BelaSagres.blogspot.com

Divulgar Sagres. Bem-vindos ao melhor surf, pesca, mergulho, ciclo-turismo, e às praias vicentinas. Comentar a actualidade. Debater Ambiente, cruzeiros, aviação, excursões, hospitalidade, eno-gastronomia, desportos, cultura, eventos, formação e conhecimento. Aberto a contributos e críticas.

Sunday, June 08, 2008

 

PESCAR CONTRADIÇÕES

Mais uma crise. Mais polémicas. Mais um programa Prós e Contras na RTP1. Resultado: tudo na mesma.

Temos um Estado ultra-desconfiado das potencialidades da sociedade civil. Um povo que prima pelo diz-se diz-se e que vê no governo a salvação para todos os seus males, sejam empresários, trabalhadores ou desempregados. E uma imprensa à altura desta realidade. Ora a reboque do governo, ora a acompanhar as ridículas reivindicações empresariais ou sindicais. Falta-nos uma comunicação mais pedagógica.

A agonia das pescas europeias é um facto. Mas esta crise pode ser o começo de uma mudança que se impõe.

Os pescadores são os únicos produtores activos a não controlar os custos de produção nem os preços de venda. Compram as embarcações, motores e aparelhos lançados no mercado, sempre com as melhores intenções mas nem sempre com resultados compensadores. Vão diariamente ao mar sem saber o que vão colher, ao contrário dos agricultores que acompanham o estado das sementeiras e pomares ao longo de cada época. Os pescadores não têm contratos de exclusividade para fornecer os seus clientes directos. Entregam, sem fixarem o preço mínimo para venda, o peixe na lota e pagam diariamente à cabeça as taxas impostas pelo Estado e pelo monopólio da respectiva comercialização. É este o aspecto desconfiado e agravante do governo. Os compradores são registados pelo fisco e quem faz o preço para os retalhistas e canal Horeca. Também há as grandes superfícies a comprar 60% do pescado (fresco, importado de Espanha, proveniente da aquacultura e o transformado) ao preço que mais lhes convêm, não pelo preço justo de cada dia. Mas depois os consumidores, seja nos mercados municipais, peixarias, grandes superfícies ou restaurantes, vão pagar o peixe cinco vezes mais caro. Adicionados os lucros e custos de transporte, armazenagem, congelação, distribuição e promoção.

É isto que está errado. O peixe tem um valor, cuja média não sobe há mais de uma década na lota. Só tem subido exponencialmente no retalho, prejudicando pescadores e consumidores, enquanto engorda os intermediários.

Quem não admitir esta contradição nem emendar este erro (corrente na União Europeia e em Portugal) vai ser responsabilizado pela "morte" das pescas, pela extinção da classe piscatória, e pela carestia incomportável do peixe - no terceiro maior consumidor mundial da dieta do mar. Os custos de produção vão continuar a subir e o governo não mostra interesse nem capacidade em regulamentar a composição do preço do peixe na lota, tal como faz em relação aos combustíveis - o factor estratégico causador das crises energética, alimentar e económica.

Labels:


Comments: Post a Comment

Subscribe to Post Comments [Atom]





<< Home

Archives

October 2006   November 2006   December 2006   January 2007   February 2007   March 2007   April 2007   May 2007   June 2007   July 2007   October 2007   November 2007   December 2007   February 2008   March 2008   June 2008   July 2008   August 2008   September 2008   October 2008   November 2008   December 2008   January 2009   March 2009   April 2009   May 2009   June 2009   July 2009   August 2009   September 2009   October 2009   December 2009   January 2010   February 2010   March 2010   April 2010   May 2010   June 2010   July 2010   August 2010   September 2010   October 2010   November 2010   December 2010   January 2011   February 2011   March 2011   April 2011   May 2011   June 2011   July 2011   December 2011   February 2012   May 2012   June 2012   July 2012   September 2012  

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Subscribe to Posts [Atom]