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Sunday, December 23, 2007

 
Reorganização turística: uma oportunidade excepcional - I

Por Humberto Ferreira (publicado no Publituris em 2 de Novembro de 2007)

A actual regionalização turística peca por excesso e omissão. Há 19 Regiões de Turismo (RT) - cada em regime de auto-associação emanada dos respectivos municípios e não das estruturas específicas do sector. Há mais RT que distritos. Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto - fora deste esquema turístico. Duas Regiões Autónomas - com o turismo autonomizado. Sete agências regionais de promoção: Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve, Açores e Madeira. Mais 308 vereadores e/ou comissões municipais de Turismo e ainda algumas outras iniciativas, que se esforçam pela projecção do turismo temático e local. Só estruturas fixas são 33, algumas sobrepostas.
Em quase 30 anos, que dura este dispendioso modelo, tem-se tentado projectar no exterior a notoriedade de dez destinos/marcas: Algarve, Lisboa, Fátima, Madeira, Porto, Estoril, Sintra, Porto e Douro, Alentejo/Évora e pouco mais.
A louvar o recente dinamismo empresarial e municipal resultante de projectos no litoral Oeste e Alentejano, Guadiana/Alqueva, Douro, Fundão, etc.
Em contrapartida, perdeu-se o impulso internacional do Buçaco, Templários, Sagres e Costa Vicentina, Figueira da Foz, Ria de Aveiro, Minho, Arrábida, Tróia (algo parada pelas obras) assim como dos circuitos temáticos que já foram bem vendidos a operadores estrangeiros, os quais se desinteressaram por falta de renovação, face à crescente concorrência de outros destinos estrangeiros mais dinâmicos.
Registe-se ainda com agrado as praias destacadas pelas revistas de surf, os campos de golfe premiados internacionalmente, alguns renovados e novos hotéis, termas, spas, restaurantes e eventos, assim como iniciativas municipais em Albufeira, Portimão, Óbidos, etc. Das campanhas regionais destaque para a Madeira e Açores. Balanço fraco.

SOBRE MARCAS TURÍSTICAS
Qualquer cidade, região ou país turístico usa um qualificativo directo para o caracterizar junto dos consumidores: Love NY; Surprising Amsterdam; Wonderful Greece; More Italy than ever; Croatia - the Med as it used to be; Cyprus - a world in a single island; Montenegro Wild Beauty; Bulgaria easy to find; Malaysia is truly Asia; Egypt - everyone wears a smile; etc.
Enquanto os nossos recentes slogans foram maus: Portugal live deeper e Portugal think west. Datam do consulado de Madalena Torres. Assim não chegamos à meta, nem com 19 ou cinco RT. Que tal Portugal Amigo?
Lisboa, Porto ou Algarve em si não são marcas. São destinos. Nas rotas de vinhos, os empresários podem destacar na promoção os slogans e logos oficiais da respectiva região demarcada. O Turismo poderia aplicar, ao nível regional, idêntico sistema na promoção dos hotéis, spas, restaurantes, parques temáticos, excursões, pacotes, etc. Afinal, uma vinheta de qualidade promovida por uma entidade reconhecida.

EXCESSO PREJUDICIAL DE TÍTULOS E ORGANISMOS
A organização regional e local do Turismo é complexa mas pouco tem a ver com a expansão mundial das marcas lusas mais consagradas.
Quais os estrangeiros que se lembram de comprar férias na RT do Nordeste Transmontano, Alto Tâmega e Barroso, Serra do Marão ou Douro Sul? Nesta transparece a mania de se dividir o Douro em Alto, Médio e Sul. A chave do apelo aos turistas neste caso é o DOURO. Ou para as RT do Alto e Verde Minho? Divisão forçada.
Ou para as RT da Rota da Luz, Dão-Lafões, Serra da Estrela e "Centro"? Esta última denota falta de originalidade, pois cada localidade por esse mundo assinala à chegada o caminho mais curto para o "centro". O centro geodésico de Portugal é Vila do Rei. E a região centro é dividida para efeitos de previsões meteorológicas em Centro Norte e Centro Sul. Admirem-se que autarcas venham exigir o desdobramento da proposta RT do Centro em duas, na sequência das discordâncias que tem havido na gestão das verbas da agência promocional de Turismo de Coimbra, Aveiro, Covilhã e Viseu? Viagens ao centro de quê? Viagens, sim, às BEIRAS.
Ou para as RT de Leiria/Fátima, Ribatejo e Oeste? Ou para as RT de S. Mamede-Alto Alentejo, Évora, Planície Dourada e Costa Azul? Destas, o turista poderá perceber que Leiria é uma cidade importante próximo de Fátima ou que S. Mamede é no Alto Alentejo. Mas não entenderá se Évora é a capital do Alentejo? Nem se a Costa Azul é na região da Arrábida, junto a Setúbal, Sesimbra, Tróia, Palmela, Caparica até à frente ribeirinha do estuário do Tejo?
Afinal são 19 simples designações orgânicas e ad-hoc. Não marcas procuradas nos mercados externos. Muitas nem internamente são conhecidas. Portanto pouco se perde além de interesses pessoais.

