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Sunday, December 23, 2007

 
DILEMAS DA NOVA AVIAÇÃO
E DO NOVO TURISMO
Incompatibilidade concorrência-interline?

Por Humberto Ferreira (publicado no Pulituris em 9 de Novembro de 2007)

A expansão do turismo deve-se a seis grandes factores:
(1) Apoio dos governos às iniciativas turísticas que atraiam divisas, através do reforço e controlo da promoção externa;
(2) Massificação do transporte aéreo e dos fluxos turísticos domésticos e internacionais, de curto, médio e longo curso;
(3) Agrupamento de hotéis e adaptação à procura, em termos de cobertura global e local, assim como de categorias e preços, padrões de serviço de alojamento, refeições, apoio de informações e comunicações e animação;
(4) Distribuição global e local, reforçada pelas novas tecnologias e acessível em formato self-service - adeus aos CRS e aos consolidators, bem vindos às empresas outsiders;
(5) Programação diversificada, desde forfaits individuais a package tours para todos os bolsos, gostos e destinos, aliada à oferta reorganizada de transportes, animação e assistência local, onde o improviso vai ganhando espaço e preferência à prolongada formação e experiência tradicional - a construção de programas e itinerários de viagens, férias e grupos era um serviço profissional e hoje é uma actividade ou hobby de amadores; e
(6) Abandono das parcerias (ou pools) entre transportadores, entre hoteleiros, entre grossistas e retalhistas, entre transportadores e agentes de viagens e entre hoteleiros e agentes. Enfim, adeus ao conceito da cooperação e viva a concorrência agressiva entre empresas, conceitos de voos (low-cost/ponto-a-ponto, rede, sazonal/charters, regional/ERA, curto, médio e longo curso/Iata.
O futuro é um mistério se subsistir a queda tendencial para a auto-destruição dos princípios básicos do turismo, formulados entre 1946 e 1980.

ONTEM E HOJE
Ontem os bilhetes aéreos eram aceites por todas as companhias Iata, facilitando o consumidor. As contas ainda continuam a ser feitas e liquidadas através da Clearance House da Iata em Montreal, mas o movimento é praticamente reduzido à recolha das cobranças da rede de BSP e à redistribuição pelas companhias associadas.
Para o consumidor, hoje é melhor comprar bilhetes separados sector-a-sector. Aliás os bilhetes são electrónicos, virtuais. Já vivi momentos de aflição quando num aeroporto sul-americano me disseram que não encontravam o meu código. Mas os passageiros aceitam este suspense ...
Ontem, o pessoal da aviação (na maioria efectivo) viajava com tarifas interline. Hoje nem o revenue-mix nem a proliferação de tarifas online, ou a situação precária do pessoal, o facilitam. Ontem os hoteleiros negociavam a sua capacidade com os operadores e organizadores de congressos. Hoje também o seu controlo das receitas é feito online face à venda às agências virtuais e directamente com brokers e internautas.
Restou aos operadores investir em hotéis (como tinham feito já na aviação charter nos anos 80/90, assim como a aviação de bandeira tinha feito investindo na hotelaria, na década de 60/70). Dada a forte ligação dos produtos passagem aérea/alojamento hoteleiro.
Hoje a aviação charter opera como low-cost - seja com aviões próprios seja com contratos de preferências com transportadoras low-cost. Os charters regulares estão em declínio. Restam, praticamente, os de longo-curso. E os antigos hotéis dos grupos aéreos (Penta, InterContinental, Meridien, etc.) foram vendidos. Por enquanto os hotéis dos operadores turísticos vão ganhando mercado. Com os passageiros de pacotes de férias e com os de voos low-cost para short-breaks e eventos. É a classe média europeia que ainda pode viajar e fazer férias repartidas.
Ontem os direitos de tráfego aéreo eram atribuídos bilateralmente. Hoje são liberalizados multilateralmente num quadro de rotas saturadas, mas vendem-se slots livres nos aeroportos a preços exorbitantes. Por companhias com dificuldades financeiras ou falidas. Quem lucra? Ontem as operadoras tinham de satisfazer rigorosas inspecções de manutenção, catering, handling, formação de pessoal e actualização de normas de segurança. Hoje recorrem ao outsourcing, havendo empresas apenas com dois/três aviões que, em caso de avaria, fazem fretamentos surpresa a outras ainda mais frágeis.
Ontem, os passageiros (turistas) podiam, em caso de greves, atrasos, voos anulados, erros de reservas ou emissão, recorrer a várias "airline shops", normalmente localizadas nos centros das cidades para prestação de assistência de rerouting, reservas alternativas, etc. Mordomias que foram das primeiras a ser cortadas.
Hoje há companhias ditas de aviação sem escritório e sem GSA no país para onde voam. Têm só contrato com uma empresa de "airport handling". O que não chega mas nem os governos nem a Comissão Europeia interferem a favor dos consumidores. Governos e Comissão Europeia que nos retiraram a bola-de-berlim nas praias, as castanhas assadas em assador de barro no Outono, a colher de pau, o azeite caseiro e os pastéis de massa tenra nos restaurantes, o fumeiro, o galo do campo e a ginginha do Rossio, mas vai permitindo o pão sem ser embrulhado, as azeitonas tratadas e o pessoal a manusear dinheiro! Há sempre um ponto fraco na arrogante postura do Sr. Asae!
Ora voltando aos aviões e aeroportos, quem responde responde aos passageiros prejudicados é o pessoal anónimo do handling em outsourcing, num aeroporto superlotado e distante da cidade.
Ora se o actual sistema vigente na Europa dos 27 visa para proteger o consumidor, pelos vistos o atendimento pessoal foi ignorado? Os srs. de Bruxelas também têm sempre pontos fracos. E não é só a aviação e a hotelaria que usam o atendimento telefónico frio ou electrónico à distância. Por vezes por pessoal da Índia, Indonésia ou Irlanda!
O "air interline" era fonte de crescentes fluxos de turistas através da rede de clubes interline. Hoje, as low-cost degladiam-se entre si, eliminando o interline, quer na aceitação de bilhetes de "stranded pax" quer no intercâmbio entre pessoal da aviação. Eles lá sabem porquê!
Serão as normas da concorrência liberal contrárias ao interline e à assistência devida aos consumidores de serviços de transporte, hotelaria e turismo? E quanto custa a burocracia adicional?

