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Wednesday, June 29, 2011

 
PROGRAMA DE TURISMO DO XIX GOVERNO CONSTITUCUONAL
Comentado por Humberto Ferreira (2011Jun28)

O estilo deste programa é semelhante aos exercícios de anteriores executivos. Uma série de conceitos vagos, como a repetição de chamadas aos factores de inovação, eficiência, gestão, recursos e regulação. Na prática significam ZERO. Ou pior copiaram os anteriores.
Das sete medidas enunciadas, destaco "o reforço da articulação das políticas de Turismo com o Ordenamento do Território, Ambiente, Transportes, Saúde, Mar e Cultura".
Mas também não se trata de novidade. São, sim, medidas difíceis de concretizar.
Há, todavia, um sinal positivo: o Ministério da Economia agora passa a gerir o Ministério dos Transportes, o que pode facilitar uma certa articulação Turismo-Aviação, Portos, Estradas e Ferrovias.
De facto, enquanto a Espanha já tem uma das maiores redes de alta velocidade, Portugal continua com a sua bitola ibérica.
Por isso, o Turismo deve pressionar o governo para elaborar um plano de substituição gradual das linhas férreas convencionais, pendulares e de alta velocidade, com especial ênfase nas ligações do porto de Sines a Lisboa e a Espanha.
Pois, a partir de 2014 espera-se que o porto de Sines seja a plataforma de entrada na Europa de milhares de contentores, por semana, vindos do Oriente, pelo Canal do Panamá! Talvez uma matéria demasiado complexa para os recém-empossados membros do governo.

TURISMO ATLÂNTICO – Destaco também a excelente proposta de criar uma “plataforma económica e logística para se projectar um mercado alargado que reforce os fluxos de raiz atlântica”.
Ora isto é, nem mais nem menos do que a concretização de uma antiga aliança atlântica entre Portugal, Brasil, Angola e Cabo Verde, gizada entre ilustres estrategas dos quatro países, mas sempre adiada. Com a anunciada privatização da TAP(imposta pela Troika) poderemos vir a dar o primeiro passo para esta aliança inevitável, desde que a TAM,a TAAG e a TACV se unam à TAP. Vamos, pois, espero bem, torcer para que se atribua prioridade à formalização desta proposta, com o indispensável de fortes investidores interessados?

DISFUNÇÃO ORGÂNICA ENTRE ENTIDADES DO SECTOR – Já não deposito tanta confiança no apelo “ao reforço da acção reguladora para uma visão estratégica e articulada entre parceiros públicos e privados”.
Por duas razões: o conhecido historial negativo das agências reguladoras até à data (alegadamente independentes, mas inegavelmente subordinadas ao governo no poder. Por outro lado, há a fragilidade da Confederação do Turismo face às associações temáticas de hotelaria, distribuição, programação e animação, assim como às entidades regionais e até locais, pois qualquer iniciativa do Turismo de Lisboa ou do Algarve consegue maior visibilidade mediática do que a CTP.
Sem esquecer a corrida ao protagonismo do instituto público central, nos primeiros anos da sua polémica existência, invariavelmente afastado do diálogo, como nos casos do PENT e das leis dos empreendimentos e das agências de viagens. Anteriormente, havia interlocutores especializados em cada área. Hoje concentra-se tudo numa pessoa, pelo que o título Instituto Central do Turismo assentaria melhor.

A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR – Compete (ou não?) às empresas especializadas dar maior ou menor relevo às modalidades de Turismo Sénior, Étnico, Religioso, de Saúde (incluindo as acessibilidades para turistas deficientes)? Assim como tentar obter maiores receitas de exploração? Pois são, de facto, os mercados que determinam essa flutuação entre a oferta disponível, a concorrência, e a procura. E não, nem nunca foi,qualquer programa governamental ou campanha de sensibilização que vai moldar cada ano ou época turística.
O que as empresas precisam é que o Estado e as autarquias não as atrapalhem nem as penalizem com mais impostos ou taxas. Aliás, no Turismo está instituído o facto consumado de que entramos num período prolongado de cortes aos apoios ad-hoc.

CÓDIGO DO TURISMO – Creio que a melhor ideia deste Programa de Governo é a breve elaboração de um Código do Turismo e das Actividades Turísticas, desde que não seja demasiado intervencionista (como as opções do PS se revelaram sempre).
Já agora que o novo Código possa definir e proteger, também, os municípios classificados como turísticos, facilitando-lhes a aprovação de projectos que impliquem aprovação central.

