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Sunday, February 11, 2007

 
LUSO ABORTO II
PREFIRO QUE OS NOSSOS SALÁRIOS CORRESPONDAM À MÉDIA EUROPEIA
- Esse é que seria o nosso primeiro grande sinal de civilização avançada em direcção a um modelo de país mais justo, mais produtivo, mais compensador. Esse é que seria o grande passo que poderia baixar o número anual de abortos clandestinos - e também os legalizados - a breve prazo!

O SIM ganhou com 59,2% e o NÃO perdeu com 40,8%. Mas a Abstenção foi a opção escolhida por 56,4% dos eleitores inscritos. Estes são os resultados e os factos do histórico Referendo de 11 de Fevereiro de 2007, sobre a IVG (Interrupção Voluntária da Gravidez).
Esta noite, entre outros disparates, os arautos do Sim diseram na TV que Portugal entra a 12 de Fevereiro de 2007 no Século XXI. E que os Católicos votaram, finalmente, em liberdade contra o Não. Dando a entender que os católicos lusos, afinal, discordam das orientações dos seus párocos e da hierárquia da Igreja. Ou, pior, que, optando pela abstenção, nem quiseram cumprir o dever cívico de expressarem nas urnas as preocupações dos que defendem o direito à vida, condenando legítima e publicamente o aborto. - Sem mais nem menos falam às massas pela televisão como se fossem os detentores da verdade única! Semore baseados na sua perversidade. Ponto final.
Por outro lado, achei sintomático que nenhum jornalista em voga soubesse perguntar aos entrevistados vitoriosos, qual a fonte usada para estes dados artificiais e ardilosos? Então a forte abstenção verificada também não conta como repúdio pelo inegável descuído e atraso político face a causas mais graves, prioritárias e que abrangem maior número de cidadãos?
Ele há cada "professor de economia de esquerda" a manipular dados e estatísticas!
Então em Portugal, em 2007, não há outras prioridades mais abrangentes por solucionar? Então vamos indiferentemente todos continuar a ter salários entre os mais baixos da Europa? Desemprego e trabalho precário crescente? Mais empresas a falir? Mais abandono escolar? Mais insegurança? E tantas outras chagas resultantes destas e outras situações que nos envergonham e que deveriam constituir a grande preocupação para os políticos e economistas, até agora incapazes de as superarem?
CONCLUSÕES A PONDERAR
Pelo menos, a primeira conclusão a retirar dos resultados é a de que se confirmou, mais uma vez, estarem os portugueses profundamente divididos sobre os princípios e sobre a política - respondendo ostensivamente a maioria pela Abstenção clara e inequívoca. Facto que agora se pretende branquear! Outra conclusão: cada português está firme mas de livre vontade num campo oposto à outra metade. E cada um dos campos está mais convicto da sua parcela de razão!
Houve uma diferença de 18,4% a favor do SIM mas não se pode ignorar que este indicador diz respeito apenas a um universo de 44% dos eleitores inscritos. Sabemos que nas eleições mais decisivas (para escolher o Parlamento e o Governo) também tem sido assim - o "partido" vitorioso tem sido a Abstenção! Mais uma razão para os políticos ouvirem as queixas, os anseios e as sugestões dos cidadãos! São sempre mais de metade os que não concordam, ora com as propostas do PS, ora do PSD! Tanta inteligência e será que ainda não perceberam isto? Ou preferem complicar e manipular tudo, para enganar os últimos incautos?
DIREITO DAS MINORIAS
Qualquer político bem formado não poderá, portanto, ignorar na matéria do aborto que para, pelo menos, cerca de 40% dos eleitores, o problema em causa não é prioritário! Por outro lado, os activistas mais motivados na campanha foram, evidentemente, os que perderam o referendo de 1998, reforçados pelo núcleo da geração jovem que não quer pagar propinas para poder de dispor de maior mesada para os seus vícios inadiáveis: a noite, o carro, a roupa de marca e a vida artificial de lazer, de rico e pouco produtiva. Reflexo do ensino laxista e dos pais contemporizadores!
