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Tuesday, February 08, 2011

 
Nauticampo 2011 atraiu 47 mil visitantes

Humberto Ferreira

Depois do interregno de 2010, a Nauticampo atraiu 47 mil visitantes de 2 a 6 de Fevereiro de 2011. Mesmo com menos expositores do que em edições anteriores, conseguiu superar os 42 mil de 2009.
Os stands que atraíram maior interesse foram os dos veleiros e lanchas motorizadas, de conhecidas marcas estrangeiras e nacionais, mais da Polónia – o país convidado da organização da FIL.
Os stands de charters de embarcações de recreio (Siroco e SeaWay), de desportos radicais (baptismo de mergulho, rappel, escalada, etc. no pavilhão 3), e da Marinha (para recrutamento de jovens para a Armada, Fuzileiros e Polícia Marítima), também foram bastante solicitados.

Em paralelo, teve lugar o Lisboa Boat Show (LBS), com exposição flutuante e testes em embarcações novas e usadas à venda, assim como equipamentos técnicos e produtos para a prática de desportos náuticos e turismo fluvial, em crescimento em Portugal.

O LBS representou 21 marinas, 13 docas de recreio, albufeiras e escolas e clubes náuticos, tendo organizado o 1º leilão LBS multimarca, para as marcas com stocks para escoar.

A destacar, ainda, os seminários promovidos pelo Fórum Empresarial para a Economia do Mar, Turismo de Portugal e Associação Portuguesa dos Portos de Recreio (APPR).

O primeiro seminário, intitulado Marinas e Portos de Recreio – Aposta Competitiva para Portugal, atraiu cerca de 200 participantes, com curiosas intervenções do SET, Bernardo Trindade; de Luís Patrão, Teresa Ferreira e Sérgio Guerreiro do TP; Heloísa Cid do Instituto Portuário de Transportes Marítimos (IPTM); Martinho Fortunato, presidente da APPR; Oscar Siches do Comité de Marinas do International Council of Marine Industry Association; António Almeida Pires, VP do Turismo do Algarve; André Barata Moura do Observatório de Turismo de Lisboa; Ingrid Fortunato, directora da Marina de Lagos; Ulrich Manigel, director de certificação do International Marine Certification Institute (IMCI); Isolete Correia e Katrin Schiffegger da Marina de Vilamoura; e Jorge Severino. Director da Severino – Construção Naval. Notou-se a ausência de representantes da Administração do Porto de Lisboa (APL).

TURISMO NÁUTICO E DE CRUZEIRO

Notou-se o habitual descontentamento, da parte dos participantes com quem falamos, sobre os conteúdos e faltas de resposta oficial às dúvidas da assistência. E houve uma série de equívocos sobre as estatísticas apresentadas e repetidas.

O crescimento de 8% averbado ao Turismo Náutico em 2010, afinal, deveu-se à soma do movimento dos cruzeiros oceânicos (escalas e passageiros movimentados nos portos nacionais no ano passado).

Sobre os números de embarcações de recreio e tripulantes estrangeiros que visitaram marinas, docas e portos nacionais, em 2010, houve dúvidas. O que não surpreende. Ora turismo náutico é praticado por desportistas nacionais e estrangeiros, em competição e lazer, ou em “charters” (embarcações alugadas a “brokers” nacionais e estrangeiros) para uma viagem à medida (custom made), ou férias flutuantes.

Turismo de cruzeiros é outro segmento, em que os navios seguem itinerários programados, com passageiros chegados aos portos de embarque, vindos de todo o mundo, entusiasmados para conhecerem um navio, uma companhia ova ou tradicional, um porto, um país, ou um roteiro especial.

Portugal está apenas representado no segmento dos cruzeiros internacionais pela Classic International Cruises, sediada em Lisboa, com navios com bandeira portuguesa, mas geridos pelo armador grego George Potamianos. De resto, as agências de navegação locais, ou os delegados locais dos armadores estrangeiros, têm pouca influência na escolha dos itinerários e número de escalas e de passageiros a embarcar e desembarcar em “turnaround”, ou em trânsito, em cada porto da sua área de influência, dada a alargada concorrência de portos e destinos turísticos, que promovem este negócio.
No fim de contas, quem tem mais força ainda, é a chamada "ditadura dos n+umeros", isto é, são os próprios passageiros, pelo número de reservas que fazem para embarcar, desembarcar, ou conhecer os vários portos catalogados por cada companhia. Depende, pois, da procura do mercado e deste ser melhor ou pior promovido, por exemplo, para cruzeiros, ou antes para curtas pausas low-cost?

