seja com projectos ALLGARVE, ALLOESTE, ALLNORTE, ou ALLESTORIL! Aliás, a PRAIA é o produto português com maior projecção nos fluxos oriundos do exterior e domésticos. Quando se fala de Turismo em Portugal fala-se de PRAIA. Ora quando uma boa equipa está a ganhar campeonatos todos os anos, deve-se ser estimulada. Não penalizada. O Turismo de Litoral tem três vertentes: BALNEAR, DESPORTIVA e ANIMAÇÃO NOCTURNA (festas, galas, shows, nas praias, em recintos urbanos ao ar livre (estádios, parques, ou monumentos), ou em casinos, hotéis, bares e discotecas, etc. Um CNT dinâmico e pro-activo pode dar outra dimensão ao agora (mal) chamado Turismo de SOL e PRAIA.

10 - TURISMO URBANO - de facto, as cidades constituem o maior pólo dinamizador dos grandes fluxos de turismo, por isso faz todo o sentido a inclusão da secção de Turismo Urbano no CNT, onde além se concentram as características das restantes 14 áreas estratégicas seleccionadas. Aliás, CLUSTER significa aglomeração (de actividades económicas, quando aplicado à economia). Ora é nas cidades que se aglomeram todas as actividades de uma região, ou país! Por isso faz todo o sentido o intercâmbio com outros clusters associados do Turismo, tais como: COMPRAS (COMÉRCIO tradicional e ceoncentrado nos grandiosos SHOPPING CENTRES), MODA, CALÇADO, ENO-GASTRONOMIA, ARTES PLÁSTICAS, MUSEUS, EXPOSIÇÕES, ARTE POPULAR, CIRCUITOS TURÍSTICOS DE PENETRAÇÃO PARA O INTERIOR E LITORAL, etc. Há 20 milhões de turistas que visitam as cidades e que são compradores potenciais da nossa oferta de artesanato, diversões, moda, etc.

11 - JOGO e CASINOS - temos três casinos no Algarve, dois no eixo Lisboa-Estoril, três no eixo Figueira da Foz, Espinho, Póvoa de Varzim; um em Chaves (Turismo de Interior) e outro na Madeira. Não esquecendo os futuros Casinos de Tróia e S. Miguel (Açores). No total e dentro de poucos anos serão 12 casinos, que merecem uma política adequada de promoção externa e representação no seio do novo CNT. Os casinos devem continuar a ter a obrigação de fomentar a programação de eventos culturais, desportivos e sociais junto da comunidade envolvente. Só por isso, a respectiva associação merece a Medalha de Mérito Turístico

12 - TURISMO DE NATUREZA (ou TURISMO VERDE, ECO-TURISMO) - esta vertente é uma das grandes realidades do Turismo contemporâneo, mas ainda é pouco explorada e sistematizada, na óptica política e empresarial, em Portugal. Não conheço uma única "âncora lusa" de Turismo de Natureza, com forte projecção internacional, para além da OBSERVAÇÃO DE AVES. Os Parques Naturais, em geral, também pouco se importam com a articulação ao Turismo. De resto, a paisagem interior está hoje adulterada com os aero-geradores de energia eléctrica. Talvez o ALQUEVA quando tiver capacidade de alojamento, possa ser a nossa âncora do Turismo Natural? Certamente, a MADEIRA E OS AÇORES! Por isso, o CNT deverá debruçar-se sobre todo o potencial existente nesta área.

13 - TURISMO INSULAR - A Madeira é o mais antigo e consolidado destino turístico português. Enquanto os AÇORES constituem uma forte promessa de incremento turístico, nas áreas da Natureza e do Mar. Portanto, ambos os arquipélagos merecem igualmente uma representatividade autónoma no novo Conselho Nacional de Turismo. Países como a Grécia, a Espanha e a Itália já praticam um grau avançado de Turismo Insular. Uma "especialização" a merecer a atenção do novo CNT.

14 - TURISMO SOCIAL - Fomentou-se o divórcio entre o Turismo comercial e o social. Não sei porquê, apesar da FNAT (e, depois, o INATEL) ter sempre acordos de intercâmbio com instituições paralelas, pelo menos, em Espanha e em França. E espanta-me a União Europeia, sediada em Bruxelas que foi a sede do Bureau International de Tourisme Social, se ter alheado deste fenómeno. Sempre tendo presente que Portugal deveria alcançar um papel mais activo na internacionalização da organização do Turismo, uma secção de Turismo Social no novo CNT poderá ser uma óptima oportunidade de afirmação da nossa longa experiência nesta área.

15 - TURISMO RECEPTIVO (TURISMO-MIX) - o principal objectivo de qualquer programa de promoção turística (idealmente multi-lateral) é atrair mais turistas estrangeiros com maior poder de compra. Os turistas domésticos também, embora exijam uma promoção diferente (à escala interna). Para isso é necessário qualificar a oferta, através de um novo OBSERVATÓRIO DA CONCORRÊNCIA (directa, face ao nosso modelo de oferta: nomeadamente por parte da Grécia, Espanha, Turquia, Croácia, Egipto, Tunísia, Marrocos, etc). Este OBSERVATÓRIO deverá ser constituído por uma mini-estrutura enquadrada por um núcleo de "experts" voluntários das universidades e escolas superiores e secundárias com cursos de turismo, assim como das empresas consultoras nacionais e estrangeiras (em planeamento regional, urbano e turístico, e marketing e distribuição) estabelecidas em Portugal e que costumam fornecer trabalhos e estudos especializados aos organismos oficiais, autarquias, associações e empresas do sector. A questão está em seleccionar um "porta-voz" de tantos interesses alargados, que seja capaz de adoptar uma orientação firme e independente no seio do CNT.
Também considero oportuna a necessidade de, neste escalão do TURISMO RECEPTIVO, se acolher no CNT os representantes das entidades e pólos de promoção turística, em processo de organização. Creio que agora somam 12 - uma grande vantagem em relação aos 29 anteriores (19 regiões de turismo, seis juntas de turismo, duas regiões autónomas, duas áreas metropolitanas, etc. - e de vez em quando também apareciam já os representantes das cinco-regiões plano, que, aliás, têm muito a intervir no planeamento e ordenamento regional). Por outro lado, estes novos representantes regionais ou zonais, a integrar o novo CNT, devem aceitar a lógica da complementaridade das suas vantagens âncora sem insistirem mais no domínio da rivalidade crua. É conhecida a concorrência, por exemplo, entre o Norte do País e o Algarve. Os representantes das outras áreas turísticas devem é melhorar e qualificar a sua oferta (como agora estão a fazer no Norte, com a construção do resort modelo Douro41, em Castelo de Paiva) e não "agredindo" o Algarve!