BREVES - CÁ SE FAZEM. CÁ SE COMPRAM ... E VENDEM
1 - Mariza encantou os americanos, em New York, Los Angeles e Late Show da CBS.
2 - O câmbio do dólar americano desce ao ritmo que o barril de petróleo sobe. Más notícias para a economia e turismo. O mercado norte-americano é ainda a maior fonte de turistas na Europa, representando 40 mil milhões de dólares de divisas anuais. A continuar assim, a ETC, ETOA, Visit Britain, Maison de France e as empresas turísticas dos países que recebem mais turistas americanos, têm de diversificar já, enquanto os EUA passam a receber mais turistas europeus, pelo menos aqueles que conseguirem passar a rigorosa selecção de segurança. Questão debatida hoje, na véspera do WTM em Londres, que resultou num impasse. Os americanos não abdicam das suas exigências e os europeus também não, em nome, calculem, da privacidade!
3 - Depois das Sete Maravilhas do Mundo, das Mais Belas Baías do Mundo (entre elas a Baía de Setúbal), surgem as Melhores Ilhas do National Geographic ranking. A melhor é a Mackinack Island nos Grandes Lagos de Michigan. Os Açores também constam. Há que aproveitar a onda. Ou valem só os produtos estratégicos?
4 - O WTTC nomeou 16 sábios para seleccionar e avaliar os candidatos de 2008 aos Tourism of Tomorrow Awards. São quatro americanos, três ingleses, um australiano, um equatoriano, um canadiano, um dinamarquês, um indiano, um malaio, um mexicano, um queniano e um sul-africano. Não houve espaço para um europeu continental nem para um chinês. Cá se fazem, mas não se pagam ...
5 - A revista Condé Nast atribuiu os World Savers Awards 2007, para distinguir figuras e empresas que fazem a diferença na conservação do planeta. Prémios ganhos pelo grupo Marriott, Jungle Bay Resort e Spa, Tswalu Kalabat - destino sul africano, operador asiático Buffalo Tours, e fundador do IIPT Louis D'Amore.
Entretanto, Bernardo Trindade disse no VI Fórum Europeu do Turismo, realizado em Portimão, que "Portugal quer ser uma referência na Europa do Turismo Sustentável". Para isso é preciso estar dentro destas e outras iniciativas.
6 - Parabéns à ATL pelos 10 anos a promover o turismo da capital e pelos resultados alcançados. A Capital Europeia da Cultura foi em 1994 e Lisboa continua sem uma oferta de entretenimento a tempo inteiro. Há os casinos (Lisboa e Estoril), o fado, as discotecas (para a juventude e "jet-set" doméstico), os restaurantes e algum concerto ocasional (também para o mercado interno). Faltam espectáculos históricos e folclóricos sobre Lisboa e o Tejo (tipo London Experience, Buenos Aires, etc. Sei que há o Lisbon Experience no Padrão dos Descobrimentos em Belém, mas quem se desloca lá ao serão? Só funciona no horário nocturno em ocasiões especiais e, além disso não se vai ali beber um copo e ver uma apresentação electrónica).
Já houve, em 60/70, o show do restaurante Folclore (retomado no restaurante Luso), e, mais recentes, os shows Amália no Politeama (que deixou de servir jantares) e outros fabulosos no Casino Estoril. Hoje há o Campo Pequeno bem equipado para um conjunto de iniciativas deste tipo. Faltam empreendedores? Iniciativas? Ou quem dinamize a oferta de espectáculos de categoria internacional em Lisboa? Artistas à procura de trabalho não faltam?
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