PROMOÇÃO INTEGRADA – Por fim, quanto à promoção externa e interna do Turismo, sempre recomendei que fosse associada aos principais recursos nacionais, mais apetecidos por estrangeiros, nomeadamente: o Desporto, Cultura (erudita e popular), Ciência, Vinhos e Bebidas, Moda e Pronto-a-Vestir, Calçado, Porcelanas e Cristais, Alimentação, Saúde (termalismo e recuperação), Turismo Residencial (imobiliário), Congressos e Feiras, Logística e Transportes, Móveis e Materiais de Construção e Decoração, Compras e Artesanato, Ensino Erasmus e outros programas de formação complementar, etc. No total são 26 áreas com potencial valor para a expansão do made em Portugal pelo mundoO Turismo é o grande cluster charneira para o melhor "Mix Portugal Holiday Shopping".

CLUSTER DO MAR -
O Turismo, as Compras e o Mar
são, à priori, os três grandes eixos disponíveis para a breve recuperação que todos desejamos.
E nesta fase embrionária do novo ciclo de esperança e confiança, a criação e nomeação da Secretaria do Estado do Mar é talvez aquela que me merece maior confiança, esperança e aplauso. Manuel Pinto de Abreu é um conceituado oceanógrafo, responsável pelo programa de alargamento da plataforma continental subaquática que poderá tornar Portugal num dos países ricos europeus. Bem sei que é um projecto a prazo, mas nem por isso é menos importante!
Mas o programa governamental passa por cima dos problemas dos portos, terminais de cruzeiros e de cargas, assim como da estratégia para acolhermos as novas rotas oceânicas que vão procurar portos portugueses de contentores, de produtos petrolíferos, de cruzeiros e de carga geral.
Nos cruzeiros, que interessam mais directamente ao Turismo, o que mais me satisfaz não é o crescimento positivo das escalas em Lisboa e Funchal (portos tradicionais com movimentos semelhantes aos dos anos 55/75)mas a significativa programação de escalas nos portos de Portimão, Leixões e Ponta Delgada. Oxalá a nova tabela de taxas do SEF não venha estragar a árvore das patacas!
É evidente que as prioridades do governo, associadas ao Turismo, em matéria de política aérea também ficaram aquém da nossa ambição.

MARCAS FORTES – Lembro que em cada ramo é preciso criar marcas fortes e distintas, integradas em campanhas institucionais e de venda agressiva, de modo a que todos os públicos-alvo identifiquem essas marcas como fizeram (e fazem) ao Mateus Rosé, o vinho português mais conhecido no exterior e menos bebido em Portugal.
Não conheço qualquer marca institucional - United States, Britain, ou España - que se tenha sobreposto a qualquer marca forte privada oriunda dos EUA, Reino Unido ou Espanha entre as que conquistaram projecção global!
O que cada país usa, habitualmente, e um slogan forte para atrair turistas e compradores. Três dos mais bem sucedidos foram: "Sorria, está em España!", "Swiss Made" ou "Incredible India"!
Não sou, pois, adepto do reforço da marca Portugal para promover simultaneamente Turismo (programas e destinos com 300 possíveis municípios concorrentes entre si) e produtos e serviços de mais de 25 origens diferentes mas bastante associadas ao Turismo.
Só que não podemos também cair mais no exagero de tentar vender 15 mil marcas de vinhos lançadas nos mercados. Há que também seleccionar as sete melhores, como as Sete Maravilhas da Natureza e da Gastronomia.
O que têm andado os gestores e promotores do ICEP e da AICEP a fazer estes anos? E o que tem sido feito para aproximar, em parceria, os organismos de coordenação e promoção dos nossos 25 recursos principais de exportação, acima indicados? A tónica tem sido: salve-se quem puder! E, pelos vistos, vai continuar a ser! Quando o novo governo se desinteressa desta aconselhável aproximação de sinergias.
E para a obtenção de melhor retorno aos investimentos promocionais públicos e privados, deve-se distribuir as acções e peças das diversas campanhas sazonais, pelos mais acessíveis, ou seja: Internet, TV, Outdoors e Imprensa Especializada – esta para atrair os grupos profissionais e temáticos específicos de cada ramo.

PERGUNTA FINAL – Quando se viaja para o exterior, habitualmente, o que fazemos para brindar amigos e familiares?
Compramos lembranças úteis, identificativas do destino, ou curiosidades.
Como é então possível elaborar um programa de desenvolvimento turístico sem associar o Turismo ao comércio local?
Começa mal este novo ciclo de esperança. confiança e recuperação das marcas e produtos portugueses mais apetecidos no exterior! Incluindo o Turismo!

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