A não ser que, afinal, lá no íntimo dos políticos contemporâneos, sempre impere a demagogia. O sistema vigente por muito desorganizado que seja, não iliba os políticos de cumprir a norma democrática de atender o direito das minorias - mais a mais tão significativa como esta do Não ao aborto, ou antes, do SIM pela vida!
Nas eleições partidárias, a repartição dos votos beneficia seis partidos parlamentares e ainda outros, dando raras vezes lugar a uma oposição tão expressiva como a do não ao aborto! Curiosamente, a demagogia e o autoritarismo cresce sempre que um partido (PS ou PSD) ou coligação atinge maioria absoluta para governar Portugal. Lá nisso são todos clonados!
CIVILIZAÇÃO É DEFENDER A VIDA
Digo eu e metade dos portugueses (entre votantes e ausentes): que mais uma vez
Portugal afastou-se da Civilização Cristã e da sociedade do futuro!
Digam o que quiserem, um maior apoio ao nascimento de crianças, a integração das famílias, o ensino e criação de postos de trabalho para as novas gerações são os grandes factores que identificam o futuro sustentável da nossa civilização e da própria Humanidade!
A única excepção que conheço é a da República Popular da China - onde o regime continua a condicionar o número de filhos por casal, criando dois tipos de população e de direitos: uma legal e recenseada (com papéis de identificação e de benefícios estatais no Ensino, na Saúde e na Justiça) e outra clandestina (dos filhos não registados mesmo de casais legalmente constituídos; que não passam de filhos supranumerários que, como tal, não podem frequentar escolas e hospitais, nem beneficiar de quaisquer serviços públicos).
O governo português faria bem melhor se anunciasse medidas para um maior apoio e carinho a todas as crianças concebidas nesta época de incerteza, desempregou ou trabalho precário!
Mas não! Prefere ficar na História em nota de rodapé, como o governo que optou pelo negócio do aborto! No SNS e nas clínicas privadas que já estão preparadas para abrir. Resta saber se amanhã se descobre que estas financiaram a campanha pelo Sim?
ENSINO DEFICIENTE DÁ MAUS GOVERNANTES
Tudo isto talvez seja reflexo do mau ensino proporcionado aos portugueses. Nas escolas públicas e, infelizmente também, em muitas particulares, pelo menos há quase 33 anos. Um período que não foi aproveitado para nos aproximarmos mais da Europa próspera. Que cresceu 2,9% no PIB conjunto em 2006 - incluindo o nosso escasso crescimento de 1,2%!
A conquista da liberdade trouxe ao ensino luso mais laxismo, favoritismo e facilitismo, acompanhado de demasiadas e frequentes mudanças para piores programas, conteúdos e objectivos curriculares. Têm sido ignoradas as vantagens da aprendizagem de competências práticas, indispensáveis para a vida profissional, assim como para melhorar a nossa média de produtividade sócio-económica - sem a qual adeus aos lucros das empresas, aos projectos e iniciativas vencedoras, assim como ao desejável superavit colectivo.
Além da teoria técnica-cultural, a escola deve ensinar noções de cidadania e os direitos humanos básicos, inerentes às mulheres e homens, adultos e activos, assim como a obrigação ética da comunidade em dispensar maior atenção e cuidados mais humanizados às crianças, doentes, idosos e minorias desfavorecidas! A democracia aprende-se e pratica-se nos países mais avançados a partir dos bons exemplos!
Neste caso, as mulheres não devem deixar-se influenciar pela moda. Devem, sim, poder decidir pela positiva - ou seja, pelo nascimento da criança, sem constrangimentos familiares, laborais e económicos.
