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Monday, March 22, 2010

 
Primeira Corporação de Promoção Turística nos EUA sob polémica
Humberto Ferreira (2010Mar22)

A Administração Obama está, no segundo ano do seu mandato, empenhada em vários combates legislativos: a instalação do serviço nacional de saúde, a aplicação de medidas mais rigorosas de segurança interna e externa, em terra, no ar e no mar (para evitar alguns deslizes recentes, quer em voos oriundos da Europa, quer no acesso à Casa Branca), tendo para isso acabado de nomear um general para o cargo de secretário de Segurança nos Transportes, e, pela primeira vez, destacar a aposta presidencial no arranque da Corporação de Promoção Turística - uma nova parceria público-privada, possivelmente estudada na Europa?
Dadas as largas décadas de experiência na promoção turística entre públicos e privados. Portugal aplica, curiosamente, este sistema com sucesso desde 1911!

PERSPECTIVAS DE SUBIDA DO TRÁFEGO AÉREO ATÉ 2030
Por outro lado, face a um ligeiro crescimento no número de passageiros aéreas transportados em Janeiro de 2010, já há "experts" a estudar os meios necessários para garantir o fluxo das chegadas e partidas aéreas, quando se prevê que o número de pessoas a deslocar-se por via aérea cresça 40% sobre o movimento actual. Com as rotas, pistas e terminais à beira da saturação, os especialistas americanos (lobistas) estão a "esclarecer", ou sensibilizar, os congressistas (na acção de lobing) de que é indispensável todos os voos que se dirijam aos Estados Unidos começarem, em breve, a instalar nos cockpits "upgrades" de navegação por satélite, nas frotas comerciais. O que poderá custar 1500 milhões de dólares USA nos próximos cinco anos.

SENSIBILIZAÇÃO DO CONGRESSO PARA A CONVERSÃO À NAVEGAÇÃO POR SATÉLITE
Ora sabe-se que a maioria das transportadoras aéreas (norte-americanas e, com raras excepções, também as europeias, latino-americanas, asiáticas e africanas) estão descapitalizadas, por suportarem perdas de largos milhões de dólares nos últimos exercícios (os prejuízos estimados pela Iata apontam para 30 mil milhões de dólares desde 2007.
Por isso, também desencadearam uma acção de lobing junto dos congressistas, pedindo apoio financeiro, mas o presidente da comissão do Senado de Comércio, Ciência e Transportes, Jay Rockfeller, já disse ao presidente da maior companhia americana, a American Airlines: nem pense em usar fundos dos contribuintes americanos para esse "upgrade". Peçam empréstimos e sirvam melhor o mercado, consoante as exigências da FAA (Federal Aviation Authority) e da nova tecnologia disponível de navegação por satélite, para garantir mais segurança e mais rapidez nos voos, descolagens e aterragens - fazendo, assim, justiça à verdadeira filosofia do mercado livre: quem tem unhas é que toca guitarra, ou seja, quem tem crédito consegue ... quem não tem ... desista e procure outra actividade!
Não importa, despedir, entretanto, milhares de trabalhadores.
Para isto, pelos vistos, nem há o recurso ao regime do Capítulo 11 da lei para evitar falências de empresas com dificuldades em satisfazer os seus compromissos financeiros, comerciais e laborais. Uma marca de sucesso nos EUA, que, por sinal, funciona bastante mal em Portugal.

PRÓ E CONTRA TRAVEL PROMOTION CORPORATION (TPC) e TAXA DE TURISMO Mas o Presidente Obama está a revelar-se bastante sensibilizado com a problemática da indústria do Turismo, desenvolvendo um intenso trabalho político, para arrancar em breve, com a referida Corporação de Promoção Turística, enfrentando um pesado debate público no Capitólio, entre os "prós e os contras", congressistas e empresários e representantes do trade, americanos e estrangeiros. É interessante seguir este debate, pois as duas partes, na maioria dos casos, apresentam argumentos curiosos, alguns com base fundamentada, outros nem tanto.

EFEITOS DA TAXA, PROMOÇÃO, CÉUS ABERTOS E POSTOS DE TRABALHO
Há quatro factores a considerar neste debate:
1 - Os aspectos negativos sempre ligados à cobrança de taxas a estrangeiros;
2 - O retrocesso nas políticas de abertura dos céus aos voos da Europa;
3 - As formalidades burocráticas mais facilitadas, numa época de constantes preocupações de segurança com medidas sempre mais rigorosas (funcionando aquelas como um atractivo dissuasor das longas filas nos aeroportos à partida dos voos);
4 -Por fim, os aspectos positivos da promoção centralizada, pela primeira vez, para atrair mais uns milhões de turistas com base nas vantagens de se querer fazer turismo nos EUA. Os argumentos a favor começam na prometida criação de 40 mil novos postos de trabalho, sem gastar um dólar de investimento público.
E continuam com a estimada recolha de 321 milhões de dólares no primeiro ano da aplicação da nova taxa (na estimativa de 32,1 milhões de passageiros).
Mas o objectivo principal da campanha é projectar, por todo o mundo, as vantagens de observar in loco o "American Way of Life", nos EUA sob a presidência de Barack Obama, no seguimento das expectativas mundiais criadas com a sua eleição em Novembro de 2008.

