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Tuesday, July 06, 2010

 
MADRID NOS MATA!

Estimado Director do Expresso:
Nunca perco as páginas de Miguel Sousa Tavares. Sempre oportuno, certeiro e fiel intérprete de um crescente número do cidadãos desiludidos com a maioria dos políticos. Mas também oiço críticas, entre os meus amigos, que dizem que ninguém tem autoridade para escrever sobre tudo o que lhe dá na gana. O mesmo tipo de críticas que se aplica a Marcelo Rebelo de Sousa.
Hoje (3 Julho 2010), como habitualmente, gostei da crónica MADRID NOS MATA! ... de MST, ligando a fraca presença e mediocre comportamento, da selecção de Carlos Queiroz na África do Sul com a situação grave que se vive em Portugal. Muito bem pensada e esquematizada.
GOVERNO PODE VENDER TUDO MENOS A TAP
Mas MST repete alguns ódios de estimação, dos quais já vai sendo tempo de se livrar.
Vejamos: pensa (e bem) que o Estado não vai ser capaz de manter a PT na órbita de empresa estratégica (por desnecessária numa época de alta profusão de operadoras nacionais e internacionais) mas já não pensa o mesmo em relação à TAP, que não se cansa de recomendar a Sócrates para não privatizar! Certamente durante os habituais almocos para troca de pontos de vista.
Gostava de saber qual é a diferença?
Pois, também não faltam transportadoras aéreas, nacionais e estrangeiras, com melhor oferta e tarifas mais acessíveis do que a TAP. Neste caso, não é ódio de estimação … mas um indisfarcavel amor fidelíssimo. Tudo bem … cada um é livre de pensar, fazer e amar quem quer.
Agora, há outros valores a que um governo, um povo, uma sociedade, e um individuo deve obedecer. Senão seria provocar um caos ainda maior com pesos e medidas à escolha de cada um.
MST ainda não sabe que a Europa não admite, entre os seus Estados Membros, transportadoras aéreas públicas, há largos anos?
E que a União Europeia reflecte a vontade da maioria dos 27 Estados Membros (mesmo os aderentes mais recentes sabem o que devem fazer para integrar o espírito europeu).
A Europa tem vindo a aprovar, desde os anos 90, várias directivas no sentido da liberalização e privatização gradual dos transportes aéreos.
Hoje, até algumas companhias do Leste Europeu já foram privatizadas.
Mas há poucas ainda geridas por capitais públicos, pois passaram 20 anos.
Entre elas a TAP, apesar das tentativas feitas, desde a venda falhada, combinada pelo ex-ministro Jorge Coelho com o grupo suíço SAir, que chegou a controlar a Swissair, Sabena, LTU, TAP e outras, mas que acabaria por falir em 2002.
Há uma explicação: não apareceu ainda uma concorrente idonea interessada no nosso tráfego nem na pesada estrutura da TAP. Não esquecendo a dívida acumulada.
O ESTADO NÃO PODE CAPITALIZAR A TAP
Depois relembro aquela frase de MST que é falsa: “TAP arruinada: mete-se dinheiro”.
A UE não permite aos governos capitalizar mais as transportadoras públicas.
A TAP tem vindo a acumular prejuízos e está em falência técnica, ao abrigo do artigo 35º das sociedades comerciais, em que os prejuízos não podem superar uma certa percentagem do capital, mas o único actual accionista (Estado) não pode meter lá mais dinheiro.
E ninguém (investidor privado ou fundo de pensão) estará interessado, agora, em investir na aviação. Trata-se de uma actividade em baixa de lucros, logo sem interesse.
CONSOLIDAÇÃO É ALTERNATIVA
Na Europa já há três fortes grupos de aviação comercial: o da Lufthansa, o da AirFrance-KLM e o da British Airways/Iberia.
Além destes, a tendência do mercado aponta, igualmente, para a consolidação em três grupos de low-cost: Ryanair, Easyjet e Air Berlin.
Por isso a TAP tem o destino marcado com duas opções: a transformação (downsizing) em linha de baixo-custo, ou a privatização, mas apenas quando as condições do mercado aconselharem tal delicada operação. Esta é a radiografia. O resto é fantasia se pega … pega!
CASO TGV
Sou contra os vultuosos investimentos contratados para o TGV, na linha Poceirão-Madrid, nesta época de crise e de grave falta de recursos financeiros para desenvolvermos a nossa agricultura, pecuária, pesca, vinhos, indústrias, construção civil e naval, tecnologia, transportes, universidades e pesquisa científica, entre outros sectores igualmente afectados.
Mas também não acredito no isolamento de Portugal sem TGV.
Estamos há muito tempo isolados por causa da bitola ibérica.
A Espanha está a reconverter a bitola férrea na medida europeia, enquanto Portugal quer, aparentemente, manter duas redes, a convencional com bitola lusa de 1668 milimetros, e a de alta velocidade com a bitola europeia. Pobres ... mas mãos largas no que ao sector público concerne. Como se Portugal tivesse dimensao e mercado para manter duas linhas de caminho de ferro?
E, pior, tudo leva a crer que o “caldo” esteja a ser preparado, para que sejam as empresas “estratégicas” CP e Refer as constutoras, financiadoras e gestoras da Rave. Um governo sem um sector publico forte a alargado perde margem de manobra para os boys. Resta saber quando? E como?
ALTA VELOCIDADE A PRAZO
Mas, quando a crise passar, há-de verificar-se que há três linhas TGV mais rentáveis que a Lisboa-Madrid.
Por exemplo, entre as quais Lisboa-Porto-Vigo-Bordéus; Lisboa-Badajoz-Sevilha; e Lisboa-Hendaya-Paris (para substituir o Sud.Express).
Por que não? Essas é que confirmam o propósito de ligar Portugal por alta velocidade ao Arco do Atlântico no Noroeste (Bordéus), à Andaluzia (Sevilha, eventualmente com um ramal para Malaga, tudo depende da evolução da rede AVE espanhola, a mais ambiciosa de toda a Europa), e a PARIS (ainda no coração da Europa e a verdadeira alternativa ao SudExpress, que opera desde 1887, com partidas de Lisboa, Estoril e Porto, hoje reduzido entre Santa Apolónia e Hendaye, realizando-se o resto do percurso para Paris, no TGV Atlantique). Deixo o caso das mercadorias em alta velocidade para outra altura, pois essa desculpa precisa de ser bem aprofundada.
EXOTISMO ATRAI TURISTAS
Por fim, a observacao de MST - as ligações exóticas - são, afinal, as que despertam maior procura entre os turistas estrangeiros e nacionais. MST que o diga!

Estou certo que MST não leve a mal estes esclarecimentos. Foram feitos com boa intenção. Mas desafio o estimado Director do Expresso, a publicar estes esclarecimentos. Os meus melhores cumprimentos
Humberto Ferreira

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