A RIGIDEZ DA LUSO-ADOPÇÃO
Pelo contrário, os membros da Assembleia da República e do Governo devem ser apontados e responsabilizados por não terem aprovado já um pacote legislativo sobre a adopção, mais virado para os legítimos interesses das crainças oriundas de núcleos familiares fragilizados ou de mulheres abandonadas pelos companheiros. Fenómeno que nem o Referendo nem a nova legislação, agora em processo acelerado de implementação, vão poder eliminar!
Há que ter a coragem de encarar que a adopção rápida dessas crianças institucionalizadas (que termo tão cínico!) é a melhor saída para os lamentáveis casos que a Comunicação Social nos vai fazendo chegar todas as semanas. Se a legislação for melhorada para garantir a idoneidade dos pais adoptivos e afectivos, haverá milhares de crianças a viver melhor, a estudar e a contribuir para o tal Portugal moderno que anda na boca dos políticos mas longe dos interesses da burocracia!
Portanto, há boas soluções para tudo, excepto para a morte! Quem não conhece casos de crianças adoptadas que vivem muito felizes? E muitos outros casos de crianças que viven infelizes em asilos - agora hipocritamente chamados "colégios" de acolhimento de menores! Pois quando as crianças atingem os 18 anos são "despejadas" na selva da vida, com vícios incríveis! É esta a política que o actual PM nos garante? Não escrevo o governo, porque é ele que está a querer renovar o País à sua imagem!

QUAL APROXIMAÇÃO Á EUROPA?
Os activistas mais moderados nos debates do serão dominical dos três canais televisivos repetiram, alegremente, na noite dos resultados até à exaustão, o slogan pré-concebido: Portugal aproximou-se hoje, finalmente, da Europa civilizada e moderna!
Mas qual Europa? A Europa do terrorismo, na Espanha, Inglaterra, Irlanda e Itália? A Europa das lutas estudantis e das graves desobediências e atentados juvenis, repetidamente verificados desde Maio de 1968 ao Inverno corrente, em Paris e outras metrópoles? A Europa do hooliganismo no futebol, em Inglaterra, Bélgica, Alemanha e agora na Itália? A Europa da liberdade holandesa e alemã da prostituição nas montras, ou nas ruas principais de bairros residenciais uns e marginais outros, em Lisboa, à frente de toda a gente? A Europa do aborto clandestino ou oficializado, como passa a ser em Portugal? A Europa da liberdade de se fumar charros em cafés, ou injectar-se na via pública nas chamadas zonas da droga, como sucede nas principais cidades portuguesas? A Europa dos sem-abrigo? A Europa do crescente desemprego? A Europa what's next? Eutanásia? Clonagem? E outras experimentações científicas polémicas? Ou a Europa da ostentação, corrupção, vida dupla, e da lavagem de dinheiro proveniente das fraudes fiscais e outras praticadas em Portugal?
Mas para os executivos e profissionais da TV portuguesa o que interessa é que muita gente ficou satisfeita no domingo à noite - 11 de Fevereiro de 2007. Muita gente a pular e a festejar esta vitória contra a vida! É o custo do populismo! Que Deus lhes perdoe!

SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE TERCEIRO MUNDISTA
Eu prefiro festejar só quando um governo qualquer e um empresariado consciente consigam equiparar a média dos salários portugueses à média praticada (pelos seis países fundadores) na Comunidade Económica Europeia! Lembram-se da Europa a seis e a doze (quando Portugal aderiu)? Sim, porque esta Europa a 27 é uma manta de retalhos, vícios e assimetrias cada vez mais profundas, entre mafiosos muito ricos de Leste e não só, europeus remediados do Centro e Norte, e europeus pobres do Sul e Leste! Eu sei que todos os povos têm direito a uma vida melhor, mas Roma e Pavia não se fizeram num dia!
