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Thursday, March 01, 2007

 
SOBRE O ESTUDO DE JOSÉ SOBRAL E JORGE VALA:
IDENTIDADE LUSA - INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
Integrado no PROGRAMA SOBRE ATITUDES SOCIAIS DOS PORTUGUESES
- LISBOA - 2007/03/01 (Tema do Dia: Ref. DIÁRIO NOTÍCIAS & TELEVISÃO)

QUEM SOMOS? COMO CIDADÃOS CONTEMPORÂNEOS?
EM PORTUGAL, NA EUROPA, NO SISTEMA DE GLOBALIZAÇÃO EM CURSO?
Por Humberto (16584 caract)

Hoje, a Comunicação Social de Lisboa (diária e televisão) destaca o estudo de José Sobral e Jorge Vala, do Instituto de Ciência Sociais (ICS), sobre a Identidade Nacional (prefiro lusa ou portuguesa), com títulos deprimentes como: "Democracia, Segurança Social e Economia não Orgulham Portugueses", "Maior Orgulho no Passado", "Patriotas?" ou "Menos Receptivos aos Imigrantes que os Suíços".
Uma preocupação acrescida aos nossos problemas individuais e colectivos. Afinal, autores e jornalistas avisam-nos: somos menos patriotas e mais nacionalistas!
O estudo é resultado de um inquérito realizado em 40 países e aplicado em 2004. A demora da sua divulgação dá para atestar a demora nas conclusões agora divulgadas. A conhecida máxima, aplicada nos países mais avançados do processo de globalização em curso "Time is Money", não abrange os nossos investigadores das ciências sociais!
Os resultados são apresentados em forma da média dos dados recolhidos junto dos cidadãos questionados se orgulharem, ou não, de uma selecção de factores comuns aos países abrangidos no estudo. Mas não se trata, porém, de um estudo comparativo ponderado. Pelo menos no que respeita ao resumo divulgado pela C. Social.
FACTORES NEGATIVOS
Com base no texto da jornalista Céu Neves do DN, os quatro principais factores negativos desta tentativa de caracterização da alma portuguesa contemporânea são: a falta de orgulho na segurança social, economia, democracia e desigualdades sociais (problemas que falta desenvolver e solucionar, 33 anos após a institucionalização da liberdade democrática em Portugal - acrescento - o que é um atestado de incompetência a todos os líderes políticos deste prolongado período, sem excepção).
Lamentavelmente, continuamos na mesma, com governantes obstinados, inflexíveis, intolerantes e superficiais, seja na aplicação da respectiva ideologia política, seja no pragmatismo de soluções experimentais, ou no antagonismo pessoal entre líderes e apaniguados partidários, aliás, bastante semelhantes aos exemplos do crescimento de desacatos por parte dos membros das claques de futebol.
Também se deve admitir que é raro o país em que os cidadãos estão satisfeitos com os complexos problemas básicos existentes: no ensino, saúde, justiça, habitação, emprego, salários mínimos e médios, poupança, crédito, segurança, ambiente, trânsito, estacionamento e obras públicas.
FACTORES POSITIVOS MAL DATADOS?
os factores positivos apurados, pelo contrário e não obstante os atentados e abandonos a que têm sido votados, durante o referido período, o ensino da nossa Língua, História, Cultura, Cidadania e Identidade, são quatro em um: ou sejam, os feitos alcançados pela liderança, valentia, talento e perseverança nos Descobrimentos, Desporto, Artes e Literatura. Como se fossemos uma potência mundial na organização e planeamento, na prática desportiva, na aplicação às artes e letras?
O autor e coordenador José Sobral aponta a explicação sobre "o forte orgulho na História e no passado, pelo apogeu de Portugal na Idade Média e na época da expansão ultramarina, no século XVI" (será gralha?) - ou esquecendo que a epopeia do Infante D. Henrique e da Escola de Sagres se desenrolou no século XV, entre 1419 e 1460 (morreu na Vila do Bispo), quando os navegadores portugueses descobriram Porto Santo (1419), Madeira (1420), Açores (1427), Cabo Bojador (1434), Cabo Branco (1441), Cabo Verde (1444) e Serra Leoa (1460). Com efeito, depois do Infante D. Henrique só Bartolomeu Dias em 1487 (dobrou o Capo das Tormentas ou da Boa Esperança), Vasco da Gama em 1498 (quando chegou à Índia, estabelecendo a primeira rota marítima da Europa para aquele subcontinente), e Pedro Álvares Cabral em 1500 (com a chegada ao Brasil), sob a esclarecida liderança de D. João II, alcançaram notoriedade internacional paralela à visão henriquina 165 anos antes! Portanto tudo no século XV.
