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Monday, June 13, 2011

 
NOTÍCIA DO DIA DE SANTO ANTÓNIO DE LISBOA 13Jun2011 – REVISTA DE IMPRENSA DE HF:

América pode entrar um default em agosto

Os chineses e as agências de notação Fitch e Moody's "zangaram-se" com o Congresso americano. Se o limite de endividamento dos EUA não for aumentado, 30 mil milhões de dólares de títulos do Tesouro que vencem a 4 de agosto, cuja liquidação pode ficar em maus lençóis.

FONTE: Expresso.pt Domingo, 12Jun2011

A palavra default subiu pela primeira vez explicitamente ao mais alto palco político nos Estados Unidos. A crise da dívida soberana ameaça passar a entrar na vida americana e a ser tema de conversa no mundo inteiro. A luta política no Congresso em torno do aumento do limite de endividamento do governo federal está a provocar uma onda de nervosismo entre os investidores estrangeiros na dívida emitida pelo Tesouro dos EUA.
Dois responsáveis chineses advertiram na semana que terminou que os parlamentares americanos que se opõem ao aumento desse teto estão "a brincar com o fogo". Li Daokui, do Banco Central da China, afirmou que havia o risco real de um default da dívida americana, no que foi acompanhado por Yuan Gangming, da Academia de Ciências Sociais da China. Gangming referiu inclusive que a guerrilha política interna nos Estados Unidos, à medida que se aproxima a eleição presidencial de 2012, poderá colocar em risco a situação do Tesouro americano. Segundo a Reuters, alguns congressistas republicanos "pensam que um default técnico [no princípio de agosto] poderá ser o preço a pagar para que a Casa Branca aceite cortar na despesa" e imaginam que os credores aceitariam "um pequeno atraso, talvez uns dias" até que consigam dobrar Obama. O novo ano fiscal dos EUA inicia-se a 1 de outubro, pelo que esta guerrilha não vai parar durante o verão.
Para além da China, logo o Banco Central da Índia e o Banco Central do Omã (refletindo a voz do Golfo da Arábia) vieram manifestar publicamente a sua apreensão pelo desfecho desta luta política entre republicanos conservadores e democratas.
Rating dos EUA ameaçado
Para completar o ramalhete, a agência Fitch, veio ameaçar na quarta-feira (8 junho) que poderia baixar no princípio de agosto o rating dos Estados Unidos do nível atual de triplo A para B+ caso antecipe verificar-se qualquer default técnico, ou moratória, na altura do vencimento de letras do Tesouro americano no valor de 30 mil milhões de dólares a 4 de agosto, e se o assunto não for resolvido até 11 de agosto, quando há novo vencimento de dívida.
Na semana anterior tinha sido a vez da Moody's Investors Service a ameaçar que procederia a uma revisão da notação dos Estados Unidos em julho se o assunto continuar neste plano da desconfiança e chantagem política entre republicanos e democratas.
Este problema deriva do facto do nível máximo de endividamento federal já ter sido atingido a 16 de maio passado. Um conjunto de medidas extraordinárias tomadas pelo secretário do Tesouro, Tim Geithner, permitiu adiar a situação de rutura até 2 de agosto.
A dívida pública americana atingiu os 14,3 biliões de dólares. Cada cidadão americano nasce com 143 mil dólares de dívida ao pescoço desde que o cordão umbilical é cortado. O PIB americano foi de 14,7 biliões no ano passado, pelo que a dívida pública é praticamente 100% do PIB.
Mal estar económico pela retoma que não retoma
Os números da economia americana continuam a desagradar. E muitos analistas e economistas falam do risco de uma recaída na recessão - double-dip na designação inglesa. O desemprego, segundo o relatório do US Bureau of Labor Statistics de 3 de junho, atingiu os 13,9 milhões de pessoas, uma taxa de desemprego de 9,1% em final de maio, em que o desemprego estrutural é de 45,1% e o desemprego entre os jovens é de 24,2%. É o mais alto desemprego estrutural desde 1969 . O número mais elevado neste período foi em janeiro de 1983 com cerca de 3 milhões - hoje são 7 milhões de desempregados.
Há já mais de 800 mil "trabalhadores desencorajados" que já não procuram emprego. Espera-se que o nível de desemprego suba para 9,2% em final de junho.
A economia americana vive em 70% do consumo interno e este está afetado por duas doenças: o desemprego (já referido) e a quebra brutal no valor do imobiliário detido pelas famílias americanas. A baixa do preço do imobiliário (e o consequente valor em ativos detidos pelas famílias) desde o rebentar da bolha em 2007 já fez desaparecer 7 biliões de dólares (cerca de €5 biliões) e espera-se que caia mais 1 bilião no próximo ano. O professor Robert Shiller, da Universidade de Yale, e co-autor de um indicador sobre o imobiliário americano (conhecido como S&P/Case-Shiller home price índex), disse esta semana que não ficaria surpreendido se os preços do imobiliário caíssem ainda mais 10 a 25%, segundo a Reuters.
Ben Bernanke, o presidente da Reserva Federal (FED, o banco central), no seu discurso da semana passada na Conferência Monetária Internacional, em Atlanta, apesar de admitir uma retoma económica "espasmódica e frustrante" que continuará a exigir "uma política monetária acomodatícia" (na fixação dos juros), insistiu que o consenso dentro da equipa da FED é que se assistirá a uma inversão no segundo semestre e que o surto inflacionário será temporário. No entanto, o presidente da FED advertiu os políticos republicanos que "uma consolidação orçamental abrupta no curto prazo" poderá enfraquecer ainda mais a "retoma ainda frágil".
Este desapontamento ocorre em simultâneo com uma economia totalmente inundada por dinheiro quente. A base monetária dos EUA atingiu agora um recorde de 2,5 biliões de dólares (equivalente a €1,75 biliões,ou €1750 mil milhões). Há menos de 3 anos, durante a bolha, essa base monetária era de 820 mil milhões de dólares, ou seja a intervenção monetária na economia desde a crise gerou um aumento de 300% - o que compara com os magros 44% entre 2000 e 2007.