CONVITE - Esta sugestão não passa de mais um documento de trabalho da minha autoria. Por isso, estou aberto a outras sugestões, outros caminhos, incluindo aumentar as 15 Áreas Estratégicas apontadas para um nível razoável.
Se esta minha sugestão fosse aceite, teriamos já um elevado número de conselheiros: 15 entidades e serviços oficiais, 10 entidades e pólos regionais e locais, 10 associações empresariais (incluindo a CTP), 10 associações profissionais e sindicatos, e 15 especialistas das áreas estratégicas. No total já são 50!
Ora, trabalhando para a iniciativa privada, desloquei-me sempre às sessões do antigo CNT (em Lisboa, Luso, Porto, Algarve, etc.) por minha conta. E como fui assessor não remunerado, creio que "voluntários" como eu há poucos. Por outro lado, a logística de deslocar mais de 50 pessoas para um CNT descentralizado (ideia que agrada) não deixa de ser dispendiosa. E atravessamos mais um período de grave crise financeira! É apenas mais um alerta! A comprovar que esta proposta precisa de maior reflexão e outros contributos!
Humberto Ferreira, Lisboa, 13 de Outubro de 2008 (actualizado em 29 de Outº. 2008)

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Thursday, October 02, 2008

 
O RESUMO DA CRISE FINANCEIRA 2007/2008


NA SEQUÊNCIA DA CRISE SUBPRIME USA E DO CONTÁGIO À ESCALA GLOBAL:
ADEUS AO NEO-LIBERALISMO.
MORTE ATRIBUÍDA A FALTA DE REGULAÇÃO MAIS FORTE!

Por Humberto Ferreira (texto actualizado em 20 Outubro 2008)

Iª PARTE - IMPLICAÇÕES POLÍTICAS
1 - Depois da aguda crise financeira global, que atravessamos, é que muitos portugueses compreenderam, finalmente, duas coisas novas:
1ª - que os conselhos de administração das grandes sociedades anónimas (também podiam ter inventado um título mais fácil = por exemplo: simplesmente administração) passaram a ser designados como conselhos de 'governança'(mais adequado do que "governação").
2ª - que as direcções gerais dos ministérios têm tendência para acabar e serem substituídas por organismos reguladores (autoridade, entidade, instituto ou agência) no que toca ao licenciamento, pedido de fusão, ou fiscalização dos deveres empresariais, fiscais e financeiros das sociedades e grupos económicos, divididos por actividades e sectores - da concorrência à energia, comunicações, transportes, água, ambiente, comunicação social, etc.- de acordo com as normas europeias da livre concorrência.

2 - Noto que, apesar do 12º ano de escolaridade e de certas licenciaturas à medida (além das novas oportunidades - para quem nunca gostou de estudar, poder ultrapassar os que estudaram e trabalharam direitinho mas nunca se inscreveram num partido!), muitos jovens com quem me cruzo, não fazem a mínima ideia nem dos movimentos políticos nem da articulação destes com o actual sistema financeiro e económico global. Assim, sem tempo para grandes pesquisas nem maior rigor histórico, creio que seja útil avançar com uma panorâmica político-social sobre esta grave crise global, cujo paralelo mais óbvio foi a Grande Recessão Mundial de 1929, também iniciada na Bolsa de Nova Iorque há 80 anos.

3 - Os cinco pilares da vida contemporânea são a Política, a Economia, a Sociedade, o Conhecimento e a Justiça. Cada um dos quais deve evoluir no sentido do progresso e do bem-estar das diferentes camadas da população.
Ultrapassada a fase da Nobreza, Clero e Ralé; ou a do Absolutismo (onde o Poder Real, apoiado nas Forças Armadas como garante da ordem pública, visava apenas o bem-estar dos aristocratas dependentes); e a das ditaduras militares, por vezes protagonizadas por civis como Salazar, creio que, na Europa, já não há espaço nem ousadia para golpes de coronéis ou outros "iluminados"!
Convém também visitar (através dos livros) as fases do Liberalismo no séc. XVIV, a qual gerou múltiplas facções pró e contra, impedindo o progresso; e da I República (medrada no ódio pessoal entre os seus utópicos criadores).
Portugal não tem tido sorte nem com os sucessivos regimes nem com os sucessivos políticos. Todos muito individualistas, como a maioria dos nossos futebolistas. Gostam é de brincar na areia sozinhos com a bola! Ou de forçar os outros a jogar para eles brilharem!

4 -Qualquer comunidade não é constituída apenas por indivíduos da mesma nacionalidade, nem com as mesmas habilitações, competências e aspirações, nem dentro do quadro geral da solidariedade e tolerância. A norma é cada qual puxar pelos remos à sua maneira e de molde a favorecer mais os seus objectivos. Por isso, sempre que um núcleo se arroga ter mais poder e direitos que os demais, gera-se uma crise, que pode conduzir a um conflito social ou armado. Por vezes à dimensão mundial!

5 - Também não há estados ou regimes utópicos. Deve haver, sim, sistemas político-sociais capazes de evoluírem gradualmente para melhorar o nivelamento dos índices de bem-estar geral.
Pelo contrário, o poder discricionário, a ganância, a corrupção e a intolerância são instrumentos que devem ser PRONTAMENTE denunciados às autoridades competentes, além de serem também combatidos pelos cidadãos, a nível individual e associativo, para serem banidos de cada comunidade ou bloco pela ... Justiça adequada a cada época.
Ontem como hoje, sempre que estes instrumentos negativos se sobrepõem ao mérito, ao saber e à capacidade individual, afectando a produtividade e a solidariedade, há um grande número de pessoas inocentes a sofrer as consequências.
O verdadeiro - o primeiro - objectivo da política é evitar estes conflitos! Mas os políticos preferem o combate permanente com os "adversários", para ficarem o mais tempo possível na cadeira do poder. Trabalham para o voto. Resolver problemas dizem, é da competência dos organismos e autoridades em que eles mandam! A eles basta-lhes encomendar e aprovar leis. Dão um péssimo exemplo todos aqueles que actuam assim Pois a sociedade civil paga impostos é para políticos, funcionários e autoridades lhes resolver os problemas colectivos, não individuais. O mal é que acabamos por ficar anos à espera de qualquer pequena melhoria prometida ao serviço público.

1º RESUMO - PORTANTO, a actual crise financeira tem origem na introdução de um complexo, alargado, e errado sistema de governo, por um lado, e de administração da banca e instituições paralelas de crédito, por outro. Agravado com o desinteresse da sociedade civil!

REGENERAÇÃO PRECISA-SE (NÃO PROPRIAMENTE DE UM PARTIDO REGENERADOR!)
6 - São tantas as diferentes designações dos políticos e executivos contemporâneos, que as responsabilidades se diluem, permitindo-lhes algumas grandes safadezas. Umas em proveito próprio, outras em proveito directo das suas seitas religiosas, étnicas ou elitistas.
O sistema está tão podre como outros anteriores, sendo de destacar a mais recente experiência dos regimes comunistas, de 1917 a 1989, de que restam alguns resistentes hoje. Convém lembrar que a teoria marxista aplicada na Rússia foi desviada por Lenine e Estaline da respectiva linha original, passando a ser conhecida por marxista-leninista. Sendo ainda adoptada pela linha ortodoxa do PCP e por ...Fidel & Irmão, em Cuba. Hoje, já nem na China Popular é seguida.

II PARTE - COMPLEXO XADREZ EUROPEU
7 - Nas últimas quatro décadas de prosperidade artificial - onde uns acumulavam cada dia maior volume de riqueza e outros caiam de degrau em degrau na pobreza mais humilhante - ninguém sabe quem verdadeiramente manda nas comunidades e nas instituições, e poucos dão a cara na hora da bolha rebentar!