Outro dado ignorado no resumo acessível é o facto de Portugal ser um dos Estados mais antigos da Europa, em termos de fronteiras e superfície territorial.
BAIXA AUTO-ESTIMA NÃO ENGANA
Os autores apontam que este orgulho pelo passado se deve, em parte, ao ensino até à exaustão, nas escolas, sobre a época da nossa expansão marítima, porém, sem esclarecer se esta atitude é positiva ou negativa.
Numa primeira análise, trata-se de um paliativo para a baixa auto-estima sobre os restantes factores que compõem o perfil da vida portuguesa contemporânea.
Pessoalmente, não noto neste orgulho natural, relativo à época de ouro da expansão ultramarina portuguesa, qualquer efeito prejudicial, comparativamente com outros povos.
Mas numa análise mais teórica, agora sustentada e divulgada - essa sim até à exaustão - por historiadores contemporâneos, os feitos de D. Henrique e dos navegadores que frequentaram, estudaram ou praticaram na sua tertúlia (seja a escola ou centro de reflexão) localizado no Algarve (entre Lagos, Vila do Bispo e Sagres), devem ser cientificamente subalternizados, na falta de documentação comprovativa e na comparação com expedições de outros reinos, nomeadamente, de Castela, Inglaterra, Flandres, Génova e Veneza. Muitos chegam ao ponto de salientar a ausência de um provedor dos direitos humanos (na Renascença) integrado no estado-maior das nossas expedições marítimas. Pior que esta obsessão doentia sobre a defesa dos legítimos interesses dos tripulantes e soldados contratados no séculos XV, só a ameaça corrente de termos de pagar ao quilo, a nova taxa sobre o lixo que produzimos nas nossas casas - também outra notícia do dia de hoje!
Faltou na época henriquina, cronistas e historiadores a acompanhar o dia-a-dia dos protagonistas destas epopeias, que tivessem a preocupação e o dever de nos legar os textos que Fernão Mendes Pinto, e outros, depois nos deixaram sobre as posteriores expedições e feitos lusos na colonização de outros povos e civilizações, do Oriente à América Latina!
É como hoje organizar eventos culturais e oficiais sem cuidar da gravação das intervenções, fotos ou registos vídeo!
Mas voltando ao cerne da questão, creio que a Ciência Histórica e, em especial, a Ciência Social não devem contribuir mais para baixar a auto-estima nacional! Já bastam os ministros actuais!
Os nossos antepassados poderão não ter ganho as batalhas nem as riquezas
que os Soberanos ambicionaram, mas enchem-nos de orgulho. SIM. Quer os actuais investigadores tentem ou não depreciá-los! Em vez de procurarem em arquivos estrangeiros e entre historiadores internacionais, alguma nova prova das lendas (agora condenadas) mas que chegaram aos nossos dias. Sempre ouvi dizer, que não há fumo sem fogo! Ou nem todos são para tudo, nem tudo a todos se diz!
TIROS NOS PÉS
O que faltou apontar neste estudo do ICS é a nossa tendência endémica para dar tiros nos próprios pés! Experimentem frequentar uma escola destes países para se aperceberem do que é estudar até à exaustão as matérias referentes aos feitos dos respectivos antepassados, seja no domínio da História, Artes, Literatura, Ciência, Política ou Desporto.
Tenho essa experiência pessoal no Reino Unido. O primeiro facto relacionado com a História de Portugal que encontrei foi a construção defensiva das Linhas de Torres (Vedras), na região de Lisboa, e das derrotas infligidas, ao comando do exército anglo-português sobre as tropas napoleónicas, no início do século XIX. De resto, passa-se levemente, nos manuais e sumários escolares, pelo Infante D. Henrique por ser filho de D. Filipa de Lancastre, da casa real inglesa da época, e por Vasco da Gama, por ter aberto a rota da Europa para a Índia, dominada depois durante séculos pela coroa inglesa.
VULTOS E OBRAS COM PROJECÇÃO INTERNACIONAL
Uma coisa é certa. Os feitos portugueses nas artes, literatura e desporto são, no conjunto, bastante inferiores, qualitativa e quantitativamente, aos de países como a Inglaterra, França, Alemanha, Itália, Espanha, Holanda e até a Bélgica, entre outros.
Vultos lusos nas artes temos três ou quatro: Vieira da Silva, Amália, Paula Rego!
