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Transportes, Turismo e Energias Renováveis III artigo da série MOPTC publicado no semanário PUBLITURIS - O jornal da indústria do Turismo - em 5 de Junho de 2009
Humberto Ferreira - in TURISCÓPIO
////hsalvadorferreira@clix.pt
Com este terceiro Turiscópio sobre o MOPTC creio que os leitores fiquem esclarecidos sobre as vantagens e afinidades Turismo-Transportes! Hoje, apresento um Manual Simplex de Transição do carbono para as renováveis, alertando para o urgente estudo de redes adequadas à distribuição de energia limpa. Receio que o plano do Novo Aeroporto Internacional de Lisboa em Alcochete, nem tenha contemplado o oleoduto, para agradar ao lobi quatro-em-um: camionagem, estradas, distribuição de gasolina e fabricantes de rodo-cisternas! É pena, pois se os políticos não podem ser experts em todas as matérias que são chamados a intervir, podem, pelo menos, seleccionar e ser bem aconselhados por assessores à altura destas novas responsabilidades ambientais, sociais e tecnológicas.
INDÚSTRIA LIMPA = GREEN TRAVEL – No programa "Prós e Contras" de 6 de Abril, nada ouvi sobre os inevitáveis combustíveis limpos? Os fósseis vão acabar, não pelos protestos verdes, realizados no Planeta Azul pela GreenPeace e Cª., mas pela forte especulação dos donos dos poços e gasolineiras, pois o barril já ronda os 60 dólares! Por outro lado, a redução de 60% até 2018 na emissão de CO2, equivale a condenar mais gerações à vida dura da primeira metade do século XX. Enquanto há uma crescente parte da população preocupada com o aquecimento global, as ameaças climatéricas e a qualidade de vida no planeta, por cá continua-se a gastar em obras faraónicas e a legar grandes pegadas carbónicas, à custa da miséria alheia. Repete-se a cena do Titanic: salvam-se os passageiros de 1ª ignorando os da 2ª e 3ª classes! E, afinal, onde viaja Portugal e os portugueses? Qual primeira classe?
BREVE INVENTÁRIO – Aplaudo as iniciativas das energias renováveis, embora não aprecie belas paisagens rurais e marinhas recheadas de aerogeradores. Mas aceito o valor desta fonte num país ventoso q.b., assim como as imensas placas de energia solar, nos campos e telhados do país. Mas acho exagerada a promoção da central foto-voltaica na Amareleja como atracção turística.
Já se aceitam excursões à Amareleja, para os voos que hão-de aterrar em Beja?
ALQUEVA – As albufeiras, além da energia e rega, valorizam bastante o interior, desde que a "Rota das Albufeiras" seja direccionada para valorizar a economia regional. Mas este produto é ignorado pelos empresários contemporâneos, salvo as poucas excepções no Alqueva e Esporão! O maior lago artificial europeu merece mais promoção que a Amareleja!
No 1º Plano de Desenvolvimento Turístico do Alqueva, em que colaborei em 1997, adiantei que o Alentejo será um pólo da procura turística, a par de Lisboa, Algarve, Madeira, Douro e Fátima! Passados 12 anos mantenho a previsão. Os radicais criticam-me, alegadamente, por na época “querer copiar para o Alqueva o modelo do Algarve litoral”! A cegueira não os deixa ver mais além! Nem entendem que as 10 barragens agora previstas são essenciais para reforçar as reservas de água e energia e reduzir a factura da nossa importação de produtos petrolíferos!Mas aos radicais não importam custos nem o bem-estar das gerações. Quanto mais atrasadas e sacrificadas melhor!
REGRESSO AO MAR – Nem Bruxelas (União Europeia) nem Oslo (Comissão Europeia de Segurança Marítima) têm politicas de incentivo à expansão do transporte marítimo, para compensar a retirada das mercadorias da estrada, e até para evitar os crescentes assaltos aos TIR nas estradas europeias – copiados dos navios ao largo da Somália! Para combater piratas, a NATO destacou uma mini-força multinacional de cinco fragatas, quando pelo menos três são precisas para escoltar comboios diários entre Aden e Mombassa e v.v. Não é com patrulhas de vigilância num mar tão extenso que os piratas vão ser derrotados! É com comboios organizados e vigiados por vasas de guerra dos aliados. Numa guerra terrorista, as forças aliadas devem adoptar estratégias de defesa logística, se não quiserem ser humilhadas. A vigilância aérea e electrónica é incapaz de evitar assaltos, nas longas rotas ao longo da costa oriental de África. E se na Europa continuarem a assaltar TIR, também devem ser criados comboios vigiados por militares nas principais auto-estradas. É este o preço do comércio livre!