8 - Este longo período corresponde à evolução do neo-liberalismo, ou, se preferirem, o eufemismo mais usado de "sistema de economia de mercado". Com efeito, este nivelamento por baixo dos Estados, aponta para "emagrecer" os governos e os variados serviços oficiais (das suas inalienáveis responsabilidades), encomendando-os a empresas privadas. Sem melhoria para os utentes.
Funções como a cobrança de taxas e impostos, e a emissão de documentos e certidões exigidos pela burocracia, passam a ser executados, em regime de outsourcing, após adjudicação por concurso público.
Estão a ver? Raro tem sido o concurso público realizado em Portugal nas últimas décadas, que não segue para recurso judicial! Demorando anos a resolver! O que convém à magistratura e aos advogados de topo!

9 - Isto traduz, por um lado, a vitória das propostas neo-liberais no século XX e, por outro, a capitulação dos socialistas e trabalhistas europeus (começando pelos sociais-democratas escandinavos nas décadas 60/70) face ao "primado do mercado", que sucedeu ao fracassado centralismo comunista.
Mas representa mais: a derrota do modelo conservador, demo-cristão ou popular europeu - os partidos da direita democrática. Hoje com pouca representatividade em Portugal e noutros países.
Os extremos acabam quase sempre por se tocar! Neste caso a direita foi derrotada pelos socialistas moderados, que se auto-intitulam de "socialistas modernos" ou "socialistas-democráticos"? Talvez para esconder as ideias neo-liberais previamente importadas pelos conservadores!
Mas quando muda o regime (como em Itália, Grécia, Espanha, antigas repúblicas comunistas da Jugoslávia, ou Rússia)não significa que mude para garantir o bem-estar da população - além do usufruto da liberdade de expressão. Mudam também os políticos, mas acabam por revelar o apego ao poder e a exigir juntamente com algum abuso, mais sacrifícios para as populações. Portugal cabe bem neste parágrafo!

2º RESUMO - PORTANTO, sem revolução (pelo menos na maioria dos países, até na Espanha), assistimos nos últimos 40 anos, a uma mudança gradual na Europa do modelo de governo e da gestão empresarial. Os antigos patrões foram sendo substituídos por magos dos negócios, com intocáveis diplomas de um rol restrito de universidades mediáticas, nos EUA e na Europa, contratados a peso de ouro. E os antigos tribunos políticos foram substituídos por "mestres e doutores da ciência política contemporânea", igualmente diplomados por prestigiadas universidades ... algumas católicas!

IIIª PARTE - IMPLICAÇÕES ECONÓMICAS GLOBAIS
10 - Esta moda também contagiou, assim, Portugal, onde os dois maiores partidos, hoje praticamente não projectam diferenças visíveis.
Apenas, na base teórica de raízes ideológicas antigas: o PS assume-se como representante da "esquerda democrática europeia", enquanto o PSD diz-se do "centro popular europeu. Mas ambos seguem a mesma cartilha! O prejuízo vai para o PSD que é conhecido como partido de direita e teve que se filiar no Partido Popular Europeu (dos conservadores), pois a quota lusitana estava já preenchida pelo PS. Portugal até nisto projecta uma excepção na Europa! Aliás, todos os partidos portugueses estão mal "baptizados". O PS deveria ser PSD, o PSD Partido Liberal, o CDS podia estar inscrito no bloco do Sr. Le Pen, o BE na Central Radical. O PCP é a excepção, mas que saiba a Internacional Comunista já nem funciona.

11 - Enquanto há países europeus onde o poder é normalmente alternado entre outros partidos com nomes diferentes, sabe-se que acabam por ser invariavelmente associados na Internacional Socialista ou no Partido Popular Europeu. O resto é paisagem ...
Os liberais e outros derivados já têm pouco eleitorado. Os radicais também. Talvez a excepção seja a extrema direita em França e na Áustria ...
Depois há uma série de partidos marginais, que deveriam começar por divulgar quais as suas fontes de financiamento? Não serão produto da tese: "Dividir para reinar"? A dúvida persiste ...

12 - Em relação à confusão que reina em Portugal - o PS e o PSD costumam ter, na restante Europa a 27, objectivos comuns aos das respectivas centrais internacionais - sabendo-se à partida que os sociais-democratas europeus pertencem à Internacional Socialista e os conservadores ao Partido Popular Europeu.
Mas a prática política também ficou baralhada, quando os sociais-democratas, socialistas, ou trabalhistas europeus adoptaram a terceira via (Blair, Guterres e outros incluindo Sócrates) - muito semelhante à corrente neo-liberal herdada pelos conservadores. Isto é, andam todos em busca da felicidade, a roubar a ideologia uns aos outros, depois de tanta experiência fracassada!

3º RESUMO - PORTANTO temos vivido, tanto com o PS como com o PSD no poder, sob o modelo neo-liberal, que aposta no "primado do mercado".
Ora, pergunto, não poupariam tempo, fundos e paciência, alcançando resultados mais práticos, se a política nacional se enquadrasse sem desvios em três grandes grupos: direita, centro e esquerda?
Lembro também que os comunistas lusos envergonhados do vermelho, passaram a usar azul ou verde na sua propaganda! Não esquecendo as deserções, fracturas e ódios pessoais cultivados na actividade política!

CONTÁGIO UNIVERSAL
13 - Este modelo neo-liberal tem sido adoptado, com diversos nomes, na América do Norte, na Ásia, Oceania e até em certos países da América Latina, pelo menos durante alguns períodos, apenas com algumas ligeiras particularidades. Basta chamar ao Partido Democrático o PS ou PSD, e ao Partido Republicano o Partido Conservador. Chamam a isto criatividade e diversificar as opções políticas proporcionadas a cada povo. Por mim, serve antes para confundir o eleitorado - já de si pouco alfabetizado em diversos países ... cujos dirigentes deveriam combater em primeiro lugar a ignorância.

14 - Subsiste na América Latina uma crescente vaga de descontentamento caracterizada pelo acesso ao poder de populistas de esquerda, cujo principal "inimigo" é o povo norte-americano! Por sua vontade seriam eles próprios a eleger os Presidentes dos EUA...
Enquanto na Ásia, subsistem duas potências comunistas: República Popular da China - onde já funcionam dois sistemas combinados (comunista e de economia de mercado) nos territórios de Hong Kong, Macau e em certas províncias e praças financeiras, como Xangai; e o Vietname - a última herança negativa do colonialismo francês; a par de algumas ditaduras militares de direita - na Coreia do Norte, Birmânia, etc.

ORGULHOSAMENTE SÓS TAL COMO COM SALAZAR
15 - A adopção ainda encapotada do neo-liberalismo em Portugal, pela actual liderança do PS, aposta em menos Estado, menos despesa pública, mais impostos e mais caridade social.
Eu não alinho nesta política. Mas a maior parte dos eleitores adoram-na! A constatar a frequência das vitórias eleitorais do PS nas legislativas.
Em democracia, sujeito-me aos resultados, mas tal como largos milhares de opositores não me calo! Não aprovo a maioria das medidas que o PS vai ciclicamente tomando, sem dar voz à oposição e sabendo, que dentro de alguns anos, tudo o que tem legislado (contra os juízes, magistrados, militares, polícias, professores, estudantes, médicos, farmacêuticos, funcionários públicos, notários, comerciantes, agricultores, até os próprios autarcas, reformados - todos os anos cortam-me benefícios)irá ser revogado!
Ainda não temos o culto do consenso interpartidário!
Ouvindo o actual Primeiro Ministro discursar diariamente na TV, faz parecer que veio, qual Messias, para salvar os portugueses da inépcia de todos os seus adversários políticos!