Património arquitectónico nas novas 7 Maravilhas do Mundo: sem nomeações. Mas monumentos com valor internacional: Torre de Belém, Palácio Real da Pena, Mosteiro da Batalha, Mosteiro dos Jerónimos, Aqueduto das Águas Livres, Convento de Mafra, Castelo de São Jorge, e Fortaleza de Sagres (a merecer uma intervenção e geminação com Cabo Kennedy - os dois sítios épicos da exploração dos oceanos e do espaço).
Da arquitectura contemporânea não arrisco qualquer outro destaque, além das pontes sobre o Douro (D. Luís e Arrábida), Tejo (25 de Abril e Vasco da Gama), as Torres das Amoreiras e o conjunto urbano do Parque das Nações em Lisboa. De resto nem hotéis nem solares, nem centros comerciais ou culturais, nem cidades ou edifícios públicos merecem, em minha opinião, ter prémios internacionais.
Vultos na literatura temos Camões, Padre António Vieira, Pessoa, Saramago!
Vultos com expressão global no desporto: Eusébio, Figo, Cristiano Ronaldo, Mourinho, Rosa Mota e, brevemente, espero, Vanessa Fernandes!
Vultos na política com dimensão extra fronteiras: Salazar, Mário Soares!
Vultos históricos, sim. Além de D. Henrique e D. João II já referidos, temos com alguma dimensão comparativa, D. Afonso Henrique (o conquistador), D. Manuel I (dinamizador do estilo manuelino), D. João V (pelo fausto da corte na sua época e pelas obras monumentais lançadas), D. Luís, Marquês de Pombal e Duarte Pacheco (ambos pelas obras públicas realizadas), e, infelizmente pouco mais ... Desanimador para mais quase nove séculos de História!
Feitos singulares também há poucos. Fui procurar, sem sucesso, no World Almanac and Book of Year Facts e nem encontrei os voos de Sacadura Cabral e Gago Coutinho à Madeira e ao Brasil (1922)! Muito menos dos restantes pioneiros da aviação lusa! Depois de Salazar e António Ferro, só temos tido governos que têm descurado a promoção exterior da cultura, ciência, indústria e história portuguesa!
Ora se não formos nós a cuidar da divulgação permanente da nossa cultura e da nossa História, quem o fará?
MAPA HISTÓRICO CULTURAL E NATURAL
A revista Visão, com o patrocínio da rede de Viagens Halcon, editou há anos um excelente mapa histórico cultural de Portugal, que poderia ser reaproveitado e constituir, durante os dois/três próximos anos, o melhor desdobrável para a promoção do turismo cultural e natural nos mercados prioritários do PENT - Plano Estratégico Nacional de Turismo, em cooperação com o Instituto Camões, Icep e MNE. Além de dever ser integrado no portal a seguir proposto. São peças informativas como esta que fazem aumentar a nossa auto-estima como Povo com ambição cultural, social, económica e do conhecimento.
Deveria haver, por exemplo, um portal na internet com a Enciclopédia dos Feitos Portugueses e dos Recursos Naturais e Turísticos. Hoje, não há almoços grátis, tudo tem que ser feito com um olhar sobre a cultura e imagem e outro sobre as exportações e divisas. Como fazem os outros países, nossos parceiros e concorrentes!
Vamos em 2011 completar um século da organização oficial do Turismo (iniciada em 1911 com a primeira Repartição do Turismo). Em 2006, a Região Demarcada do Douro completou 250 anos. Produzimos e exportamos vinho do Porto há 250 anos. Alguém soube disto nos nossos principais mercados importadores? Ou seja, França, Inglaterra, Estados Unidos! Mas este estudo do ICS ignorou, mais uma vez, a verdade. Ou seja, outros factores negativos e característicos da personalidade lusa: a preguiça, falta de dinamismo e negligência em excesso dos representantes do Estado e da inércia da sociedade civil!
FACTORES TANGÍVEIS OU NÃO
Governantes, historiadores e investigadores sociais sabem que há factores tangíveis que preocupam mais os cidadãos do que os factores intangíveis ou teóricos.
Por exemplo, um cidadão médio preocupa-se muito mais com as carências diárias nas escola dos filhos; o hospital que fica longe ou está saturado; o tribunal que é lento e demasiado teórico (a legislação prima por confundir o contribuinte médio); os transportes públicos que são caros, pouco frequentes e quase sempre saturados; os preços dos bens alimentares e do lar; a burocracia que nunca acaba (digam o que disserem sobre o Simplex); os salários curtos e estagnados em termos de poder de compra; ou os resultados da jornada de futebol, em que o árbitro prejudicou a sua equipa favorita. Estes são factores tangíveis, ao nível da dona de casa no supermercado; do trabalhador que utiliza transporte colectivo; ou do jovem desempregado que ocupa o seu tempo mais a discutir futebol e não tanto a dirigir-se a empresas que anunciem vagas ou que estejam em fase de instalação ou abertura!