ALÉM DE TURISTAS, QUEREM MAIS NEGÓCIO
De acordo com a sugestão emanada da USTA - US Travel Association (a entidade mais favorável à criação da taxa de 10 dólares), a campanha a lançar pela primeira Corporação de Promoção Turística dos EUA, não deve relembrar aos potenciais turístas estrangeiros, a imagem do Tio Sam, ou focar apenas os símbolos da América, como a Estátua da Liberdade, o Capitólio em Washington, a Ponte de São Francisco (aliás, semelhante à nossa Ponte 25 de Abril), ou Hollywood, mas sim revelar aos estrangeiros que mais viajam para fora dos seus países, que os Estados Unidos estão abertos a negociar com eles, quer eles queiram fazer compras, conhecer as tecnologias mais avançadas do mundo, ou importar bens e serviços made in USA.
Uma atitude que revela tipicamente uma mentalidade de potência colonial, muito retrógada, como se o resto do mundo não conhecessse, nem tivesse acesso, já a outras fontes de fornecimento, por exemplo, de automóveis, embarcações, electrónica e vestuário, mais sofisticados e avançados do que os modelos americanos...

CIÚMES DA EUROPA?
O porta-voz da USTA também disse que os europeus, afinal, são campeões a aplicar taxas de turismo, disfarçadas das maneiras mais subtis.
Enquanto, a taxa dos EUA é totalmente transparente. Será?
Quem chega ao EUA ao abrigo do programa de isenção recíproca de vistos, paga 10 dólares. Os outros têm que apresentar vistos válidos, portanto, já cumpriram as formalidades exigidas pelo Governo de Washington.
Ignoraram-se, porém, os frequentes aumentos das taxas aeroportuárias,de segurança e de combustível, aplicadas em, praticamente, todos os países, aeroportos e transportadoras.
O segredo, para o representante da USTA, está no marketing. Quem fizer melhor o trabalho de casa e no terreno, vai ganhar a batalha do turismo na próxima década. Com mais transparência e segurança!

IATA ALINHA CONTRA
A IATA pronunciou-se contra o pagamento da taxa de US$10 por passageiro entrado (portanto, aos que estão isentos de visto americano, como os europeus), pois considera que isso pode prejudicar a evolução das viagens de turistas estrangeiros aos EUA, contribuindo, assim, para a tendência negativa na última década, o abaixamento do turismo e dos passageiros aéreos.
No ano passado, entraram nos EUA menos 2,4 milhões de estrangeiros do que em 2000.

MAIS VOOS. MAIS CO2
Já o porta-voz da embaixada da União Europeia em Washington lembra: que os EUA não estão a ser consistentes com as suas posições, ao longo de décadas, para facilitar a mobilidade transatlântica de americanos e europeus, nem para garantir um ambiente sustentável.
Tudo bem, mas não se compreende bem este "alvo duplo" ... a abertura de voos ou cruzeiros transatlânticos ... ao lado da sustentabilidade ambiental, pois esta tem visado, sim, reduzir tudo o que emita CO2 para a atmosfera, admita-se, mais por parte dos ecologistas europeus, do que dos seus pares americanos.

ANTI-AMERICANISMO?
Mas o mesmo porta-voz adiantou que a nova taxa dos EUA, pode ser entendida como a forma de Washington voltar a cobrar os vistos de entrada nos EUA e anular, assim, os "prejuízos" de cobranças, verificadas nos consulados, desde que vigora o programa de isenção de vistos EUA-União Europeia?
Ora esta posição, poderá levar, em seu entender, alguns países europeus a rever o acordo de isenção de vistos. Uma ameaça, mas é tão perigoso para os EUA receber persona non grata da Europa, como para os países europeus receber americanos não recomendáveis.
O que, pressupondo o endurecimento das facilidades de intercâmbio turístico, nos dois sentidos, através do Atlântico Norte, poderá vir a beneficiar, afinal, o Canadá? Um vasto país com muitas maravilhas a redescobrir!

QUE CONSISTÊNCIA?
Uma coisa é certa, os EUA foram sempre adeptos da não aplicação de taxas de turismo e da isenção de vistos, particularmente aos cidadãos americanos. Esta medida poderá, assim, fazer agora ricochete e levar outros países a aplicar o princípio diplomático da reciprocidade.
Se os EUA aplicam uma taxa de turismo, eles também podem querer passar a cobrar aos turistas americanos que visitarem esses países. E para que lado pesa mais o prato da balança? Uma incógnita? Ou talvez não!
Ou será isto tudo apenas "folclore" euro-americano e vontade de protagonismo mediático? Vamos, pois, continuar a seguir a novela americana "Travel Promotion Corporation".

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