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PARA MELHORAR O TURISMO EM PORTUGAL
Criar a salada Amália e classificar, em cada ano, os melhores restaurantes com “Astrolábio” de platina, ouro, prata, bronze e revelação Humberto FerreiraPublicado no semanário PUBLITURIS em 27 de Agosto de 2010 (na versão técnica)
Diferenciar, melhorar e inovar os produtos de verão e inverno, dinamiza a oferta turística. Cabe às empresas e destinos, tal como aos criadores da moda e calçado, renovarem a colecção e estilo em cada época. Por isso, também as empresas e destinos devem apresentar anualmente roupagens novas, que atraiam mais segmentos das diferentes origens, grupos etários e poder de compra. Hoje vou escrever sobre sabores, restaurantes e como ultrapassar os habituais travões burocráticos e convencionais para conduzir a nossa gastronomia a uma posição de destaque na cena mundial. Outros países pequenos, como a Suíça, a Grécia e a Holanda já conseguiram alcançar esse estatuto, enquanto Portugal continua a derrapar ...
FÉRIAS MAIS SABOROSAS – Há poucos pratos internacionais, aptos a concorrer com outras cozinhas. Faltam receitas irresistíveis à mudança de hábitos à mesa, com os quais possamos alcançar projecção mundial. Por exemplo: salada Amália , espetadas com molho Vera Lagoa, e chá Catarina de Bragança podem ser um começo. Bons produtos naturais, boas receitas, bons profissionais, bons restaurantes e bom serviço não faltam. O que falta então? Dinamismo, ambição e criatividade!
QUAL PEQUENO ALMOÇO - E vamos, também, mudar o nome do
pequeno-almoço (termo negativo no Brasil e junto de operadores) para “PRIMEIRO ALMOÇO” (como em Itália) ou “MESA DA MANHÃ à BEATRIZ COSTA". O primeiro almoço português deve ser diferente pela variedade de fruta da época, ao longo do ano: citrinos, maçãs, pêras, cerejas, ginjas, nêsperas, ameixas, uvas, melão, melancia, ananás, romãs, etc.
Boa mesa e talento são duas companhias ideais.
ADEUS SNACK-BAR - Mas, por favor, desistam do “snack-bar” e “coffee-shop”. Usem: Café, Pastelaria, Confeitaria (à boa moda do Norte), Esplanada, Retiro, Taverna, Bar ou Restaurante Gourmet, Executivo, Turístico ou Popular.
E tratem de criar prémios regionais, promovendo concursos na época baixa, para o melhor petisco, o melhor primeiro almoço,
o melhor almoço e jantar “tudo incluído” (talvez uma saída para a crise?). Não se acanhem a distinguir os melhores, como fazemos nos prémios Publituris!
ACADEMIA DE GASTRONOMIA – Sugiro que a dedicada roda de jovens chefs, sob orientação da Academia Portuguesa de Gastronomia (APG), possam coligir uma colecção dos melhores pratos tradicionais adaptados à moda, com nomes de mulheres que se destacaram na história, artes ou negócios. Uma carta sazonal de renovação que cative restaurantes nacionais e estrangeiros, valorizando as propriedades da nossa gastronomia.
Na primeira edição deve constar a
salada Amália - uma renovada salada mista com ervas aromáticas.
Espero que o João Braga não se ofenda, quando milhares de turistas pedirem, todos os dias, uma salada Amália, em vez da salada mista! E penso que a Amália gostaria de ser lembrada por tanta gente em qualquer parte do mundo, tal como se pede a salada grega ou do César (Ritz), promovendo, finalmente, pratos identificados com a nossa cultura!
A liderança desta iniciativa de renovação da gastronomia lusa, caberia, em minha opinião, à APG, incentivando os parceiros a aplicar-se ao voluntariado associativo. Alertando e congregando especialistas, marketeers, gestores dos consórcios nos destinos, organismos oficiais, escolas, técnicos e jornalistas, visando a mais-valia da gastronomia e restauração.
Criando em
cada Comunidade de Turismo núcleos de gastronomia atentos ao mercado e visando classificar e projectar os restaurantes “Astrolábio”, de platina, ouro, prata, bronze ou revelação – quem sabe, ao nível das estrelas Michelin? Em vez dos simplórios garfos amarelos, em acrílico transparente, que os mais "envergonhados" empresários da restauração, tentam esconder das portas e fachadas dos seus estabelecimentos.
Este sector está a precisar urgentemente de um choque de marketing.
ESPECIALIDADES REBATISADAS – Com a salada Amália surgiu-me a ideia de homenagear mais mulheres ilustres, com receitas tradicionais ou inovadoras, identificando as melhores sopas, caldeiradas, "arrozadas", "massadas", feijoadas, ensopados, estufados, "coentradas", alhadas, cataplanas, grelhados, cozido de carne brava, filetes, leitão, sem esquecer os pratos de bacalhau, marisco e aves.
