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Thursday, October 02, 2008

 
O RESUMO DA CRISE FINANCEIRA 2007/2008


NA SEQUÊNCIA DA CRISE SUBPRIME USA E DO CONTÁGIO À ESCALA GLOBAL:
ADEUS AO NEO-LIBERALISMO.
MORTE ATRIBUÍDA A FALTA DE REGULAÇÃO MAIS FORTE!

Por Humberto Ferreira (texto actualizado em 20 Outubro 2008)

Iª PARTE - IMPLICAÇÕES POLÍTICAS
1 - Depois da aguda crise financeira global, que atravessamos, é que muitos portugueses compreenderam, finalmente, duas coisas novas:
1ª - que os conselhos de administração das grandes sociedades anónimas (também podiam ter inventado um título mais fácil = por exemplo: simplesmente administração) passaram a ser designados como conselhos de 'governança'(mais adequado do que "governação").
2ª - que as direcções gerais dos ministérios têm tendência para acabar e serem substituídas por organismos reguladores (autoridade, entidade, instituto ou agência) no que toca ao licenciamento, pedido de fusão, ou fiscalização dos deveres empresariais, fiscais e financeiros das sociedades e grupos económicos, divididos por actividades e sectores - da concorrência à energia, comunicações, transportes, água, ambiente, comunicação social, etc.- de acordo com as normas europeias da livre concorrência.

2 - Noto que, apesar do 12º ano de escolaridade e de certas licenciaturas à medida (além das novas oportunidades - para quem nunca gostou de estudar, poder ultrapassar os que estudaram e trabalharam direitinho mas nunca se inscreveram num partido!), muitos jovens com quem me cruzo, não fazem a mínima ideia nem dos movimentos políticos nem da articulação destes com o actual sistema financeiro e económico global. Assim, sem tempo para grandes pesquisas nem maior rigor histórico, creio que seja útil avançar com uma panorâmica político-social sobre esta grave crise global, cujo paralelo mais óbvio foi a Grande Recessão Mundial de 1929, também iniciada na Bolsa de Nova Iorque há 80 anos.

3 - Os cinco pilares da vida contemporânea são a Política, a Economia, a Sociedade, o Conhecimento e a Justiça. Cada um dos quais deve evoluir no sentido do progresso e do bem-estar das diferentes camadas da população.
Ultrapassada a fase da Nobreza, Clero e Ralé; ou a do Absolutismo (onde o Poder Real, apoiado nas Forças Armadas como garante da ordem pública, visava apenas o bem-estar dos aristocratas dependentes); e a das ditaduras militares, por vezes protagonizadas por civis como Salazar, creio que, na Europa, já não há espaço nem ousadia para golpes de coronéis ou outros "iluminados"!
Convém também visitar (através dos livros) as fases do Liberalismo no séc. XVIV, a qual gerou múltiplas facções pró e contra, impedindo o progresso; e da I República (medrada no ódio pessoal entre os seus utópicos criadores).
Portugal não tem tido sorte nem com os sucessivos regimes nem com os sucessivos políticos. Todos muito individualistas, como a maioria dos nossos futebolistas. Gostam é de brincar na areia sozinhos com a bola! Ou de forçar os outros a jogar para eles brilharem!

4 -Qualquer comunidade não é constituída apenas por indivíduos da mesma nacionalidade, nem com as mesmas habilitações, competências e aspirações, nem dentro do quadro geral da solidariedade e tolerância. A norma é cada qual puxar pelos remos à sua maneira e de molde a favorecer mais os seus objectivos. Por isso, sempre que um núcleo se arroga ter mais poder e direitos que os demais, gera-se uma crise, que pode conduzir a um conflito social ou armado. Por vezes à dimensão mundial!

5 - Também não há estados ou regimes utópicos. Deve haver, sim, sistemas político-sociais capazes de evoluírem gradualmente para melhorar o nivelamento dos índices de bem-estar geral.
Pelo contrário, o poder discricionário, a ganância, a corrupção e a intolerância são instrumentos que devem ser PRONTAMENTE denunciados às autoridades competentes, além de serem também combatidos pelos cidadãos, a nível individual e associativo, para serem banidos de cada comunidade ou bloco pela ... Justiça adequada a cada época.
Ontem como hoje, sempre que estes instrumentos negativos se sobrepõem ao mérito, ao saber e à capacidade individual, afectando a produtividade e a solidariedade, há um grande número de pessoas inocentes a sofrer as consequências.
O verdadeiro - o primeiro - objectivo da política é evitar estes conflitos! Mas os políticos preferem o combate permanente com os "adversários", para ficarem o mais tempo possível na cadeira do poder. Trabalham para o voto. Resolver problemas dizem, é da competência dos organismos e autoridades em que eles mandam! A eles basta-lhes encomendar e aprovar leis. Dão um péssimo exemplo todos aqueles que actuam assim Pois a sociedade civil paga impostos é para políticos, funcionários e autoridades lhes resolver os problemas colectivos, não individuais. O mal é que acabamos por ficar anos à espera de qualquer pequena melhoria prometida ao serviço público.

1º RESUMO - PORTANTO, a actual crise financeira tem origem na introdução de um complexo, alargado, e errado sistema de governo, por um lado, e de administração da banca e instituições paralelas de crédito, por outro. Agravado com o desinteresse da sociedade civil!

REGENERAÇÃO PRECISA-SE (NÃO PROPRIAMENTE DE UM PARTIDO REGENERADOR!)
6 - São tantas as diferentes designações dos políticos e executivos contemporâneos, que as responsabilidades se diluem, permitindo-lhes algumas grandes safadezas. Umas em proveito próprio, outras em proveito directo das suas seitas religiosas, étnicas ou elitistas.
O sistema está tão podre como outros anteriores, sendo de destacar a mais recente experiência dos regimes comunistas, de 1917 a 1989, de que restam alguns resistentes hoje. Convém lembrar que a teoria marxista aplicada na Rússia foi desviada por Lenine e Estaline da respectiva linha original, passando a ser conhecida por marxista-leninista. Sendo ainda adoptada pela linha ortodoxa do PCP e por ...Fidel & Irmão, em Cuba. Hoje, já nem na China Popular é seguida.