Já o elevado sentimento de ser português ou a eventual degradação da Nação, Democracia, Política Central, Economia, Relações Multilaterais, ou Patriotismo (mesmo quando os nossos automobilistas não resistem a parar e ir observar, ajudar e partilhar os detalhes de qualquer acidente rodoviário, incêndio, roubo ou zaragata de rua) são conceitos que apenas os mais letrados da política, comunicação social ou das instituições discutem!
RESULTADOS INTER-EUROPEUS
Os dados revelados pelo estudo do ICS são algo misteriosos. Por exemplo, 50,5% dos portugueses inquiridos defende que se deve apoiar a nação (um dos conceitos intangíveis) mesmo quando um governo toma uma decisão errada. Acrescenta a notícia que esta resultado é superior a todos, dos 40 povos analisados. Acrescento: é por causa desta tolerância que os sucessivos governos usama e abusam da tomada de medidas erradas para defenderem apenas opções ideológicas, de esquerda ou de direita, conforme os ventos de feição!
Os portugueses colocam-se entre os mais nacionalistas com 3,37 pontos - mais o,28 do que a média europeia!
A média de patriotismo dos portugueses alcançou 2,34 pontos, inferior à média da União Europeia, que foi de 2,71 pontos. Francamente são dados em que faltam outros elementos.
Entre os europeus, os portugueses são os que revelam maior orgulho na sua história. Só foram ultrapassados pela Venezuela (efeito da memória de Simon Bolivar, Libertador dos movimentos anti-coloniais latino-americanos) e Estados Unidos (efeito dos pioneiros da Independência da América do Norte do domínio inglês e do maior sucesso mundial de construção de uma grande potência democrática, económica e militarmente forte, embora constituída apenas em 1776 (há apenas 231 anos) e onde vigora un índice de bem-estar acima da média mundial, garantido pelo American Style of Opportunities for Everyone (também conhecido por Americam Way of Life), ou pelo menos para a esmagadora maioria dos residentes (naturais ou imigrantes legais), pois esse padrão depende mais do cidadão do que da organização. Esta pouca contemplação tem para com os menos aptos, dotados, viciados, criminosos, ou preguiçosos!
IMIGRANTES: SIM, MAS ...
Os portugueses são menos receptivos aos imigrantes que os suíços! Alegam os autores que os portugueses têm uma maior identificação nacional que os helvéticos. Aliás, é um dado conhecido e reconhecido, num país que fala quatro línguas. Mas enquanto na Suíça prevalecem os aspectos simbólicos da imigração (como o status dos que no nosso país dantes tinham "criados"), em Portugal dá-se maior relevância aos efeitos económicos da imigração (designadamente sobre o binómio emprego/desemprego no tecido laboral).
O que não parece ser verdade, à primeira vista, quando se encontra paridade de pessoal estrangeiro/nacional na maioria dos centros comerciais, comércio tradicional (padarias e lugares de fruta, entre outros), barbearias, cabeleireiros, órgãos de comunicação social, escritórios, incluindo nas missas por padres estrangeiros.
Até dá a ideia que metade dos trabalhadores portugueses no comércio estão registados no Fundo do Desemprego, tendo sido substituídos por estrangeiros! Não por falta de mão-de-obra nacional (ainda nem todos os portugueses são licenciados, mestres e doutores, como este governo visa alcançar - não se sabe quando?) mas, simplesmente, porque a mão-de-obra imigrante sai mais barata aos empregadores! E se for ilegal, ainda mais barata fica! E com o Prace, todos ficam descansados, pois os fiscais vão para o Registo da Mobilidade! Vulgo: para a prateleira! Aliás, sendo Portugal um país historicamente ajudado à custa dos seus emigrantes, estes resultados são preocupantes. Nem os autores nem os jornalistas que trataram deste assunto se referiram à nossa ainda grave carência populacional em termos de cultura, civismo e educação comparativa com outros povos. Não precisamos de ser todos licenciados mas, sim, todos profissionalizados!
POSTED BY HUMBERTO ON THURSDAY, 01 MARCH, 2007 AT 20h00 (8 pm) LOCAL TIME