A APG poderia beneficiar desta iniciativa, editando cada colecção anual em pagelas ilustradas em vários idiomas, assim como nas redes sociais de penetração global, para mais restaurantes nacionais e estrangeiros aproveitarem o material e difundirem a gastronomia lusa nos circuitos internacionais. Enquanto os "chefs" (ou gestores) de cozinha de autor, manteriam o negócio ao seu nível. Há que ter a coragem de admitir que a percentagem de clientes atraída pela cozinha de autor é muito escassa, enquanto a maioria dos clientes fica praticamente abandonada à rotina dos restaurantes tradicionais.
OS MITOS ALIMENTAM - De férias no Algarve fico a saber que, afinal, a
cataplana foi introduzida no Algarve pelos invasores franceses, no início do século XIX, que
a típica chaminé algarvia não é de origem árabe mas romana, que
os primeiros colonos do Algarve, nos séculos XVI e XVII,
foram transmontanos (e os árabes? A Ibéria e o Algarve (o Oeste) não foram invadidos pelos árabes no séc. VII?), e, para cúmulo, garantiram-me que
o Infante D. Henrique nunca esteve em Sagres! Por favor, entretenham-se nas tertúlias, mas aprendam com gregos, árabes, anglo-saxões, celtas, japoneses, etc., o valor das lendas e da tradição. Convido-vos, sim, a cultivar sabores e lendas para quem visita Portugal e aprecia os mistérios da história.
Os nossos pratos têm mais nomes de homens, enquanto tantos jovens desconhecem a história das mulheres ilustres. Que melhor ensejo para relembrar à mesa, as mulheres que mais se distinguiram ao longo das gerações e memorizar os elos fortes da gastronomia e cultura lusas? Resta apelar à experiência e interesse de académicos gourmets, promotores turísticos e chefes, para em conjunto projectarem a crescente presença da nossa gastronomia nas ementas dos hotéis, restaurantes e cruzeiros mundiais. Um contributo que não penaliza o Orçamento de Estado nem carece de subsídios, mas garante um bom impulso promocional à gastronomia e, pr tabela, ao Turismo!
TALENTO À MESA – Eis algumas nomes que poderiam valorizar saborosas ementas a propor pela APG: Brites de Almeida (Padeira de Aljubarrota – 1350-1395), Brites de Avis (n. 1503), Marquesa de Alorna (1750-1838), Catarina de Bragança (1638-1705 – filha de D. João IV foi Rainha de Inglaterra e regente do Reino, já viúva de Carlos II), Inês da Castro (1320-1355), Luísa de Gusmão (1613-1666), Filipa de Lancastre (1359-1415), Josefa de Óbidos (n. Sevilha 1630-1684), Antónia Ferreira (1811-1896), Emília das Neves (1823-1883), Guilhermina Suggia (1882-1950), Florbela Espanca (1895-1930), Beatriz Costa (1907-1996), Carmen Miranda (1909-1955), Vera Lagoa (1917-1996), Laura Alves (1922-1986), Ivone Silva (1935-1987), etc. Cabe à APG sugerir os nomes mais adequados a cada sabor. Só peço que à salada portuguesa, a lançar nas ementas mundiais, seja dado o nome de Amália … com ervas aromáticas, como ela apreciava!
Se os nomes históricos não chegarem, sugiro que outras receitas podem ser valorizadas, em vez da rotina “á Casa, ou á Algarvia”, com os nomes dos destinos mais dinâmicos: Douro, Minho, Porto, Vidago, Costa de Prata-Ria de Aveiro, Beiras, Estrela, Mondego, Fátima, Rotas dos Templários e Cister, Estremadura, Ribatejo, Lisboa, Estoril, Costa Azul, Alentejo, Alqueva, Baia de Sines, Costa Vicentina, Algarve - Barlavento e Sotavento, Açores (9 ilhas), Madeira e Porto Santo. Críticas e sugestões são bem-vindas, pois desde 1953 que escrevo sobre alternativas dinâmicas para melhorar o Turismo!
RESUMO DAS PALAVRAS-CHAVE – Pratos portugueses com nomes de mulheres ilustres, como
salada Amália (para identificar a salada portuguesa mais popular: a mista).
Mudar o redutor pequeno-almoço para
primeiro almoço, de preferência em auto-serviço.
Classificar e projectar os nossos melhores restaurantes (por exemplo a Selecção da AHRESP)com o “Astrolábio” de platina, ouro, prata, bronze e revelação, em cada ano. Propor à APG a publicação anual da
carta de renovação das ementas mais valorizadas pelos experts, em cada especialidade culinária, e
incentivando a sua aplicação em restaurantes no estrangeiro, através de um concurso internacional anual, que substituiria, com vantagem, os jantares, almoços e cocktails de promoção nas habituais feiras de Turismo!
Mais uma tentativa para auto-sustentar o nosso Turismo.
Labels: MUDAR A GASTRONOMIA PORTUGUESA
posted by humberto salvador ferreira #
10:32 AM 