II PARTE - COMPLEXO XADREZ EUROPEU
7 - Nas últimas quatro décadas de prosperidade artificial - onde uns acumulavam cada dia maior volume de riqueza e outros caiam de degrau em degrau na pobreza mais humilhante - ninguém sabe quem verdadeiramente manda nas comunidades e nas instituições, e poucos dão a cara na hora da bolha rebentar!

8 - Este longo período corresponde à evolução do neo-liberalismo, ou, se preferirem, o eufemismo mais usado de "sistema de economia de mercado". Com efeito, este nivelamento por baixo dos Estados, aponta para "emagrecer" os governos e os variados serviços oficiais (das suas inalienáveis responsabilidades), encomendando-os a empresas privadas. Sem melhoria para os utentes.
Funções como a cobrança de taxas e impostos, e a emissão de documentos e certidões exigidos pela burocracia, passam a ser executados, em regime de outsourcing, após adjudicação por concurso público.
Estão a ver? Raro tem sido o concurso público realizado em Portugal nas últimas décadas, que não segue para recurso judicial! Demorando anos a resolver! O que convém à magistratura e aos advogados de topo!

9 - Isto traduz, por um lado, a vitória das propostas neo-liberais no século XX e, por outro, a capitulação dos socialistas e trabalhistas europeus (começando pelos sociais-democratas escandinavos nas décadas 60/70) face ao "primado do mercado", que sucedeu ao fracassado centralismo comunista.
Mas representa mais: a derrota do modelo conservador, demo-cristão ou popular europeu - os partidos da direita democrática. Hoje com pouca representatividade em Portugal e noutros países.
Os extremos acabam quase sempre por se tocar! Neste caso a direita foi derrotada pelos socialistas moderados, que se auto-intitulam de "socialistas modernos" ou "socialistas-democráticos"? Talvez para esconder as ideias neo-liberais previamente importadas pelos conservadores!
Mas quando muda o regime (como em Itália, Grécia, Espanha, antigas repúblicas comunistas da Jugoslávia, ou Rússia)não significa que mude para garantir o bem-estar da população - além do usufruto da liberdade de expressão. Mudam também os políticos, mas acabam por revelar o apego ao poder e a exigir juntamente com algum abuso, mais sacrifícios para as populações. Portugal cabe bem neste parágrafo!

2º RESUMO - PORTANTO, sem revolução (pelo menos na maioria dos países, até na Espanha), assistimos nos últimos 40 anos, a uma mudança gradual na Europa do modelo de governo e da gestão empresarial. Os antigos patrões foram sendo substituídos por magos dos negócios, com intocáveis diplomas de um rol restrito de universidades mediáticas, nos EUA e na Europa, contratados a peso de ouro. E os antigos tribunos políticos foram substituídos por "mestres e doutores da ciência política contemporânea", igualmente diplomados por prestigiadas universidades ... algumas católicas!

IIIª PARTE - IMPLICAÇÕES ECONÓMICAS GLOBAIS
10 - Esta moda também contagiou, assim, Portugal, onde os dois maiores partidos, hoje praticamente não projectam diferenças visíveis.
Apenas, na base teórica de raízes ideológicas antigas: o PS assume-se como representante da "esquerda democrática europeia", enquanto o PSD diz-se do "centro popular europeu. Mas ambos seguem a mesma cartilha! O prejuízo vai para o PSD que é conhecido como partido de direita e teve que se filiar no Partido Popular Europeu (dos conservadores), pois a quota lusitana estava já preenchida pelo PS. Portugal até nisto projecta uma excepção na Europa! Aliás, todos os partidos portugueses estão mal "baptizados". O PS deveria ser PSD, o PSD Partido Liberal, o CDS podia estar inscrito no bloco do Sr. Le Pen, o BE na Central Radical. O PCP é a excepção, mas que saiba a Internacional Comunista já nem funciona.

11 - Enquanto há países europeus onde o poder é normalmente alternado entre outros partidos com nomes diferentes, sabe-se que acabam por ser invariavelmente associados na Internacional Socialista ou no Partido Popular Europeu. O resto é paisagem ...
Os liberais e outros derivados já têm pouco eleitorado. Os radicais também. Talvez a excepção seja a extrema direita em França e na Áustria ...
Depois há uma série de partidos marginais, que deveriam começar por divulgar quais as suas fontes de financiamento? Não serão produto da tese: "Dividir para reinar"? A dúvida persiste ...

12 - Em relação à confusão que reina em Portugal - o PS e o PSD costumam ter, na restante Europa a 27, objectivos comuns aos das respectivas centrais internacionais - sabendo-se à partida que os sociais-democratas europeus pertencem à Internacional Socialista e os conservadores ao Partido Popular Europeu.
Mas a prática política também ficou baralhada, quando os sociais-democratas, socialistas, ou trabalhistas europeus adoptaram a terceira via (Blair, Guterres e outros incluindo Sócrates) - muito semelhante à corrente neo-liberal herdada pelos conservadores. Isto é, andam todos em busca da felicidade, a roubar a ideologia uns aos outros, depois de tanta experiência fracassada!

3º RESUMO - PORTANTO temos vivido, tanto com o PS como com o PSD no poder, sob o modelo neo-liberal, que aposta no "primado do mercado".
Ora, pergunto, não poupariam tempo, fundos e paciência, alcançando resultados mais práticos, se a política nacional se enquadrasse sem desvios em três grandes grupos: direita, centro e esquerda?
Lembro também que os comunistas lusos envergonhados do vermelho, passaram a usar azul ou verde na sua propaganda! Não esquecendo as deserções, fracturas e ódios pessoais cultivados na actividade política!

CONTÁGIO UNIVERSAL
13 - Este modelo neo-liberal tem sido adoptado, com diversos nomes, na América do Norte, na Ásia, Oceania e até em certos países da América Latina, pelo menos durante alguns períodos, apenas com algumas ligeiras particularidades. Basta chamar ao Partido Democrático o PS ou PSD, e ao Partido Republicano o Partido Conservador. Chamam a isto criatividade e diversificar as opções políticas proporcionadas a cada povo. Por mim, serve antes para confundir o eleitorado - já de si pouco alfabetizado em diversos países ... cujos dirigentes deveriam combater em primeiro lugar a ignorância.