16 - Mas com esta crescente alienação parcial de responsabilidade para os privados, o executivo de Lisboa vai deixar de ser o maior empregador nacional, livrando-se da maior folha mensal de salários! E está a "emagracer" o Estado em muitas áreas sensíveis como as da Segurança Pública, Saúde, Justiça e Regulação (eufemismo de fiscalização ou inspecção. Não sei a razão, mas em paralelo com as novas entidades reguladoras, continua a haver inspecções-gerais e institutos nas diversas áreas em que o governo está dividido? Afinal, o partido no poder tem que arranjar o maior número possível de "jobs for the boys". O poder nas democracias não se prolonga por décadas!

17 - Ora foi, com a desculpa dos Estados mais "magros" (com menos pessoal, menos meios e menos vontade de fiscalizar) que se deu e desenvolveu seu esta crise global!
Esta obsessão pelo corte de despesas públicas é tão grande (para poderem gastar nas mordomias inerentes, nas viagens frequentes e na organização de faustosos eventos - como a assinatura do Tratado de Lisboa - de que passado menos de um ano, já ninguém se lembra nem serviu para nada)que todos os novos "organismos reguladores" passaram a ser financiados não pelo Orçamento de Estado mas, através da cobrança de taxas e licenças, pelas próprias empresas que regulam (como a autoridade da Comunicação Social - que, à partida se traduz pela Nova Censura), deixando o Estado livre de encargos na organização dos serviços públicos de primeira linha.

4º RESUMO - PORTANTO os privados que paguem impostos mais taxas para serem 'regulados', multados e inspeccionados.

18 - O pior é que esta teoria acaba por ter um custo demasiado elevado. Primeiro, duplicando os custos anteriores à sua criação. Segundo, criando espaço para nova troca de favores, entre regulados e reguladores. É tão claro como a água da nascente, mas a maioria dos nossos políticos sofre de ... cataratas! E pensa que o povo é estúpido!

19 - Depois não perguntam como eram os tempos em que o chefe de repartição era equivalente a coronel e conhecia todo o expediente do seu ministério. Figuras exemplares, que davam a cara no quotidiano face aos problemas da gestão pública! Até os chefes das repartições de Finanças, hoje são directores de Finanças e vão cometendo milhares de erros, a avaliar pelas reclamações dos contribuintes ...
Além disso nesta fase experimental da regulação da concorrência, o governo vai nomeando e exonerando directamente, ou através da sua maioria parlamentar, os altos "reguladores" de acordo com os interesses directos do partido no poder. Sem esquecer que no país dos brandos costumes, só se mudam os nomes...de resto fica tudo na mesma! Olhem o exemplo das casas atribuídas pela Câmara de Lisboa ... Um mimo da imparcialidade e democracia lusa!

20 - Mas, por acaso, não me incomoda este caso da CML, antes pelo contrário. Penso que cada município, dentro das suas posses, deve ceder casas, ateliers e até ajuda a artistas, escritores, atletas, jornalistas e outras figuras de relevo na zona, que se encontrem em condições desfavorecidas. Já não admito que funcionários (directores ou motoristas) do próprio município tenham a mesma ajuda!Estarei a ser injusto? Creio bem que não!

5º RESUMO - PORTANTO nem a democracia nos livrou da praga das cunhas e dos favores políticos aos simpatizantes de cada partido!

1V PARTE - MAS NÃO É SÓ CÁ QUE A REGULAÇÃO ANDA PELAS RUAS DA AMARGURA
20 - Voltando à crise global de crédito: FOI aprovado à pressa e a ferro quente, o pacote Paulson-Bush de 700 mil milhões de dólares para o Tesouro Americano poder intervir na nacionalização dos fragilizados bancos, seguradoras e casas de crédito hipotecário, convém avisar que não se trata de uma nova ordem administrativa mas simplesmente da aplicação nos EUA das novas directivas comunitárias de apoio a instituições de crédito ameaçadas de falência.

21- Trata-se apenas de um primeiro adeus ao "primado do mercado" - que, aliás, foi sempre condicionado pela maioria dos políticos no poder na Europa.

6º RESUMO - PORTANTO não é ainda o grande remédio económico-financeiro, que deverá vir a ser aplicado com mais coragem, mais cedo ou mais tarde!

22 - Neste pacote, os congressistas dos EUA obrigaram a administração Bush, nos seus 100 dias finais:
A - a comprar activos pelo seu justo valor, de instituições de crédito com problemas de solvabilidade a curto prazo, numa primeira fase, no valor máximo de um terço dos 700 mil milhões;
B - as instituições agora apoiadas serão forçadas a compensar o Estado, se este registar prejuízos dentro de cinco anos. De contrário, o Estado poderá participar no capital das empresas recuperadas até reaver os créditos; aliás, na prática, está a verificar-se alguma dificuldade na venda de activos dos bancos e seguradoras ameaçadas, que acabam por ser nacionalizados ... NOS ESTADOS UNIDOS!!!
C - alterar as hipotecas problemáticas através da renegociação directa com os beneficiários defraudados; prolongando os prazos, reavaliando os valores dos imóveis, moderando o esforço da liquidação, etc.
D - limitar a remuneração e mordomias desproporcionais aos gestores das empresas salvas pelo Tesouro - os tais titulares de diplomas universitários de alto prestígio mas pouca experiência sobre prudência financeira; e
E - garantia de monitorização por um comité do Congresso e pela Junta de Supervisão de Estabilidade Financeira - em parte os mesmos responsáveis pelo laxismo que permitiu esta hecatombe até à data. É sempre assim. Lá diz o povo: de boas intenções anda o inferno cheio!

7º RESUMO - PORTANTO o pacote Paulson-Bush foi redigido três vezes para ser aprovado. A segunda versão foi alterada com os contributos introduzidos pelos senadores democratas e republicanos, embora acabasse por ser chumbada pela Câmara dos Representantes, enquanto a terceira foi melhorada pelas exigências desta humilhante (para Bush) reprovação.

8º RESUMO - PORTANTO, NA POLÍTICA TUDO DEVE SER FÁCIL E NÃO DIFÍCIL. Não é preciso comprovar a função política por meio de dificuldades. O objectivo dos políticos fica mais valorizado quando facilitam à primeira as legítimas aspirações e os planos equilibrados dos cidadãos, empresários, autarcas e adversários.

23 - Agora o novo pacote prevê 149 mil milhões de dólares em benefícios fiscais às empresas construtoras e promotoras imobiliárias que foram afectadas pela ruptura do crédito, o aumento da garantia federal sobre depósitos bancários (medida que se vem estendendo à Europa), e a alteração à legislação de avaliação imobiliária (o podre da questão, pois os bancários nem sabiam onde estavam as propriedades que estavam a financiar. De futuro tem que ser exigido um parecer escrito positivo, por um avaliador oficial responsável. Como é possível tanto descuido com o dinheiro dos depositantes e investidores?