Eu prefiro festejar só quando puder marcar uma consulta no Serviço Nacional de Saúde na véspera, ou uma consulta de especialidade com menos de seis meses de antecedência - sem ter que ir passar a noite ou a madrugada para a porta dos Centros de Saúde do terceiro mundo - os exemplos fracassados do SNS que os sucessivos governos têm conseguido proporcionar aos contribuintes portugueses, "beneficiários" de uma assistência médica faz de conta, mas que recolhe receitas equivalentes a cerca de um quarto dos impostos cobrados sobre os proveitos anuais do total do trabalho remunerado no país. Apesar de ser um dos países com os mais baixos salários da Europa (como o ministro Pinho admitiu na China) e de ter as empresas europeias que mais abrem falência. Aliás, digam o que disserem os ministros, o cerco às empresas portuguesas aperta-se tanto que o seu futuro é muito problemático todos os meses! Daí a crescente série de salários em atraso, evasão fiscal e falências! Há organismos e empresas públicas que também se atrasam na liquidação das contribuições para a Caixa Nacional de Pensões e ADSE! É este o País sonhado pelos nossos pais e por nós para os nossos filhos e netos?
MANIA DAS GRANDEZAS
Mas, pelo contrário, os adeptos do SIM preferem um SNS ainda mais sobrecarregado com as candidatas ao aborto legalizado e livre (até às 10 semanas ... e tal). E dizem-se preparados para novos sacrifícios, ou seja, para enfrentar o acesso ainda mais difícil a uma consulta, tratamento, diagnóstico ou cirúrgia, à conta deste novo serviço adicional.
Sim, diga o Ministro Correia de Campos o que disser, não consegue enganar mais os portugueses. O SNS, rebentado que estava pelas costuras, está agora muito pior sob a sua tutela, com polémicos encerramentos de serviços de urgência e maternidades, cortes de horários, médicos, pessoal, encargos com medicamentos, exames e cirúrgias e todas as restantes reformas que diariamente anuncia. É sempre pior a emenda que o soneto! E, portanto, o SNS vai ficar muito pior com este contrapeso de mais cerca de 80 consultas diárias estimadas sobre o aborto, em cada posto/centro ou ambulatório.
Só quem fica convencido são os autores do programa eleitoral do PS em 2005, que tiveram a teimosia de legalizar o aborto, integrando-o num SNS que já funciona muito mal.
Pois felizmente ainda nem chegou a epidemia da gripe aviária a Portugal e já os próprios utentes - muitos dos quais votaram pelo Sim no domingo - é vê-los diariamente na TV e reclamar contra o encerramento nocturno ad hoc dos Postos de Atendimento Médico, contra os horários, as listas de espera, a demora para serem medicados contra a gripe, o sofrimento dos familiares desviados para dezenas de quilómetros de distância das suas terras, a desorganização em alguns hospitais carecidos de médicos, a maneira pouco civilizada como são atendidos e tratados, enfim um rosário interminável de protestos fundamentados, que só os ministros e os "yes boys & yes girls" é que teimam em não ver! Pela cegueira político-partidária que os atacou desde 1974, agravada pela recaída de 2005.
DÚVIDAS: TAXAS MODERADORAS E SUBSÍDIO DE REJEIÇÃO AO ABORTO
Quero ver se, agora, o ministro Correia de Campos vai, também,
ter coragem para aplicar taxas moderadoras de pequena cirúrgia às abortantes?
Por outro lado, os esforçados jornalistas lusos também são uns pândegos. Querem, exigem, insistem em apanhar ministros, deputados e políticos influentes em falta sobre as leis que vão ter que ser agora preparadas para aprovação na Assembleia da República - uma vez que o Referendo não foi vinculativo com 44% dos eleitores inscritos nos cadernos eleitorais!
Querem saber já quantos dias vai o PM obrigar as mulheres que querem abortar, a esperar no período de reflexão? Mesmo sem aconselhamento especializado! Para o governo poupar umas verbas ou para acelerar o aborto? É tudo uma farsa!
Os jornalistas torpedeiam sempre tanto os responsáveis da política como os leitores e telespectadores com as comparações europeias. Sempre adeptos de se copiar tudo que vem da Europa. Tudo menos nos salários, a produtividade mais elevada e a redistribuição da riqueza!
