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O melhor mix mundial em gastronomia e emoções
Humberto Ferreira
Publicado no semanário de Turismo PUBLITURIS em 12 de Março de 2010,
na página/rúbrica TURISCÓPIO
O Turismo é o ramo mais transversal da nossa economia. Engloba transportes, hospitalidade, operações integradas de viagens, visitas, excursões, cruzeiros, em lazer, férias, congressos, incentivos, eventos, cultura, desporto, programas sociais e formação.
Vi com agrado,
no Prós e Contras de 1 de Março, o Turismo surgir com força num debate sobre
Novas Relações Laborais, pela voz do consultor sueco Jack Soifer, a dizer alto e bom som que temos o melhor mix do mundo... com gastronomia e variedade de destinos, emoções e preços. Propõe este perito estrangeiro, desenvolver 90 nichos (identificados em livro da sua autoria). A 26 Fev., o prof. Ernâni Lopes também apresentou o seu livro
A Constelação do Turismo na Economia Portuguesa, versão actualizada do anterior estudo:
Reiventando o Turismo em Portugal para o Século XXI, divulgado na BTL - Janeiro 2006 – em que propõe 95 medidas para desenvolver a competitividade do Turismo no 1º quartel do séc. XXI, com 15 linhas orientação: para a marca Portugal, estruturas e estratégias, mercados e produtos, identificando a oferta face à concorrência; como estimular a procura, qualificar activos estratégicos, a cadeia de valor, canais de distribuição, factores de inovação e monitorização de resultados, e observatório da concorrência. Profundidade e ambição q.b.!
Não li o livro de Soifer, mas tanto os seus 90 nichos como as 95 medidas de Ernâni Lopes são dois tratados de turismo. que os estudiosos vão seguir, sabe-se lá quando? Eu, já havia escrito outro texto, mas nos últimos dias tenho lido e aprendido tanto, que mudei o rumo e aqui vão mais alguns contributos para a melhoria gradual do Turismo. talvez a actividade com maior potencial de exportação (a angariação de turistas estrangeiros corresponde à venda crescente ao exterior de produtos e bens made in Portugal). Estes contributos são, como sempre, baseados na minha experiência de 55 anos de trabalho no turismo. Nas vertantes da
navegação (cruzeiros e linhas marítimas);
turismo emissor (operador Multitur 1966-72),
turismo receptivo (Pinto Basto Turismo 1955-1974),
ensino técnico e de gestores(nos cursos para guias intérpretes, técnicos de viagens e gestores de organização e empresas de turismo, no ISLA - Instituto Superior de Línguas e Administração, em Lisboa, entre 1966 e 1998 -, assim como na Apavt e Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante e Agências de Viagens);
jornalista, especializado em Turismo, Transportes e Promoção (redactor, chefe de redacção e redactor principal do Publituris, Publituris International, Equipotel, etc. entre 1969 e 2010) e colaborador, redactor, editor, administrador e director no Século, Capital, Tempo, Tarde e Correio da Manhã; e
consultor de projectos de investimento e promoção internacional (Horwath Consulting, Turismo Belga, Aer Lingus, etc). Uma longa e aliciante carreira.
ADIVINHAR O SONHO DO CLIENTE – Vender Turismo é satisfazer o sonho dos viajantes. A intervenção de Ernâni Lopes foi resumida pela imprensa como
o maior desafio aos empresários e ao TP para compreender os desejos do cliente no séc XXI. É básico! Quem não prevê a evolução junto da oferta da concorrência e na procura externa e interna, deve mudar de ramo.
O apelo à subida da cadeia de valor, à especialização nos serviços e recursos, e à consolidação, diria que, mais do que um apelo, é hoje a meta dos que resistem com perseverança nesta complexa mas aliciante odisseia.
INVENTAR O QUE FUNCIONA DESDE 1887? OU QUERER SUBSTITUIR O AVIÃO PELO TGV? - convém relembrar, quanto a novos e vultuosos investimentos, que Portugal está ligado a Paris e à Europa ... mas por ar, Sud-Express (desde 1887 à actualidade) e auto-estrada. Amanhã poderá estar também por MAR! O MAR foi o maior trunfo da história de Portugal e poderá ser, no futuro, se o governo e o povo souber investir bem em projectos viáveis ... de transportes de mercadorias e passageiros, de pesca, de investigação científica (desde a energia das ondas ao estudo de algas e outras fontes de riqueza subaquática).
SE PORTUGAL É MARCA, TEMOS QUE COMPETIR COM MAIS DE 150 PAÍSES . Pelo menos, pois atenção: Portugal não é marca! Sem maior criatividade. teremos de concorrer com mais de 150 países filiados na UNWTO, fora os estados federados nos EUA, Brasil, Rússia, Índia, etc. O turismo foi sempre global! E CADA PAÍS TEM NOME. UNS SÃO MAIS CONHECIDOS QUE OUTROS E PORTUGAL, LAMENTO, CONTINUA ENTRE OS MENOS CONHECIDOS. Experimente perguntar a um cidadão de qualquer país europeu sem ser na França ou Espanha, se sabe onde fica Portugal? Em 2010? Muitos, ainda não! Por isso se diz que Portugal é o maior segredo europeu! Mas de tão mal guardado!