TURISMO ACTIVO VENDE MAIS
Os organismos centrais de turismo devem adoptar também nomes com maior peso, como: TurEspaña, Maison de France, VisitBritain, etc. Contentam-se com o TP ip? Eu não.
Os países costumam concentrar a promoção turística sob um cartaz forte. Quem se lembra das regiões de turismo de França ou Inglaterra? Mas talvez se lembrem mais das de Espanha e Itália porque condizem com as autonomias.
Os nossos concorrentes usam nas imagens o ponto mais forte de qualquer produto turístico: o elemento humano. As pessoas procuram eventos com multidões. Logo, não convém produzir vídeos e cartazes em desertos. Aproveitar, sim, lindas paisagens mas com o elemento humano. Um grupo de desportistas, pares românticos, famílias alegres e jovens a curtir. O motor da vida contemporânea é turismo activo. Não o contemplativo.
Também importa perguntar aos defensores das 19 RT quem aprendeu (ou decorou) os nomes das 19 RT? Só eu, por força do ofício de jornalista e professor.
Nem um cidadão comum, quanto mais um estrangeiro à procura de um destino com as suas características preferidas, para passar férias? Até a página na internet sobre as 19 RT é muito confusa.
Andamos sempre atrasados, mas Portugal será regionalizado. Primeiro com regiões administrativas e até mais autónomas! Essa é uma tendência irreversível.

SEDES OPERACIONAIS
Polémica é também a nova localização prevista pelo Governo para as sedes das futuras RT. As quais devem condizer, por operacionalidade, com as sedes das actuais CCRD - embriões das futuras regiões administrativas e de ordenamento (baseadas nas NUT II). Promessa de um país organizado.
A proposta original da SET lembra-me Pedro Santana Lopes, que distribuiu secretarias de Estado por certas cidades provinciais. O Turismo foi para Faro e o SET da época passou metade do tempo a viajar para Lisboa e outra metade a visitar Trás-os-Montes, Serra da Estrela e as feiras internacionais de turismo. Desperdício de tempo e custos.
Que sentido faz agora o Turismo nortenho mudar-se do Porto para Viana do Castelo? O Turismo do Centro de Coimbra para a Guarda? Para privilegiar o Turismo de Interior na Guarda? Ou de Lisboa para Santarém? E o Turismo alentejano de Évora para Beja? Por causa do novo aeroporto? Só o Algarve é intocável no território regional e na sede em Faro. O que se fará às pessoas que trabalham e constituíram família nas outras cidades? Mandam-nas para o quadro da mobilidade ou para a prateleira?
Perante as críticas, o SET recuou na questão das sedes, desagradando à população e a um secretário de Estado de Santarém. E fez bem porque o governo não se pode meter nisto. Caso contrário vai pagar a factura. Bernardo Trindade optou, na segunda versão, por responsabilizar os "associados" pela escolha das cidades-sedes através dos estatutos. Mais polémica. Não se pode descarregar o ónus da orgânica no senso dos autarcas, por norma egoístas q.b. E depois, nem se trata de medida vitalícia. Fica sempre sujeita a que outro governo mude tudo. À data deste texto, apurei: a favor das 5 RT a CTP, AHP e Associação Nacional de Municípios. Contra: a maioria das RT da ANRET.