Na Alemanha o Estado só paga o aborto (cerca de 400 euros) quando se prova a incapacidade financeira do casal (ou da mulher sozinha) para suportar este custo. Os utentes mais folgados pagam uma parte calculada em função dos respectivos proveitos.
Mais uma vez os nossos jornalistas escondem que a média salarial na Alemanha é cerca de três/quatro vezes superior à portuguesa, mas o custo estimado do aborto oficial em Portugal é de 450 euros.
Esta é que seria uma "cacha" jornalística! Mas além da taxa moderadora, na Alemanha, o casal (não apenas a grávida) tem que ir a um dos Centros de Aconselhamento para as Grávidas em Conflito, para ser consultada por técnicos e clarificar o conflito emocional em causa. Nesta ocasião são prestados esclarecimentos sobre o apoio do Estado, a lei vigente (que dá o prazo de 12 semanas) e onde pode ser feito o aborto. A mulher tem então três dias para reflectir. O processo só será concluído neste prazo. Só em Berlim há 61 centros destes, o que dá ideia do volume de abortos! Este parece ser, assim, o modelo europeu que as mulheres adeptas do SIM querem ver adoptado em Portugal. Pudera!
Mas não foi isso que foi apresentado na campanha eleitoral. Mais uma vez este PM enganou os eleitores. É reincidente! Um perito em caçar votos por meios ardilosos. Para ele um voto vale tudo - pois antes e depois das urnas dá o dito por não dito. Prometeu que não aumentava os impostos, não despedia ninguém e que, pelo contrário, iria criar 75000 postos de trabalho. Não tem culpa de ser assim. Quem lho permite, dando-lhe carta branca nas urnas, é que se deverá arrepender! Agora até tem a desculpa para não cumprir o saneamento das finanças públicas com as despesas extras (não prevista no O E para 2007) para o aborto!
NOVOS DESAFIOS. NOVOS ENCARGOS!
Os apoiantes do NÃO também lançaram uma curiosa rasteira ao ministro Correia de Campos: desafiaram-no a criar um subsídio equivalente ao custo de cada aborto (como já referido, estimado para Portugal em 450 euros - certamente por causa dos altos "overheads" do governo luso) a todas as mulheres grávidas que rejeitam abortar! O ministro afirmou-se aberto a analisar este desafio em paralelo com outras reivindicações recebidas da sociedade civil: subsídio à maternidade (a mesma ideia?), mais apoios às crianças deficientes (este governo, no Orçamento de 2007, penalizou os adultos deficientes, agora opta por favorecer as crianças deficientes ... a prazo), maior apoio à adopção (afinal basta agilizar os procedimentos da Justiça e Segurança Social, que atrasam ad eternum os processos, beneficiando pais biológicos indesejáveis e leis obsoletas e injustas, defendidas pela hierárquia da Justiça). Correia de Campos admitiu, finalmente, que vai tratar da indispensável reorganização hospitalar para poder garantir a realização de todos os abortos que enquadrem a nova lei. Entretanto, por sua vontade, o Estado convencionará a prática de abortos com clínicas privadas, capazes de complementar as carências do SNS. Portanto, para o aborto nada poderá faltar! O resto logo se vê! Tudo pode ficar na lei, mas escusa de se cumprir. Não continua o Estado a ser pessoa de bem, mesmo quando não paga durante mais de um ano aos fornecedores privados, ou quando exige aos cidadãos as obrigações que não cumpre perante a Segurança Social, a lei do trânsito, e tantas outras! Já não há paciência para tanta incompetência e hipocrisia! Mas como digo, a responsabilidade é dos eleitores que preferem este regabofe!
Os jornalistas também mostram alguma indignação por não saberem já quem vai pagar os abortos às grávidas portuguesas que optem pela morte das crianças!
