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CAMPANHA TRISTE NA FASE FINAL

Por Humberto Ferreira

Tudo o que é bom, acaba bem e tudo o que não presta, sai mal. Esta campanha começou mal, acaba MUITO pior.
Os candidatos disponíveis não satisfazem a maioria dos votantes. Em todos os partidos e áreas do pensamento político, CRESCE o descontentamento e esmorece o entusiasmo. Desde o PS ao PCP. E no PSD a falta de confiança na liderança originou um escândalo, cujas consequências ainda não foram debatidas. Esta situação traduz um bom pretexto, à partida, para que a taxa de abstenção suba. Será por teimosia dos dirigentes? Será pelo mau feitio de muitos dos principais personagens políticos? Ou será por inépcia dos militantes de base? Que nem aprendem com os erros cometidos? Que se acomodam às pressões e ao jogo de influências medíocres?
A opção colocada ao eleitorado, por todos os quartéis-generais partidários, foi: OU VOTAM NO MEU PARTIDO, ou serão responsáveis pelo CAOS que se segue.
Como se o CAOS não estivesse já programado para atingir os PORTUGUESES no terceiro trimestre de 2009 e nos trimestres seguintes? Mais desemprego, mais falências, menos exportações, menos consumo, mais miséria! Não há plano que nos salve!
Todos vamos sofrer mais. Desde os que não ganham suficiente sequer para comer, aos que desperdiçam em gastos supérfluos o que ganham e o que têm amealhado - por vezes por meios pouco éticos - como os banqueiros apanhados em flagrante delito, mas só ao cabo de muitos anos de supervisão frouxa do BdP e por causa da grave crise tóxico-financeira que rebentou em 2007 (banco britânico Northern Rock) e 2008 (banco americano Lehman Brotthers). A crise não veio só da América. O imobiliário europeu também foi responsável e continua a cometer asneiras no excesso de oferta e na especulação dos empréstimos bancários.
Os portugueses precisam, com urgência, de se contentar em gastar só aquilo que produzem. E o governo precisa de se convencer que NÃO PODE EMPENHAR o futuro de,pelo menos, três gerações seguintes, com compromissos de país rico e com vastos recursos de produção própria - de que não dispõe.
NESTA CAMPANHA, o manda-chuva do PS terá sido o que terá encomendado o melhor trabalho de casa. Pois não se cansa de enumerar, até à exaustação, as escolas, urgências e maternidades que encerrou, os novos agrupamentos escolares e hospitais de primeira linha que abriu, mais os hospitais que começou a construir, numa lógica de favorecer os distritos e concelhos bastiões do PS. Obras nos outros só para atrair os incautos.
O manda-chuva não se cansa de relembrar as "esmolas" que semeou: o complemento do rendimento mínimo aos reformados (desde que os filhos assinem um termo de co-responsabilidade); o complemento de subsídio de desemprego aos desempregados de longa data, desiludidos e despedaçados (por terem 50 ou 55 anos sem que ninguém lhes dê nova oportunidade); e o programa das novas oportunidades (aplicáveis até a octogenários) desde que que se prontifiquem, agora, para efeitos de propaganda política socialista, a voltar à actual "espécie de escola para adultos" - nas quais já foram dados mais de 100 mil diplomas de equivalência aos cursos dos alunos mais novos, que estudarem com mais afinco, dentro do período regulamentar, e que tão mal tratados têm sido pelo Estado e pelos empresários. A incompetência certificada!
RONDA PELOS PARTIDOS
O manda-chuva do PS projecta todos os dias, preenchendo os noticiários e programas da TV, rádio e as capas e páginas da imprensa, a imagem do país cor-de-rosa, onde tudo FUNCIONA MUITO BEM e onde a CRISE não passou de um ligeiro contratempo (aliás já decretado extinto por SEXA). Pois o que importam 600 mil desempregados (mais 150 mil do que quando tomou conta do poder), entre inscritos nos "Centros de Emprego ... mas pouco", mais os tais desiludidos e despedaçados que já desistiram de lutar contra moínhos eólicos?