IV PARTE - IMPLICAÇÕES EUROPEIAS
24 - Entretanto, o Presidente da União Europeia, vendo as barbas do vizinho americano a arder, propôs um pacote semelhante, no valor de 300 mil milhões de euros, na mini-cimeira, no passado fim de semana de 4/5 de Outubro, com os grandes "chefes" da Alemanha, França, Itália e Reino Unido, na presença dessa figura arrogante do presidente do Banco Central Europeu - a autoridade monetária da Eurolância. Mas a 'euro desunião' imperou mais uma vez. Desta feita com o veto da chanceler alemã do CDU - partido conservador para quem o mercado continua a ser a "salvação da terra e do céu" e para quem o consumidor/contribuinte alemão tem sempre razão - mesmo quando pode vir a ficar sem os seus depósitos, investimentos e poupanças - mas desde que possa continuar a viajar de avião (de preferência em avião alemão)a menos de 50 euros, para apanhar sol na Europa Meridional (incluindo Portugal... embora não cheguem cá tantos alemães como à Grécia, Turquia, Espanha e Itália! Estamos, afinal, no primado do egoísmo!

9º RESUMO - PORTANTO o "dumping" é permitido neste modelo económico da regulação da concorrência europeu e intercontinental.

25 - Já para Jean-Claude Juncker, primeiro ministro do Luxemburgo e presidente do Eurogrupo, a óptica é diferente: "Tenho pela profissão de banqueiro a mesma consideração que eles têm pela dos políticos - próximo do zero". Frase para a história!

10º RESUMO - PORTANTO é bom que se saiba que, ao abrigo da actual legislação sobre livre concorrência, ainda há políticos, ministros deputados e comissários europeus que cantam vitória quando uma empresa abre falência, deixando no desemprego milhares de trabalhadores e afectando centenas de milhares de cidadãos consumidores à beira do desemprego - desde bancos a transportadoras aéreas, desde que não seja no seu país!

26 - Onde está a responsabilidade social destes políticos e comissários? E, segundo a crónica de Manuela Ferreira Leite "Crise no Sistema Financeiro" publicada no Expresso em 4 Outubro 2008, ela também escreve que "o progresso económico implica enorme capacidade de tomada de risco e, nessa medida, exige ao sistema uma crescente sofisticação". Acrescentando: "Por isso, me surpreende a forma e o conteúdo escolhidos pelos responsáveis políticos nacionais para falar sobre a crise, porque, no mínimo, é desconhecer que o seu eficaz funcionamento é essencial ao progresso económico". Mais parece um general que se vangloria das mortes na batalha que acabou de perder!

V PARTE - FALTA DE CONVERGÊNCIA EUROPEIA
27 - Foi assim que nos últimos meses se deu a mais profunda crise global, iniciada (EM AGOSTO DE 2007) com a bolha do sub-prime na imobiliária nos EUA,logo arrastada para o Reino Unido, Espanha e Irlanda, entre outros.
Crise resultante da insuficiente regulação ao crescente risco de créditos mal-parados, e aliada à especulação bolsista e ao descaramento competitivo de alguns governos. Pior: servindo de exemplo para os gestores bancários e imobiliários privados também exercitarem os seus dotes de especulação e ganância ilimitada...
28 - Já vimos que foi a sobre-avaliação das propriedades financiadas que deflagrou a crise, quando os clientes começaram a não poder pagar as prestações mensais e os bancos começaram a querer revender essas propriedades que, afinal, pouco valem...
Talvez o caso mais singular seja o do GOVERNO ISLANDÊS, que em Outubro decidiu unilateralmente, garantir aos depositantes de contas nos bancos islandeses, o valor total dos saldos dos depósitos, em caso de eventual falência, fazendo com que milhares de depositantes europeus aproveitassem este bónus, transferindo, de um dia para o outro, as suas poupanças para aquele país - mesmo sabendo-se que o respectivo Tesouro Nacional ficaria com uma responsabilidade bancária exagerada, que duplicaria o valor do seu PIB anual. A ligeireza com que certos políticos tomam e anunciam medidas extravagantes. Não concordo com Jean-Claude Juncker!

ISLÂNDIA NA FALÊNCIA ... TÉCNICA
De facto, passada uma semana (7 de Outubro), o primeiro-ministro islandês, Geir Haarde, acaba de anunciar que o País está à beira da falência e que lhe resta nacionalizar a banca ... mas sem garantias aos depositantes! Entretanto,a Rússia ofereceu-se para intervir em auxílio estratégico do seu vizinho e da banca islandesa, com um empréstimo de quatro mil milhões de euros, destinos a injectar o seu abalado mercado financeiro. O empréstimo será por quatro anos, a uma taxa associada de 50 pontos base, ou 0,5 percentuais. DESCE, ASSIM, COM APLAUSOS EFÉMEROS,O PANO SOBRE ESTA TRAGÉDIA ENCENADA NO FRIO!
Passados 14 dias, a ISLÃNDIA continua falida, a moeda praticamente sem valor cambial, os bancos sem liquidez, à espera dos rublos!

29 - Aliás, todos os governos europeus primaram por desarticular as medidas que entenderam, sem darem o 'cavaco' nem à Comissão Europeia nem ao respectivo conselho de chefes de Estado e dos Governos Membros. Foram os casos do Reino Unido, França, Benelux, Alemanha, Irlanda, Dinamarca e Espanha.
Portugal, por (bom) sinal, só fez a declaração de garantia (aliás prevista na lei, até ao montante de 25 mil euros por conta) depois da reunião do Ecofin a 6 de Outubro, em que José Manuel Barroso lhes pediu maior espírito de solidariedade para tentar resolver a crise.

30 - A acrescentar a esta situação explosiva, aponto a continuação dos casos de guerra de preços altos nos combustíveis e matérias alimentares, e dumping nos transportes, a comprovar que neste período vale tudo: dumping, especulação, criação de produtos financeiros artificiais e bolhas imobiliárias à vista de todos menos dos banqueiros. reguladores e políticos.

31 - A bolha imobiliária está aqui bem perto, em Espanha. E deverá contagiar todo o Mediterrâneo até ao Médio Oriente. Tantos resorts para turistas que, durante alguns anos já não podem continuar a viajar a crédito como nos últimos anos?
E em Portugal, quantos fogos há para vender? Quantas casas há para inaugurar? E qual o tempo médio que os promotores imobiliários levam a vender qualquer empreendimento? Cada semana que passa a situação piora! Enfim, uma trapalhada consentida à vista desarmada!
Em Lisboa há 4680 prédios devolutos e 60 mil fogos vagos. Muitos em ruínas, abandonados. Se isto não é uma bolha imobiliária, o que é?
E em Portugal há 30 por cento das pequenas e médias empresas em situação difícil, com salários em atraso e com situação fiscal instável. Se isto não é sinal de recessão, o que documento será mais preciso apresentar?
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VI PARTE - INSTITUIÇÕES NO VERMELHO
O Expresso de 4 de Outubro traz uma lista com as instituições de crédito que já deram sinais de entrada no vermelho. Passo a resumir esta lista tenebrosa, ainda desconhecida de muitos, aumentada e corrigida dias depois:
1 - NORTHERN ROCK - banco britânico foi a primeira baixa e o primeiro a ser intervencionado pelo governo de Londres, com o apoio do Banco de Inglaterra, em Setembro de 2007.