Sei lá, até podem vir a criar um novo impostos especial para o Fundo do Aborto! Hoje estão a taxar tudo. Já pagamos taxa municipal de esgotos, agora vamos pagar na factura da electricidade a taxa da remoção do lixo urbano - gostava de saber o que tem a ver a luz com a recolha do lixo? Uma coisa é certa! Os nossos governos estão habituados a dispor das empresas públicas para todos os serviços de "outsourcing" que não confiam ao aparelho de Estado. A taxa da televisão e rádio já era atribuição da antiga CRGE desde o Estado Novo. Os vícios não se perdem em 33 anos!
Mas voltando ao pagamento dos abortos, o pagador final é o contribuinte luso e trouxa. Pois há sempre espertos que arranjam maneira de dar a volta. Depois é uma questão do próprio executivo saber dar a sua volta e passar a obrigação desses encargos extraordinários, como é costume, para as autarquias e regiões autónomas. Bruxo!
Nada surpreende já. O direito ao aborto referendado exige urgência. E como cada vez há menos portugueses, entre activos, desempregados e pré-reformados, a descontar para a Segurança Social, acabam por ser sempre os mesmos (poucos) a pagar esta factura do aborto. Para já é superior à factura alemã! Mas o que é isso para os portugueses mais sacrificados? Uma refeição ou um remédio a menos para alguma doença crónica?
DEMOGRAFIA E ECONOMIA EM DÉFICE
Cada vez nascem em Portugal menos crianças e os jovens sentem grande dificuldade em trabalhar, seja em "part-time" ou "full-time". Contrato precário é uma certeza e uma defesa dos que se intitulam "empresários"! Por outro lado, cada vez há mais empresas a fechar e outras a despedir mais pessoal (incluindo as grandes empresa públicas que o Estado gere através da nomeação de gestores públicos da sua confiança).
Entretanto, não param de nos entreter com algumas mentiras inocentes (ou talvez não?). Dizem-nos que as novas tecnologias vão abrir empregos para todos: os desempregados, os jovens e os reciclados! Que grande mentira. Os génios da tecnologia e da ciência e da informática não abundam, nem são procurados aos milhares. As grandes empresas despedem pessoal à medida que vão resolvendo tecnologicamente a questão da concentração da mão de obra especializada. Outras recorrem ao literalmente ao "outsourcing" nos centros de atendimento na Índia, com salários ainda mais baixos que em Portugal.
E muitos portugueses, coitados, mal preparados para este choque anti-social, estão outra vez a recorrer à emigração! Até os imigrantes estão a procurar países com economias mais dinâmicas e empresários mais honestos - refiro-me especificamente aos que não pagam aos imigrantes ilegais, aproveitando a situação para os explorar! É fartar vilanagem! O último a partir fecha o portão. Na Ota ou na Portela!
PROCURA E PRIORIDADES ... HÁ MUITAS
Mesmo os portugueses que votaram SIM sabem que este ministro da Saúde vai ter que contar com um número desconhecido, mas que se prevê significativo, de médicos objectores de consciência em simultâneo com mais utentes prioritários nos citados sub-Centros de Saúde. As dez semanas não consentem adiamentos.
O infeliz e desajustado líder do PCP já avisou o governo para vedar aos médicos do SNS o direito à objecção de consciência. Então a Constituição permite este estatuto aos cidadãos contra a guerra e a própria vida militar e o governo vai obrigar, agora, os médicos a fazer abortos contra a sua consciência? Voltamos ao regime soviètico ou quê?
Mais uma vez os jornalistas optaram pela intriga política, desinteressando-se da grande questão: quando está prevista a contratação e colocação de médicos suficientes para a cobertura total dos utentes do SNS?