O manda-chuva do PS não esquece, descaradamente, a co-incineração, as aulas de substituição nas escolas (onde professores de ETV e EF substituem colegas de matemática ou ciências com o maior à vontade), nem o sistema de avaliação imposto aos docentes do ensino básico e secundário mas retirado aos docentes do ensino superior, por decreto governamental. Esconde as horas extras que os docentes são forçados a passar nas escolas e as tarefas não docentes que passaram a ter que desempenhar, junto dos alunos e fora da escola! E tudo à custa do sacrifício extra dos professores precários, deslocados a largas dezenas de quilómetros das respectivas famílias e sem direito a horas extras! O PCP chama a isto "exploração do homem por políticos ditadores"!
Nem o manda-chuva do PS fala sobre a DECADÊNCIA da agricultura, pesca, indústria e comércio tradicional. Ou sobre o clima de crise e de crispação que abrange a maioria das classes profissionais, desde professores a médicos e enfermeiros, desde juízes a magistrados, desde militares a forças políciais, desde funcionários públicos a bombeiros, desde camionistas a taxistas, desde comerciantes a feirantes, desde operários a desempregados, desde vendedores a comissionistas, desde jornalistas a comentadores. Até Manuel Alegre, Ferro Rodrigues, Narciso Miranda e José Seguro estão desesperados com esta política ultra-liberal.
O PAÍS e o POVO, além da ameaça da Gripe A, sofrem de uma doença mista e incurável de DESESPERO, FRUSTRAÇÃO E DESÂNIMO.
O maior favor que o manda-chuva do PS poderia fazer aos portugueses seria DESISTIR no próximo dia de reflexão ... para nos permitir sonhar com uma NOVA ESPERANÇA.
Caso contrário é bem feito para ele. Pois vai saber quanto lhe custará uma aliança com o Bloco. Olha que Louçã é muito duro de roer. A única coisa boa, que eu espero que os portugueses se apercebam antes - 35 anos depois de Abril (mas com um nível de ensino muito baixo, baseado no facilitismo de tantos ministros que passaram pela 5 de Outubro), é que o PROGRAMA DO BE foi copiado dos textos de há 60 anos, quando os dirigentes da União Soviética (satisfeitos com a Europa de Leste domesticada) pensavam que ainda poderiam GOVERNAR não apenas o resto da Europa mas também a América, a Ásia e a África (cinco em um). Afinal, contentaram-se com CUBA, pela submissão de Fidel. Nem no BRASIL, pobre e desorganizado, conseguiram penetrar. E quem diria que o Brasil iria desembocar no Clube dos BRIC - clube ainda bastante atrasado? A URSS nem conseguiu nunca brincar com a China em pé de igualdade, tãopouco com a Coreia do Norte.
O mágico Louçã consegue, hoje, seguir a mesma cartilha como se o mundo tivesse estagnado. Não vê que essa oportunidade já é passado. Mas se os portugueses, no domingo, lhe derem um cheque em branco, para poder negociar do alto, com o manda-chuva do PS, depois não se queixem. VOTO ERRADO É IRREVERSÍVEL. O preço (repetição do acordo Sá Fernandes/António Costa) é: renacionalizar TUDO, acabar com os benefícios fiscais e deduções. E aplicar, finalmente, o teorema dos "Ricos que paguem a crise". Esquece-se, porém, que os ricos "emigram" primeiro. E é ele catedrático de Economia! Pobres estudantes! Quando são eles a sua maior base de apoio. CUIDADO!
PSD DESNORTEADO
Diz-se oito ou oitenta, mas, neste caso, prefiro dizer oitenta ou oito. O PSD há quatro anos que não encontra um titular capaz.
Depois de BARROSO - talvez o português mais destacado na actual cena política internacional, e que acaba de ser reeleito por mais cinco anos para presidente da COMISSÃO EUROPEIA - tem sido uma autêntica desgraça: Santana Lopes, Marques Mendes, Luis Filipe Meneses e, agora, MFL.
NÃO HAVERÁ MILITANTES MAIS APTOS NA LAPA?Nesta inesquecível campanha (não pela positiva) MFL demonstrou que não entende nem os portugueses, nem a política. Tal como a MACRO economia é para os economistas teóricos, a MICRO economia é para o Povo. Pois ela não sabe APELAR aos eleitores. E quem são os eleitores? Qualquer residente de qualquer cidade ou vila sabe, menos MFL! Pois são largas centenas de milhares de DESCONTENTES com o PS e com o seu manda-chuva.