2 - COUNTRYWIDE HOME LOANS - instituição norte-americana de crédito hipotecário socorrida em Setembro de 2007 pelo Bank of America (BoA), quando da abertura da crise.

3 - BEAR STEARNS - o 5º maior banco de investimento dos EUA e o segundo a emitir um pedido de ajuda. A Reserva Federal abriu uma linha de crédito de 30 mil milhões de dólares e o banco de investimento concorrente JP Morgan adquiriu alguns activos.

4 - CITYGROUP - o maior banco do mundo provou que quanto maior a nau, maior a tormenta. Perdeu 40,7 mil milhões de dólares (cerca de 25 mil milhões de euros) com operações de subprime. Em Dezembro de 2007 vendeu uma participação de 7,5 mil milhões de dólares (4,9%) ao fundo Abu Dhabi Investment Authority, o que lhe permitiu novo fôlego.

5 - UBS - banco suíço perdeu 38 mil milhões de dólares (23 mil milhões de euros) com em aplicações de sub-prime nos EUA e despediu 2000 trabalhadores. Dizem que é tão grande que é impossível de gerir, nem valendo a pena ser salvo...

6 - MERRILL LYNCH - banco americano de investimento, perdeu 31,7 mil milhões de dólares (19 mil milhões de euros) no mesmo produto tóxico.

7 - HSBO - outro dos grandes bancos perdeu 15,6 mil milhões de dólares ( mais de 9 mil milhões de euros) em negócios idênticos. O governo e o Banco de Inglaterra procuram uma solução que tarda...

8/9 - FANNY MAE e FREDDIE MAC - os dois gigantes americanos do crédito hipotecário, que somam 6 biliões de dólares de empréstimos mal parados. A Reserva Federal interveio em Julho de 2008.

10 - MARTINSA-FADESA - grande construtora espanhola, que abriu falência em Julho de 2008, constituindo o primeiro sinal da bolha do imobiliário a rebentar na Península Ibérica, provocando enormes prejuízos (ainda não divulgados) nas instituições de crédito nossas vizinhas.

11 - LEHAMAN BROTHERS - o 2º maior banco de investimento dos EUA abriu falência em Setembro de 2008, sem se conhecer a razão da recusa da Federal Reserve em intervir. O presidente está agora a ser ouvido pelo Congresso, tendo dito que assume a sua responsabilidade, mas que voltaria a tomar as mesmas decisões hoje se não tivesse conhecimento da situação de crise que se avizinhava, como sucedeu. Desculpa pouco convincente da parte de um banqueiro experiente habituado a viajar e a trabalhar à escala global!Dias depois, o britânico BARCLAYS anunciou a compra dos seus activos nos EUA e o NOMURA HOLDINGS do Japão mostra-se interessado na aquisição dos activos na Europa, Ásia e Médio Oriente, evitando o despedimento de dezenas de milhares de funcionários do Lehaman. Mas a oferta do BARCLAYS acabaria por se revelar uma fuga para a frente ...

12 - MERRIL LYNCH - o Bank of America compra este banco de investimento americano, sob ameaça de falência, transformando-o em banco comercial(retalho e investimento).

13 - MORGAN STANLEY - também ameaçado, encontra o banco japonês MITSUBISHI UFJ interessado na aquisição de 20% dos seus activos, sendo também transformado em banco comercial.

14 - AIG(AMERICAN INTERNATIONAL GROUP) - a maior seguradora mundial nacionalizada (parece mentira nos EUA) em 17 de Setembro de 2008, com um encargo de 85 mil milhões de euros para o Tesouro Americano.

15 - WAMU - WASHINGTON MUTUAL - é o terceiro banco americano a falir em Setembro. O banco de investimento JP MORGAN CHASE adquiriu as respectivas operações bancárias.

16 - GOLDMAN SACHS - outro banco americano de investimento é também transformado em banco comercial, antecipando-se a qualquer ameaça de falta de liquidez.

17 - WACHOVIA - banco americano também dá sinais de dificuldades. O CITIGROUP e o WELLS FARGO aprestam-se a adquirir o controlo, tendo a proposta do WELLS FARGO sido mais vantajosa.

18 - FORTIS - bastião da economia da Flandres com mais de 300 anos de actividade entra em dificuldades e os governos da Holanda, Bélgica e Luxemburgo, numa rápida acção concertada, entram com fundos públicos para o salvar. É o accionista do BCP nos produtos e aplicações de seguros.

19 - DEXIA - banco franco-belga recebe uma injecção governamental de 6,4 mil milhões de euros para sobreviver à crise.

20 BRADFORD & BINGLEY - banco inglês de crédito hipotecário responde ao apelo e nacionaliza-o. Entretanto, o SANTANDER, através do Banco ABBEY adquire parte dos seus activos.

21 - HYPO REAL ESTATE - o 2º maior banco alemão especializado em empréstimos imobiliários pede ajuda ao governo de Berlim, que lhe concede um crédito de 35 mil milhões de euros, que foi preciso, entretanto, reforçar. Só então a chanceler Markel se convenceu da crise na Alemanha, prometendo garantir condições para apoiar outros bancos em dificuldades.

22 - BONUSBANKEN - banco dinamarquês adquirido pelos concorrentes VESTJYSK E RINGKOEBING, que passam a operar em conjunto.

23 - ROSKILDE - banco dinamarquês intervencionado por um consórcio bancário.

24 - GLITNIR - banco islandês parcialmente nacionalizado através da injecção de 600 milhões de euros do Estado. Face à ameaça a outras duas instituições, o governo de Reiquejavique anunciou que garantiria até 2010 os depósitos existentes no mercado interbancário, mais as obrigações antigas e as subordinadas, desde que datadas, nos seis maiores bancos islandeses. Quatro dias depois, o governo anuncia que a crise é maior do que a estimativa inicial e que nacionaliza a banca, numa tentativa de salvação sem garantia.

25 - CREDIT SUISSE - correm rumores sobre a sua exposição face aos seus avultados compromissos.

26/29 - BARCLAYS, ROYAL BANK OF SCOTLAND (RBS), HALIFAX e LLOYDS TBS - no total são oito bancos britânicos a revelar dificuldades de 7 para 8 de Outubro, e pedindo apoio de cash-flow ao governo de Londres, que, por sua vez, vai instruir o Banco de Inglaterra para injectar um apoio de 260 mil milhões de euros. Afinal a independência do mercado é um tanto arbitrária e artificial! E nem as circunspectas instituições britânicas escapam à irresistível tentação de ganhos milionários sem uma análise profunda dos bens que apoiaram!

30 - IRLANDA - foi o primeiro governo a garantir os depósitos aos clientes dos bancos, mas pouco tem sido divulgado sobre os efeitos da crise.

31 - ESPANHA alberga uma das maiores bolhas no imobiliário turístico, mas as suas instituições de crédito têm mantido uma postura de resistência. Nesta lista há apenas uma construtora em falência desde Julho passado. A banca e as indústrias espanholas continuam a aproveitar a crise para se expandir, na hoteleria, turismo, aeroportos,obras públicas, assim como na compra do BRADFORD & BINGLEY em Inglaterra.
O governo espanhol em 7 de Outubro decidiu subir a garantia dos depósitos na banca de 20 mil para 100 mil euros por conta. O dobro da média da União Europeia. A Espanha está com uma taxa de inflação de 4,5 por cento e com 2,6 milhões de desempregados (a mais alta da Europa). Na Bolsa de Madrid, muitas empresas ficaram também seriamente afectadas pela baixa verificada nessa terça-feira negra.