Neste hiptético regresso da Europa ao Mar, sigo o advento da energia das ondas, lamentando o recente atraso na plataforma experimental ancorada ao largo da nossa costa Norte.
AGRO-ENERGIA – Acredito nos biocombustíveis, apesar do generalizado receio de que os agricultores troquem a produção alimentar pela energia, se der rendimento superior.
Aceito a estratégia e quotas do diversificado Plano Energético Nacional, salvo a recusa nuclear. Já na mudança para a Nova Ordem Económica Global, também devemos lutar para instituir reguladores capazes de equilibrar o circuito dos bens agrícolas (produção-pesquisa-reservas-exportação-distribuição-comercialização). Está provado que o mercado por si, começa por tirar as maiores vantagens para os membros de cada corporaçã, sobrando pouco ou nada para os produtores e transportadores. Por isso é urgente que os G20 mais os BRIC se entendam quanto a um sistema de produção e comércio equlibrado. Os agricultores dos países pobres têm sido ultra explorados, enquanto os “seis grandes” recebem chorudos subsídios de Bruxelas para travarem a produção! Talvez, mais áreas de cultivo em África (açucar, oleaginosas, bio-massa) possam ser a solução natural, tratando-se os bio-combustíveis da fonte mais adiantada ao uso da aviação e autos. Urge, por isso, implantar as primeiras redes de distribuição e o Brasil tem experiência neste âmbito.
Por fim, há o hidrogénio, que dizem vir a ser a energia mais popular, mas onde se desconhece qualquer iniciativa lusa. E estará o aquecimento global controlado e a economia bem abastecida até 2020? Não acredito!
CAPACIDADE REDUZIDA – Há diversidade de energias: eólica, solar, hidráulica, marítima, biológica e nuclear!
Até já naveguei em dois navios nucleares -Savannah e Nimitz- é uma fonte inevitável!
Quantos anos demora a transição energética do carbono para as fontes limpas? Nos transportes, indústria, iluminação urbana e entretenimento – este ramos é um pesado utente energético. É urgente planear novas redes de distribuição, pois algumas exigem carregamento frequente de baterias e outras os biocombustíveis para aviões e carros.
Mas, apesar de tanta diversidade, prevê-se que seja necessário reduzir voos, navios, combóios, e carreiras ferro-rodo-urbanas, suburbanas e de médio a longo curso, assim como o uso de carros privados.
Cabe ao MOPTC estudar e informar o País!
AVISO DO OAG: em Abril houve, na aviação, à escala mundial, menos lugares disponíveis e 6% de menos voos. Só no Reino Unido houve menos 13% de voos e menos 1,6 milhões de lugares.
Havendo privados a estudar e a investir em novas estruturas turísticas e de lazer, hotéis, convenções, animação, desportos, feiras, museus, etc, o MOPTC tem obrigação de se antecipar às novas exigências do mercado, nos transportes e energia, incluindo a evolução das actuais gasolineiras urbanas e de estrada, e na concepção de terminais rodo-ferroviários e aero-marítimos.
O plano geral e layout de Alcochete omite esta inevitável evolução energética. E urge, também, debater a expansão do "bi-terminal do Oriente" com uma solução para os anos 30/40: o "shuttle" para Alcochete e a estação central do TGV para Porto-Vigo e Badajoz-Madrid (com ou sem as tranvias Sintra-Alverca e os comboios intercidades, da rede ferroviária convencional à partida da capital. Mal localizada, no termo da cidade de Lisboa, a estação do Oriente, não tem o espaço da Portela, por exemplo, onde vai chegar em breve o Metro e onde já há carreiras rodoviárias urbanas e suburbanas!
Querem-nos vender gato por lebre? No próximo Turiscópio foco as oções sobre Alcochete, Alcântara e novas tendências de Transportes, Turismo e Mar, a que Portugal não pode ficar alheio.
Labels: TRANSPORTES E TURISMO
posted by humberto salvador ferreira #
9:15 AM 