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Sunday, December 23, 2007

 
Cim2007 - Congresso de Turismo da Montanha

Humberto Ferreira //// hsalvadorferreira@clix.pt (2007/12/25 - Artigo publicado na edição de 07 Dezembro 2007 do semanário Publituris)

A ESHTE e a Associação de Desportos de Aventura Desnível promoveram, de 23 a 25 de Novembro o III Congresso Internacional da Montanha, Desporto e Turismo de Aventura, no auditório da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril. Nota positiva para a excelente organização, que atraiu 200 inscrições e se desdobrou durante três dias em gerir 40 sessões, incluindo a inaugural e de encerramento, e proporcionar 38 temas, divididos em sete painéis: A - Empreendorismo e Turismo Activo; B - Saúde, Fisiologia e Desporto Aventura; C - Inovação e Tecnologias em Turismo Activo; D - Formação em Turismo e Desporto na Natureza; E - Sustentabilidade do Turismo e Desporto na Natureza; F - Segurança e Risco nos Desportos de Aventura; e G - Organização e Planeamento de Expedições.

INTERVENÇÕES E VÍDEOS DE QUALIDADE
Destacamos entre os oradores: Teresa Ferreira do TP ip (O Papel do Turismo de Natureza na Estratégia Nacional de Turismo); Luís Reis e Ana Barbosa da Apecate; Ronaldo Gabriel e Eduardo Fernandes da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; Rita Tomás e Fernando Duarte Pereira da Faculdade de Motricidade Humana; José Sánchez Martin da Universidade de Extremadura; alpinista João Garcia e Rui Santos da ESRI; Paulino Costa, Sérgio Caetano e Carlos Bulhão Pato, representando os Açores; António Quina de A Vida é Bela; Rui Romão e Mário Silva da Assoc. Desnível; Ramon Larramendi da Tierras Polares; David Silva e Sousa da Cascais Natura; José Manuel Laranjo, co-autor da Carta Desporto Natureza e ex-quadro do PNSC; Aurelia Kogler do Institute for Tourism and Leisure Research, Suíça; e José Manuel Simões do Departamento de Geografia da Universidade de Lisboa.
Todas as intervenções foram apresentadas em power-point, com sugestivas imagens (nem se entende como ainda há seminários e congressos em que os oradores continuam a ler o seu papel, tal como há 50 anos). Nas áreas públicas da ESHTE estiveram patentes duas boas exposições de fotógrafos lusos sobre a temática do congresso.
Negativa a ausência de um delegado permanente do TP ip, de preferência o responsável do pelouro do Turismo Interior e de Montanha, para anotar as reclamações dos congressistas e dar resposta a algumas dúvidas sobre a estratégia oficial para as modalidades de Turismo do Interior, da Natureza e da Montanha - agora que a Serra da Estrela tem assumido maior destaque no PENT.
Não houve visitas turísticas e até os serões foram aproveitados para a apresentação de diversas expedições: A Conquista dos Picos do Mundo, Ascensão ao K2 e ao Kanchenjunga por João Garcia; e Andes - Território de Aventura e Cultura por Yannick Tonner, presidente do CAF.

PAINEL: MARAVILHAS DOS AÇORES
A defesa do Turismo Sustentável esteve a cargo de açorianos: Paulino Costa da Direcção Regional de Turismo dos Açores, falou sobre Vulcanologia e Geoturismo; Sérgio Caetano, da Associação Amigos dos Açores, versou Os Percursos Pedestres nos Açores e a sua Importância para a Monitorização e Valorização das Áreas Ambientais; e Carlos Bulhão Pato do GATNER da DRA, revelou-nos Os Percursos Pedestres Mais Recomendados.
Paulino Costa referiu os 14 grandes edifícios vulcânicos, nove dos quais activos, os cerca de 1400 vulcões monogenéticos e as 250 cavidades vulcânicas (grutas e algares), que tornam a região muito apreciada por estudiosos destes fenómenos. Algumas destas áreas estão classificadas na Rede Natura 2000 e como Áreas Protegidas (segundo a denominação lusa - que bastaria enfatizá-las como Áreas de Conservação Ambiental). O governo regional está a rever a Rede Regional de Áreas Protegidas (ReRAPA), reclassificando as existentes pelas normas da União Internacional para a Conservação da Natureza e simplificando a rede regional em nove parques naturais, um parque marinho e 15 centros de interpretação. O mais antigo é o do Vulcão dos Capelinhos no Faial, a comemorar 50 anos e com um site muito visitado.
Sérgio Caetano guiou a assistência numa visita de imagens por alguns dos 50 trilhos pedestres classificados e sinalizados, alguns desde a década de 80. E falou dos cuidados na sua manutenção e da experiência dos Amigos dos Açores.
E Carlos Bulhão Pato falou da decisão do governo regional em suspender a actividade quando se deu um acidente mortal com um turistas alemão, até que fosse instituída a figura legal dos percursos pedestres recomendados (a nomenclatura internacional diz que são PR = Pedestrian Routes ou Walking Trails), revelando o trabalho da sua instalação, sinalização e inspecção. A manutenção está agora a cargo de empreiteiros locais contratados de três em três anos. Também garantiu que qualquer associação ou órgão local poderá propor a certificação e manutenção de novos trilhos, pois só com a descentralização de poderá valorizar esta oferta especializada e ampliar a sua procura. Este orador apresentou belas imagens e excelentes folhetos dos PR, entre os quais destaco o da Praia-Lagoa do Fogo, Vista do Rei-Sete Cidades e Mata do Canário-Sete Cidades (na ilha de S. Miguel); Mistérios Negros na Terceira; Caldeirão no Corvo; e Volta à Caldeira-Furna do Enxofre na Graciosa. Um bom exemplo para os órgãos locais e regionais de Turismo no Continente.