SÓLIDO AMPLEXO – No evento da Culturgest, Faria de Oliveira, ex-ministro do Comércio e Turismo e actual CEO da CGD, caracterizou bem o sector (há governos a teimar inferiorizá-lo), dizendo que
o Turismo é uma ampla janela de inovação, investimento, construção e introdução de equipamentos, criação de emprego e de qualificação de recursos, e de atracção de capitais estrangeiros. Só estas vantagens bastariam para qualquer governo apoiar fortemente o Turismo! Mas o lóbi anti-turismo continua com muita força. Enquanto o Turismo,da forma como funciona e está organizado, não consegue atrair mais aliados fortes, capazes de neutralizar os que se opõem ao seu desenvolvimento qualitativo.
MAIS OFERTA POR PALPITE - Se o nosso parque hoteleiro não deixou de crescer nas últimas décadas, quase sempre copiando modelos ultrapassados, em 2010 está prevista a abertura de mais 29 hotéis. Serão mais do mesmo, com serviços, pessoal, e padrão de acolhimento impessoal?
Os hóspedes, hoje, já nem conhecem o DG, são atendidos por quadros pouco mais que inexperientes. As novidades são comuns à maioria das unidades novas e reconvertidas (todos copiam todos, sem criatividade). Ou seja, a "promoção" da piscina interior e cabeleireiro a "spa"; as salas para reuniões e programas de animação externa. e, de resto, um ambiente de templo triste, de reflexão interior. É evidente que há excepções!
A consolidação e franchising na hotelaria pouco cresceu. Levei anos a escrever:
como podem os directores ver os hóspedes sair para as refeições nos restaurantes da esquina? Desculpam-se com os erros da lei. Pergunto? Ainda não vivemos em democracia? Haverá agora novos ditadores a impôr leis contrárias às práticas do sector?
LUSO MIX – E Gilberto Jordan, focou que
Portugal cresceu apenas 0,4% entre 2000 e 2007, enquanto a Turquia atingiu mais 17,5%.
Ora é caso para perguntar: e o que fizeram os hoteleiros, de novo e irresistível, para acompanhar a Turquia e outros?
E ainda não sabem que este ano a Grécia está assinalada como um destino de risco e tumultos sociais? Qual a estratégia?
Será que as presenças nas feiras bastam? Sem campanhas permanentes, pelo menos na web, para divulgar, cada mês, os nossos eventos e motivações sazonais, a quem quiser passar férias ou pausas tranquilas junto ao mar, no campo, ou nas cidades, vilas ou aldeias mais típicas da Europa?
O nosso trunfo é a diversidade, o Luso-Mix!. Esqueçam o word of mouth! Invistam!
NOVA IMAGEM DOS STANDS TP – Esta mudança, inaugurada em Berlin, foi uma boa medida. Uma imagem mais moderna, colorida e leve, que vai ser apresentada em 21 feiras, com mais espaço para as empresas que apostam em cada mercado.
Já a opção comercial
sob a promoção “Perfectly Priced” em produtos entre as gamas de 6 estrelas e low-cost não faz sentido. É meter o Rossio na Betesga. Cada segmento exige um adequado conceito próprio.
Pode-se vender De Luxe e low cost ...mas separados! CLUSTERS – O Turismo proporciona uma montra incomparável para a promoção paralela da nossa moda, desporto, cultura, saúde e bem-estar (spas, termas, e eco-resorts), vinhos de mesa e licorosos, gastronomia (
faltando instituir o primeiro almoço, mais saladas, e projectar os sabores da alta grelha lusa, assim como as esplanadas e apoios de praia), fruta, cortiça, cavalos, cerâmica, pedras ornamentais e outros bens de origem lusa.
A
cozinha de autor é um meio de aplicar mais-valias à oferta regional.
Por tantas vantagens, aposte-se, então, nas sinergias destes factores, através da
formalização de clusters associados e parcerias inter-regionais. Afaste-se a ameaça da baixa de ovelhas na Estrela, que põe em causa o queijo da serra. E muitas outras.
Modere-se a rivalidade regional. Há operadores
a exigir a associação do Ribatejo, por causa da extinção da RT do Ribatejo. Em vez de Lisboa e Vale do Tejo (com cheias no Inverno),
chamem Area Metropolitana de Lisboa e Ribatejo.
Promovam-se mais concursos e grandes-prémios dos melhores e mais populares destinos, vinhos, hotéis, termas, golfes, marinas, praias, etc. para comprovar que Stoifer tem razão:
Portugal é o melhor mix mundial em gastronomia e variedade da oferta turística! Mas premeiem-se também os melhores empresários, dirigentes e profissionais em cada região, em cada ano! Com iniciativas credíveis! Não basta dizer que somos os melhores. É preciso prová-lo todos os dias!Em primeiro lugar aos clientes, e depois a toda a gente que interessa!
Labels: OPORTUNIDADES DO TURISMO
posted by humberto salvador ferreira #
10:31 AM 