14 - Subsiste na América Latina uma crescente vaga de descontentamento caracterizada pelo acesso ao poder de populistas de esquerda, cujo principal "inimigo" é o povo norte-americano! Por sua vontade seriam eles próprios a eleger os Presidentes dos EUA...
Enquanto na Ásia, subsistem duas potências comunistas: República Popular da China - onde já funcionam dois sistemas combinados (comunista e de economia de mercado) nos territórios de Hong Kong, Macau e em certas províncias e praças financeiras, como Xangai; e o Vietname - a última herança negativa do colonialismo francês; a par de algumas ditaduras militares de direita - na Coreia do Norte, Birmânia, etc.

ORGULHOSAMENTE SÓS TAL COMO COM SALAZAR
15 - A adopção ainda encapotada do neo-liberalismo em Portugal, pela actual liderança do PS, aposta em menos Estado, menos despesa pública, mais impostos e mais caridade social.
Eu não alinho nesta política. Mas a maior parte dos eleitores adoram-na! A constatar a frequência das vitórias eleitorais do PS nas legislativas.
Em democracia, sujeito-me aos resultados, mas tal como largos milhares de opositores não me calo! Não aprovo a maioria das medidas que o PS vai ciclicamente tomando, sem dar voz à oposição e sabendo, que dentro de alguns anos, tudo o que tem legislado (contra os juízes, magistrados, militares, polícias, professores, estudantes, médicos, farmacêuticos, funcionários públicos, notários, comerciantes, agricultores, até os próprios autarcas, reformados - todos os anos cortam-me benefícios)irá ser revogado!
Ainda não temos o culto do consenso interpartidário!
Ouvindo o actual Primeiro Ministro discursar diariamente na TV, faz parecer que veio, qual Messias, para salvar os portugueses da inépcia de todos os seus adversários políticos!

16 - Mas com esta crescente alienação parcial de responsabilidade para os privados, o executivo de Lisboa vai deixar de ser o maior empregador nacional, livrando-se da maior folha mensal de salários! E está a "emagracer" o Estado em muitas áreas sensíveis como as da Segurança Pública, Saúde, Justiça e Regulação (eufemismo de fiscalização ou inspecção. Não sei a razão, mas em paralelo com as novas entidades reguladoras, continua a haver inspecções-gerais e institutos nas diversas áreas em que o governo está dividido? Afinal, o partido no poder tem que arranjar o maior número possível de "jobs for the boys". O poder nas democracias não se prolonga por décadas!

17 - Ora foi, com a desculpa dos Estados mais "magros" (com menos pessoal, menos meios e menos vontade de fiscalizar) que se deu e desenvolveu seu esta crise global!
Esta obsessão pelo corte de despesas públicas é tão grande (para poderem gastar nas mordomias inerentes, nas viagens frequentes e na organização de faustosos eventos - como a assinatura do Tratado de Lisboa - de que passado menos de um ano, já ninguém se lembra nem serviu para nada)que todos os novos "organismos reguladores" passaram a ser financiados não pelo Orçamento de Estado mas, através da cobrança de taxas e licenças, pelas próprias empresas que regulam (como a autoridade da Comunicação Social - que, à partida se traduz pela Nova Censura), deixando o Estado livre de encargos na organização dos serviços públicos de primeira linha.

4º RESUMO - PORTANTO os privados que paguem impostos mais taxas para serem 'regulados', multados e inspeccionados.

18 - O pior é que esta teoria acaba por ter um custo demasiado elevado. Primeiro, duplicando os custos anteriores à sua criação. Segundo, criando espaço para nova troca de favores, entre regulados e reguladores. É tão claro como a água da nascente, mas a maioria dos nossos políticos sofre de ... cataratas! E pensa que o povo é estúpido!

19 - Depois não perguntam como eram os tempos em que o chefe de repartição era equivalente a coronel e conhecia todo o expediente do seu ministério. Figuras exemplares, que davam a cara no quotidiano face aos problemas da gestão pública! Até os chefes das repartições de Finanças, hoje são directores de Finanças e vão cometendo milhares de erros, a avaliar pelas reclamações dos contribuintes ...
Além disso nesta fase experimental da regulação da concorrência, o governo vai nomeando e exonerando directamente, ou através da sua maioria parlamentar, os altos "reguladores" de acordo com os interesses directos do partido no poder. Sem esquecer que no país dos brandos costumes, só se mudam os nomes...de resto fica tudo na mesma! Olhem o exemplo das casas atribuídas pela Câmara de Lisboa ... Um mimo da imparcialidade e democracia lusa!

20 - Mas, por acaso, não me incomoda este caso da CML, antes pelo contrário. Penso que cada município, dentro das suas posses, deve ceder casas, ateliers e até ajuda a artistas, escritores, atletas, jornalistas e outras figuras de relevo na zona, que se encontrem em condições desfavorecidas. Já não admito que funcionários (directores ou motoristas) do próprio município tenham a mesma ajuda!Estarei a ser injusto? Creio bem que não!

5º RESUMO - PORTANTO nem a democracia nos livrou da praga das cunhas e dos favores políticos aos simpatizantes de cada partido!

1V PARTE - MAS NÃO É SÓ CÁ QUE A REGULAÇÃO ANDA PELAS RUAS DA AMARGURA
20 - Voltando à crise global de crédito: FOI aprovado à pressa e a ferro quente, o pacote Paulson-Bush de 700 mil milhões de dólares para o Tesouro Americano poder intervir na nacionalização dos fragilizados bancos, seguradoras e casas de crédito hipotecário, convém avisar que não se trata de uma nova ordem administrativa mas simplesmente da aplicação nos EUA das novas directivas comunitárias de apoio a instituições de crédito ameaçadas de falência.

21- Trata-se apenas de um primeiro adeus ao "primado do mercado" - que, aliás, foi sempre condicionado pela maioria dos políticos no poder na Europa.

6º RESUMO - PORTANTO não é ainda o grande remédio económico-financeiro, que deverá vir a ser aplicado com mais coragem, mais cedo ou mais tarde!