São professores, agricultores, pescadores, funcionários públicos, polícias, militares, padres, comerciantes, industriais, ENFIM a classe média, os lojistas, as profissões liberais, e os reformados (que só em 2007 pagaram mais 104 milhões de euros em IRS do que em 2006, e que, feitas as contas, descontaram mais 33% em impostos durante o mandato deste incrível manda-chuva do PS, ora lobo mau, ora cordeiro fingido, ora zangado, ora crispado). Depois MFL falou contra as grandes obras públicas, virando os banqueiros, investidores, grandes empreiteiros de obras públicas e engenheiros contra ELA e contra o PSD. E não houve uma alma generosa naquele partido que lhe tivesse chamado a atenção e aconselhado a ser mais comedida. Dizendo, por exemplo, que logo que regresse a CONFIANÇA entre a banca e a maioria das empresas - grandes, médias, pequenas e micro (acabando com o actual regime de crédito selectivo às empresas e empresários que digam SIM a todos os compromissos do governo PS), ela compromete-se a reavaliar o plano do TGV e a mostrar ao País a situação transparente entre as vantagens e desvantagens desta segunda rede ferroviária. E se o balanço for positivo, ela será a primeira a VOLTAR A ASSINAR UM PROTOCOLO COM ESPANHA!
Em vez disso, deixou-se embalar pelo TGV, pela infeliz intervenção contra Espanha, e pelos repetidos recados sobre a asfixia democrática reinante - esquecendo o que se pratica na Madeira, onde a maioria absoluta tem contribuído para a política do QUERO, POSSO e MANDO. Quem tem telhados de vidro ...
Até que a cereja envenenada em cima do bolo veio pela segunda vez da mesma origem. Vítimas: Fernando Nogueira, Santana e MFL. E mais não digo! Só espero que não se repita!
PP DESLUMBRADO
PP foi o político que mais se esforçou e que tentou mais ir ao encontro das prioridades dos portugueses. Especialmente dos AGRICULTORES, PESCADORES, POLÍCIAS, FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS, PROFESSORES, REFORMADOS, IDOSOS, enfim TODA A CLASSE MÉDIA. PP tem sido incansável. Determinado, Cada dia com um recado novo, incomparável em relação às restantes campanhas.
Sempre ao lado dos mais atingidos pela crise, sempre a dar a cara e o corpo ao manifesto.
MAS não há bela sem senão. Quando foi ministro da Defesa deixou alguns rabos de palha. O contrato dos submarinos. A nacionalização dos Estaleiros de Viana e a encomenda dos patrulhões. O negócio dos blindados Pandur a uma empresa austríaca que deu a imagem de não estar à altura. A compra dos novos helicópteros para substituir os Pumas. A privatização das OGMA. A extinção das OGFC. E o caso Portucale. Tudo aind muito mal contado. Faz como eu digo, mas não faças como eu faço! Até o seu amigo Nobre da Costa o abandonou!
PP voltou cedo demais à política, numa manobra em que correu com os seus companheiros Ribeiro e Castro e MJNP de forma pouco transparente. Não fez a travessia da praxe no deserto, pelo que ainda não nos esquecemos destes picantes episódios. Em 2003 tal como em 2009, PP parece andar demasiado deslumbrado. O que é mau sinal!
RONDA FINAL
Ora, postos de parte os pequenos partidos (uma brincadeira cara que a Democracia tem de pagar sempre que há eleições - Carminda Pereira, por exemplo, não desiste de vir a ser eleita deputada, já lá vão 35 anos - um conselho: entre para o PCP ou para o PS ...) e os verdadeiros "velhos do restelo" - Jerónimo e LouçÃ: os desactualizados TEIMOSOS - ficamos sem alternativa.
EU opto pelo VOTO ÚTIL ... este ano contra o manda-chuva do PS, por causa do seu inesquecível currículo de suspeitas. Para a próxima eleição, logo se vê! Mas as notícias da corrida entre um ciclista, um automobilista particular, um taxista, e um grupo de autarcas que veio de Metro para o Rossio, não passam de encenações mediáticas, algo demagógicas. Pois viajar no Metro, em Lisboa, nas horas de ponta, exige um olho na pasta (ou na mala) e outro nos "ratos" do Metro!

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