32 - PORTUGAL - O BPI, BCP e BES têm descido o seu valor bolsista, respectivamente em 58,9%, 57,7% e 41,3%, enquanto a Sonae SGPS caiu 70,1%. De resto tudo vai bem neste reino dos PIGS (Portugal, Italy, Greece & Spain), segundo o ácido Financial Times. Análise repetidamente caucionada pelo chefe Sócrates, desde o 1º de Outubro.
Entretanto, a comunicação social tem feito eco que o BPN pediu um empréstimo especial de 200 milhões de euros à CGD para fazer face a compromissos inadiáveis e impossíveis de negociar na banca comercial.

33 - FRANÇA está aflita a exceder o equilíbrio das finanças públicas e o plafond de três por cento do défice orçamental, mas não se conhecem falências nem apoios estatais.

34 - ITÁLIA é o país europeu com o maior montante de garantia aos depósitos bancários na sua legislação interna. Vem atravessando uma crise económica grave, devido a greves e agitação social. Mas conseguiu, em Setembro, salvar a Alitalia da falência, através de investidores italianos e com um programa blindado aos estrangeiros (resta saber se virá a ser aceite pela Comissão Europeia e se esta crise não dificultará o financiamento indispensável para a continuação dos voos?
Até à data, não há conhecimento de qualquer anomalia na banca, seguradoras ou instituições hipotecárias.

35 - COMISSÃO EUROPEIA - Propôs aos 27 ministros das Finanças a criação de um Fundo de Emergência semelhante ao dos EUA e pediu aos 27 Estados Membros para subir os montantes de garantia aos depositantes nos seus bancos para 100 mil euros por conta e num prazo razoável. Em Portugal é apenas de 25 mil euros por conta, pagos num prazo de três meses.
No dia 8 de Outubro, com o Ecofin reunido em Bruxelas, os governadores dos bancos centrais europeus, ultrapassaram o BCE e o seu presidente (que só pensa no perigo do crescimento da inflação, como se ele a pudesse ainda controlar, com a injecção de tantos milhares de milhões de euros nos mercado financeiros), anunciando a redução da taxa directora europeia de 4,25% para 3,75%. Um alívio para a banca e para as empresas europeias. Medida que continuará a ser apoiada por mais injecções de moeda na banca, para garantir as operações correntes até à situação se equlibrar.
Pena que a taxa Euribor continue a subir. A 8 de Outubro bateu o recorde de 5,438 por cento a seis meses. O valor mais elevado desde 1995.
Por fim um relatório do FMI de 7 de Outubro aponta para a necessidade da banca precisar de 500 mil milhões de euros para se recompor. Ora bem, só a Federal Reserve dos EUA entre o pacote de 700 mil milhões de dólares e a compra de sucessivos activos dos bancos que ameaçaram falência (com excepção do Lehaman Brothers) soma esse montante. Mas a crise de falta de confiança interbancária continua a revelar-se, especialmente, nas bolsas. A terça-feira 7 de Outubro foi o dia mais negro para o mercado bolsista de Nova Iorque a Tóquio e de Londres a São Paulo. Com as empresas cotadas a perder somas astronómicas.
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VII PARTE - IMPLICAÇÕES ÉTICAS
32 - Como escreve ironicamente Luís Marques no Expresso (4 Outubro 2008), "em Portugal não há ganância,ninguém especula, não são conhecidas fortunas inesperadas ou suspeitas, praticamos a melhor redistribuição de rendimentos, os bancos são sólidos e têm remunerado generosamente e na hora os accionistas, cumprem boas práticas de gestão ... enfim vive-se num oásis. Aliás num deserto."
Mas é só nosso! Tal e qual como na época de Salazar!

DAS VACAS LOUCAS A MELANINA NO LEITE
33 - Gato de rabo escaldado tem medo! Pois tem havido por esse mundo vários surtos da doença das vacas loucas (provenientes de rações com farinhas animais destinadas a herbívoros), a gripe das aves, medicamentos perigosos e alimentos com componentes incompatíveis, como agora o caso de leite e lacticínios na China, sem se conhecerem e sem serem julgados os responsáveis.
Por isso se diz que a culpa morre sempre solteira!
Os cumpridores pagam e não podem reclamar. Os outros abusam, ganham fortunas com a desgraça alheia e safam-se para um país sem extradição!

34 - Cientistas (descobrem novas farinhas animais), técnicos (usam os animais que lhes estão confiados, como cobaias), empresários (querem quase sempre gastar menos e comprar do mais barato para ganharem mais e mais ...), agricultores (esquecem as antigas normas ensinadas pelos antepassados), importadores (compram gato por lebre...), ou reguladores (se havia antigos fiscais subornáveis, agora há reguladores que nem detectam os efeitos colaterais, como foi provado no recente caso da alimentação das vacas loucas). Todos juntos contribuíram, impunemente, para esta epidemia, que causou mortes e avultados prejuizos.

35 - Alguns agricultores ainda receberam compensações da UE e do governo. Acabando por sair incólumes pela porta maior da 'agricultura do choradinho'. O PR foi agora ao Norte visitar as melhores explorações agrícolas de jovens, denunciando os empresários que vivem encostados ao Estado! Bonito! Só não sei quem acaba por custar mais aos contribuintes? Se os empresários subsídio-dependentes? Ou se os tecnocratas que poluem a pobre democracia lusitana?

36 - Os actuais organismos reguladores aparentam ser altas estruturas virtuais! E a fiscalização no terreno (pelo menos cá) só actua a horas marcadas com a garantia de reportagem na TV!
Mas, mesmo a nível mundial, aposto que os reguladores vão acabar por pagar os bónus 'devidos' aos executivos da banca, seguros e aplicações financeiras, correspondentes à partilha dos 700 mil milhões de dólares americanos que lhes vão ser creditados de mão beijada pelo Tesouro Americano, durante os seus inesquecíveis mandatos à frente das 'Corporações do Século XXI Prafrentex' (High Street Corporate Enterprises).

37 - E, já agora, que tal proporem a um par de atrevidos executivos destas milionárias falências, a honrosa nomeação os próximos Prémios Nobel da Economia e da Paz? Assim é que a 'desgovernação' ficaria completa e devidamente reconhecida na História!

38 - Na Lusitânia, os fiscais viraram inspectores, porque ganharam má fama. Agora os reguladores andam mais afastados. Actuam nos gabinetes e, claro, ganham a dobrar! Alguns até actuam em duas funções. Licenciam e emitem instruções num dia, para no dia seguinte irem fiscalizar o que mandaram fazer. Portanto, nunca se põe em causa o teor da legislação e normas.
Ora é sabido que muito do nosso atraso e desperdício é causado por leis mal redigidas, com escapatórias específicas. Vejam como os advogados foram poupados nas diversas investida do governo às diversas corporações?
Enquanto ministros, deputados e altos funcionários assobiam para o lado e deixam cansar os manifestantes! Os reguladores dizem que não foram eles que aprovaram as normas (como no caso da Asae) e os ministros e deputados também dizem que os diplomas foram encomendados a reconhecidos técnicos. Quer dizer: as três funções são mal feitas - legislar, aplicar e regular (o eufemismo para fiscalizar)! E o eleitor paga!