Quem beneficiou da injeção monetária?
Para onde foi essa inundação de dinheiro? Não para a economia real. Os bancos aumentaram as suas reservas na Reserva Federal (FED) e embrenharam-se na especulação financeira uma vez mais.
Peter Cohan, em declarações ao Expresso, é muito claro sobre esta política de Bem Bernanke: "Já vimos que o efeito desta injeção de dinheiro não levou ao crescimento do emprego - as empresas estão a 'armazenar' o dinheiro nos seus balanços, os bancos usam-no para comprar títulos do Tesouro em vez de emprestar às empresas e os traders utilizam-no para especular nas commodities".
Paul Krugmam colocou os nomes nos bois na sexta-feira passada na sua coluna no The New York Times com um artigo sugestivamente intitulado: "Governados por rentiers". Rentiers é a palavra francesa, usada em economia, para os que vivem de rendas financeiras. Diz o Nobel: "Estou cada vez mais convencido de que [a paralisia das políticas transatlânticas] é uma resposta à pressão de grupos de interesse. Conscientemente ou não, os decisores estão a servir quase exclusivamente os interesses dos rentiers".
Preocupante também o facto da FED ter ultrapassado a China como principal credor do Tesouro norte-americano. Harm Bandholz, economista-chefe do UniCredit nos EUA, deu os detalhes: em virtude do QE2 (2º programa de alívio quantitativo, quantitative easing em inglês, que injetou 600 mil milhões de dólares), a FED passará a deter 16% da dívida federal no final de junho, bem à frente da China que deteria menos de 12% em finais de março. Os restantes titulares desta dívida são as famílias americanas (como aplicação de poupanças), o Japão, os governos estaduais e locais da federação americana e os fundos de pensões privados.
Se Ben Bernanke decidir não renovar nenhum programa de alívio quantitativo quando o QE2 terminar no final deste mês, alguém terá de preencher o lugar principal na aquisição de títulos do Tesouro e para tal os juros dos títulos do Tesouro terão de subir significativamente para ser atrativos. Atualmente, os juros dos títulos do Tesouro americano são mais baixos do que os juros dos Bunds (títulos alemães) nas maturidades a 5 anos (1,56% contra 2.17%), mas superiores nas maturidades a 10 anos (2,97% contra 2,96%) e 30 anos (4,18% contra 3,52%).
As bolsas refletiram este mal-estar. O índice bolsista S&P quebrou 1,4% na sexta-feira, findando uma semana em que caiu 2,24%. Desde o pico em 29 de abril, o S&P já desceu quase 7%. Foi a sexta semana consecutiva em baixa. E entretanto o índice bolsista Dow Jones desceu abaixo dos 12.000 pontos.
COMENTÁRIO HF
Afinal, a economia mundial tende a servir, preferencialmente, os rentiers (palavra francesa para definir os investidores que vivem exclusivamente das suas aplicações financeiras à escala global). Mas o certo e bastante negativo é que as “famílias” políticas, que corporizam as cinco facções do actual espectro político global (conservadores, liberais, socialistas, comunistas-verdes e radicais), não se entendem, preferindo continuar a radicalizar posições e destruir todas as vias de diálogo, na Europa e na América, perante a apatia dos eleitores e contribuintes.
Entretanto, a Reserva Federal dos EUA passou a ser o maior credor do Tesouro Americano e os "mercados" globais, apesar de ameaçarem e protestarem, continuam a investir forte, contentando-se com margens impensáveis na Europa (entre 1,56% e 4,18% a 30 anos).Por outro lado, os líderes políticos contemporâneos continuam a não conceber formas de custear os seus projectos orçamentais, endividando as gerações seguintes até 30 anos!
Pior ainda, os fundos provenientes dos vultuosos empréstimos feitos com uma frequência inaudita, à conta da dívida soberana de cada Estado, não são injectados na economia real (a que as empresas, as famílias e os consumidores costumavam recorrer no quotidiano) mas sim absorvidas pelos mercados secundários, alimentados pelos banqueiros e investidores (rentiers) e absorvidos pelos governos mais gastadores, em ternos de obras públicas e políticas sociais sem retorno (como o pagamento de crescentes subsídios de desemprego a contingentes de trabalhadores, que bem poderiam estar a trabalhar e produzir proveitos na economia real, se os fundos fossem antes distribuídos às empresas).
Todos sabemos como tudo isto se deve resolver com urgência: mudando as normas que continuam a proteger hoje o capitalismo selvagem, que tanto agrada aos rentiers e dos banqueiros, mas está por nascer o primeiro líder político com coragem para travar a corrida para o abismo.
O aviso chegou-nos no início de 2007 (disse Sócrates que só chegou a Portugal em finais de 2008, possivelmente mais uma mentira sua, desta vez por deficiente ligação à internet?), mas até agora tanto a América como a fragilizada União Europeia pouco, ou nada, têm feito para reforçar a propalada regulação dos bancos, das bolsas e das offshores. Até lá, bem podem TODOS queixar-se (e até chorar), para fingir que se preocupam com as famílias, o desemprego, as empresas e a economia real, mas não contem comigo!
Só quando fizerem o trabalho de casa, a que são obrigados por inerência ao cargos que exercem, e por uma questão de verticalidade. Infelizmente tão rara!

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