IMPROVISAÇÃO vs. ESPECIALIZAÇÃO

Aliás, na Náuticampo, um dos poucos expositores de turismo organizado presente foi o operador El Corte Inglés, com uma oferta de férias para seniores. Também os excelentes oradores estrangeiros convidados eram todos especialistas no verdadeiro turismo náutico, não em cruzeiros comerciais.

Soube-se no seminário, que as actividades marítimas em Portugal estão dispersas por seis ministérios, mas que há apenas um secretário de Estado da Defesa e dos Assuntos do Mar, misturando, assim, as práticas navais com as das marinhas mercante, de pesca, e de recreio. E... quem sabe, com os cruzeiros internacionais que alimentam os nossos portos.

No ramo do Turismo náutico, objecto do seminário,o IMCI é a autoridade internacional que certifica as marinas, emite e fiscaliza aquelas que satisfazem as normas, com o título Blue Star Marina. A Marina de Lagos já está certificada neste escalão. A única.

Quem queira conhecer o relatório anual consolidado do Sector Marítimo e Portuário pode consultar o portal do mar do IPTM, que gere portos e pilotos, a segurança e inspecção aos navios que escalam os nossos portos (substituindo a antiga DG da Marinha Mercante).

ESTACCIONES NÁUTICAS CHEGAM A PORTUGAL

A declaração oficial de maior impacto, divulgada no seminário, foi a adesão do TP à fórmula ibérica das “Estaciones Náuticas”. Um serviço integrado, desde 2007, disponível em 22 marinas espanholas, com ofertas de 16 serviços, além dos postos de amarração e manutenção das embarcações “residentes” e “visitantes”.
Esta fórmula nasceu na gigantesca marina de Palma de Maiorca. Resta, agora, saber quantas e quais as marinas nacionais que vão associar-se a esta marca.
Por mim, em vez de “Estações Náuticas” prefiro “Centros de Dinamização Náutica”, juntando a amarração de embarcações a escolas de vela e navegação e de prática de diversos desportos náuticos em voga.

Ora, já assisti na Sardenha a um Congresso de Turismo Náutico promovido pelo ENIT, ficando a saber que em Itália já havia cerca de 400 marinas integradas num consórcio dinâmico e oferecendo vantagens aos clientes das referidas marinas num esquema de intercâmbio reciproco. Aliás, o Clube Naval de Cascais tem acordos semelhantes com os Yacht Clubes do Rio de Janeiro e Mónaco.

A organização da actividade em Portugal centra-se nos Clubes Náuticos. Não nas Marinas. Além disso, as cinco docas de recreio da APL alugam ou dispensam (e bem) espaços a diferentes clubes, enquanto só as marinas privadas costumam investir num único clube próprio. Mas todos os nossos clubes náuticos proporcionam um leque de serviços de apoio desportivo, adaptável à oscilante procura dos seus associados. Não será uma iniciativa oficial destinada a privilegiar um novo concorrente dos actuais clubes?

Sinceramente, não se vislumbra a vantagem de incluir mais um intermediário estrangeiro nesta actividade, a não ser o tal intercâmbio dispensado aos sócios de clubes estrangeiros, que passem nas marinas portuguesas. Mas isso já existe há largos anos. Assim como não há almoços grátis, também os custos de lançamento e funcionamento das "Estaciones Náuticas" não são grátis, nem podem ser subsidiados pelo Estado!

Temos vários clubes náuticos de forte prestígio internacional e quando o Estado se mete no desporto, acaba sempre por sair mal. Veja-se os casos dos dois desportos que se encontram à beira de sofrer sanções das respectivas federações internacionais, por falta de estatutos aprovados. São o futebol e a FPF, e a vela e a FPV.

Há em ambos os casos, interesses instalados, que não permitem a perda dos direitos adquiridos pelas associações regionais. Ora num país tão pequeno, e na era das comunicações electrónicas, a antiga intermediação das associações regionais já não faz sentido. Mas também não cabe ao Estado impor novas normas para proteger este ou aquele clube ou dirigente, mudando o “equilíbrio” dos quadros dirigentes destes desportos. A não ser que ...?

Depois, abusa-se dos diferentes status entre clubes, associações, federações e confederações. Por acaso, a Confederação do Desporto é a única que tem o perfil mais baixo, limitando-se praticamente a realizar a Gala dos Desportistas do Ano. E nem existe ainda a Confederação do Mar.

Não faltam, pois, problemas e novas opções ao vasto sector do Mar em Portugal. Dada a minha formação e dedicação, não deixarei de continuar atento.

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