22 - Neste pacote, os congressistas dos EUA obrigaram a administração Bush, nos seus 100 dias finais:
A - a comprar activos pelo seu justo valor, de instituições de crédito com problemas de solvabilidade a curto prazo, numa primeira fase, no valor máximo de um terço dos 700 mil milhões;
B - as instituições agora apoiadas serão forçadas a compensar o Estado, se este registar prejuízos dentro de cinco anos. De contrário, o Estado poderá participar no capital das empresas recuperadas até reaver os créditos; aliás, na prática, está a verificar-se alguma dificuldade na venda de activos dos bancos e seguradoras ameaçadas, que acabam por ser nacionalizados ... NOS ESTADOS UNIDOS!!!
C - alterar as hipotecas problemáticas através da renegociação directa com os beneficiários defraudados; prolongando os prazos, reavaliando os valores dos imóveis, moderando o esforço da liquidação, etc.
D - limitar a remuneração e mordomias desproporcionais aos gestores das empresas salvas pelo Tesouro - os tais titulares de diplomas universitários de alto prestígio mas pouca experiência sobre prudência financeira; e
E - garantia de monitorização por um comité do Congresso e pela Junta de Supervisão de Estabilidade Financeira - em parte os mesmos responsáveis pelo laxismo que permitiu esta hecatombe até à data. É sempre assim. Lá diz o povo: de boas intenções anda o inferno cheio!

7º RESUMO - PORTANTO o pacote Paulson-Bush foi redigido três vezes para ser aprovado. A segunda versão foi alterada com os contributos introduzidos pelos senadores democratas e republicanos, embora acabasse por ser chumbada pela Câmara dos Representantes, enquanto a terceira foi melhorada pelas exigências desta humilhante (para Bush) reprovação.

8º RESUMO - PORTANTO, NA POLÍTICA TUDO DEVE SER FÁCIL E NÃO DIFÍCIL. Não é preciso comprovar a função política por meio de dificuldades. O objectivo dos políticos fica mais valorizado quando facilitam à primeira as legítimas aspirações e os planos equilibrados dos cidadãos, empresários, autarcas e adversários.

23 - Agora o novo pacote prevê 149 mil milhões de dólares em benefícios fiscais às empresas construtoras e promotoras imobiliárias que foram afectadas pela ruptura do crédito, o aumento da garantia federal sobre depósitos bancários (medida que se vem estendendo à Europa), e a alteração à legislação de avaliação imobiliária (o podre da questão, pois os bancários nem sabiam onde estavam as propriedades que estavam a financiar. De futuro tem que ser exigido um parecer escrito positivo, por um avaliador oficial responsável. Como é possível tanto descuido com o dinheiro dos depositantes e investidores?

IV PARTE - IMPLICAÇÕES EUROPEIAS
24 - Entretanto, o Presidente da União Europeia, vendo as barbas do vizinho americano a arder, propôs um pacote semelhante, no valor de 300 mil milhões de euros, na mini-cimeira, no passado fim de semana de 4/5 de Outubro, com os grandes "chefes" da Alemanha, França, Itália e Reino Unido, na presença dessa figura arrogante do presidente do Banco Central Europeu - a autoridade monetária da Eurolância. Mas a 'euro desunião' imperou mais uma vez. Desta feita com o veto da chanceler alemã do CDU - partido conservador para quem o mercado continua a ser a "salvação da terra e do céu" e para quem o consumidor/contribuinte alemão tem sempre razão - mesmo quando pode vir a ficar sem os seus depósitos, investimentos e poupanças - mas desde que possa continuar a viajar de avião (de preferência em avião alemão)a menos de 50 euros, para apanhar sol na Europa Meridional (incluindo Portugal... embora não cheguem cá tantos alemães como à Grécia, Turquia, Espanha e Itália! Estamos, afinal, no primado do egoísmo!

9º RESUMO - PORTANTO o "dumping" é permitido neste modelo económico da regulação da concorrência europeu e intercontinental.

25 - Já para Jean-Claude Juncker, primeiro ministro do Luxemburgo e presidente do Eurogrupo, a óptica é diferente: "Tenho pela profissão de banqueiro a mesma consideração que eles têm pela dos políticos - próximo do zero". Frase para a história!

10º RESUMO - PORTANTO é bom que se saiba que, ao abrigo da actual legislação sobre livre concorrência, ainda há políticos, ministros deputados e comissários europeus que cantam vitória quando uma empresa abre falência, deixando no desemprego milhares de trabalhadores e afectando centenas de milhares de cidadãos consumidores à beira do desemprego - desde bancos a transportadoras aéreas, desde que não seja no seu país!

26 - Onde está a responsabilidade social destes políticos e comissários? E, segundo a crónica de Manuela Ferreira Leite "Crise no Sistema Financeiro" publicada no Expresso em 4 Outubro 2008, ela também escreve que "o progresso económico implica enorme capacidade de tomada de risco e, nessa medida, exige ao sistema uma crescente sofisticação". Acrescentando: "Por isso, me surpreende a forma e o conteúdo escolhidos pelos responsáveis políticos nacionais para falar sobre a crise, porque, no mínimo, é desconhecer que o seu eficaz funcionamento é essencial ao progresso económico". Mais parece um general que se vangloria das mortes na batalha que acabou de perder!

V PARTE - FALTA DE CONVERGÊNCIA EUROPEIA
27 - Foi assim que nos últimos meses se deu a mais profunda crise global, iniciada (EM AGOSTO DE 2007) com a bolha do sub-prime na imobiliária nos EUA,logo arrastada para o Reino Unido, Espanha e Irlanda, entre outros.
Crise resultante da insuficiente regulação ao crescente risco de créditos mal-parados, e aliada à especulação bolsista e ao descaramento competitivo de alguns governos. Pior: servindo de exemplo para os gestores bancários e imobiliários privados também exercitarem os seus dotes de especulação e ganância ilimitada...
28 - Já vimos que foi a sobre-avaliação das propriedades financiadas que deflagrou a crise, quando os clientes começaram a não poder pagar as prestações mensais e os bancos começaram a querer revender essas propriedades que, afinal, pouco valem...
Talvez o caso mais singular seja o do GOVERNO ISLANDÊS, que em Outubro decidiu unilateralmente, garantir aos depositantes de contas nos bancos islandeses, o valor total dos saldos dos depósitos, em caso de eventual falência, fazendo com que milhares de depositantes europeus aproveitassem este bónus, transferindo, de um dia para o outro, as suas poupanças para aquele país - mesmo sabendo-se que o respectivo Tesouro Nacional ficaria com uma responsabilidade bancária exagerada, que duplicaria o valor do seu PIB anual. A ligeireza com que certos políticos tomam e anunciam medidas extravagantes. Não concordo com Jean-Claude Juncker!