Reorganização turística: oportunidade excepcional - II

Por Humberto Ferreira (publicado no Publituris em 9 de Novembro de 2007)

Foi referido no artigo anterior, quanto à organização das futuras Regiões de Turismo (RT), que competirá aos associados escolher as sedes, através dos estatutos. Associados de quê?
Pensei (pelos vistos erradamente) que as novas RT seriam PPP (parcerias públicas privadas), onde não há lugar para um mandador com mordomias e vários pagantes e executantes. Outra das polémicas foi especular sobre o peso dos votos de cada município. A AML ou a região de Lisboa e Vale do Tejo abrangem dezenas de municípios - uns turísticos outros não - mas na RT passariam a ter todos direito a um mesmo voto. Nem se sabe se esta foi a ideia do legislador.
O que importa definir (de há muito) é município turístico! E quanto a votos, temos a bitola das camas e das receitas turísticas em sede de IRC. Num período de ameaças de aquecimento global, crise cambial do dólar e do custo do petróleo, o investimento em municípios fora do mapa turístico pode ficar adiado, pois há outras prioridades.
As actuais 19 RT pecam por demasiado politizadas. Se vão continuar na mesma, é esquecer esta oportunidade excepcional. Fico na expectativa.
Assim como na próxima Comissão Europeia nem todos os países terão um comissário, também nas novas RT (num esquema de cobertura total do país) só os municípios com classificação turística é que poderiam integrá-las e nomear um representante para a assembleia geral (a quem compete a fiscalização activa do conselho executivo).
Proponho também acabar com a guerra dos vogais e "consoantes", chamando aos membros das entidades participantes: conselheiros, comissários, delegados ou administradores, conforme as funções. Neste caso para a assembleia geral da RT.

REPRESENTAÇÃO E ORGANIZAÇÃO
Entretanto, avanço algumas sugestões práticas e de ruptura. Para o conselho executivo da RT, o conjunto dos municípios turísticos só deve eleger um membro rotativo e nos estatutos deve constar que o delegado eleito seja o vice-presidente executivo da RT.
O presidente do conselho executivo da RT deverá ser eleito entre os empresários experientes em relações internacionais no turismo, que integrem a PPP. Assim, enquanto o presidente provém do cluster turístico, o vice-presidente seria o representante político da maioria regional. Este quadro deve funcionar melhor junto dos operadores estrangeiros. Os restantes administradores seriam: três representantes locais eleitos entre as associações empresariais ou delegações regionais (de hotelaria, restauração, operadores de transportes domésticos e internacionais, excursões, viagens, animação, comunicação, etc.); um delegado que represente o aeroporto, porto de recreio ou comercial (não o capitão do porto), ou outro interface de relevo regional; e mais um delegado das estruturas desportivas, culturais e comerciais.
Quanto mais coesa a equipa melhor. No total seriam sete membros a trabalhar em sintonia, desde que todos visem o desenvolvimento turístico. Um simples ponto de partida, pouco complicadex.

PEACE NOT WAR
O Turismo é a indústria da Paz, mas por vezes está em guerra. Penso mesmo que os políticos gostam mais de guerras do que de paz.
Neste caso, não demoraram a formular os ecos do seu (aliás legítimo) descontentamento contra a proposta da SET, inclusive por parte de alguns membros do PS, prejudicados pelo corte de 14 RT. O argumento comum tem sido a desvantagem de desperdiçar o trabalho e investimento promocional feito no exterior, nas três últimas décadas, com as "marcas" Fátima, Douro, Serra da Estrela e Costa Azul. Alegam (mal) que vai deixar-se de promover estes destinos. Seria mais apropriada a frase: a projecção a obter com a maior dimensão de cada RT pode vir a ser diluída entre novos objectivos estratégicos. Aliás, como tem sucedido nas recentes campanhas nacionais do Icep e do PTip.
Tenho sido um frequente crítico e comentador das medidas negativas deste governo e da SET, nos últimos 30 meses. Mas dizer que estas "marcas" vão deixar de ser promovidas por se reduzir as RT de 19 para cinco, não entendo. Cada território vai continuar a promover os seus recursos.
Entre as maiores críticas à proposta da nova regionalização, li e ouvi declarações de Miguel Sousinha, presidente da RT Leíria/Fátima e da ANRET; e António Carneiro, presidente da RT do Oeste.
Miguel Sousinha queixa-se que cinco municípios de Leiria/Fátima vão passar para a nova (e alargada) RT do Centro e outros três para a RT de Lisboa e Vale do Tejo.
Não entendo. Hoje não há fronteiras internas na zona Schengen e o grosso de turistas para Fátima vem de Lisboa (pelo menos enquanto Fátima não tiver ... aeroporto). O que não se enquadra em qualquer mapa coerente é a regionalização turística. As NUT II não são apenas para efeitos estatísticos. São para investimentos e projectos abrangentes.
Aliás, em tempos Leiria/Fátima associou-se à promoção da ATL, queixando-se depois que Lisboa não promovia Fátima. Agora ignora-se que os 10 produtos apoiados no PENT excluíram o Turismo Religioso. Afinal, é este Governo que ignora Fátima?
Promover as vantagens das zonas de cada RT competirá às juntas de turismo (JT), que precisam ser revitalizadas.
Num primeira alerta à escala nacional, os destinos são promovidos em conjunto no exterior, pelo órgão central. A segunda ronda promocional ao nível regional é das RT. E, num terceiro patamar, as JT divulgam a zona e modalidades turísticas. Poupando-se, assim, sinergias e atingindo-se os grupos-alvo emissores. Pela prática da segmentação.