39 - Com efeito, lembro-me apenas de dois processos de responsabilidade interpostos pelo Ministério Público: um contra Leonor Beleza, por ser a ministra da Saúde que importou da Áustria sangue alegadamente impróprio para transfusões (alguém lhe propôs o negócio); e outro sobre as hemodiálises no Alentejo, usando água com excesso de alumínio. De resto, nada mais terá acontecido de grave na Saúde em Portugal nestes três décadas?

DIVIDENDOS SOBRE MATÉRIAS POLÉMICAS
40 - Portanto, com guerras simultâneas abertas em tantas frentes, o governo vê-se 'forçado' a aplicar-se em força nas questões que fracturam a sociedade e preocupam certas minorias, mais ruidosas ainda que os operários que ficam sem salário, os professores que ficam sem escola, ou os funcionários públicos que vão para a mobilidade caseira! Há 'manifs' mais ... coloridas que outras! Uma mão cheia de 'gays, por exemplo, faz mais furor que 200 mil professores na rua!

41 - As polémicas medidas deste governo também ganham o agrado garantido dos núcleos mais esquerdistas - dos que não gostam das polícias, nem do corte de subsídios para alimentar a preguiça permanente, e tão-pouco dos que trabalham mais a sério!
Aos outros, que usando do seu direito de livre expressão, protestam contra medidas injustas, chamam-lhes "velhos do Restelo". Mas se não fossem eles a descobrir e divulgar certas trapaças, o que seria de Portugal? Um "reino" sem roque! Onde alguns fazem descaradamente o que querem! E os outros não contam! Nem para os arreliar!

42 - Afinal dá-se a entender questões de saúde e segurança públicas são de somenos importância quando comparadas com a causa do divórcio não culposo? Tão do agrado de algumas direcções editoriais e redacções. Ou da adopção de crianças por casais do mesmo sexo? Ou dos casamentos entre homo-sexuais?

43 - Logo, valerá a pena aqui mencionar o 'Complicadex' vigente na Justiça e Segurança Social? 'Sistema' que continua a demorar largos anos, antes das famílias constituídas na legalidade poderem adoptar uma das muitas crianças na "lista de espera" para adopção! Estarão à espera da lei que poderá privilegiar os casais do mesmo sexo? Não. Isto não é um Estado de Direito! É um país pobre, podre e doente. Governado por políticos tortos, que nem sabem distinguir quais as mais fundamentais obrigações sociais, ou seja: garantir o bem-estar às crianças abandonadas e institucionalizadas, assim como estimular e apoiar os casais a criar mais filhos e garantir que os filhos de pais divorciados sejam bem alimentados e acompanhados!
PORTUGAL PARA ONDE VAIS? CERTAMENTE PARA A CRISE MAIS PROFUNDA DOS VALORES HUMANOS!

VIII PARTE - POLÍTICA SEM HUMOR É MATÉRIA ÁRIDA
44 - E para terminar este trabalho sobre os efeitos do Sub.Prime dos EUA na Economia Nacional, a ponta final do humor luso:
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Subject: PARODIA DA CRISE DO SUB-PRIME. RI-TE, RI-TE ...

ATENÇÃO - Assunto com Prioridade Máxima
DESTINATÁRIOS - Quem quiser entender o âmago da grande Crise do Subprime Americano.
UNDISCLOSED RECIPIENTS = destinatários no Carrapato
TEXTO - A crise que já alastrou ao globo (o tal responsável pela globalização).
Esse mesmo, o que anda a mudar as estações e a provocar instabilidade social.
Crise que, afinal, e apesar das negas, já chegou ao País das Maravilhas Cor de Rosa

Título - O FENÓMENO DO SUB-PRIME AFINAL COMEÇOU NUMA TASCA PORTUGUESA

Sugestão: o autor anónimo desta história deve ser chamado ao Parlamento Lusitano para explicar a origem e evolução da crise aos mais ilustres deputados - da melhor colheita do século XX - para estes, depois, poderem contar aos filhos e enteados, às namoradas e namorados!

Último Aviso aos Destinatários:
Divirtam-se e esqueçam o sub-prime. No consumo é que somos os ... melhores do mundo!

FINALMENTE: SEGUE O BREVE RELATO ECONÓMICO-FINANCEIRO
(COM UM GOLE DE BAGACEIRA FAZ MELHOR À GARGANTA)

"O Ti Jaquim tem uma tasca, na Vila do Carrapato, e decide que vai vender copos 'fiados' aos seus leais fregueses, todos bêbados e quase todos desempregados. PUDERA!

"Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose do tintol e da branquinha. O ganho é o sobre-preço que os pinguços pagam pelo crédito concedido. ESPERTO!

"O gerente do banco do Ti Jaquim, um ousado consultor financeiro formado e com uma graduação reconhecida numa universidade globalizada, decide, por sua vez, que o livrinho das dívidas da tasca constitui, afinal, um valioso activo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao avançadex estabelecimento comercial, especializado na distribuição local de mais molhados que secos, tendo o 'fiado' dos pinguços clientes fiéis do Ti Jaquim como garantia idónea. QUEM NÃO ARRISCA?

"Na capital do Capital, uns seis zécutivos de bancos (que recebem chorudassimos ordenados como prémio pelas decisões milagreiras que saiem daquelas cabacinhas, sim cabacinhas), mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e transformam.nos em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrónimo financeiro que ninguém sabe exactamente o que quer dizer, mas cheira logo a negócio chorudo e muito rentável para os primeiros investidores contactados. A TEIA DA DONA BRANCA LEGALIZADA!

"Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece, os tais apontamentos com as dívidas do Ti Jaquim da Vila do Carrapato. FENÓMENO DA GLOBALIZAÇÃO!

"Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países, pelas instituições bancárias mais conceituadas. PRUDÊNCIA E CONFIANÇA PASSARAM DE MODA!

"Até que alguém descobre que os bêbados da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e a tasca do Ti Jaquim vai à falência. E toda a cadeia deste promissor negócio global (mais um) fica na miséria". O RISCO DEMASIADO NÃO COMPENSA!

CONCLUSÃO: Como viu... é tudo muito simples...!!! Nada de capitalismo selvagem. Nem de falta de reguladores atentos. Nem imprudência dos banqueiros contemporâneos - a maior parte dos quais não passam de 'funcionários' por conta dos verdadeiros investidores, que além de auferirem ordenados e regalias milionárias, ainda cobram comissão sobre os lucros artificiais destas operações fantasmas, sabendo que a culpa morre sempre solteira - tal como num dos mais pobres países da chamada European Unemployment! ADIVINHEM QUAL É?

Desculpem! Afinal, esta DESIGNAÇÃO já é muito densa e sofisiticada para as gentes da Vila do Carrapato e não só!
MAS EU EXPLICO: É ECONOMÊS AMERICANO USADO até RECENTEMENTE PARA eles DENEGRIREM a rival UE = União Europeia - cujo euro ainda hoje vale mais do que um dólar!
FIM

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