ISLÂNDIA NA FALÊNCIA ... TÉCNICA
De facto, passada uma semana (7 de Outubro), o primeiro-ministro islandês, Geir Haarde, acaba de anunciar que o País está à beira da falência e que lhe resta nacionalizar a banca ... mas sem garantias aos depositantes! Entretanto,a Rússia ofereceu-se para intervir em auxílio estratégico do seu vizinho e da banca islandesa, com um empréstimo de quatro mil milhões de euros, destinos a injectar o seu abalado mercado financeiro. O empréstimo será por quatro anos, a uma taxa associada de 50 pontos base, ou 0,5 percentuais. DESCE, ASSIM, COM APLAUSOS EFÉMEROS,O PANO SOBRE ESTA TRAGÉDIA ENCENADA NO FRIO!
Passados 14 dias, a ISLÃNDIA continua falida, a moeda praticamente sem valor cambial, os bancos sem liquidez, à espera dos rublos!

29 - Aliás, todos os governos europeus primaram por desarticular as medidas que entenderam, sem darem o 'cavaco' nem à Comissão Europeia nem ao respectivo conselho de chefes de Estado e dos Governos Membros. Foram os casos do Reino Unido, França, Benelux, Alemanha, Irlanda, Dinamarca e Espanha.
Portugal, por (bom) sinal, só fez a declaração de garantia (aliás prevista na lei, até ao montante de 25 mil euros por conta) depois da reunião do Ecofin a 6 de Outubro, em que José Manuel Barroso lhes pediu maior espírito de solidariedade para tentar resolver a crise.

30 - A acrescentar a esta situação explosiva, aponto a continuação dos casos de guerra de preços altos nos combustíveis e matérias alimentares, e dumping nos transportes, a comprovar que neste período vale tudo: dumping, especulação, criação de produtos financeiros artificiais e bolhas imobiliárias à vista de todos menos dos banqueiros. reguladores e políticos.

31 - A bolha imobiliária está aqui bem perto, em Espanha. E deverá contagiar todo o Mediterrâneo até ao Médio Oriente. Tantos resorts para turistas que, durante alguns anos já não podem continuar a viajar a crédito como nos últimos anos?
E em Portugal, quantos fogos há para vender? Quantas casas há para inaugurar? E qual o tempo médio que os promotores imobiliários levam a vender qualquer empreendimento? Cada semana que passa a situação piora! Enfim, uma trapalhada consentida à vista desarmada!
Em Lisboa há 4680 prédios devolutos e 60 mil fogos vagos. Muitos em ruínas, abandonados. Se isto não é uma bolha imobiliária, o que é?
E em Portugal há 30 por cento das pequenas e médias empresas em situação difícil, com salários em atraso e com situação fiscal instável. Se isto não é sinal de recessão, o que documento será mais preciso apresentar?
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VI PARTE - INSTITUIÇÕES NO VERMELHO
O Expresso de 4 de Outubro traz uma lista com as instituições de crédito que já deram sinais de entrada no vermelho. Passo a resumir esta lista tenebrosa, ainda desconhecida de muitos, aumentada e corrigida dias depois:
1 - NORTHERN ROCK - banco britânico foi a primeira baixa e o primeiro a ser intervencionado pelo governo de Londres, com o apoio do Banco de Inglaterra, em Setembro de 2007.

2 - COUNTRYWIDE HOME LOANS - instituição norte-americana de crédito hipotecário socorrida em Setembro de 2007 pelo Bank of America (BoA), quando da abertura da crise.

3 - BEAR STEARNS - o 5º maior banco de investimento dos EUA e o segundo a emitir um pedido de ajuda. A Reserva Federal abriu uma linha de crédito de 30 mil milhões de dólares e o banco de investimento concorrente JP Morgan adquiriu alguns activos.

4 - CITYGROUP - o maior banco do mundo provou que quanto maior a nau, maior a tormenta. Perdeu 40,7 mil milhões de dólares (cerca de 25 mil milhões de euros) com operações de subprime. Em Dezembro de 2007 vendeu uma participação de 7,5 mil milhões de dólares (4,9%) ao fundo Abu Dhabi Investment Authority, o que lhe permitiu novo fôlego.

5 - UBS - banco suíço perdeu 38 mil milhões de dólares (23 mil milhões de euros) com em aplicações de sub-prime nos EUA e despediu 2000 trabalhadores. Dizem que é tão grande que é impossível de gerir, nem valendo a pena ser salvo...

6 - MERRILL LYNCH - banco americano de investimento, perdeu 31,7 mil milhões de dólares (19 mil milhões de euros) no mesmo produto tóxico.

7 - HSBO - outro dos grandes bancos perdeu 15,6 mil milhões de dólares ( mais de 9 mil milhões de euros) em negócios idênticos. O governo e o Banco de Inglaterra procuram uma solução que tarda...

8/9 - FANNY MAE e FREDDIE MAC - os dois gigantes americanos do crédito hipotecário, que somam 6 biliões de dólares de empréstimos mal parados. A Reserva Federal interveio em Julho de 2008.

10 - MARTINSA-FADESA - grande construtora espanhola, que abriu falência em Julho de 2008, constituindo o primeiro sinal da bolha do imobiliário a rebentar na Península Ibérica, provocando enormes prejuízos (ainda não divulgados) nas instituições de crédito nossas vizinhas.

11 - LEHAMAN BROTHERS - o 2º maior banco de investimento dos EUA abriu falência em Setembro de 2008, sem se conhecer a razão da recusa da Federal Reserve em intervir. O presidente está agora a ser ouvido pelo Congresso, tendo dito que assume a sua responsabilidade, mas que voltaria a tomar as mesmas decisões hoje se não tivesse conhecimento da situação de crise que se avizinhava, como sucedeu. Desculpa pouco convincente da parte de um banqueiro experiente habituado a viajar e a trabalhar à escala global!Dias depois, o britânico BARCLAYS anunciou a compra dos seus activos nos EUA e o NOMURA HOLDINGS do Japão mostra-se interessado na aquisição dos activos na Europa, Ásia e Médio Oriente, evitando o despedimento de dezenas de milhares de funcionários do Lehaman. Mas a oferta do BARCLAYS acabaria por se revelar uma fuga para a frente ...