Por outro lado, ainda não vi, por exemplo, nem nos Hospitais de Santa Maria, São José, Amadora-Sintra, ou outro Centro de Saúde, um funcionário do Ministério "ler" um cartão de plástico dos utentes (que demora um ano ou mais para substituir ...!) num aparelho leitor adequado ao sistema informático oficial (?). Devem também ser cartões faz de conta! Para inglês ver! Gostava de saber quanto custou a introdução desta prioridade tecnológica? E quantos funcionários dispensou? Lá médicos a menos há? Pelo menos nas horas de consulta e de ponta! Serviços burocráticos a mais também há. Tanto para os médicos como para os administrativos!
Aliás, o cartão de utente do SNS é um instrumento de identificação condenado a desaparecer, após a anunciada introdução do cartão de cidadão (BI, NIF, eleitor, Utente do SNS e da S. Social, etc.) em 2008 - que se espera venha a custar 12 euros por cidadão! É assim que se decreta a recolha de uma fortuna de 12 milhões de euros, a receber para o erário azul?
Há sempre verba para modernices que depois são abandonadas na prática, por medidas alternativas entretanto introduzidas, ou então pela Comissão Nacional de Protecção de Dados, ou qualquer nova agência reguladora - que funciona contra o Estado, contra as empresas e contra os consumidores. Depois dizem que os cidadãos opositores é que são os grandes responsáveis pela baixa auto-estima nacional, a par do desperdício dos recursos do tesouro público! Quando, afinal é o Estado que alberga e alimenta estes conflitos!
Sobre as verdadeiras prioridades da vida nacional todos se esquecem delas! Desde contratar mais médicos para prestar melhor apoio à população interior mais carente. Apesar do ministro teimar em dizer que o SNS tem tudo previsto e programado para responder com eficiência às necessidades das populações!

NÓDOAS DA VIDA QUOTIDIANA
Lembro que gravidez não é doença. É apenas um estado transitório, exclusivo da mulher, que me merece todo o respeito e carinho. E como tal admito que as grávidas devem ter prioridade mesmo sobre casos de doenças menos graves.
Assim como respeito todas as políticas (que, pelo menos, este governo não tem desejado aprovar) de incentivo à maternidade, aos pais com maior número de filhos, à assistência das mães solteiras ou abandonadas, e às potencialidades de adopção legal mais célere (e mais virada para o interesse e bem estar das crianças do que para o egoísmo dos pais biológicos com comportamento selvagem - repito: selvagem - como tem vindo a público sobre praticantes de abusos sexuais, maus tratos e mortes por negligência, maldade ou irresponsabilidade). Basta ler o jornal ou acompanhar o telejornal para se ficar agoniado com tanta maldade e incúria por parte das autoridades responsáveis!
Uma coisa sabemos todos, desde já: o prazo das 10 semanas não é elástico e, sendo uma promessa pessoal do Primeiro Ministro, tratem agora os subalternos da engenharia financeira para garantir as verbas urgentes para a criação de todos os serviços propagandeados durante a sua interventiva e vitoriosa campanha.
Mesmo assim, espero daqui a uns meses ouvir queixas. Que as coisas não estão a andar tão depressa como os votantes do SIM exigem.
Outra coisa certa é o previsível aumento do número de abortos.
Realizados legalmente no SNS. Ou em clínicas privadas. Já há empresas estrangeiras preparadas para as abrir em Lisboa e ... Seguem-se, como sempre, muitas nacionais! E facilidades de licenciamento pelas autarquias PS, PSD e PCP/CDU também não faltarão!
Vão aumentar os abortos no estrangeiro. Pois muitas mulheres não vão querer ser identificadas em qualquer clínica nacional, muito menos em centros de conflito de grávidas!
E vão também aumentar, por tabela, os abortos clandestinos. Pela grande vaga mediática que vai pressionar mais a população jovem e, ainda, por sempre ser mais barato que nas clínicas legalizadas.
Querem apostar?