SUSTENTABILIDADE BUROCRÁTICA
O mesmo tema, tratado por especialistas do Continente, ficou aquém da prestação dos Açores, em termos de divulgação e identificação como produto turístico.
David Silva e Sousa da Cascais Natura, apresentou o programa Pedra Amarela - acampamento de gestão sustentável no PNSC - Parque Natural Sintra-Cascais, iniciativa da Câmara Municipal de Cascais. A ideia foi concentrar num só espaço os utentes (escoteiros, escutas, guias, escolas e associações) que queiram acampar na área do PNSC, até ao limite actual de 300.
Apresentou o projecto da "eco-cabana", suspensa do solo e em materiais sustentáveis. Soube a pouco para se usufruir em pleno do parque natural mais próximo da capital.
José Manuel Laranjo, geógrafo e professor universitário, escolheu como território a Rede Nacional de Áreas Protegidas e o PNSC - local procurado para actividades de lazer em terra, mar e ar - para divulgar o enquadramento que regulamenta o acesso às APA (áreas sob protecção ambiental) - livre e condicionado de visitantes, individuais e em grupo -, assim como o licenciamento das actividades de animação ambiental (AAA) - essencial para os praticantes de desportos de Natureza. Falou também do Programa Nacional de Turismo da Natureza e da CDN - Carta Desporto de Natureza - em cujo articulado colaborou.
Por fim, falou de planeamento estratégico e dos utilizadores do território, que enfrentam condicionamentos na prática de Turismo de Natureza devido à taxa de licenciamento e correspondente burocracia. Alertando que as AP (Áreas Protegidas) estão a ser ultrapassadas pelo dinamismo dos actores locais - autarquias e privados. Deixando as seguintes reflexões aos congressistas: quais os melhores meios para uma gestão eficaz das AP? Associar aos instrumentos de planeamento existentes, programas operacionais de gestão local? Ou abandonar as práticas de "planear para" passando a "planear com"?

SERRA DA ESTRELA = TURISMO DE MONTANHA
José Manuel Simões, geógrafo, catedrático da Universidade de Lisboa, especializado em planeamento regional e turístico, falou sobre desafios e inovação no Turismo de Montanha na Região das Beiras.
Começou pela enumeração das grandes estâncias mundiais de desportos de neve e pelas recentes transformações no ordenamento regional e turístico (que deverá passar pelo regresso à designação Região Centro e abandono da marca Beiras). Avisou que o Turismo é o motor de desenvolvimento económico e regional que se entrelaça com todas as actividades humanas e territoriais, sob qualquer perspectiva que se pretenda analisar, incluindo a científica e sociológica.
Numa abordagem estratégica e integrada, a nível nacional, a Serra da Estrela apresenta-se como um peça singular no Turismo de Montanha.
No PENT, a Serra da Estrela também é um dos pólos de desenvolvimento turístico. Lembrou que o turismo é apontado, como um instrumento de desenvolvimento para aquela região, desde o Plano Estratégico de Desenvolvimento Turístico da Beira de 2002; desde o PETUR da Universidade de Beira Interior de 2006; e do PITER - com a apresentação do programa Serra da Estrela Dinâmica - 10 Projectos Estruturantes.
O orador referiu a Carta do Turismo Sustentável de 1995 e os pontos fortes da Serra da Estrela, destacando a sua sustentabilidade impar em termos turísticos ordenados (apesar de numerosas manchas a eliminar); a qualificação gradual dos seus atractivos; a requalificação de unidades hoteleiras e os projectos do aproveitamento do antigo Sanatório das Penhas da Saúde; o alargamento do leque de actividades ao longo do ano, para atenuar a sazonalidade, com organização de corridas de orientação, baloonismo, trekking, rafting, actividades culturais e desportivas, a captação de eventos e congressos ou reuniões; e a inovação da oferta, no sentido de diversificar a monocultura da neve, do esqui e snowboard; os serviços de apoio que surgem (comércio, restauração, museus, artesanato, etc.); a aposta em projectos de diferenciação de outros destinos; a articulação entre os objectivos dos municípios e das empresas locais; a dinamização das aldeias históricas com o apelo ao regresso das populações à floresta e à montanha; por fim, a promoção e marketing integrados.
Desafios não faltam. Faltam é programas de desenvolvimento regional para os validar e optimizar.

DESPORTOS RADICAIS
O último dia foi preenchido com intervenções a exigir mais segurança face ao risco dos desportos radicais: voo livre (por Jorge Oliveira), águas bravas e rafting no Nepal e Equador (por Rui Calado), gestão do risco (por Koen Viaene e Fernando Duarte Pereira); turismo activa pela Tierras Polares; o projecto DiverLanhoso (por Pedro Pacheco); Canoagem no Douro Internacional (por Raul Garcia); Canyoning a São Jorge, Açores (por Rui Romão da Desnível); e Expedição Transatlântica Espanhola à Antártida (por Ramón Larramendi da Tierras Polares).
Resumo: umas belas jornadas quatro em um: Turismo de Montanha, de Natureza, de Interior e Activo.
Desafios para acompanhar pela redacção e pelos leitores do PUBLITURIS. A referir que, entre os congressistas, alguns agentes de viagens especializados nestas quatro modalidades mais Turismo de Aventura.

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