12 - MERRIL LYNCH - o Bank of America compra este banco de investimento americano, sob ameaça de falência, transformando-o em banco comercial(retalho e investimento).

13 - MORGAN STANLEY - também ameaçado, encontra o banco japonês MITSUBISHI UFJ interessado na aquisição de 20% dos seus activos, sendo também transformado em banco comercial.

14 - AIG(AMERICAN INTERNATIONAL GROUP) - a maior seguradora mundial nacionalizada (parece mentira nos EUA) em 17 de Setembro de 2008, com um encargo de 85 mil milhões de euros para o Tesouro Americano.

15 - WAMU - WASHINGTON MUTUAL - é o terceiro banco americano a falir em Setembro. O banco de investimento JP MORGAN CHASE adquiriu as respectivas operações bancárias.

16 - GOLDMAN SACHS - outro banco americano de investimento é também transformado em banco comercial, antecipando-se a qualquer ameaça de falta de liquidez.

17 - WACHOVIA - banco americano também dá sinais de dificuldades. O CITIGROUP e o WELLS FARGO aprestam-se a adquirir o controlo, tendo a proposta do WELLS FARGO sido mais vantajosa.

18 - FORTIS - bastião da economia da Flandres com mais de 300 anos de actividade entra em dificuldades e os governos da Holanda, Bélgica e Luxemburgo, numa rápida acção concertada, entram com fundos públicos para o salvar. É o accionista do BCP nos produtos e aplicações de seguros.

19 - DEXIA - banco franco-belga recebe uma injecção governamental de 6,4 mil milhões de euros para sobreviver à crise.

20 BRADFORD & BINGLEY - banco inglês de crédito hipotecário responde ao apelo e nacionaliza-o. Entretanto, o SANTANDER, através do Banco ABBEY adquire parte dos seus activos.

21 - HYPO REAL ESTATE - o 2º maior banco alemão especializado em empréstimos imobiliários pede ajuda ao governo de Berlim, que lhe concede um crédito de 35 mil milhões de euros, que foi preciso, entretanto, reforçar. Só então a chanceler Markel se convenceu da crise na Alemanha, prometendo garantir condições para apoiar outros bancos em dificuldades.

22 - BONUSBANKEN - banco dinamarquês adquirido pelos concorrentes VESTJYSK E RINGKOEBING, que passam a operar em conjunto.

23 - ROSKILDE - banco dinamarquês intervencionado por um consórcio bancário.

24 - GLITNIR - banco islandês parcialmente nacionalizado através da injecção de 600 milhões de euros do Estado. Face à ameaça a outras duas instituições, o governo de Reiquejavique anunciou que garantiria até 2010 os depósitos existentes no mercado interbancário, mais as obrigações antigas e as subordinadas, desde que datadas, nos seis maiores bancos islandeses. Quatro dias depois, o governo anuncia que a crise é maior do que a estimativa inicial e que nacionaliza a banca, numa tentativa de salvação sem garantia.

25 - CREDIT SUISSE - correm rumores sobre a sua exposição face aos seus avultados compromissos.

26/29 - BARCLAYS, ROYAL BANK OF SCOTLAND (RBS), HALIFAX e LLOYDS TBS - no total são oito bancos britânicos a revelar dificuldades de 7 para 8 de Outubro, e pedindo apoio de cash-flow ao governo de Londres, que, por sua vez, vai instruir o Banco de Inglaterra para injectar um apoio de 260 mil milhões de euros. Afinal a independência do mercado é um tanto arbitrária e artificial! E nem as circunspectas instituições britânicas escapam à irresistível tentação de ganhos milionários sem uma análise profunda dos bens que apoiaram!

30 - IRLANDA - foi o primeiro governo a garantir os depósitos aos clientes dos bancos, mas pouco tem sido divulgado sobre os efeitos da crise.

31 - ESPANHA alberga uma das maiores bolhas no imobiliário turístico, mas as suas instituições de crédito têm mantido uma postura de resistência. Nesta lista há apenas uma construtora em falência desde Julho passado. A banca e as indústrias espanholas continuam a aproveitar a crise para se expandir, na hoteleria, turismo, aeroportos,obras públicas, assim como na compra do BRADFORD & BINGLEY em Inglaterra.
O governo espanhol em 7 de Outubro decidiu subir a garantia dos depósitos na banca de 20 mil para 100 mil euros por conta. O dobro da média da União Europeia. A Espanha está com uma taxa de inflação de 4,5 por cento e com 2,6 milhões de desempregados (a mais alta da Europa). Na Bolsa de Madrid, muitas empresas ficaram também seriamente afectadas pela baixa verificada nessa terça-feira negra.

32 - PORTUGAL - O BPI, BCP e BES têm descido o seu valor bolsista, respectivamente em 58,9%, 57,7% e 41,3%, enquanto a Sonae SGPS caiu 70,1%. De resto tudo vai bem neste reino dos PIGS (Portugal, Italy, Greece & Spain), segundo o ácido Financial Times. Análise repetidamente caucionada pelo chefe Sócrates, desde o 1º de Outubro.
Entretanto, a comunicação social tem feito eco que o BPN pediu um empréstimo especial de 200 milhões de euros à CGD para fazer face a compromissos inadiáveis e impossíveis de negociar na banca comercial.

33 - FRANÇA está aflita a exceder o equilíbrio das finanças públicas e o plafond de três por cento do défice orçamental, mas não se conhecem falências nem apoios estatais.

34 - ITÁLIA é o país europeu com o maior montante de garantia aos depósitos bancários na sua legislação interna. Vem atravessando uma crise económica grave, devido a greves e agitação social. Mas conseguiu, em Setembro, salvar a Alitalia da falência, através de investidores italianos e com um programa blindado aos estrangeiros (resta saber se virá a ser aceite pela Comissão Europeia e se esta crise não dificultará o financiamento indispensável para a continuação dos voos?
Até à data, não há conhecimento de qualquer anomalia na banca, seguradoras ou instituições hipotecárias.