Comments:
Gostaria de saber mais informação porque é que vamos em 2011 completar um século da organização oficial do Turismo (iniciada em 1911 com a primeira Repartição do Turismo)?
Ouvi falar num centenario do turismo em 2011 mas nao consegui perceber o motivo.. tentei procurar arquivos sem sucesso.. pode ajudar-me?

Um abraço e continuação de excelente trabalho

Nuno Neves

nuno_neves2000@yahoo.com
 
Só hoje (27 Setembro - Dia Mundial do Turismo) vi o v/comentário, que agradeço. Vou tentar responder:
Há pouca bibliografia sobre Turismo em português. Os brasileiros têm mais. Para o efeito recorro ao Livro Branco do Turismo, edição do antigo Ministério do Comércio e Turismo (Faria de Oliveira) datado de 1991 - ano em que comemoraram 80 anos da organização do Turismo Oficial. Página 8: Após visitas ao estrangeiro, a intelectualidade portuguesa denotava no início do século XX e referia questões que a implementação da indústria do turismo além-Pirinéus vinha suscitando. O turismo não podia nem devia ficar-se por potencialidades. Estruturas e equipamentos eram necessários para atrair e fixar o viajante. O panorama continuava pouco animador. Sem uma organização específica, com uma capacidade de alojamento exígua, o turismo vegetava num quadro desolador e era olhado displicentemente pelos governos.
José Ataíde, o primeiro executivo oficial do turismo, relata-nos que, em 1911, quando foram criados pelos Governo os Serviços de Turismo, o ambiente não era propício às iniciativas hoteleiras e ao desenvolvimento dessa indústria... Os hotéis eram péssimos e todos eles figuravam no índex do Baedecker como indesejáveis ... O hoteleiro, quase sempre na profissão por um acaso da vida, dirigia o hotel com a mesma consciência com que, não sendo marinheiro, dirigia um navio. Resultava que a indústria andava aos vaivéns da sorte, sem rumo, sem finalidade.
A Sociedade Propaganda de Portugal (ideia a retomar na actualidade, talve com o nome de Fundação da Hospitalidade Portuguesa), generosa e mobilizadora, colocaria a primeira pedra simultaneamente no charco e mo grandioso edifício que hoje constitui o turismo, ao organizar o IV Congresso Internacional do Turismo, cuja sessão solene de encerramento decorreu, em 20 de Maio de 1911, na Sociedade de Geografia de Lisboa. A 16 de Maio de 1911 tinha sido, entretanto, criada por decreto a Repartição de Turismo, integrada no Ministério do Fomento, dando assim o Governo satisfação à mais séria e viva recomendação daquela distinta e versada assembleia. E foi em pleno júbilo que o então ministro dos Estrangeiros e futuro Presidente da República, Bernardino Machado, alude a tal decisão, no acto mais solene desse célebre congresso internacional de Lisboa.
Com outro abraço
humberto ferreira
 
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