MAPA DA REGIONALIZAÇÃO TURÍSTICA
Como escrevi no início, um dos males do actual modelo (concebido pelo meu amigo Carlos Matias, à época deputado do PRD, experiente quadro da DGT, chefe do gabinete de quatro secretários de Estado e director do jornal de S. Pedro do Sul) foi entregar a adesão a cada RT ao voluntarismo dos autarcas. Assim, o mapa do turismo regional é uma manta de retalhos ao gosto partidário e os autarcas "adjacentes" (vizinhos), volta não volta, provocam dissidências ditadas pela rivalidade partidária. Se quiserem continuar assim, perde-se uma oportunidade excepcional.
O actual mapa não foi desenhado a esquadro e régua, mas foi pior, permitindo enclaves sem turismo regional. Os mais duradouros foram os da Nazaré (negando a adesão à RT de Leiria/Fátima) e de Guimarães (Verde Minho), além dos municípios de Lisboa e Porto - que não querem repartir as suas verbas (pudera) - até que um governo inventou a sobreposição orgânica das agências regionais de promoção (ARPT) com as manchas das RT, as quais foram, assim, forçadas, a cooperar, pelo menos até às reservas surgidas, nas RT da Costa Azul e do Centro.

PRIVILÉGIOS E OPÇÕES
António Carneiro da RT do Oeste queixa-se que o mapa da promoção turística não deve ser determinado por ditames burocráticos e administrativos.
Mas então, os mapas administrativo, jurídico, de planeamento e ordenamento territorial, etc. não devem articular-se com o mapa da organização operacional do turismo? E vice-versa?
Então o Turismo é um super-star que vive isolado do resto dos problemas do país?
Quando um governo tem uma política a cumprir e demora 12 meses a discutir a proposta sem conseguir reunir consenso, tem duas saídas: recua e fica tudo na mesma, ou avança e fica sujeito às críticas dos seus próprios apoiantes. É a democracia.
Ora assim como nem todos os município reúnem condições para se auto classificarem de turísticos, há outros que à partida não podem negar esta vocação nem a solidariedade que devem aos municípios vizinhos, atravessados pelos turistas e que complementam as motivações locais. Curiosamente, até a sinalética de trânsito para se chegar a um município é boa mas, depois, para se sair para outro vizinho é omitida.
Um (ou mais) presidentes concordam com a proposta das 5 RT, desde que Lisboa e Porto fiquem fora do esquema. Parece ser esta, afinal, a base da contra-proposta da ANRET. Não cinco mas sete regiões no Continente e mais duas nas ilhas = total nove.
Se pensarmos no que NÃO foi conseguido até aqui (durante quase 30 anos), talvez se dê uma oportunidade ao novo modelo. Portugal é um país pequeno com vontade de ser grande no Turismo. Ainda bem. Mude-se o rumo da proliferação de RT (o modelo da micro e sub-regionalização) e ensaiem-se outras soluções técnicas, empresariais, regionais e políticas. A proposta da SET vem inicialmente imbuída da racionalização orgânica capaz de gerar uma oportunidade excepcional. Basta modernizar a arquitectura orgânica sub-regional: ou seja, dinamizar as juntas de turismo, mas emanadas das empresas privadas como no período das comissões de iniciativa local e regional.«»

Comments:
CAro Humberto Salvador ferreira

Artigo excepcional o seu, sobre turismo. Li a correr ás duas da manha e vou reler e fazer circular.

Encontrei seu lugar fazendo pesquisa sobre o o livro O ERRO DA OTA de que fui coordenador,
Um pesadelo de que o país se livrou a 10 de janeiro findo
Há outros...!

Querendo,dê uma olhada em www.democraciaportuguesa.org e em www.somosportugueses.com

Se nos permitir republicaremos o seu artigo sobre o turismo neste último
Obrigado
 
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