35 - COMISSÃO EUROPEIA - Propôs aos 27 ministros das Finanças a criação de um Fundo de Emergência semelhante ao dos EUA e pediu aos 27 Estados Membros para subir os montantes de garantia aos depositantes nos seus bancos para 100 mil euros por conta e num prazo razoável. Em Portugal é apenas de 25 mil euros por conta, pagos num prazo de três meses.
No dia 8 de Outubro, com o Ecofin reunido em Bruxelas, os governadores dos bancos centrais europeus, ultrapassaram o BCE e o seu presidente (que só pensa no perigo do crescimento da inflação, como se ele a pudesse ainda controlar, com a injecção de tantos milhares de milhões de euros nos mercado financeiros), anunciando a redução da taxa directora europeia de 4,25% para 3,75%. Um alívio para a banca e para as empresas europeias. Medida que continuará a ser apoiada por mais injecções de moeda na banca, para garantir as operações correntes até à situação se equlibrar.
Pena que a taxa Euribor continue a subir. A 8 de Outubro bateu o recorde de 5,438 por cento a seis meses. O valor mais elevado desde 1995.
Por fim um relatório do FMI de 7 de Outubro aponta para a necessidade da banca precisar de 500 mil milhões de euros para se recompor. Ora bem, só a Federal Reserve dos EUA entre o pacote de 700 mil milhões de dólares e a compra de sucessivos activos dos bancos que ameaçaram falência (com excepção do Lehaman Brothers) soma esse montante. Mas a crise de falta de confiança interbancária continua a revelar-se, especialmente, nas bolsas. A terça-feira 7 de Outubro foi o dia mais negro para o mercado bolsista de Nova Iorque a Tóquio e de Londres a São Paulo. Com as empresas cotadas a perder somas astronómicas.
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VII PARTE - IMPLICAÇÕES ÉTICAS
32 - Como escreve ironicamente Luís Marques no Expresso (4 Outubro 2008), "em Portugal não há ganância,ninguém especula, não são conhecidas fortunas inesperadas ou suspeitas, praticamos a melhor redistribuição de rendimentos, os bancos são sólidos e têm remunerado generosamente e na hora os accionistas, cumprem boas práticas de gestão ... enfim vive-se num oásis. Aliás num deserto."
Mas é só nosso! Tal e qual como na época de Salazar!

DAS VACAS LOUCAS A MELANINA NO LEITE
33 - Gato de rabo escaldado tem medo! Pois tem havido por esse mundo vários surtos da doença das vacas loucas (provenientes de rações com farinhas animais destinadas a herbívoros), a gripe das aves, medicamentos perigosos e alimentos com componentes incompatíveis, como agora o caso de leite e lacticínios na China, sem se conhecerem e sem serem julgados os responsáveis.
Por isso se diz que a culpa morre sempre solteira!
Os cumpridores pagam e não podem reclamar. Os outros abusam, ganham fortunas com a desgraça alheia e safam-se para um país sem extradição!

34 - Cientistas (descobrem novas farinhas animais), técnicos (usam os animais que lhes estão confiados, como cobaias), empresários (querem quase sempre gastar menos e comprar do mais barato para ganharem mais e mais ...), agricultores (esquecem as antigas normas ensinadas pelos antepassados), importadores (compram gato por lebre...), ou reguladores (se havia antigos fiscais subornáveis, agora há reguladores que nem detectam os efeitos colaterais, como foi provado no recente caso da alimentação das vacas loucas). Todos juntos contribuíram, impunemente, para esta epidemia, que causou mortes e avultados prejuizos.

35 - Alguns agricultores ainda receberam compensações da UE e do governo. Acabando por sair incólumes pela porta maior da 'agricultura do choradinho'. O PR foi agora ao Norte visitar as melhores explorações agrícolas de jovens, denunciando os empresários que vivem encostados ao Estado! Bonito! Só não sei quem acaba por custar mais aos contribuintes? Se os empresários subsídio-dependentes? Ou se os tecnocratas que poluem a pobre democracia lusitana?

36 - Os actuais organismos reguladores aparentam ser altas estruturas virtuais! E a fiscalização no terreno (pelo menos cá) só actua a horas marcadas com a garantia de reportagem na TV!
Mas, mesmo a nível mundial, aposto que os reguladores vão acabar por pagar os bónus 'devidos' aos executivos da banca, seguros e aplicações financeiras, correspondentes à partilha dos 700 mil milhões de dólares americanos que lhes vão ser creditados de mão beijada pelo Tesouro Americano, durante os seus inesquecíveis mandatos à frente das 'Corporações do Século XXI Prafrentex' (High Street Corporate Enterprises).

37 - E, já agora, que tal proporem a um par de atrevidos executivos destas milionárias falências, a honrosa nomeação os próximos Prémios Nobel da Economia e da Paz? Assim é que a 'desgovernação' ficaria completa e devidamente reconhecida na História!

38 - Na Lusitânia, os fiscais viraram inspectores, porque ganharam má fama. Agora os reguladores andam mais afastados. Actuam nos gabinetes e, claro, ganham a dobrar! Alguns até actuam em duas funções. Licenciam e emitem instruções num dia, para no dia seguinte irem fiscalizar o que mandaram fazer. Portanto, nunca se põe em causa o teor da legislação e normas.
Ora é sabido que muito do nosso atraso e desperdício é causado por leis mal redigidas, com escapatórias específicas. Vejam como os advogados foram poupados nas diversas investida do governo às diversas corporações?
Enquanto ministros, deputados e altos funcionários assobiam para o lado e deixam cansar os manifestantes! Os reguladores dizem que não foram eles que aprovaram as normas (como no caso da Asae) e os ministros e deputados também dizem que os diplomas foram encomendados a reconhecidos técnicos. Quer dizer: as três funções são mal feitas - legislar, aplicar e regular (o eufemismo para fiscalizar)! E o eleitor paga!

39 - Com efeito, lembro-me apenas de dois processos de responsabilidade interpostos pelo Ministério Público: um contra Leonor Beleza, por ser a ministra da Saúde que importou da Áustria sangue alegadamente impróprio para transfusões (alguém lhe propôs o negócio); e outro sobre as hemodiálises no Alentejo, usando água com excesso de alumínio. De resto, nada mais terá acontecido de grave na Saúde em Portugal nestes três décadas?