Aproveito, entretanto, para desde já requerer a SEXA o PM, em nome dos derrotados do NÃO: mais e melhor apoio às grávidas - sejam mulheres casadas, solteiras, abandonadas ou desempregadas - assim como às crianças nascidas de ligações familiares instáveis. Maior cuidado com o desvio de clínicos para atender à preparação e aconselhamento para o período de reflexão a que a nova lei deverá abranger. E com aconselhamento psicológico. Ainda bem!
O mal é que, sendo a manta curta alguém fica destapado! Quem? Sempre os mesmos. Os pobres, os desempregados, os reformados, os abandonados, os doentes crónicos, os doentes em geral e todos aqueles que continuam a não ter dinheiro nem para a habitação, alimentação e medicação receitada pelo SNS. Sem esquecer todos os que não têm cunha nem dinheiro para ser tratados nas crescentes unidades privadas de saúde! Lembram-se da anedota do subsídio especial aos maiores de 80 anos em 2006 e maiores de 70 anos em 2007. As exigências são tamanhas, que só 20 mil idosos com pequenas reformas conseguiram acabar o jogo da glória burocrática!
Cuidado: quem disse? Portugal entra, finalmente, no século XXI apenas por causa de um único referendo positivo ao aborto legal. Está visto que nem conhece o nosso país nem o nosso povo mais sofredor e mais céptico! Andam por aí muitos a ver menos que os cegos!

COMPORTAMENTO POLÍTICO NEGATIVO
Mas não posso deixar de estranhar e condenar o facto dos líderes do PCP/CDU, BE, PS, PSD e CDS/PP se terem esquecido, durante este serão televisivo, nas suas mensagens perante as câmaras e o País, de apelar ao governo e ao Primeiro Ministro centralizador, para as verdadeiras prioridades nacionais:
Combate ao desemprego com políticas eficazes de maior apoio às empresas; combate ao ensino desmotivador; e combate aos atrasos nos cuidados de saúde de urgência - como podem conviver tão despuradamente com mortes de doentes em autênticas "excursões" de ambulância pelas estradas e pelos céus de Portugal - nas últimas semanas lamentaram-se vários casos em que a política redutora de Correia de Campos ficou seriamente comprometida mas sem o mínimo sinal de arrependimento, recuo ou tolerância.
Os cinco líderes também se esqueceram de apelar (todas as oportunidades não são demais) à promoção intensiva a favor da compra de produtos, bens e serviços nacionais, às empresas e marcas lusas - para que a economia possa arrancar em força!
São estes os meios e objectivos que representariam, afinal, o verdadeiro e almejado avanço civilizacional da população portuguesa contemporânea e futura. O problema do aborto poderia então, sim, ser resolvido como nos países europeus mais desafogados. Assim é mais um remendo num País pobre, cujo Povo quer viver à rica sem produzir mais para viver melhor!
Com efeito, só se a maioria das famílias tiver maiores rendimentos,
poderá melhorar o padrão de vida em muitas áreas: na educação, saúde, orientação profissional, procura de emprego mais remunerativo, segurança pessoal, reforço dos laços entre o núcleo familiar, melhor comportamento cívico, participação comunitária e auto-estima!
De contrário, dificilmente levaremos a carta a Garcia! E seremos ultrapassados pelos 26 restantes membros da União Europeia! Só os clarividentes dirigentes partidários, que nos saíram no lotopolítico nacional, é que vão continuar a ter acesso às mordomias da outra Europa de que tanto falam e apreciam!
Cá estaremos, amanhã, prontos para receber novo choque, novo golpe baixo, nova taxa, novo aumento de custos, ou novo ataque aos nossos direitos adquiridos! O nosso dever de eleitor foi cumprido no domingo, logo pela manhã, numa sala vazia! Sobre o exemplo, acrescento que casei em 1957 - na chamada época do obscurantismo - e na minha família nunca se praticou o aborto!
POSTED BY HUMBERTO ON SUNDAY 11 FEB. 2007 AT 22h00 (10pm local time)
REVIEWED ON WEDNESDAY 14 FEB. 2007 AT 20h00 (8pm local time)

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