DIVIDENDOS SOBRE MATÉRIAS POLÉMICAS
40 - Portanto, com guerras simultâneas abertas em tantas frentes, o governo vê-se 'forçado' a aplicar-se em força nas questões que fracturam a sociedade e preocupam certas minorias, mais ruidosas ainda que os operários que ficam sem salário, os professores que ficam sem escola, ou os funcionários públicos que vão para a mobilidade caseira! Há 'manifs' mais ... coloridas que outras! Uma mão cheia de 'gays, por exemplo, faz mais furor que 200 mil professores na rua!

41 - As polémicas medidas deste governo também ganham o agrado garantido dos núcleos mais esquerdistas - dos que não gostam das polícias, nem do corte de subsídios para alimentar a preguiça permanente, e tão-pouco dos que trabalham mais a sério!
Aos outros, que usando do seu direito de livre expressão, protestam contra medidas injustas, chamam-lhes "velhos do Restelo". Mas se não fossem eles a descobrir e divulgar certas trapaças, o que seria de Portugal? Um "reino" sem roque! Onde alguns fazem descaradamente o que querem! E os outros não contam! Nem para os arreliar!

42 - Afinal dá-se a entender questões de saúde e segurança públicas são de somenos importância quando comparadas com a causa do divórcio não culposo? Tão do agrado de algumas direcções editoriais e redacções. Ou da adopção de crianças por casais do mesmo sexo? Ou dos casamentos entre homo-sexuais?

43 - Logo, valerá a pena aqui mencionar o 'Complicadex' vigente na Justiça e Segurança Social? 'Sistema' que continua a demorar largos anos, antes das famílias constituídas na legalidade poderem adoptar uma das muitas crianças na "lista de espera" para adopção! Estarão à espera da lei que poderá privilegiar os casais do mesmo sexo? Não. Isto não é um Estado de Direito! É um país pobre, podre e doente. Governado por políticos tortos, que nem sabem distinguir quais as mais fundamentais obrigações sociais, ou seja: garantir o bem-estar às crianças abandonadas e institucionalizadas, assim como estimular e apoiar os casais a criar mais filhos e garantir que os filhos de pais divorciados sejam bem alimentados e acompanhados!
PORTUGAL PARA ONDE VAIS? CERTAMENTE PARA A CRISE MAIS PROFUNDA DOS VALORES HUMANOS!

VIII PARTE - POLÍTICA SEM HUMOR É MATÉRIA ÁRIDA
44 - E para terminar este trabalho sobre os efeitos do Sub.Prime dos EUA na Economia Nacional, a ponta final do humor luso:
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Subject: PARODIA DA CRISE DO SUB-PRIME. RI-TE, RI-TE ...

ATENÇÃO - Assunto com Prioridade Máxima
DESTINATÁRIOS - Quem quiser entender o âmago da grande Crise do Subprime Americano.
UNDISCLOSED RECIPIENTS = destinatários no Carrapato
TEXTO - A crise que já alastrou ao globo (o tal responsável pela globalização).
Esse mesmo, o que anda a mudar as estações e a provocar instabilidade social.
Crise que, afinal, e apesar das negas, já chegou ao País das Maravilhas Cor de Rosa

Título - O FENÓMENO DO SUB-PRIME AFINAL COMEÇOU NUMA TASCA PORTUGUESA

Sugestão: o autor anónimo desta história deve ser chamado ao Parlamento Lusitano para explicar a origem e evolução da crise aos mais ilustres deputados - da melhor colheita do século XX - para estes, depois, poderem contar aos filhos e enteados, às namoradas e namorados!

Último Aviso aos Destinatários:
Divirtam-se e esqueçam o sub-prime. No consumo é que somos os ... melhores do mundo!

FINALMENTE: SEGUE O BREVE RELATO ECONÓMICO-FINANCEIRO
(COM UM GOLE DE BAGACEIRA FAZ MELHOR À GARGANTA)

"O Ti Jaquim tem uma tasca, na Vila do Carrapato, e decide que vai vender copos 'fiados' aos seus leais fregueses, todos bêbados e quase todos desempregados. PUDERA!

"Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose do tintol e da branquinha. O ganho é o sobre-preço que os pinguços pagam pelo crédito concedido. ESPERTO!

"O gerente do banco do Ti Jaquim, um ousado consultor financeiro formado e com uma graduação reconhecida numa universidade globalizada, decide, por sua vez, que o livrinho das dívidas da tasca constitui, afinal, um valioso activo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao avançadex estabelecimento comercial, especializado na distribuição local de mais molhados que secos, tendo o 'fiado' dos pinguços clientes fiéis do Ti Jaquim como garantia idónea. QUEM NÃO ARRISCA?

"Na capital do Capital, uns seis zécutivos de bancos (que recebem chorudassimos ordenados como prémio pelas decisões milagreiras que saiem daquelas cabacinhas, sim cabacinhas), mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e transformam.nos em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrónimo financeiro que ninguém sabe exactamente o que quer dizer, mas cheira logo a negócio chorudo e muito rentável para os primeiros investidores contactados. A TEIA DA DONA BRANCA LEGALIZADA!

"Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece, os tais apontamentos com as dívidas do Ti Jaquim da Vila do Carrapato. FENÓMENO DA GLOBALIZAÇÃO!

"Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países, pelas instituições bancárias mais conceituadas. PRUDÊNCIA E CONFIANÇA PASSARAM DE MODA!

"Até que alguém descobre que os bêbados da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e a tasca do Ti Jaquim vai à falência. E toda a cadeia deste promissor negócio global (mais um) fica na miséria". O RISCO DEMASIADO NÃO COMPENSA!

CONCLUSÃO: Como viu... é tudo muito simples...!!! Nada de capitalismo selvagem. Nem de falta de reguladores atentos. Nem imprudência dos banqueiros contemporâneos - a maior parte dos quais não passam de 'funcionários' por conta dos verdadeiros investidores, que além de auferirem ordenados e regalias milionárias, ainda cobram comissão sobre os lucros artificiais destas operações fantasmas, sabendo que a culpa morre sempre solteira - tal como num dos mais pobres países da chamada European Unemployment! ADIVINHEM QUAL É?

Desculpem! Afinal, esta DESIGNAÇÃO já é muito densa e sofisiticada para as gentes da Vila do Carrapato e não só!
MAS EU EXPLICO: É ECONOMÊS AMERICANO USADO até RECENTEMENTE PARA eles DENEGRIREM a rival UE = União Europeia - cujo euro ainda hoje vale mais do que um dólar!
FIM

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